Max estava deitada no chão com o rosto apoiado na mão enquanto olhava para Eleven. Estava tão concentrada em admirar cada detalhe perfeito daquele garota que sequer percebeu em que momento seu lábio foi parar entre os dentes.

— Porque tá me olhando assim? — El perguntou, desviando as íris castanhas da revista teen que estava lendo (ou tentando ler) para a amiga.

— Eu não sabia que você tinha notado isso. — a ruiva respondeu, sentindo as bochechas queimando de vergonha. — Desculpa...

— Tudo bem. — murmurou sorrindo.

O olhar de Max instantaneamente foi atraído para a boca de Eleven com esse gesto tão simples e um arrepio sutil percorreu sua pele apenas em imaginar que textura deveria ter.

— Sabe... — começou a falar, hesitando um instante por se sentir mais envergonhada a cada segundo. — Sabe quando eu perguntei se o Mike beijava bem?

— Sim.

— Eu não queria saber de verdade, perguntei por curiosidade e pra jogar conversa fora. Mas... Eu queria mesmo saber como você beija. — confessou, sentindo-se mais nervosa que em qualquer outro momento de sua vida. — Com isso eu quero dizer que... Eu quero beijar você.

— Uma menina pode beijar outra menina? — Eleven perguntou fazendo sua adorável carinha de confusa.

Max franziu as sobrancelhas e bufou um sorriso antes de dizer. — Claro que pode. Se as duas meninas quiserem, é claro. Você... Quer me beijar também?

Eleven ainda não tinha pensado sobre isso, então demorou um pouco para responder, esquadrinhando com atenção o rosto de Max, admirando as sobrancelhas ruivas, as sardas tão bem distribuídas, o nariz fofo, os olhos intensamente azuis e por fim se concentrou nos lábios róseos e tentadores.

— Eu... Acho que quero.

— Mas não tem certeza? — a ruiva perguntou com receio.

— Eu não sei...

— Então eu vou te beijar. Se quiser que eu pare é só pedir. Tudo bem?

— Tá bom.

Max sorriu, colocando uma mexa do cabelo de Eleven para trás da orelha, e aproximou seus rostos devagar como que para dar tempo de ela desistir se quisesse, mas El não recuou e logo suas bocas estavam se encaixando com calma e delicadeza.

Era um toque tão macio e novo. Max jamais havia experimentado nada parecido e, se isso fosse possível, ela podia jurar que estava viciada no gosto dos lábios de El no instante em que o provou. Não demorou muito para que o beijo se tornasse realmente intenso.

— E então? — perguntou ofegante quando precisaram parar para respirar.

— Eu gostei. Muito. — Eleven revelou, sorrindo de canto. — Podemos fazer de novo?

— Claro. Quantas vezes você quiser.

E então elas deram um segundo beijo, que acabou virando um terceiro e o terceiro virou quinto, o quinto oitavo e nenhuma das duas via o tempo passar até que ouviram um esbravejado “EEEEEEEEEEEEI!” que anunciava a presença de Hopper.

— Disfarça. — sussurrou Max, se afastando e ficando como antes com os cotovelos no chão e o rosto apoiado nas mãos.

Eleven pegou a revista e abriu em uma página qualquer bem a tempo, pois no segundo seguinte o xerife estava abrindo a porta com tamanha força que quase a derrubou no processo enquanto gritava.

— OITO CENTÍMETROS DE DISTÂNCIA!

— Não sabe bater? Credo! — exclamou Max de um jeito tão dissimulado que quase fez a amiga rir.

— É, credo! — por sorte El conseguiu se controlar e entrar na onda.

— Ah. Oi. Desculpa... Eu pensei que... — Hopper começou a balbuciar envergonhado.

— O Mike não tá aqui. — Max tratou logo de dizer.

— A Max veio dormir aqui em casa. — Eleven emendou logo em seguida, mas em tom de quem informava do que quem pedia, completando. — Então? Pode ser?

Depois do xerife concordar e sair do quarto fechando a porta, as duas meninas caíram na gargalhada.

— Oito centímetros de distância? Sério isso? — a ruiva perguntou ainda com ar de riso.

— É só uma bobagem dele quando o Mike vem pra me visitar. Mas acho que sendo uma menina aqui comigo ele não vai se importar com a porta ficando fechada. — El respondeu com um sorriso divertido.

— Ah. E eu acho que vou saber muito bem como aproveitar isso. — Max murmurou em tom malicioso e voltou a beijá-la.

Enquanto isso, do lado de fora do quarto, Hopper tirava os sapatos e se recostava em sua poltrona exalando tranquilidade.