Estava deitado aproveitando meu descanso quando alguém bateu na porta em um toque ritmado que eu conhecia muito bem, levanto a cabeça do travesseiro e observo Himawari se aproximando com as mãos atrás das costas. Me alarmo quando vejo seu rosto vermelho pelas lagrimas que ainda escorriam em suas bochechas. Sento na cama e a puxo para meu colo.

— O que houve, girassol? –questionei com preocupação.

Ela passou os braços por minha cintura e encostou sua cabeça em meu peito suspirando. Seco seu rosto gentilmente e espero que seus soluços passem, a menina não era de chorar por qualquer coisa, é uma menina bastante esperta para quem tem apenas seis anos.

— Naruto, os meninos da escola... Estão implicando comigo. –fungou e eu respirei fundo para me manter calmo.

Quem esses pirralhos pensavam que eram pra implicar com o meu girassol? Pensei enquanto fazia carinho no topo da cabeça da menina.

— Por que eles estão implicando com você, Hima? –tentei entender a situação e ela levantou a cabeça para me fitar com seus olhinhos azuis.

— Hoje a professora pediu para fazermos um desenho para homenagear nossos pais. Desenhei você e a mamãe comigo, já que somos uma família, certo? –me perguntou com hesitação e eu abri um pequeno sorriso.

— Somos uma família. –confirmei e ela sorriu pequeno antes de seus olhos se desviarem para o chão.

— Eu mostrei pros meus colegas e eles disseram que eu não tinha pai. E que você iria me abandonar, assim como Toneri. –ela disse baixinho e meu coração se partiu em pedacinhos com a tristeza dela.

Himawari é filha de Hinata com um sujeito que eu quebrei os dentes, ele as abandonou quando a Hyuuga não tinha três meses de gestação. Minha noiva engravidou do meu girassol quando tinha vinte anos, ela estava no segundo ano de sua faculdade de moda e era amiga de minha prima Karin, a conheci quando ela estava com quatro meses e foi amizade a primeira vista. Não serei hipócrita em dizer que me apaixonei a primeira vista por ela, porque não acredito nisso.

Me apaixonei pela Hyuuga com o passar do tempo em que estávamos juntos, eu a ajudei quando seus pais a expulsaram de casa e ficamos cada vez mais próximos. Até que um dia, eu me declarei, me lembro que Himawari tinha acabado de completar um ano quando isso aconteceu, Hinata disse que não poderia aceitar porque tinha uma filha e não queria jogar a responsabilidade em meus ombros. O que ela não sabia era que eu também amava Himawari e a queria na minha vida, diferente do cretino do seu ex.

— Isso nunca vai acontecer, girassol. –garanti e vi o medo em seus olhos.

— Tem certeza? –sua insegurança me deixa em pedaços.

— Desde que eu te peguei no colo pela primeira vez, Hima, eu soube que seriamos muito próximos. Você era tão pequena e frágil que me dava medo de ti tocar. Então você começou a crescer e sabe qual foi sua primeira palavra? –perguntei observando um sorriso nascer em seus lábios.

— Qual? –a curiosidade em seus olhos me fez soltar um risinho.

— Você disse Naluto. Nem preciso dizer o quanto sua mãe ficou brava comigo. Eu me senti especial porque sua primeira palavra foi meu nome, ou quase, e esse sentimento cresceu para algo que não esperava. –contei sorrindo e vi a sombra de Hinata atrás da porta.

— O que era?

— Amor, girassol. Descobri que amo você quando se perdeu quando brincávamos no parque, eu quase arranquei os cabelos naquele dia, sua mãe ficou desesperada e só nos acalmamos quando achamos você. Foi ali que eu percebi que não posso deixar vocês, nem você e nem sua mãe. Eu amo vocês demais pra isso. Então... Não pense de novo nisso, ok? Eu não vou abandonar ninguém, principalmente, você. –acrescentei fazendo os olhos azuis da menina brilharem.

— Obrigada, papai. –ela me abraçou com força e eu retribuo com o maior sorriso que tinha.

Em todos esses anos que estamos juntos, ela nunca tinha me chamado assim. Meu girassol sempre achava uma maneira de me surpreender e me ensinar coisas novas, e eu, particularmente, amava cada coisa que descobria quando estávamos juntos.

— Não precisa agradecer, girassol. Saiba que eu estarei disponível sempre que precisar. –disse bagunçando seus cabelos e ela soltou um risinho.

— Posso contar qualquer coisa? –perguntou divertida e eu sorri.

— Qualquer coisa. –afirmei e ela levantou a cabeça pra me olhar.

— Até sobre meninos? –questionou e eu bufei fazendo ela rir.

— Eles não são bons o suficiente pra você e você ainda é jovem pra isso. –respondo irritado com a possibilidade de algum moleque tentar tomar minha menina de mim.

— E se ela fosse um menino... Ainda seria jovem demais pra isso? –a voz de Hinata preencheu meus ouvidos com a provocação.

Ela estava linda em vestido azulado e com botas pretas. Hinata conseguia ficar mais bonita a cada dia e fico feliz que Himawari puxou essa genética boa da mãe. Minha noiva estava encostada no batente da porta com os braços cruzados e uma expressão desafiadora.

— Seria sim. –afirmei a fazendo revirando os olhos pra depois sorrir.

— Hima, deixe Naruto dormir e vamos assistir um filme. –disse minha noiva fazendo Hima me olhar com seus olhinhos pidões.

Suspiro e me levanto com a menina em meu colo.

— Obrigada, papai. –agradeceu com um largo sorriso.

Essas duas conseguem tudo o que quiserem apenas piscando os olhos pra mim. Me sento no sofá com meu girassol e Hinata se senta do nosso lado, passamos o restante do sexta-feira assistindo filmes juntos e nos divertindo. Eu as amava cada vez mais por cada momento que tínhamos assim.