Stars escrita por Kah Nanda


Capítulo 1
Everything I Was Looking For, It Looks Like I Found


Notas iniciais do capítulo

Boa noite. Sejam todas bem-vindas leitoras novas e antigas. Sou a Kah Nanda e começo hoje um novo projeto com a estreia dessa one-shot.
Birth Inspirations nasceu de uma pesquisa sobre as músicas mais famosas do dia de nascimento (para maiores e esclarecedoras informações, acessem o post oficial no meu twitter: @KNRobsten).
Porém em resumo, descobri as músicas que estavam no topo das paradas nos dias de nascimento de Robsten e Beward. Com isso, imediatamente me animei para escrever fanfics inspiradas nelas e de algum modo homenageá-los.
O projeto contará com quatro one-shots que serão postadas aos domingos durante o mês de setembro, a começar de hoje.
E começo homenageando nosso grande e maravilhoso amor, Edward Cullen, nascido em 20/06/1901. E a música que estava no topo das paradas nesse dia é: Stars and Stripes Forever - Sousa’s Band.
Nas notas finais contarei como me inspirei, por isso não deixem de lê-las. Agora sem mais delongas desfrutem da one...
Apreciem Sem Moderação.

Capítulo Postado Em: 06/09/20



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POV Bella

— E você suspeitava que fosse ser pedida em casamento?

Questionei a Kate, minha cunhada, ao ouvir um pouco mais de seus relatos sobre a surpresa que meu irmão, Garrett, lhe fez na noite anterior.

— Não. De forma alguma. Pensei que seria apenas mais um jantar como qualquer outro. Não estamos próximos a qualquer data comemorativa e apesar de já termos conversado sobre a ideia, não imaginei que ontem seria o dia específico.

— Realmente ele conseguiu fazer uma surpresa e tanto. – Enfatizei.

— Sem sombra de dúvidas.

Respondeu e sorrimos.

— Ele falou com o seu pai antes? Para fazer a formalidade de pedir permissão primeiro e essas coisas? – Perguntei.

— Sim. Ele disse que conversou com papai e consequentemente com minha mãe. E seus pais também estavam cientes. Vocês não têm um anel de família a ser passado, mas ele ainda quis saber a opinião deles antes de comprar o meu.

— Que é lindíssimo por sinal. Não sabia que Garrett tinha tão bom gosto.

Falei tocando mais uma vez a joia brilhante em seu anelar direito.

— Ele me escolheu como namorada e agora futura esposa. Acho que isso diz muito sobre o bom gosto dele, não é?

Falou divertida e concordei com um aceno.

De repente deixamos a conversa de lado com a chegada do garçom trazendo nossos pratos, agradecemos e começamos a desfrutar da comida.

Kate e eu aproveitamos o horário de almoço proporcionado por nossos trabalhos para nos encontrar em um restaurante e conversarmos sobre a novidade.

Ela e Garrett entraram em acordo sobre quem me contaria da surpresa e mesmo que meu irmão e eu sejamos bem próximos, ele não hesitou em deixar sua noiva e também uma das minhas melhores amigas, ser a portadora das boas novas.

Lembro-me de quando os dois se conheceram, como não demorou a Kate passar a fazer parte importante não só da vida de Garrett, mas também de toda a família.

E apesar da diferença de idade, não só entre meu irmão e eu, mas também com Kate, ainda sim, sempre fui próxima aos dois.

Não como a irmãzinha chata ou cunhada pentelha, mas como amiga e apoiadora número um da felicidade de ambos.

Eles estão juntos há três anos e agora finalmente entrarão no novo passo da relação com o noivado e em breve o casamento. Não poderia estar mais contente em acompanhar toda essa felicidade de perto.

Enquanto almoçamos, Kate contou um pouco mais sobre como foi o jantar preparado por meu irmão...

Meus ouvidos estão atentos à conversa, porém não deixaram de notar também um som de fundo, mas não qualquer som e sim o dedilhar suave das teclas de um piano, transformando-se em música.

— Bella?

Foquei novamente em minha cunhada ao ouvir seu chamado.

— Sim?

— Ouviu o que falei?

— Em sua maioria sim, mas tenho que confessar que a última parte não prestei muita atenção. Desculpe.

— Tudo bem. Percebi que você ficou área de repente mesmo. O que foi?

— É que me distrai ao perceber o som do piano.

Kate virou o rosto procurando pelo mesmo e aproveitei para fazê-lo também, já que só me atentei à música e não a quem está tocando.

— O pessoal do trabalho falou que eles tinham incorporado música ambiente nesse restaurante, pelo visto está dando resultado. – Informou.

Geralmente quando nos encontramos no horário de almoço procuramos lugares que sejam consequentemente perto para as duas, mas hoje Kate sugeriu virmos nesse restaurante, local que é um pouco mais perto do seu trabalho, mas como o dia é consideravelmente dedicado a ela, concordei de pronto.

— Sim. Não consigo reconhecer a canção, mas é muito bonita. – Comentei.

— Realmente. E falando em canção, agora que está prestando atenção novamente. Falei que seu irmão e eu vamos fazer um jantar de noivado. Uma coisa simples e íntima, apenas para os familiares e amigos mais próximos.

— Que legal. Tenho certeza que será uma ocasião muito especial. – Exclamei.

— Sim. Eu amei o pedido e a surpresa de ontem, apenas com nós dois. Mas quero muito fazer algo para nossas famílias e amigos. Comemorar com as pessoas que gostamos o início dessa nova etapa.

— Concordo totalmente.

— E para isso quero saber se posso contar com você para nos ajudar na organização do jantar.

— Mas é claro. Ficaria até sentida se não me chamasse. É só falar como querem fazer as coisas e auxiliarei o máximo possível.

— Obrigada Bella.

— Não tem de quê Kate. Sabe que a amo como uma irmã e estou muito feliz em saber que agora oficialmente Garrett a tornará um membro nossa família. Em breve você também será uma Swan.

Sorri e ela me acompanhou.

— Mal vejo a hora. Mas não agradeci apenas pela ajuda na organização do jantar e sim sobre tudo. Sempre nos demos tão bem desde o início e você é mais do que minha cunhada ou amiga é realmente uma irmã.

Respondeu e trocamos afagos com as mãos frente as nossas declarações.

— Isso sim é uma honra. Pois mesmo tendo suas irmãs naturais, ainda sim, me considerar uma também, me deixa extremamente feliz.

— Você sabe Irina e Tanya são minhas irmãs loiras, você é minha irmã morena.

Declarou e rimos.

Após a piadinha decidimos pedir a conta e nos organizar para ir embora, já que logo o horário de almoço terminará.

Mas antes de deixar o restaurante, optamos por dar uma passada no banheiro e nos recompor para voltar ao trabalho.

Acabei finalizando minhas necessidades primeiro e após dar uma conferida no visual frente ao espelho resolvi esperar Kate do lado de fora.

Porém assim que pisei os pés novamente na parte comercial do restaurante fui novamente embalada pelo toque suave das teclas do piano transformando-se em uma linda sinfonia.

Quase que sem perceber meus pés me guiaram para perto do piano e consequentemente do pianista, que até então só vi de costas, com a postura firme e ereta, combinando com o som pronunciado.

Mas ao me aproximar e enxergar mais, realmente vendo-o, me surpreendi...

Que homem bonito.

Quer dizer, bonito não.

Dizer que ele é apenas bonito é quase uma ofensa diante da visão que estou tendo.

Esse homem é realmente lindo, belíssimo...

— Vamos Bella?

Fui desperta dos meus devaneios, novamente, por Kate.

— Hun, oi? Vamos.

— O que foi? Estava admirando o pianista?

Quem? Eu? Não.

— Sei. Vendo-o melhor agora posso notar o quão bonito é.

Quase a corrigi sobre seu comentário a cerca da beleza dele, mas me contive.

— Hey! A senhorita está noiva. Não deve ficar falando da beleza de outros homens.

— Qual é Bella? Estou noiva e sempre fui fiel ao seu irmão, mas isso não me impede de achar outros homens bonitos. Além do que, não estou cobiçando-o, apenas admirando, coisa que você também estava fazendo.

— Não estava não. – Justifiquei. – Estava apenas apreciando a música.

— E nisso nem você acredita. Quanto mais eu. – Tentei contestá-la, mas Kate não me deu tempo, logo mudando o foco do assunto. – Olha, ele encerrou a música, vamos lá cumprimentá-lo.

— O que? Não.

Devo ter falado com as paredes, já que Kate parece não ter ouvido ou dado atenção e apenas me puxou consigo até perto do homem.

Caramba!

Agora o vendo assim tão de perto consigo notar ainda mais sua beleza.

Os olhos de um tom verde esmeraldino, o cabelo bem penteado com uma cor inidentificável, talvez cobre? Maxilar firme com a barba bem feita. E fala sério! Até seu pomo de adão consegue ser atraente...

— Com licença, perdão por interromper. – Kate falou.

— Não tem problema. Gostariam de fazer um pedido?

Ok. Acho que terei que voltar ao banheiro e verificar o estado da minha calcinha...

Que maldita voz sexy é essa?

— Infelizmente terá que ficar para a próxima, pois já estamos de saída. Apenas viemos parabenizá-lo pelo que ouvimos durante o almoço. – Kate informou.

— Obrigado. Fico feliz que gostaram. Alguma de vocês também toca?

Perguntou de forma gentil.

— Oh, não. Sou uma negação tocando qualquer coisa. Ninguém realmente gostaria de me ouvir tocar instrumento musical algum. Porém minha cunhada ao menos tem aptidão a um tipo de arte.

Falou me colocando como foco do assunto.

— É mesmo? E o que faz?

Questionou abrindo um lindo sorriso.

Pisquei um pouco desnorteada e olhei para Kate que mostrou com o olhar que devo responder.

— Eu trabalho em uma editora de livros. Sou revisora. – Respondi de forma simples.

— É mesmo? Que legal.

— Obrigada.

— E em quantos livros que já revisou tinha um personagem que tocava instrumentos?

Quase não acreditei quando ouvi sua pergunta, já que esse é um dos pontos que mais aprecio no meu trabalho.

— Sinceramente não sei dizer um número exato. Já que a maioria dos livros que vêm até mim são de autores que escrevem sobre romances históricos, passados no século XVIII. E na época, tocar um instrumento era tão importante quanto saber ler e escrever. Às vezes, até mais.

— Que interessante. Perguntei de forma despretensiosa, mas fico feliz em saber que tem essa interação com a música, mesmo que apenas através das palavras. – Assenti. – Mas não toca nada?

Neguei com um aceno de cabeça.

— Ouça...

Kate retomou a palavra e pela brecha deixada, deu a entender nossa falta de apresentações sociais.

— Perdão. Me chamo Edward. Edward Masen.

— Prazer Edward. Eu sou Kate Denali e essa é minha cunhada Bella Swan.

— O prazer é meu em conhecê-las. – Sorriu novamente.

— Certo. Nossa conversa está boa, mas temos que voltar aos nossos trabalhos. Infelizmente nosso horário de almoço já terminou.

— Entendo e eu também tenho que voltar a tocar para continuar entretendo o almoço de outras pessoas.

Que sorte a delas. — Comentei.

— Sim. Mas agora que sabemos que está trabalhando aqui, voltaremos mais vezes para apreciar mais da sua música. – Kate informou.

— Ficarei a espera e quem sabe na próxima vez possam fazer um pedido.

— Pode deixar. Tchau Edward.

— Tchau Kate. Bella...

— Tchau.

Minha despedida não passou de um sussurro, mas ele parece ter ouvido porque ainda piscou.

Kate praticamente me rebocou para fora do restaurante e ao alcançarmos à calçada, antes de cada qual seguir seu caminho, não deixou de falar.

— Acredito que agora você realmente fará questão de frequentar mais esse restaurante...

— Do que está falando?

Me fiz de desentendida.

Não se faça de desentendida. – Retrucou. – Percebi como ficou fascinada pelo pianista. E não só por seu talento com o instrumento, mas nele como todo.

— O que? Não. Deixa de história Kate. Vamos embora que realmente nosso horário já extrapolou.

— Estou comemorando meu recém-noivado. Ninguém pode me recriminar por isso.

— Você está. Eu, no entanto, não tenho explicação alguma para chegar atrasada a editora.

— Pegue um táxi ou peça um uber, o que for mais rápido.

— Será o jeito. Nos falamos mais tarde, sim?

— É claro. Avise quando chegar ao trabalho.

— Pode deixar. Você também.

Trocamos um abraço e assim Kate virou caminhando em direção ao seu trabalho, já que estamos perto do mesmo ela poderá ir a pé.

Por sorte, um táxi chegou ao restaurante deixando um provável cliente e aproveitei a deixa para entrar no mesmo e seguir de volta à editora.

Durante o trajeto, enquanto admiro a arquitetura artística de Nova Orleans, não pude deixar de pensar nas músicas que ouvi serem tocadas de forma tão majestosa e no músico a qual estava lhes dando vida.

Não pude deixar de sorrir também ao lembrar seu rosto, o sorriso abertamente simpático e a forma gentil a qual conversou conosco.

Que homem fascinante é Edward Masen...

Já no trabalho, não tive em minhas mãos um novo livro para iniciar a revisão, sendo esse mais um dos romances citados onde um dos protagonistas tocava um instrumento, certo? Correto.

Assim, foi praticamente impossível não continuar pensando no pianista que conheci mais cedo, atribui os pensamentos ao fato de estar trabalhando com algo que diretamente me lembrava dele.

Não ao fato de que independentemente de tudo, não conseguiria esquecê-lo...

Já à noite, em casa, prestes a dormir, enquanto trocava mensagens com Kate sobre os preparativos para o jantar de noivado, uma súbita ideia preencheu minha mente e dominada por um impulso, quase que incontrolável, resolvi pesquisar o nome do simpático pianista na internet.

Não me senti como uma louca stalker por fazer isso, já que ele trabalha com arte é provável que tenha aspectos públicos voltados ao mesmo e com isso em mente joguei seu nome no campo de busca. Sendo um pouco mais esperta e ligando logo as características conhecidas...

Edward Masen. Músico. Pianista.

E não é que achei algumas informações?

Como, por exemplo, uma página no Instagram provavelmente de divulgação dos seus trabalhos, com algumas fotos de folders e também alguns vídeos tocando.

Perdi as contas do tempo que passei vendo cada um daqueles vídeos e me impressionando cada vez mais com seu talento.

Acabei descobrindo também que ele não toca apenas no restaurante em que Kate e eu o conhecemos, mas aparentemente também faz apresentações em um bar, algumas noites por semana. Toca em uma galeria de artes quando tem algum evento promocional e ás vezes, também em uma livraria nos dias de leituras programadas, onde sua música serve tanto de acompanhamento, como também dá o tom exato evento.

Antes de cair no sono, tive outra ideia, dessa vez uma claramente mais maluca. Cheguei a pensar que seria algo causado pelo sono e o dia atípico, mas quando acordei e ainda sim, ela continuou persistindo em minha mente, entendi que de fato não conseguiria me livrar e a probabilidade de executá-la era realmente muito grande...

***

Passei o fim de semana posterior tentando de algum modo tirar a ideia da cabeça, mas quando entendi que não estava fazendo nada de mais, apenas procurando conhecer um pouco mais da arte local, que é o mínimo, visto onde moro, coloquei o plano em prática.

Na quarta-feira, sugeri um happy hour ao pessoal do escritório em um barzinho, até então desconhecido por nós. Para minha sorte o local era realmente agradável e todos pareceram gostar da escolha, ainda mais da música ao vivo, tão bem orquestrada por Edward...

Fiz questão de escolher uma mesa que me desse boa visão do piano, mas ao mesmo tempo em que não me deixaria em sua linha de visão.

A noite com meus colegas de trabalho foi divertida, mas não posso negar que a melhor parte realmente foi ouvi-lo tocar.

Quando demos a noite por encerrada, enquanto saia do bar junto ao grupo de pessoas que estava acompanhada, me atrevi a dar uma última olhada em direção ao pianista e nesse instante nossos olhos se encontraram.

Não acredito que ele tenha me reconhecido, mas aquela pequena troca de olhares foi capaz de me acompanhar por toda a noite até o instante que adormeci...

***

Kate e Garrett decidiram fazer o jantar de noivado no último sábado do mês. E acontecerá no apartamento dos pais dela, que é bem localizado na cidade e tem bastante espaço para receber os convidados com conforto e comodidade.

As mães ficaram responsáveis por cuidar de toda comida a ser servida. Enquanto os pais ficaram encarregados das bebidas. Deixando em suma para Kate, suas irmãs e eu, os cuidados com decoração e aspectos mais sucintos da recepção.

Garrett ficou com a parte do entretenimento, que é na verdade apenas providenciar as músicas que serão tocadas durante a noite, inclusive a especial para o momento solene do pedido feito em frente a todos.

Quando tudo foi organizado ficamos a espera apenas da chegada do dia para desfrutar do primeiro momento especial dos dois como noivos.

Futuros Sr. e Sra. Swan da nova geração...

***

Faltando uma semana para o jantar, vi pelo Instagram de Edward que ele estará na livraria acompanhando ao piano a leitura de um livro em lançamento. O mesmo não tem nada a ver com a editora onde trabalho, até pesquisei sobre para ver se alguém iria cobrir o evento, mas realmente a temática não faz parte do gênero que trabalhamos, com isso, entendi que não tinha motivo algum para comparecer a leitura.

Foi assim que tentei convencer minha mente, mas no fim acabei cedendo a mim mesma e meu desejo súbito de vê-lo tocar mais uma vez e estou agora na livraria apreciando não só sua música, mas também os trechos do livro que estão sendo lidos pela autora, depois de tudo comprarei o livro para descobrir o restante da história.

Quando a leitura oficial acabou e a autora começou a atender aos fãs e distribuir autógrafos, resolvi andar um pouco pela livraria e esperar a multidão dispersar para ir falar com ela, pois não quero tomar o lugar de um verdadeiro fã que esperou muito por esse momento.

Foi então que caminhando por entre as fileiras de estantes admirando os livros expostos, fui surpreendida pela presença de alguém, mas obviamente não daria de cara com qualquer pessoa, mas sim com ele.

— Olá.

Me cumprimentou enquanto abriu um sorriso.

— Oi.

Consegui responder.

— Gostou da leitura do livro?

Perguntou de modo casual.

— Sim. Os trechos que a autora leu foram bastante interessante. A quem não conhecia a obra, com certeza foi instigado a comprar.

— É verdade. Você está aqui a trabalho?

— Como?

— Você é a moça que conheci no restaurante há uns dias atrás, não é? Que estava com a cunhada?

— Sim. Sinto-me lisonjeada que se lembre.

— Tenho uma boa memória. Mas você também é uma pessoa difícil de esquecer. – Como se respira mesmo? — Agora que sei que estou certo, reitero a pergunta, está aqui a trabalho ou apenas por lazer?

— Por lazer. A editora onde trabalho não trata desse tipo de gênero literário, mas fiquei sabendo dessa leitura e resolvi vir conferir.

— E gostou?

— Bastante.

Sorrimos e ficamos em silêncio por alguns instantes.

— Escute...

— Então...

Dessa vez caímos em um riso tímido.

— Pode falar primeiro. – Sugeri.

— Não, primeiro as damas. – Insistiu.

— Eu ia apenas comentar como você deve trabalhar bastante, já que toca no restaurante e agora o encontro aqui.

Soltei de forma casual, como se já não soubesse sobre seus outros trabalhos.

— É verdade. Mas você está com pressa? Vai esperar para pegar um autógrafo da autora?

— Não, não estou com pressa, mas sim, pretendo esperar. Por quê? Você já precisa ir?

— Pelo contrário. Ia convidá-la a tomar um café comigo, assim poderemos continuar a conversar.

Devo ter corado como na época da juventude, hábito que perdi a uns bons anos, mas foi inevitável não fazê-lo.

— Eu aceito. Obrigada.

Ele assentiu indicando para segui-lo.

Assim caminhamos até a cafeteria nos acomodando em uma mesa mais reservada, logo uma garçonete veio anotar nossos pedidos, enquanto escolhi um café mocha branco, Edward optou por um americano tradicional.

Quando ficamos a sós questionei.

— Café puro?

— Eu gosto. Você não?

Balancei a cabeça negando.

— Muito forte. Prefiro opções mais doces.

— Então você é mais do tipo dos docinhos?

Impressão minha ou sua frase pareceu ter duplo sentido?

Deve ser impressão...

— Ao menos para café sim. – Respondi simplesmente.

— Anotado.

Antes de continuarmos a conversa, esperamos a garçonete posicionar nossos pedidos, após agradecermos, ele prosseguiu.

— Posso fazer uma pergunta?

— Sim.

— Há alguns dias pensei tê-la visto em um bar onde também toco. Você estava acompanhada de outras pessoas. Só a vi de relance, supondo que fosse mesmo você. Estou certo ou encontrei uma sósia?

Encerrou a pergunta de modo brincalhão.

E agora?

Respondo sinceramente, correndo o risco de ele perceber que de repente do nada comecei a aparecer nos lugares onde toca ou me faço de desentendida e o deixo pensar que cometeu um engano?

Nesse momento o que pode ser pior?

Acabei optando por ser sincera.

— Acredito que tenha sido eu mesma. Você também toca no StarS?

Soltei o nome do bar como se não tivesse certeza da sua referência.

— Algumas vezes por semana.

— Então pode ser que tenha me visto mesmo. Fui semana passada com alguns colegas de trabalho, ainda não conhecíamos o local, mas foi bem recomendado e quisemos conferir.

— E gostaram?

— Sim. O ambiente é bem agradável, comida e bebida boa, atendimento gentil e...

Me refreei por um instante.

— E? Por favor, Bella. Agora que já começou termine, sou um homem curioso.

— Ok. Ia comentar sobre a música que também estava excelente aquela noite, mas disso você já sabe.

Baixei o rosto ao terminar de falar e aproveitei para tomar um gole da bebida.

— Não, sinceramente não sei. Mas de todo modo agradeço o elogio. Você chegou a reconhecer que era eu no bar ou isso passou despercebido?

Reconheci. Não tinha como deixar de fazê-lo. A forma que você toca é muito singular, ainda que, visto o que ouvi no restaurante e depois no bar, sejam formas diferentes de música. Tem algo no seu jeito de tocar que é diferente. Especial...

Cometi o erro de erguer o rosto novamente para olhá-lo e nesse momento o verde dos seus olhos pareceu como uma pedra hipnotizante.

— Uau. Isso que é elogio. Muito obrigado.

— De nada.

Não aguentei sustentar nossos olhares por muito tempo, por isso baixei o rosto novamente.

— Sua cunhada também estava com você naquele dia?

Perguntou não deixando o assunto morrer.

— Não. Como disse, fui com colegas de trabalho. Kate é publicitária, trabalha em uma agência em outro ponto da cidade.

— Entendi. E se me permite perguntar, vocês são cunhadas por quê?

— Como assim?

Devolvi sem realmente entender o ponto.

— Ela namora o seu irmão ou você o irmão dela?

— Ah, sim. Ela namora o meu irmão. Quer dizer, agora eles já são noivos. Aquele dia no restaurante, estávamos conversando sobre o pedido que ele havia feito na noite anterior e também planejando o jantar oficial de noivado que acontecerá no sábado que vem.

— Que notícia boa. Parabéns e felicidades aos dois.

— Obrigada. Passarei os votos a eles.

Ergui o rosto e encontrei além de seus olhos brilhantes também o sorriso gentil.

— Mas como funciona seu trabalho? Você tem compromisso com esses lugares que toca ou é uma coisa mais do tipo freelance?

— Um pouco dos dois? – Disse rindo.

— Como assim?

Devolvi também abrindo um sorriso.

— Como posso explicar? Com o restaurante, desde que comecei a trabalhar estabeleci um contrato. Tocarei lá em determinados dias da semana até que queiram. Por enquanto as pessoas parecem estar gostando.

— Não tem como ser diferente. Como disse, você toca muito bem e é muito agradável estar saboreando uma boa comida enquanto ouvimos também uma boa música.

Não me contive em declarar.

— Só vou levar seu comentário em conta, pois já apreciou um almoço enquanto me ouvia tocar.

— Deve levá-lo em conta porque é a verdade. – Afirmei. – Mas continue e nos outros lugares? Como funciona?

— Então, no momento só tenho contrato fixo com o restaurante. Comecei a tocar no bar por conta de um conhecido que me indicou, mas não é nada recorrente, quando eles precisam me chamam e se estou disponível vou.

— Funciona dessa forma também aqui na livraria?

— Não. Aqui tenho uma espécie de contrato, mas não tão fixo quanto no restaurante, pois não acontecem muitas leituras durante o mês e também depende do autor, caso ele não concorde com o acompanhamento musical, não sou requisitado. Mas sempre que tem algo, eles avisam com antecedência e me programo para comparecer. É assim que funciona em uma galeria onde também faço acompanhamento artístico.

— Ah, é mesmo? Que legal.

Comentei verdadeiramente ao mesmo tempo em que fiz cara de surpresa ao saber de seu envolvimento com a galeria...

— E como ficam sabendo sobre você? Digo, se alguém quiser contratar seus serviços.

— Uso meu Instagram como portfólio. A dona da livraria mesmo, me encontrou através dele. Entrou em contato falando sobre a ideia e fechamos o acordo.

— Que ótimo Edward, isso é muito bom. Pode informar o nome? Assim posso conferir um pouco mais do seu trabalho.

— É claro.

Peguei meu celular enquanto ele fez o mesmo com o seu.

Tomamos mais alguns goles de nossas bebidas enquanto mexemos nos aparelhos, ele informou o Instagram, o acessei e finalmente comecei a segui-lo.

Ainda bem que o aplicativo não mostra quem visualizou as coisas no feed, apenas nos stories e como não olhei essa parte, Edward não faz a mínima ideia de que já pesquisei e bem, sua rede social.

Ao olhar, novamente, seus vídeos, recebi não só sua notificação de seguir de volta, mas até algumas em referência a curtidas em minhas fotos...

O que isso quer dizer? Que ele está sendo apenas gentil, visto que agora estou curtindo todos os seus posts ou teria algo mais por trás?

Não querendo pensar muito nisso resolvi continuar a conversa.

— Você toca desde que idade? Para um talento como esse imagino que seja desde criança.

— Acertou. Toco desde pequeno, ninguém poderia imaginar que pegaria gosto e levaria a questão como profissão, mas foi assim que aconteceu.

— Estou imaginando agora um pequeno Edward aprendendo a tocar piano em um instrumento muito maior que ele. – Comentei.

— Acredito que sua imaginação é muito boa, pois foi mais ou menos assim que tudo começou. Mas e você? A paixão pela leitura e os livros te acompanham desde nova ou foi algo que decidiu com o tempo?

— Um pouco dos dois. Desde criança sempre tive muito incentivo à leitura, minha mãe é professora, mas não posso dizer que a ideia de cursar letras e trabalhar com livros foi algo que esteve comigo desde esse tempo. Cheguei a passar por aquelas fases de querer ser desde astronauta a pilota de fuga. – Edward riu dos meus exemplos e o acompanhei. – Mas quando estava no high school e as responsabilidades começaram a surgir, percebi que esse poderia ser um caminho a trilhar e uma coisa levou a outra.

— Imagino que sua mãe tenha ficado bem orgulhosa da sua escolha de carreira.

— Sim. Ela é professora de artes, mas sempre deu aula para crianças, seus maravilhosos e pequenos artistas, mas tive muito incentivo não só seu como do meu pai também.

— E o que seu pai faz? Se fosso saber.

— Pode sim. Papai é advogado. Assim como meu irmão.

— Que privilégio. Seus pais não têm do que reclamar. Um filho literalmente seguiu os passos, enquanto a outra traçou um caminho de certa forma parecido ou ao menos influenciado.

— Pois é. Ambos não têm do que reclamar nesse aspecto.

— E esse irmão é o que vai casar?

— Sim. Somos só nós dois. Garrett é três anos mais velho do que eu, mas sempre fomos muito próximos. E quando ele começou a namorar Kate, senti que ganhei também uma irmã. Isso agora apenas se concretizará.

— Vocês parecem ser uma família muito unida.

— E somos. É claro que temos algumas desavenças de vez em quando, como qualquer família, mas no geral nos damos muito bem sim. – Afirmei e ele apenas balançou a cabeça concordando. – Mas e sua família como é? Tem irmãos? Seus pais admiram sua carreira como músico?

— Não, não tenho irmãos, sou filho único.

— E gostaria de ter tido irmãos?

— Talvez. É o impasse que nunca saberemos a reposta concreta. Por um lado posso desejar ter tido e se tivesse talvez não gostasse, por outro só conheço a vida que tive e quanto a isso estou bem.

— Fico feliz que se sinta assim. Porque é como disse, só posso falar pela minha experiência tendo um irmão, não sei se gostaria ou se ao menos me adaptaria a vida sendo filha única. Porém o mais importante é estarmos felizes com a vida que levamos.

— Exato.

Concordou de pronto.

— Mas e os seus pais? Como são?

— Meus pais são médicos. – Respondeu simplesmente.

— Olha. Isso é uma surpresa.

— Por quê?

— Acho que esperava que dissesse que algum deles também possui veia artística como a sua. Mas não deixam de exercer uma profissão belíssima, isso é fato.

— Realmente é uma profissão belíssima e que sempre exigiu muito dos dois ou eles escolheram dedicar-se muito a ela...

Apenas por seu tom de voz deu para perceber como esse assunto lhe é doloroso e difícil, mas se não fosse apenas pelo tom que usou o brilho até então característico dos seus olhos, de repente parece ter se perdido um pouco.

— Desculpe.

— Por quê?

— Por ter questionado sobre sua família. Foi indelicadeza.

— De forma alguma Bella. Estamos conversando, eu mesmo perguntei sobre a sua, você apenas retribuiu a questão.

— Mas podemos mudar de assunto. Conte sobre sua paixão pela música, como decidiu que seguiria esse caminho.

— Você não sabe, mas essas questões estão entrelaçadas. A relação com meus pais e a música.

— Ah, então...

— Mas não se preocupe. Não tenho problema em falar sobre isso. Meus pais são médicos, são realmente bons em suas devidas áreas de atuação. Eles se gostam como casal e gostam de mim também a sua maneira, mas não há nada que amem mais que a profissão. Com isso, após meu nascimento e acredito que com a sensação de dever cumprido perante a sociedade, de estarem casados e com um filho, voltaram a dedicar-se quase que totalmente ao trabalho.

— Edward...

De forma totalmente inconsciente, apenas regida por meus instintos, acabei tocando sua mão que estava parada sobre a mesa.

Quando o fiz um tipo de descarga elétrica tomou meu corpo, percebi ao olhar para Edward que ele também apresentou um semblante diferente com nosso contato.

Pensando ter sido invasiva demais, cogitei afastar a mão e pedir desculpas pelo atrevimento, porém surpreendendo-me, ele não só continuou com minha mão na sua, como também passou a fazer leves carinhos entre nossos dedos, com isso continuou a falar.

— Trabalhando tanto e com uma profissão de tanto prestígio era inevitável termos uma boa situação financeira. Assim, me proporcionaram as melhores coisas que o dinheiro pode pagar, entre essas, aulas de música e canto.

— Você também canta?

Perguntei surpresa e entusiasmada.

— Sim.

— E por que nunca o vi fazendo isso? Sejam nas apresentações nos estabelecimentos que toca ou até em algum vídeo?

— Porque é algo que reservo apenas para ocasiões especiais.

— Entendo.

— Mas então, além do piano e canto, também sei tocar violão, guitarra, um pouco de baixo, teclado...

— Caramba! Você é realmente talentoso. Da para montar uma banda de um homem só. – Brinquei.

— Não seria para tanto. Apesar de saber de fato tocar outros instrumentos, desde o início me apaixonei perdidamente pelo piano.

— Consigo entender o porquê. É um instrumento tão lindo e o som que produz. A diferença que implanta em uma música é sem precedentes.

— Sim. Conforme fui crescendo, priorizei as aulas de piano e com os anos ao parar de tê-las, aperfeiçoei a técnica apenas por mim mesmo.

— Impressionante. – Congratulei. – E ai decidiu que era com isso que gostaria de trabalhar?

— Digamos que sim. É claro que meus pais em momento algum cogitaram isso. Ao influenciar-me desde pequeno a aprender diferentes seguimentos artísticos, não imaginaram que estavam incentivando não só um tipo de hobby, mas também a vontade de prosseguir nessa carreira.

— Eles esperavam que você seguisse a profissão deles?

Perguntei meio que concluindo.

— Exato. Modéstia parte sempre fui bom aluno, não via necessidade em ser diferente. Gostava de fazer as coisas da escola de forma correta e prática, porque assim me sobrava mais tempo para passar ao piano. Mas meus pais pensavam que minhas excelentes notas e comportamento disciplinar se davam pelo fato de estar me preparando para ingressar em uma prestigiada escola de medicina. Tenho que confessar que foi um choque quando descobriram que não era essa minha intenção.

Sorriu, mas deu para perceber que não foi genuíno e sim irônico, quase que de escárnio, provavelmente causado pelas lembranças.

— Mas você conseguiu seguir com a carreira desejada.

Citei tentando trazê-lo de volta a parte boa do assunto.

— A seu modo sim. – Suspirou. – Quando perceberam que não mudaria de ideia e nem cederia, entramos em um impasse. Por fim decidi sair de casa, mas por sorte não fiquei desamparado, já que tenho tios em Dallas que me acolheram de bom grado.

— E de onde você era?

— Chicago. Meus pais ainda moram lá. – Informou.

— E faz tempo que você não os vê?

— Alguns anos. Com o passar do tempo conseguimos manter contato, mas se já era difícil algum tipo de convívio quando morávamos na mesma casa, hoje em dia, com estados nos separando, fica ainda mais complicado.

— Entendo. Mas e com os seus tios? Como é sua convivência?

— Eles são incríveis. Infelizmente nunca conseguiram ter filhos, mas resolveram aproveitar o máximo da vida. Eles gostam muito de viajar e por um tempo após a faculdade, me aventurei com eles até querer me estabilizar um pouco mais.

— Foi assim que decidiu mudar-se para Nova Orleans?

— Sim. Ano passado, ao voltar de mais uma viagem, vi que precisava exercer um pouco mais o que estudei e aprendi. E que cidade melhor para me encher de arte e inspiração do que essa? Então arrumei minhas coisas e mudei.

— Então você é um novato na cidade? – Brinquei.

— Mais ou menos. Já tinha visitado outras vezes, mas como morador residente, digamos que sim. E você? Morou a vida toda aqui?

— Oficialmente sou natural da Louisiana. Mas nasci em uma cidade próxima, porém pequena. No entanto, meus pais sempre nos trouxeram para visitar. Quando atingimos idades avançadas e eles viram que poderia ser melhor mudar para uma cidade mais moderna e visionária, passamos a residir aqui. Isso já tem quase dez anos.

— Posso não estar aqui há tanto tempo quanto você, mas realmente já me sinto fascinado pela cidade.

— Ela tem esse poder de conquistar a todos.

— Cada dia mais entendo isso.

Permanecemos um tempo apenas com os olhares presos até sermos distraídos com a aproximação de uma moça.

— Com licença, perdão por interromper, mas Edward poderia falar com você um instante?

— É claro Zafrina. Me dá licença Bella?

— Tem toda. Também preciso pegar meu autógrafo com a autora.

— Então é melhor se apressar, pois ela já está para ir embora.

A moça, que Edward tratou por Zafrina, informou.

— Obrigada. Vou agora mesmo procurá-la.

Fiz menção de deixar uma nota sobre a mesa para pagar meu café, mas fui impedida por Edward.

— Não precisa Bella. Eu convidei para o café, lembra? – Pensei em retrucar, mas ele me cortou. – Vá pegar seu autógrafo, nos encontramos em frente à livraria, pode ser?

Acabei cedendo.

Me despedi da moça e fui em direção à mesa onde a autora do livro está realmente encerrando seu momento com os fãs.

Apresentei-me falando que trabalho em uma editora e que gostei bastante da leitura que ela fez, conversamos um pouco sobre o mundo literário em geral, peguei meu livro autografado e me dirigi à saída do estabelecimento.

Ao alcançar à calçada, logo avistei Edward e segui em sua direção.

— Pegou o autógrafo?

Perguntou assim que parei a sua frente.

— Sim. A autora é realmente muito simpática. Fiquei feliz de ter vindo.

— Também estou feliz que tenha vindo e que pudemos conversar e nos conhecer um pouco mais.

— Pois é. Você vai embora também?

— Sim. Vou passar no meu apartamento apenas para tomar banho e trocar de roupa porque mais tarde tocarei no bar.

— Caramba! Você realmente não tem descanso, hein?

— Tenho sim. Os dias de semana são mais tranquilos, porém fim de semana acabo sendo um pouco mais requisitado.

— Entendi.

Ficamos em silêncio por alguns segundos.

— Alguma chance de vê-la pelo bar essa noite? – Perguntou de repente.

— Ah, não. Daqui vou para o apartamento da minha cunhada ajudá-la com algumas coisas do jantar de noivado. Sem mais tempo livre para curtir. – Respondi.

— Ainda sim, espero que aproveite a noite com sua cunhada.

— Obrigada, desejo o mesmo. Que tenha uma boa noite tocando no bar.

— Obrigado. Então tchau. Quem sabe nos encontremos por ai, quando frequentar novamente algum lugar que estiver tocando ou em outra ocasião.

— Sim, será interessante se acontecer novamente.

Ficamos parados nos olhando, mas sem tomar qualquer atitude ou fazer menção de despedirmo-nos e cada qual seguir seu caminho.

Foi então que uma súbita, maluca, mas muito interessante ideia, me tomou.

— Edward?

— Sim?

— Você por acaso estará livre sábado que vem? Ao menos sábado à noite?

— Acredito que ainda não tenha nada marcado. Pode ser que acabe indo tocar no bar novamente, mas isso só saberei mais tarde. Por quê?

— Você acharia muita loucura se te convidasse para ir ao jantar de noivado do meu irmão?

— Como?

Para tocar. Você o faz tão bem e será uma noite tão especial para ele e minha cunhada. Acho que não será uma extravagância tão grande convidar um músico para tocar. O que me diz?

— Eu...

— Sei que foi pego de surpresa, não precisa nem responder agora. Também acabei de pensar nisso. Mas você é tão talentoso, que só consigo pensar em como será lindo tê-lo tocando piano para nós. Imagino que tenha um valor fixo para os eventos que acompanha e podemos negociar algo que seja semelhante a eles...

— Bella, por favor, respire.

Me cortou de repente e só ai percebi que comecei a falar como uma destrambelhada.

— Desculpe. É que me empolguei ao começar a pensar em tudo. Mas, como disse, você não precisa responder agora e não precisa aceitar também, foi só uma ideia.

Me calei novamente quando ele tocou meus ombros fixando seus olhos nos meus.

— Bella. Será uma honra acompanhar o jantar de noivado do seu irmão e cunhada. Pode considerar o convite aceito.

— É sério? – Balançou a cabeça concordando. – Isso será incrível. Muito obrigada Edward, de verdade.

Não me contive e acabei abraçando-o, só depois me dando conta do ato, mas quando pensei em afastar, o senti retribuir o gesto.

Quando nos soltamos, após meros segundos, senti novamente meu rosto corar, mas, ainda sim, comentei.

— Obrigada.

— Não tem de quê. – Sorriu.

— Podemos continuar conversando durante a semana e acertar todos os detalhes.

— Como você quiser.

— Te mando mensagem no direct do Instagram? – Sugeri.

— Ficarei esperando.

— Então estamos combinados. Novamente muito obrigada Edward, não só por aceitar meu convite, mas pela tarde agradável.

— Não tem o que agradecer. Aproveitei tanto quanto você. – Abri um sorriso.

— Agora o deixarei ir, já tomei muito do seu tempo, sendo que ainda vai trabalhar novamente.

— Não tem problema, mas você também tem seu compromisso, então é melhor nos despedirmos. Mas ficarei aguardando sua mensagem.

— Pode deixar. Tchau Edward, foi um prazer revê-lo.

— O prazer foi meu Bella.

Pegando-me de surpresa, ele se abaixou, visto nossa boa diferença de altura, para depositar um beijo em minha bochecha.

— Tchau.

— Tchau.

Forcei minhas pernas a andarem na direção do metrô para seguir até o apartamento de Kate.

Antes de entrar na estação, peguei meu celular para enviar uma mensagem a Kate informando que já estou a caminho.

Oi Kate, já estou indo.

Vou entrar na estação agora, então daqui a pouco chego.

E você não vai acreditar no que tenho para contar.

O que consegui para o seu jantar.

Quando chegar te falo.

Beijos.

Não tenho dúvida que ela ficará maluca de curiosidade, mas a deixarei no suspense até a hora que chegar ao apartamento.

Enquanto isso, guardarei os momentos passados ao lado de Edward apenas comigo...

***

Naquela noite, quando contei a Kate e Garrett que convidei Edward para tocar em seu jantar, ambos tiveram reações diversas.

Minha cunhada comemorou de forma entusiasmada, pensando em como seu jantar terá um ar mais sofisticado com a presença de um pianista para acompanhar a noite.

Meu irmão se fez de ressentido no início, dizendo que tirei sua única função nos preparativos, mas logo Kate e eu o incumbimos de outras tarefas para que não se sinta deslocado.

E também, após mostrar alguns vídeos de Edward tocando, Garrett deu o braço a torcer e ficou empolgado como nós, talvez não tão empolgado quanto eu, mas, ainda sim, contente e ansioso para vê-lo tocar ao vivo no jantar.

Durante a semana, conforme combinado, Edward e eu mantivemos contato.

Primeiro mandei mensagem no direct do Instagram, mas depois para conversarmos melhor, trocamos nossos números e passamos a conversar por mensagem.

Informei que o jantar será no apartamento dos pais da Kate e que eles possuem um piano, Edward questionou o modelo e após tirar a dúvida com Kate, ele falou que é um excelente piano e que precisará apenas chegar um pouco mais cedo para testar a afinação e fazer algum reparo caso necessário, mas que imagina que tudo sairá bem.

Passei também uma lista prévia de músicas que são importantes para os noivos, assim, caso ele queira tocá-las durante a noite ou alguém peça uma em especial, já estará preparado.

Em determinado momento, sugeri a Kate manter contato direto com Edward, evitando assim um pouco de “telefone sem fio”, porém ela dispensou a ideia rapidamente, dizendo que estou lidando com tudo muito bem e que confia plenamente nas minhas instruções.

Passei a semana toda conversando com Edward, não nos atentamos exclusivamente aos assuntos ligados ao jantar, também conversamos de forma leve e descontraída, um pouco mais sobre nós mesmos e nossas vidas.

Compartilhamos coisas simples como nossas idades, ele disse que fez 27 anos a pouco, enquanto estou prestes a completar meus 25 anos.

Falamos sobre experiências universitárias, ele contou sobre sua percepção dos países que conheceu durante as viagens com os tios, retribui falando sobre os lugares que já fui também, não tantos quanto ele, mas, ainda sim, agradáveis.

Então comentei sobre as maravilhas de Nova Orleans e os lugares que precisa conhecer, ele disse estar muito disposto a fazê-lo e que poderia ser sua espécie de guia, já que moro a bem mais tempo na cidade. De maneira informal deixamos esses planos pré-estabelecidos.

Assim, a semana passou e agora finalmente o jantar está prestes a acontecer.

Recebi uma mensagem de Edward quando chegou ao apartamento dos pais da Kate e foi apresentado a todos, informei que não demorarei muito a chegar, pois estou indo com meus pais e Garrett.

Quando entramos no apartamento, fomos logo recepcionados pelos pais de Kate, Carmen e Eleazar. Pelo tempo de namoro do meu irmão e cunhada, já somos familiarizados, além do que, eles são sempre muito gentis.

Ao entrar no apartamento, não pude deixar de notar também o som maravilhoso já propagado pelo espaço, imediatamente comecei a procurar o piano e o músico que está tocando-o, porém pelo lugar que estou, não foi possível vê-lo.

Após os primeiros cumprimentos, Garrett e eu pedimos licença deixando os pais orgulhosos conversando enquanto fomos cumprimentar outras pessoas. Não demorou a encontrarmos Irina e Tanya, as irmãs de Kate.

Irina, a irmã mais velha, com seu marido Laurent. E Tanya, a irmã mais nova, apenas um ano mais nova do que eu. Ficamos conversando com eles por um tempo e nesse ensejo, continuei procurando por Edward, mas parece que de algum modo o esconderam, pois pela minha visão, ainda não consegui encontrá-lo.

Porém dispersei momentaneamente da busca quando Kate fez sua entrada na sala. Ela optou por arrumar-se aqui, assim não teria problema com atraso ou risco de desarrumar-se no percurso. Todos pararam as conversas para observá-la caminhar lindamente até parar em frente ao meu irmão.

Com ambos compartilhando sorrisos cúmplices, não negaram uma cena romântica ao beijarem-se de forma apaixonada sendo ovacionados com uma salva de palmas e palavras de incentivo a relação.

E foi nesse instante que finalmente o vi.

Não vim muitas vezes ao apartamento dos Denali, porém sinto que o lugar do piano nem sempre foi o que está posicionado agora, talvez tenham mudado desde a última vez que estive aqui ou apenas reposicionaram hoje, para ficar em um lugar mais estratégico e assim propagar melhor o som.

De todo modo não importa, o importante é que finalmente encontrei Edward, que mesmo continuando a tocar lindamente, pareceu também ter me notado, visto a piscadela que deu em minha direção.

Ergui a mão em um aceno e sorri.

— Gostaria de começar agradecendo a presença de todos.

Desviei minha atenção de Edward, que imediatamente diminuiu a tonalidade da música, deixando-a realmente como uma passagem de fundo, para prestar atenção nas palavras de Garrett.

— Realmente estou grato por contar com a presença de tão bons familiares e amigos nessa noite especial. Desde o dia que conheci Kate, algo dentro de mim despertou para o fato de que estava conhecendo a mulher da minha vida e que bom saber que isso realmente está se concretizando agora. Espero que curtam a noite tanto quanto nós e que em breve, estejamos todos reunidos novamente em uma festa maior, dessa vez comemorando o casamento. Obrigado.

Quando meu irmão terminou de falar, foi aplaudido e sorri sabendo que isso, para um eloquente advogado não é nada, mas também contente com sua percepção de futuro com a mulher amada.

Logo ele e Kate caminharam em nossa direção e pude cumprimentá-la e parabenizar. Eles ficaram conversando conosco por um tempo até irem falar com os outros convidados.

Apesar de serem em suma seus amigos, conheço a maioria dos presentes, além de claro, ter também alguns parentes mais próximos, então não fiquei ociosa sem ter com quem falar.

Porém, com o passar da noite, a única pessoa que não consegui conversar de fato foi com Edward. É claro que para todos os efeitos ele está aqui trabalhando, mas não ter conseguido ao menos passar perto do piano para trocar uma palavra, está começando a me incomodar.

— O pianista é realmente muito bom.

Voltei à atenção ao assunto em questão, ao ouvir a voz da minha mãe.

— Sim ele é ótimo. – Concordei.

— Nem acredito que você conseguiu que ele viesse tocar para nós essa noite Bella. Obrigada.

Kate agradeceu e assenti.

Nossa roda de conversa no momento está composta por papai, mamãe, Garrett, Kate e eu.

— Não tem de quê. Foi muita gentileza dele aceitar, mas apenas arrisquei com o convite. – Justifiquei.

— Onde mesmo o conheceu filha?

— Em um restaurante...

Comecei a responder, porém Kate logo prosseguiu.

— Bella e eu o conhecemos no restaurante que fomos almoçar no dia seguinte que Garrett fez o pedido. Parece até o destino. Depois disso, Bella o encontrou em outros lugares, não é mesmo?

— É e durante uma de nossas conversas, acabou surgindo o convite. Visto o talento impressionante de Edward. – Conclui.

— Ainda não tive a oportunidade de conversar com ele. O que acha de irmos cumprimentá-lo, amor?

Garrett perguntou a Kate, enquanto lhe deu um beijo na testa.

— É uma ótima ideia, pois também ainda não consegui fazê-lo. Charlie, Renée, vêm conosco?

— Certamente querida, também quero muito conhecê-lo.

Mamãe falou e papai assentiu.

Vendo que todos terão a oportunidade de conversar com Edward, não me fiz de rogada em acompanhá-los.

Por sorte, ao nos aproximar, foi no momento exato que Edward finalizou mais uma canção, com isso, não interromperemos seu trabalho.

— Boa noite.

Ele foi o primeiro a cumprimentar.

— Boa noite. – Respondemos.

— Olá Bella.

Ouvi seu cumprimento pessoal e sorri.

— Oi Edward. Desculpe não ter vindo cumprimentá-lo antes.

— Não tem problema. – Sorriu.

— Deixe-me fazer as apresentações oficiais. Kate você já conhece, a noiva ilustre. E esse é meu irmão Garrett, o noivo sortudo.

— É um prazer te ver de novo Edward. Quem diria que você estaria tocando na minha festa de noivado, após termos nos conhecido no dia seguinte que fui pedida em casamento.

— Realmente uma grande coincidência. Mas parabéns novamente. Aos dois.

Disse direcionando o final da frase ao meu irmão.

— Obrigado. Tinha ouvido falar bem de você e até cheguei a ver alguns vídeos que Bella mostrou, mas ao vivo, vejo que é um pianista ainda melhor, parabéns.

— Agradeço o elogio e o convite para participar da noite especial de vocês. Espero estar agradando.

— Quanto a isso não tenha dúvida Edward. – Kate informou. – Essa noite será marcante por vários motivos e sua presença com certeza será um deles.

Edward sorriu e aproveitei o momento para finalizar as apresentações.

— Agora que já conheceu meu irmão. Gostaria de apresentar também meus pais, Renée e Charlie Swan. Mamãe, papai, esse é Edward Masen.

— É um enorme prazer conhecê-los Sr. e Sra. Swan. Bella fala muito bem dos senhores.

— Oh, por favor, pode tratar-nos apenas pelos primeiros nomes, mas é um prazer conhecê-lo também Edward. Devo dizer que ouvimos o mesmo sobre você. Apenas coisas boas. – Mamãe respondeu.

Edward e eu trocamos olhares, porém não consegui sustentá-lo por muito tempo.

— Você realmente toca muito bem rapaz. Faz isso desde quando? – Papai perguntou.

— Aprendi a tocar quando criança. Também toco outros instrumentos, porém sempre fui apaixonado pelo piano e acabei escolhendo-o de forma profissional.

— Imagina que sonho crescer e morar em uma casa com um pianista. – Mamãe comentou de forma sonhadora. – Com certeza seus pais são muito sortudos.

— Eles até apreciavam me ouvir tocar quando estavam em casa, porém por conta de seus trabalhos, isso não era algo muito costumeiro. – Edward respondeu de pronto, porém logo redirecionou o assunto. – Mas nenhum de vocês toca algum instrumento?

— No meu lado da família somos uma total negação, falei para você aquele dia no restaurante que ninguém gostaria de me ouvir tocar. Mamãe ainda tentou investir com minhas irmãs e eu no balé, mas também não demos muito resultado.

Kate respondeu e rimos.

— Garrett sempre foi dado aos esportes, por alguns anos achamos até que seguiria carreira na área, mas confesso que além de surpreso, fiquei também feliz quando escolheu seguir meus passos. – Papai comentou.

— Não tenho dúvida que sim. – Edward disse. – Mas e você Renée? Bella comentou que é professora de artes. Não costuma trabalhar com seus alunos usando música?

— Usando música sim, mas eu tocando algo? Não. Sei apreciar uma bela sinfonia, como as que você tem tocado para nós essa noite. Mas eu mesma tocar? Sem chances. – Riu e a acompanhamos. – Cheguei a tentar com Bella quando nova, mas ela desenvolveu melhor aptidão a leitura e acabamos investindo nisso.

— Mas Bella também não abandonou a música como todo. Já que é fascinada até hoje por esse tipo de personagem nos livros que lê. Não é mesmo maninha?

Garrett fez a provocação me pegando totalmente de surpresa.

— É mesmo Bella? E nem lendo e apreciando personagens que tocam, ainda sim, não se inspirou para aprender por si mesma a tocar? – Edward perguntou.

— Cheguei a fazer algumas aulas quando mais nova, porém realmente não consegui aprender, com isso, me envolvo apenas através dos livros. – Informei.

Eu poderia ensiná-la. – Falou de repente.

Você acha que conseguiria me fazer aprender? – Rebati.

Eu com certeza posso tentar. – Devolveu.

Fixamos nossos olhares e de repente parece que não há ninguém mais ao nosso redor...

Porém, comprovando o contrário, saímos da nossa bolha ao ouvir Carmen anunciar que o jantar será servido.

Seguimos para a sala de jantar bem equipada dos Denali. Edward obviamente foi convidado para sentar-se à mesa conosco, porém pela disposição dos lugares, não ficamos próximos, assim, fui novamente barrada de sua companhia.

Após o agradável e apetitoso jantar, voltamos a circular pelo apartamento, enquanto Edward retornou ao piano.

E não demorou muito para Garrett tomar novamente a palavra, para dessa vez, de modo formal e a frente de todos, pedir a mão de Kate.

Mesmo sabendo que já estão noivos e que essa noite não passa de uma celebração de tudo, ainda sim, foi emocionante vê-los declarar o amor e a profusão do futuro de passar o restante da vida juntos...

Brindamos aos noivos, os parabenizamos e desejamos felicidade pelo caminho que pretendem trilhar e assim a parte mais formal da noite se concretizou...

Voltando a sala, após tomar um minuto no banheiro, percebi a mudança no som ambiente.

Meu olhar imediatamente seguiu até o piano encontrando-o vazio, porém minhas dúvidas internas foram logo respondidas quando Kate praticamente se materializou ao meu lado.

— Se dependesse de mim passaria a noite toda ouvindo Edward tocar. Porém, agradeci sua excelente companhia musical, mas o dispensei para aproveitar o resto da noite como qualquer um dos convidados. Agora cunhada, é sua vez de apreciar melhor a companhia dele...

E assim, sem mais nem menos, piscou e saiu indo conversar com uma amiga.

Com seu indicativo, passei o olhar pela sala não demorando a encontrar Edward conversando com as irmãs de Kate e o cunhado.

Não querendo atrapalhar a conversa já presente, resolvi deixá-lo apreciar a noite mais do que merecida, como Kate citou, após brindar-nos tão lindamente com sua música.

Caminhei até uma das varandas do apartamento, já que existe mais de uma, para apreciar a brisa fresca da noite quente do verão de Nova Orleans.

Porém não demorei a ouvir a porta abrir e sentir a presença de outra pessoa.

— Incomodo?

Virei imediatamente enxergando Edward. Que se possível, está ainda mais lindo banhando pela luz do luar.

— Não, de forma alguma.

— Não atrapalho seu momento contemplativo solo? – Brincou.

— Não. Não acredito que estava em um momento contemplativo solo. – Devolvi a piada e ele sorriu comigo. – Apenas sai para apreciar um pouco do ar noturno.

— Que nessa cidade transmite algo diferente ou minha percepção está errada?

— Não. Nova Orleans realmente tem tanta magia instaurada em si, que até seu ar parece diferente dos outros lugares. – Respondi.

Sem perceber, nos posicionamos lado a lado no parapeito da varanda, admirando a cidade, a vista, à noite e talvez até nós mesmos...

— Meus tios vão vir me visitar daqui a alguns dias. – Comentou de repente.

— Jura? Que ótimo. Há quanto tempo você não os vê?

— A última vez foi antes do meu aniversário. Então já têm alguns meses.

— Imagino como devem estar com saudades de você. Assim como você deles.

— Sim. Eles passarão alguns dias aqui antes de embarcar a uma nova viagem. Até me convidaram para voltar a viajar, mas realmente estou querendo me estabelecer por aqui.

— Imagino que também sinta falta de viajar, ainda mais com eles. Mas se seu objetivo no momento é firmar uma vida aqui, tem que fazer concessões.

Virei o corpo, passando a olhá-lo e ele fez o mesmo.

— Eu sei. Por isso recusei o novo convite. Mas escute, caso tenha tempo e também queira, posso apresentá-los a você no período que estiverem aqui.

— É claro que quero. Será um prazer conhecê-los sabendo o quão importantes são na sua vida.

Seu sorriso se alargou.

— Comprovei hoje como seus pais e família são como um todo realmente unidos e fraternais. Então, não será algo ruim que conheça o casal que representam em minha vida mais do que meus próprios pais.

— Será uma honra Edward, realmente fico feliz que queira que os conheça.

Toquei em seu braço e mesmo por cima da camisa social que está vestindo, consegui sentir o quão firme é.

— Não tem de quê. – Sorrimos. – Ouça Bella, não tive tempo antes, mas não posso deixar passar. Você está muito bonita essa noite. Não que nos outros momentos que nos vimos não estivesse também, mas hoje você está espetacular...

Baixei o olho reparando no meu visual.

É claro que escolhi algo especial, já que é o jantar de noivado do meu irmão.

Optei por um vestido tubinho que vai até a altura dos joelhos, ele é drapeado por predarias, dando um brilho diferente e as mangas entrelaçam com o decote coração.

Escolhi usar uma sandália de salto grosso, o que tem contribuído muito para não estar cansada no momento e apenas arrumei o cabelo para deixá-lo bonito e elegante.

Quando me vi pronta no espelho gostei do visual. Também cheguei a receber elogios de outras pessoas durante a noite.

Mas agora, receber de Edward é diferente...

Voltei meus olhos a ele.

— Obrigada. É uma noite especial, por isso acabei me produzindo um pouco mais. Porém você também está excepcional. – Praticamente suspirei ao fim da frase.

— É roupa social, uso para combinar com o trabalho.

— Não. Vários homens também estão com combinações parecidas, mas você consegue se destacar sem esforço algum.

E o que disse é a mais pura verdade.

Apesar de outros homens presentes também estarem usando calças e camisas sociais, com belos sapatos e combinações elegantes, ainda sim, Edward está melhor do que todos eles.

Vestido com roupas em tons escuros, com o sapato ornando com o cinto, a manga da camisa meio dobrada, enquanto todos os botões estão fechados.

Sem contar o melhor complemento de todos, seu belíssimo rosto.

O destaque dos olhos verdes, o cabelo bem arrumado, assumo eu, por conta da postura que tem a manter como pianista.

Tudo encaixa-se, deixando-o ainda mais maravilhoso.

— Sendo assim, também agradecerei o elogio. – Enfatizou.

Não tem de quê. – Olhando-o nos olhos tomei a decisão de ser honesta sobre algumas coisas. – Edward, preciso te contar algo.

— O que foi?

— Tenho que ser honesta. O dia que fui ao bar que você toca e também nosso encontro na livraria, não foram meros acasos.

— Não?

— Não. Você deve ter prestado atenção nos comentários da Kate e Garrett sobre meu fascínio por personagens literários que também são músicos. Isso é verdade, nunca aprendi a tocar nada, mas sempre fui fascinada por música e amo quando na história algum personagem o faz. Então, depois do nosso primeiro encontro no restaurante, onde realmente fiquei encantada com sua música, acabei procurando seu nome na internet e descobri seu Instagram.

— Então quando o mostrei na livraria você já conhecia?

Perguntou de forma tranquila.

— Sim. Vi alguns vídeos seus e também as postagens sobre os lugares que costuma tocar. Quando fui ao bar, realmente foi em um happy hour com meus colegas de trabalho, mas eu sugeri aquele bar em especial, porque queria vê-lo tocar novamente. E na livraria, aproveitando que trabalho com isso, não me contive em ir à leitura sabendo que você estaria lá. – Conclui.

— Entendo...

— Desculpa. Realmente sinto muito. Agora qualquer chance de mantermos uma amizade após esses eventos estão totalmente descartadas, porque você concluirá que sou uma louca obsessiva stalker?

Despejei minhas inseguranças sobre ele.

— Não. – Falou simplesmente.

— Não?

— Não. Você disse que gosta de músicos, que os aprecia na literatura e também na vida real. Meu Instagram serve a esse propósito, para que as pessoas o vejam, me conheçam e saibam onde me encontrar. Você não fez nada diferente de outras pessoas ao procurar meu nome na internet. De fato, me sinto lisonjeado em ter chamado sua atenção ao ponto de ter frequentado determinados lugares somente por saber que estaria lá. – Encerrou a explicação.

— Então você não acha que fui um pouco maluca?

— De forma alguma. Só sinto por não ter ido conversar comigo quando foi ao bar, mas como acertamos isso na livraria, está tudo bem.

— Sério?

— É sério Bella. Está tudo bem. – Brincou.

— Então posso considerar que somos amigos?

Perguntei realmente ansiosa por sua resposta.

— Sim. Ou até algo mais...

— O que? Como assim?

O que ele está querendo dizer?

— Quando comentei em frente a sua família que poderia ensiná-la a tocar piano, estava falando sério. Seria um verdadeiro prazer lhe ensinar.

— Ah Edward, essa seria uma tarefa praticamente impossível. Já tentei antes e não deu certo. – Fui franca.

— Então você admira como toco e minhas habilidade como músico, mas não acredita que consiga te ensinar?

Posso ser uma aluna difícil. – Praticamente sussurrei.

Posso ser um professor persistente. – Devolveu.

Quando mesmo nos aproximamos ao ponto de estarmos a menos de um palmo de distância? Não me lembro.

Só o que sei no momento é que estamos realmente muito próximos e apesar da diferença de altura ter diminuído por conta do salto da minha sandália, mesmo assim Edward está um pouco inclinado em minha direção.

— Apesar de estarmos combinando de em algum modo nos tornarmos professor e aluna, nesse momento quero muito fazer algo que não tem nada a ver com esse tipo de relação... – Passei a língua em meu lábio inferior, de repente hipnotizada com o subir e descer de seu pomo de adão. – E com você fazendo isso o desejo está ficando praticamente irrefreável.

— Não se contenha. – Informei.

E ele realmente não se controlou...

Diminuindo nossa distância a zero senti sua boca tocar a minha. De forma gentil a princípio, apenas os lábios se tocando e descobrindo. Suas mãos seguraram meu rosto e me senti como em uma cena de cinema. Porém qualquer percepção fictícia escapou da minha mente quando sua língua pediu passagem finalmente tocando a minha.

A partir dai o beijo tornou-se algo mais...

Apenas uma mão permaneceu em meu rosto envolvendo quase minha nuca intensificando a carícia, enquanto a outra desceu para minha cintura aproximando nossos corpos. Com uma das minhas também o toquei entre as costas e a outra, infiltrei em seu cabelo apreciando a maciez do mesmo.

Que delícia de beijo.

Que delícia de sensação.

Que encontro certo e fenomenal entre nossas bocas.

Seu gosto, nosso ritmo, o clima ao redor. Tudo contribuiu para a consagração do momento.

Quando por fim nos separamos, após um bom tempo entrelaçados, não encerramos tudo bruscamente, ao invés disso, continuamos a nos tocar de forma mais calma e com pequenos gracejos, como beijos gentis sobre os lábios dividindo-se entre eles.

Sua voz e o hálito delicioso próximo ao meu rosto, foram às primeiras coisas que notei após o beijo.

— Você aceita que lhe ensine a tocar piano e quem sabe outros instrumentos?

Abri os olhos sendo brindada pelos seus brilhantes.

— O beijo foi sua forma de convencimento? – Perguntei.

— Definitivamente não. Mas se disser que ajudará a convencê-la, posso usá-los também com essa finalidade.

— Eu aceito de bom grado mais beijos. Assim como aceito a aventura de tentar aprender piano com você. – Sorri com ele me acompanhando no gesto. – Mas tenho uma condição.

— Qual?

— Em meio a essas aulas quero ouvi-lo cantar.

Desde que conversamos na livraria, não esqueci esse ponto e estou realmente curiosa para ouvi-lo.

— Tudo bem. Se essa é sua condição, pode ficar tranquila que me ouvirá cantar...

Sem mais palavras, nos beijamos novamente.

E após bons minutos de beijos, voltamos a conversar.

— Você não está levando muita fé em si mesma, mas eu garanto que posso ensiná-la a tocar. Assim, não precisará mais apaixonar-se apenas por personagens ou outras pessoas. Você mesma será capaz de se extasiar com os instrumentos.

— Não me importo de continuar me apaixonando por músicos, sejam eles fictícios ou reais. Isso de algum modo nos trouxe aqui até e sou muito grata a isso. Mas confiarei que com sua ajuda, conseguirei também entender essa paixão por mim mesma.

— É o que estou disposto a lhe conceder.

— Então mal vejo a hora de começarmos...

Voltamos a nos beijar apreciando um pouco mais do momento a sós na varanda dos Denali e da nossa recém-descoberta compatibilidade.

Embalados não só pela noite enluarada de Nova Orleans, mas também pelo brilho furtivo das estrelas.

E envolta a uma gama de sensações, minha mente começou a analisar alguns aspectos...

Como o fato de ter conhecido Edward um dia depois do pedido de casamento entre meu irmão e cunhada.

Que estamos iniciando algo durante o jantar oficial de noivado dos dois.

O que fez o pensamento voar diante da perspectiva de como estaremos daqui a um ano, quando o casamento for realizado...

Será que esse pequeno momento é o indicativo de que finalmente viverei algo parecido com alguma das narrativas dos livros que tanto gosto de ler?

Será que chegou a minha vez de viver um romance com um pianista?

Isso só o tempo dirá.

Mas mal vejo a hora de descobrir...

FIM.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então o que acharam da one? Nossa primeira do Birth Inspirations...
Também gostariam de viver um romance com um pianista? E aprender a tocar piano com o ele? Porque olha, eu queria haha.
De verdade, espero que tenham gostado da jornada do nosso casal mostrada aqui. Algumas pontas ficaram soltas frente ao destino dos dois, mas acredito realmente que o que vimos foi apenas uma pequena amostra do maravilhoso futuro deles, porém vocês podem preencher suas mentes com as ideias que quiserem e gostaria que deixassem essas impressões nos comentários.
Como informado, essa é a apenas a primeira one do projeto. Domingo que vem voltarei com a próxima, no dia do aniversário da nossa querida Bella Cullen criada pela tia Steph, alguma ideia da narrativa que trarei?
Mas agora focando um pouco nessa, informei lá em cima à música que deu inspiração, sendo a do dia do nascimento do Edward e agora contarei como surgiu. Já que ela é uma música apenas instrumental, visto que era sucesso lá em 1901, me atentei a esse ponto e logo pensei no protagonista como um pianista, o resto se desenvolveu a partir dai, gostaram?
Muito obrigada a quem leu, espero vê-las nas reviews e também ao longo do mês nas outras ones. Quem está me conhecendo por essa fanfic, pode acessar meu perfil e ler as outras já postadas e também me seguir no twitter: @KNRobsten, onde interajo muito e posto bastante informações sobre o projeto. Até domingo que vem com – O Baile.
~Kiss K Nanda.