A Segunda Onda escrita por Pandora Ventrue Black, Ella


Capítulo 1
Prólogo: O início do fim


Notas iniciais do capítulo

“É melhor morrer lutando pela liberdade, do que ser um prisioneiro pelo resto da vida.” - Bob Marley



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Niklaus Stryker andava rapidamente em meio as ruas movimentadas. Ele finalmente havia conseguido passagens seguras em um navio para fora da cidade, e a cada segundo que ele e sua família continuavam na ilha, era um segundo a mais que passavam perigo. Ele estava com pressa. Ele sabia que os soldados do rei tinham recebido uma denúncia anônima de sua localização, nunca ficando mais do que alguns dias no mesmo lugar. Aloisia, sua filha, tinha apenas doze anos e não entendia porquê fora forçada para fora da cidade que tanto amava, para longe de seus amigos, e sempre reclamava das mudanças. Niklaus não via a hora de finalmente conseguir sair do país, ir para algum lugar tranquilo e distante, onde poderia viver em paz.

Desde que a revolução falhara, eles viviam em fuga, e toda a família estava cansada. Doeria deixar seu país, tudo pelo qual ele lutará, mas por elas, valeria a pena. 

Esse foi seu último pensamento antes de ser desacordado por trás. 

Horas mais tarde, Aloisia e Stella, sua mãe, estavam na praça em frente ao palácio do governador local, em meio a uma multidão. Apesar do grande número de pessoas, o silêncio pairava. Do alto do palanque, o capitão da guarda lia uma enorme lista de crimes.

Para Aloy, as palavras soavam como um murmúrio em outra língua.  As pessoas, o som, todo o mundo, pareciam algo estranho. Tudo que ela via era seu pai o homem que a criara, que contava histórias, que a acalmava após um pesadelo — com uma corda ao redor do pescoço. Quando um alçapão se abre sob os pés dele, ela tenta gritar, mas sua mãe tapa sua boca, sufocando o som. 

Lágrimas escorrem pelo rosto da menina, mas nenhum outro som deixas seus lábios. 

Não quando seu pai finalmente sufoca. 

Não quando descem seu corpo. 

Nem quando amarram seu corpo a cavalos e o esquartejam. 

Aloy fecha suas mãos em um punho bem cerrado, perfurando com suas unhas as palmas macias de sua mão de criança. Seu sangue goteja de leve na rua e foi naquele momento que ela percebeu que sua vida havia mudado para sempre.

Ela não era mais uma criança e sim uma fugitiva.

 

Meses depois, em uma cidade diferente, o famoso pirata Salazar del Brofemon para seu navio em um porto de uma cidade pequena. Ele estava voltando para seu lar depois de um grande saque, ansioso para ver sua família após semanas separados. O que ele não sabia era que um de seus mais novos tripulantes havia delatado sua localização para as forças locais. 

Ele é pego de surpresa em um bar e arrastado até a prisão. Dois dias depois, ele é transferido até a capital.  Por todo o caminho ele reza para todos os deuses do mar, os antigos e os novos, que protejam sua família. Reza para que elas não sejam descobertas, para que fujam para fora do país o mais rapidamente possível. 

Ao chegar na cidade, não o levam a uma sela, e sim para o pátio na frente do palácio. Ele sorri e cospe nos pés do guarda que o aguarda com uma arma. A multidão grita insultos e ofensas no começo, até que seus crimes são narrados e é revelado algo desconhecido para o povo sobre o infame Salazar. 

Ele seria executado, mas não pelo crime de pirataria, e sim por sua participação na organização da revolução. 

Nesse momento a multidão se cala e nem mais um insulto é proferido. Quando o tiro que tira a vida do capitão é disparado, não há comemoração, apenas um silêncio sepulcral. 

Quando sua esposa Oceana, e sua filha Aurora, que tinha 15 anos na época, recebem a notícia do que aconteceu as duas passam a noite junto com a tripulação, todos chorando e compartilhando histórias sobre o capitão. Outros piratas da região se unem a roda ao redor da fogueira e professam homenagens ao falecido rival. 

Quando a primeira luz da manhã surge no céu, eles enviam ao mar um pequeno bote com alguns itens do capitão: sua espada, seu chapéu, seu casaco. Quando o barco está no meio do oceano, Aurora dispara uma flecha em chamas, que queima todo o bote. 

Finalmente as pessoas se dispersam, e mãe e filha passam todo o dia, uma na companhia da outra. Antes de dormir, Aurora abre a caixa que seu pai lhe dera antes de partir, onde um brinco com uma lua crescente repousa.  Com um olhar determinado para o espelho, ela coloca o brinco na orelha direita e vai se deitar. 

No dia seguinte, a adolescente assume o manto de capitã e toma o comando do navio do pai. 

E a Marinha não tem mais um único dia de paz. Seus navios são incessantemente saqueados e destruídos, suas bases invadidas e reviradas. Aurora usa cada hora de seu dia para tornar a vida deles um verdadeiro inferno.

 

Apenas três semanas após a morte de Salazar, o terceiro líder da revolução é capturado. Darius Abellona estava na capital em busca de um de seus contatos da revolução quando os homens do rei o avistam. Ele é imediatamente levado até as masmorras do palácio. Três dias depois, todo o povo da cidade é convocado para frente do belo prédio, onde uma guilhotina estava montada. 

O homem é arrastado até o instrumento, gritando e xingando durante todo o percurso. Sua filha tinha só onze anos! Ele queria tanto vê-la crescer, conhecer quem ela iria se tornar. E sua esposa tinha a saúde frágil, estava sempre acamada. Ia levá-la para o Sul, onde o calor e o clima mais agradável iriam ajudá-la. O que seria das mulheres de sua vida agora?

Darius chora enquanto seus crimes são lidos. Ele reluta durante todo o processo, mas por fim, a guilhotina cai. 

Sua cabeça ainda está em um espeto na frente do palácio na semana seguinte, quando Altair e sua mãe Heloise chegam na cidade em sua procura.  Altair estava animada de rever seu pai, e seu sorriso era brilhante ao ver todas as maravilhas da cidade. O anel que seu pai havia a presenteado no seu aniversário, que fora poucos dias antes dele vir para a cidade, brilhava em seu dedo.

Quando a menina vê o rosto do pai, já em putrefação, ela grita. Sua mãe a agarra com força enquanto o mundo da menina desaba ao seu redor. Na mesma noite, as duas fogem da cidade sem olhar para trás. 

Heloise nunca mais vê aquele sorriso verdadeiramente feliz na filha. 


 


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