A Segunda Onda escrita por Pandora Ventrue Black, Ella


Capítulo 5
Capítulo 4: Um caminho sem volta


Notas iniciais do capítulo

“O descontentamento é a causa de todo progresso.” - Max Nordau



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P.O.V Aloisia

 

A ansiedade corroía os meus ossos. Os meus nervos estavam à flor da pele, cerrando as minhas mãos involuntariamente. Drake me analisava, quieto e misterioso. Parecia calcular cada palavra que iria proferir, talvez questionando a sua decisão de me contar o que sabia.

— A Revolução da Lua foi originalmente planejada por três pessoas… Seu pai, Niklaus Stryker... —  Drake fala, melancólico ao mencionar o nome de meu pai

— O famoso pirata Salazar del Brofemon. Homem de opiniões fortes e trejeitos mal-educados, mas não o culpo, viver no mar te torna diferente —  Aby comenta, bebericando o seu chá

— E o terceiro? —  Indago curiosa

— Darius Abellona, um comerciante honesto de tecidos —  Drake explica e logo se senta ao meu lado

— Como ele se…

— Os três eram amigos de infância, mas tiveram que seguir rumos diferentes logo cedo em suas vidas. O reencontro deles era inevitável, mas o que eles não contavam eram a tamanha insatisfação que sentiam em seus corações!

— Ouso dizer que o rei naquela época era muito pior que esse! Gastava o dinheiro com tantas festa libidinosas, até mais do que eu gasto com chá! —  Abby diz sorrindo levemente

— Mas os três foram mortos, eu me lembro de ver os cartazes nas ruas. O rei estava muito feliz em tê-los matado!

— Darius e Salazar tiveram filhas —  O homem fala, repousando sua mão na minha —  E assim como sua mãe fez, as outras garotas foram levadas para um lugar seguro…

— Minha mãe fez tudo, menos me manter segura! —  Respondo rispidamente a mais pura verdade

—  Tenho certeza que ela fez o que pôde, minha querida. Sua mãe era uma mulher tão doce e gentil, ela… Apenas se perdeu tamanha a tristeza em seu coração… 

— O nome dela era Stella e se estivesse em meu lugar, Abigail, saberia que não foi a tristeza que a corrompeu! Acredite em mim, eu estava lá! —  Falo me exaltando

Minha mãe se tornou uma mulher devassa depois da morte de meu pai, me deixando com toda a responsabilidade de cuidar da minha pequena família. Éramos apenas eu e ela, mas Stella Stryker dava muito mais trabalho do que sete adolescentes e dois bebês juntos. 

Abigail se silencia, parecia constrangida. Todos naquela casa sabiam que nunca, em hipótese alguma, deveriam tocar no assunto de Stella. Ela estava morta para mim desde do dia que queimou junto com o meu antigo lar: o cabaré da senhorita Úrsula, o famoso Palacete Vermelho. 

Respiro fundo, tentando aquietar os meus nervos. Sabia muito bem que havia sido rude com Abigail, mas não tive como me conter. Olho-a em seus grandes olhos azuis e ela entende o meu pedido de desculpas. Diferentemente de seu filho Drake, Abigail tinha olhos como safira, intrigantes e misteriosos. Seus cabelos, outrora escuros como o céu de uma noite estrelada, eram brancos e macios, como nuvens. A via como a minha verdadeira mãe, não só por nossa aparência, ambas com pele alva, olhos azuis e cabelos volumosos, mas também por conta do jeito dócil e amoroso com que sempre me tratou. Nunca me senti desajustada ou ignorada em sua presença, aquela mulher que era a minha mãe. Não éramos conectadas por sangue, mas sim por algo muito maior: o amor.

O amor que meu pai tanto pregou e que o levou a tentar mudar a sociedade infeliz e o governo pútrido do nosso mundo. É com esse sentimento em mente que me levanto rapidamente da cadeira e direciono meu olhar determinado para Drake. Sentia no âmago do meu ser que precisava encontrar as filhas dos líderes da Revolução da Lua, elas seriam a minha chance de realmente iniciar uma mudança efetiva. Seriam a minha oportunidade de entender mais sobre o meu pai e seus ideais revolucionários.

Elas seriam a minha esperança de encontrar a mim mesma, retornar para aquela garotinha feliz, sem as marcas da tragédia que é o governo do Rei Sol. Poderia vingar a morte de Niklaus Stryker e Genevive.

 — Onde elas estão?!

— Quem?

— Onde estão as filhas de Darius e Salazar? —  Indago novamente

— Não sei ao certo, Aloy. A última vez que entrei em contato com alguma delas foi a quatro meses atrás —  Drake fala, cerrando o seu maxilar —  Altair Abellona é o seu nome, vende armas para a nossa seita. Fiz questão de tê-la como nossa fornecedora para ficar de olhos em suas movimentações…

— E a outra? —  Pergunto, curiosa

— Eu não sei. Perdi total contato com a família del Brofemon quando Salazar morreu —  Drake divaga, pensativo demais para alguém como ele — Vigie os portos, o navio de Salazar é grande é vermelho, com largas velas prateadas

— Onde Altair vive? 

— Aloy, por favor! Eu lhe peço, não faça isso! —  Abigail finalmente se manifesta, com lágrimas em seu olhos

— Aby, não está cansada? De todo esse abuso e desrespeito?

— Estou farta, mas você… Tem a seita! Já estamos com pouco assassinos, somos um grupo pequeno e de elite, não podemos nos dar o luxo de perder alguém!

— Ouch! Achei que diria que sentiria falta do meu espírito descontraído — Comento me ajoelhando em sua frente e segurando-lhe as mãos — Preciso fazer isso, Aby. Eu sinto que… se embarcar nessa jornada poderei mudar as coisas para nós, para todos!

— Drake, meu filho, por favor me diga que não a apoiará!

— Ela pode ir, contanto que vá sozinha… 

— Drake! —  Abigail exclamou, furiosa —  Isso é ainda pior!

— Vá sozinha, Aloy. Não posso colocar a sua disposição outro assassino, infelizmente —  Drake fala e em seguida respira fundo — Altair vive em Sanraska! Em qual parte da cidade? Eu não faço a menor ideia…

 — Isso já é um avanço… Não é tão longe daqui. Talvez consiga chegar antes do amanhecer —  Comento

— De forma alguma, senhorita!

— Abigail… — Drake tenta falar mas é interrompido por sua mãe, extremamente irritada

— Não! Eu não aceitarei isso! Não vê o que acontece com quem desafia as autoridades, Aloy?! As pessoas morrem! Seus pais morreram… Eu… Eu não quero o mesmo destino para você

— Eu não terei o mesmo destino que meu pai teve, Aby! Acredite em mim, mudarei as coisas —  Digo repousando minhas mãos nos ombros cansados da senhora —  Eu voltarei e tomaremos muito chá e comeremos biscoitos amanteigados até a minha pele transpirar manteiga!

Abigail sorri e me dá um beliscão no braço, com um singelo sorriso no rosto.

—  É bom voltar. Sou velha, mas a minha memória é boa!

Sorrio de volta e beijo sua bochecha. Me viro para Drake e o encaro, ele estava com um semblante sombrio, preocupado.

— Pegue tudo o que precisar, mas viaje leve. O governo não gosta de ambulantes… — Ele fala apertando os meus ombros —  Leve o máximo que conseguir em moedas, não sei quando retornará… Não quero que passe por apuros

— Eu sei me cuidar, Drake. Pegarei algumas roupas e dinheiro o suficiente para uma semana. É muito mais do que realmente preciso…

Com isso eu acelero em direção ao meu quarto. Nervosa, preocupada, mas acima de tudo entusiasmada. Seria a minha única chance de fazer alguma diferença na sociedade e daria o meu sangue para fazê-la.

Pego uma mochila escura e guardo os itens necessários, juntamente com uma sacola com moedas de bronze, algumas de prata e poucas de ouro, para  não levantar suspeitas. Desço as escadas em silêncio. Drake me esperava na porta. Encarava a janela pensativo, recluso em seu próprio mundo.

— Estou pronta!

— Eu sei que está… É isso que eu mais temo…

 — Eu voltarei, não se preocupe! —  Digo o abraçando com cuidado — Me promete uma coisa?

— Não

— Drake!

— A resposta continua sendo não! Me conte o que tem em mente…

— Nem você nem o Ragnar entrarão no fogo-cruzado. Me promete?

— Vá! Antes que perca o trem!

 — Drake, me promete!

— Eu prometo, Aloy. Agora vá e se cuide. 

Abro a porta, mas antes que pudesse pisar no asfalto quente da rua, Drake repousa sua mão em meu ombro esquerdo.

— Não ache que Altair será fácil de encontrar, afinal ela é parte de uma máfia: A Irmandade

— E eu sou uma Sanguinium, minha função é achar aquelas pessoas que não querem ser achadas!

 — Trocamos sangue puro… —  Drake fala, esperando que eu o complemente

— Por sangue corrupto! —  Digo e me afasto da casa sem olhar para trás

Minha jornada estava apenas começando, mas eu sabia muito bem que era seria intensa. O futuro se tornou tão incerto, mas estava preparada para a enxurrada de mudanças.

Precisava encontrar Altair, uma mafiosa de Sanraska e uma pirata. Não soa muito difícil quando não se conhece o meu mundo. Mas Sanraska é conhecida por suas máfias e bem… Não é tão fácil achar um navio no oceano, muito menos nas diversas regiões portuárias existentes.

Respiro fundo e me encaminho para a estação de trem. Meu sangue fervia com o nervosismo, as minhas palmas usavam por conta da excitação com a nova aventura. Não  tinha certeza do que viria pela frente, mas não voltaria atrás. 

A Revolução começaria. 

Por bem ou por mal.

Adentro a estação trem, atenta ao policiais e as pessoas que ali estavam. Visto meu capuz e me camuflo na multidão. 

O trem não demora a chegar. O vagão estava praticamente vazio, Sanraska não era conhecida pelo turismo, por isso tenho a oportunidade de escolher um assento confortável ao lado da janela.

O veículo de metal entra em movimento.

Deixo minha família,  meu trabalho e meu amor para trás…

 

⋆ ⋆ ⋆ ☪ ⋆ ⋆ ⋆

 

A viagem demora cerca de doze horas e o trem não parou nem por um minuto. Estava praticamente sozinha no vagão, sendo acompanhada apenas por uma mulher de vestidos escuros. Sua face estava coberta por um pano, mas ela não apresentava perigo. Parecia ser uma jovem e passou a viagem inteira lendo um romance clichê. 

Quando paramos na estação principal de Sanraska, a jovem retira lentamente o pano que lhe cobria os olhos e me encara.

— Você não é daqui — Ela fala enquanto pega uma de suas maletas

— Como sabe?

— Sua pele é clara demais para uma cidade costeira…

Sorrio. A garota era observadora. Sua pele negra e olhos escuros deixavam-na com uma aparência misteriosa, porém muito determinada. Observo-a por um momento, vestisse com uma calça larga azul escura, uma regata bege e um casaco escuro.

— Tire o casaco e tudo que for comprido, aqui é quente demais!

— Mas já está praticamente de noite! 

— Verdade, mas Sanraska é quente de dia e abafada de noite, vai por mim, nasci aqui.

— Porque deveria confiar em você? Não sei nem o seu nome… — Digo, rispidamente, a mais pura verdade

— Me chamo Gaia! Vamos sair logo, antes que o trem volte a andar

Gaia se encaminha para fora do vagão, a sigo hesitante. Não a conhecia, ela podia muito bem ser da polícia. Serro as mãos, estava tensa. Olho ao redor a procura de pista, mas a estação estava vazia.

O vento quente da maresia atinge o meu corpo. Com certeza Sanraska era bem mais quente Serry, bem mais abafado também. Gaia sorri, enquanto eu prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e tiro o meu casaco pesado. Reviro os olhos e coloco todas as peças de roupas compridas em minha mochila, permanecendo apenas com a minha bota, calça justa e uma camisa de manga comprida. 

— Onde precisa ir?

— Não te interessa — Digo devolvendo minha mochila para as costas

— Nossa! As pessoas de Serry são realmente mal humoradas… 

A fuzilo com o olhar. Ela realmente não era apenas uma garotinha no vagão do trem. Era observadora demais, principalmente por notar as poucas cinzas em meu casaco.

 — Você trabalha para quem? — Indagou, com o coração pesado

— Para ninguém… Vivo nas ruas 

— Você é observadora demais para ser apenas uma marginalizada..

— Faço uns bicos, mas não sou mafiosa, muito menos da polícia, se é com isso que está preocupada! — Ela fala e se aproxima de mim — Reconheço um forasteiro de longe… Agora, me diga, o que te traz a Saranska?

— Preciso encontrar uma pessoa — Revelo, incerta se deveria confiar em Gaia

— Isso é meio vago, forasteira!

— Porque acha que te daria mais informações?

— Bem, eu conheço Saranska com a palma da mão e, por enquanto, não estou cobrando pelo passeio turístico! Forasteira, pelo meu ponto de vista, você precisa de mim… — Gaia fala com um sorriso no rosto

— Você é muito presunçosa, Gaia — Comento, cruzando meus braços 

— Presunçosa não, observadora!

— Faça-nos um favor, Gaia. Cuide de sua vida que eu cuido da minha! — Digo e continuo a andar — Foi nem um pouco agradável conversa com você, tenha uma boa noite!

Escuto-a grunhir e sorrio, assumo que sua atitude era parecida comigo quando era mais nova. Assim que saio da estação de trem me encaminho para a via principal da cidade. Saranska era pior que Serry, as casas, em sua maioria, estamos feitas de tijolo queimado, as ruas eram sujas, não com cinzas como Serry, mas com lixo. As únicas luzes acesas eram em bares e casas noturnas. A música sensual ecoa baixo e as risadas dos bêbados caminha pelas ruas.

O governador de Saranska com certeza é bem mais corrupto que o da minha cidade. As pessoas viviam em extrema pobreza e…

— Não deve andar pelas ruas assim, vai por mim. Os becos são mais seguros! — A voz fina de Gaia interrompe os meus pensamentos

— Gaia, por favor…

— Não quero nenhum forasteiro morto nessa cidade, por favor, me siga — Ela fala seriamente

Apenas concordo. Gaia, por ainda ser nova, não desistiria tão cedo. Pedir para que ela me deixasse em paz não resultaria na minha solidão definitiva. A garota me guia até um beco de tijolos sujos.

— Quem está procurando?

— Alguém muito importante… Mas ainda não sei se deveria confiar em você, Gaia e…

Escuto alguém se aproximar a passos rápidos e largos. Parecia ser um policial. Antes que eu pudesse me movimentar para me esconder, meu corpo é agarrado pela cintura.

Meu coração acelera. Se eu fosse pega pela polícia, minha vida acabaria, afinal havia agredido um membro da guarda. Atinjo o homem com uma cotovelada na cabeça e ele grunhi. Consigo escapar de seus braços e me viro para encará-lo.

— Anotado! Nunca te surpreender!  — A voz de Ragnar me desarma.

— Ragnar?! — Exclamo, surpresa e furiosa ao mesmo tempo — O que está fazendo aqui?

— Vi você partir sem mais nem menos! Óbvio que vim atrás!

— Você conhece esse infeliz?! — Gaia fala, com seu sapato em uma das mãos, sua face refletia sua coragem e seu medo, como uma pequena guerreira.

— Sim e ele não deveria estar aqui! — Digo socando o ombro de Ragnar.

Ele sorri e passar sua mão pelo seu cabelo sedoso, sedutoramente.

— Quem vamos matar aqui? — Ele indaga, depois sorri maliciosamente e aponta para Gaia — Ela?

A garota congela, agarrando com mais força o seu sapato. Sinto vontade de sorri, a cena era realmente cômica: Ragnar, com seus 1,90 metro de altura apontando seu dedo para uma jovem que tinha poucos centímetros a mais do que um metro e meio.

— Não, Ragnar… Vim resolver assuntos pessoais e… — Tento falar, mas Gaia me interrompe

— E-E eu sou a escudeira dela! 

— Isso é verdade? — Ele indaga aproximando sua face da garota e fazendo seu truque preferido: fazer com que seus olhos mudem de cor e um feixe de luz vermelha dispara pelas laterais. 

Gaia grunhi fino, assustada. As vezes Ragnar exagerava quando queria ser maldoso. Suspiro e balanço a cabeça.

— Preciso encontrar Altair Abellona o mais rápido possível! 

Gaia engole em seco e Ragnar me encara, pensativo. Me sinto ser julgado, mas apenas arrumo a postura e encaro a garota.

— Meu nome é Aloy e te dou sete moedas de prata se me levar até Altair 

— Não! De forma alguma! Jamais! — A garota fala atirando o sapato no chão — Ela é uma mafiosa! Os terceirizados dela são amedrontadores! 

— Pago pela sua estadia de hoje e um jantar e café da manhã, Gaia!

— Aloy… — Ragnar tenta chamar a minha atenção, mas decido ignorá-lo

— Temos um combinado?

— Eu te levo a um dos membros da Irmandade… Não posso fazer nada além disso!

— É o suficiente… — Digo repousando minhas mãos na cintura — Onde podemos passar a noite, Gaia?

— Que fique claro que só estou te ajudando por conta do dinheiro, forasteira!

— Como quiser! — Retruco

— Me sigam!

Gaia começa a andar e eu e Ragnar a seguimos.

— O que pensa que está fazendo?

— Preciso saber mais sobre o meu pai, Ragnar.

— Indo atrás de uma mafiosa?

— Altair é uma parte do processo. O pai dela era muito próximo do meu! Ela deve ter respostas…

— Ou ela pode só te usar para conseguir mais dinheiro…

— Até mafiosos tem um código de honra, Ragnar… E se eu fosse você, não a julgaria — Digo o fuzilando com o olhar — Eu e você matamos por dinheiro!

Ragnar bufa e encara a paisagem. Estávamos nos aproximando da região portuária, de onde estava podia ver muito bem os navios atracados e as docas. Ver tudo aquilo por cima me dava uma sensação de superioridade, como se nada pudesse me deter...

Ah, como eu tentava me enganar! Se eu colocasse um pé naquelas embarcações malditas vomitaria até o meu cérebro!

Gaia caminha devagar até parar totalmente na frente de um bar.

— Eu disse um hotel, Gaia…

— Isso é o mais perto de um hotel que você vai conseguir por aqui, Aloy… 

— Eu vou pedir os quartos... — Ragnar fala apoiando sua mão em meu ombro e em seguida se encaminha para o balcão do bar

— Está com fome, Gaia?

— Morrendo de fome! — Ela fala com um sorriso no rosto

Nos sentamos em uma mesa mais afastada e Gaia é servida com uma sopa quente e diversas fatias de pão. O bar em que estávamos era tranquilo, creio eu que era por que os beberrões ávidos estavam apagados, em sua grande maioria, no balcão onde se servia cerveja.

Outros senhores aproveitavam a companhia um do outro para jogar baralho, conversar e comer. Entretanto, havia uma presença que eu não conseguia decifrar. O homem alto e encapuzado que entrara logo depois de nós. 

Ele se sentou em uma mesa perto da janela e acendeu se charuto. Não pediu nada para beber nem comer, permaneceu ali, sentado, observando.

— Se ele está tentando ser discreto, está fazer do um péssimo trabalho… — Comento e acabo distraindo Gaia, que mal respirava entre suas garfadas

— Hã? — Ela para de comer e olha para o homem misterioso 

Vejo seu corpo enrijecer.

— Gaia?

— Irmandade… — Ela sussurra 

Tanto dizer algo para acalmá-la, mas sou impedida pelo voar brusco da mesa em minha frente. Me levanto rapidamente e assumo uma posição de luta. 

— Quem é você?

— Quem é você? — Retruco pegando a minha adaga

— Não ouse lutar, garotinha! Apenas responda as perguntas! 

— Estou a procura de Altair Abellona! 

— Então trate de voltar! Ela não… — Antes que o grandalhão pudesse terminar de falar uma grande garrafa de vidro se choca contra a sua cabeça.

O  vidro se espatifa e espalha por todo o chão do bar. Como pedra, o grandalhão cai para frente. A pessoa por trás de tudo isso era Gaia, que um uma de suas mãos estava um de seus sapatos e na outra o bico da garrafa. 

— Gaia!

— E-Eu achei que ele ia nos matar!

— Ele era a nossa chance de… — Acabo me exaltando e me arrependo rapidamente por ter brigado com a garotinha — Desculpe-me… Vamos prendê-lo e depois fazer algumas perguntas e…

Antes de conseguir terminar de me expressar sinto algo atingir a minha cabeça com força. Me sinto tombar para frente, afundando no abismo escuro e silencioso da inconsciência.  


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