My Work Here is Done escrita por Labi, MrsNobody


Capítulo 8
CAPÍTULO 5 - Ordem alterada


Notas iniciais do capítulo

Pelos vistos eu sou idiota e esqueci de publicar um dos capítulos aqui. *facepalm*
Obrigada Claen pelo aviso!



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Haru chegou no Jardim Botânico em poucos minutos.

Por ser uma manhã durante a semana de inverno, havia poucas pessoas no local, e o Inspetor não sabia se era grato ou não àquilo: menos pessoas significava menos feridos, caso aquele lunático quisesse quebrar alguma coisa. Mas também significava menos testemunhas, o que poderia atrapalhar seu trabalho.

Enfim, era hoje que Haru prenderia o Mascarado: tinha no bolso traseiro de suas calças as algemas já prontas, era só prendê-las no pulso daquele idiota e tudo estaria resolvido.

Um pouco ansioso, ele começou a caminhar pelos corredores, observando as flores que desabrochavam apenas naquela época.

As estufas de vidro eram altas e parecia quase um dia de verão dentro delas. Era agradável poder apanhar aquele sol ali. 

Os jardins estavam organizados por biomas e Haru nunca tinha realmente perdido muito tempo a visitar aquele lugar.  Ali tinha um lago falso com nenúfares e cores intensas, alguns sapos e carpas. 

Não havia nenhum objeto que pudesse ser roubado ali, pois não? 

Além do mais, como saberia onde o Mascarado ia estar? Havia tantas estufas! 

Sacudiu a cabeça, esfregando os cabelos em frustração e foi sentar-se num dos bancos de pedra que tinha ali, bem por baixo de uma árvore cujas raízes entravam para a água e pareciam cobras. 

Ali dentro estava silêncio e o quentinho do lugar fazia o Inspetor ter sono. 

Talvez tivesse mesmo passado pelos olhos porque não deu pelo barulho nem pela aproximação de passos até uma sombra ficar à sua frente. 

"Inspetor Katou, que surpresa."  

Haru coçou os olhos antes de se erguer e franzir o cenho, “Mascarado, seu idiota!”, ele tirou o distintivo do bolso, mostrando-o ao outro homem, “Você está preso. Por favor, não reaja, podemos fazer isso pacificamente”, disse, aproximando-se do Mascarado.

“Oh, mas eu não vim aqui para ser preso, querido Inspetor”, o Mascarado sorriu com malícia, sem recuar um passo sequer. Haru sentia o delicioso perfume dele, e colocou a mão no bolso traseiro para retirar as algemas.

“Então veio para que?”, questionou, arisco como um gato de rua.

Ele sorriu, “Para te ver, claro.”

O policia, irritado, agarrou-o pelo colarinho e aproximou-o enraivecido, “Isto é tudo uma piada para ti!? Achas que o nosso trabalho é uma brincadeira?!”

O Mascarado manteve-se calmo e pousou a mão enluvada (eram luvas novas, pelo tecido Haru conseguia notar) sobre a mão dele, para o fazer largar, “Não. Mas eu tenho os meus motivos para fazer o que faço, Inspetor. A Justiça não serve todos por igual”.

O Mascarado, então, acariciou o dorso da mão de Haru, que mantinha a mesma expressão irritada. Porém, o Inspetor não se afastou, e o outro homem sorriu de leve.

“Você causa bagunça onde vai, invade propriedades públicas e privadas, roubou um bonsai de grande valor sentimental e tenho quase certeza que foi você quem substitui a lixeira do escritório do museu. Nada disso faz sentido, o que você quer?!”

“Por que deseja saber? Vai virar meu assistente?”, sugeriu, a malícia sempre presente nas suas palavras.

“Não, mas eu quero entender você!”, Haru deixou escapar, o olhar carregado com uma sinceridade que o Mascarado não esperava.

Por meio segundo, o Mascarado sentiu-se recuar. Não fisicamente, ele permanecia na mesma posição, mas seu olhar desviou para o chão antes de voltar a encarar Haru. Naquela hora, o inspetor pensou ter visto uma certa vulnerabilidade neles.

“Por mais que eu o aprecie muito, não posso contar meus motivos, Inspetor Katou”, ele voltou a sorrir, seus dedos enluvados agora segurando o queixo do policial, “Espero que possa entender isso”, disse, usando o polegar para acariciar o lábio inferior de Haru.

O Inspetor viu-o se aproximar, e sorriu ao abrir a algema.

Era isso! Usaria aquela aproximação para finalmente prender aquele lunático pervertido e…

Haru corou, sentindo novamente os lábios do Mascarado sobre os seus.

Diferente da noite do baile, o Mascarado não se afastou rapidamente, e Haru sentiu a mão que segurava as algemas tremer. Ainda mantinha a mão esquerda no colarinho do homem mais baixo, embora seus dedos já tivessem afrouxado a força há muito tempo.

Era só algemá-lo… estavam tão próximos…

Mas Haru não o algemou.

Por algum motivo, o inspetor fechou os olhos e se inclinou para frente, retribuindo o beijo. O Mascarado ficou novamente surpreso com as atitudes de Haru. Duas novidades num dia só? Uau!

Aproveitando-se da aproximação, o Mascarado usou a mão esquerda para puxar Haru para perto pelos quadris, sentindo o calor do inspetor mesmo com todas aquelas roupas. O cheiro de baunilha que Haru tinha era agradável, e ele não perdeu tempo para aprofundar o beijo.

Haru imediatamente permitiu, também envolvendo o Mascarado pelos quadris. As algemas já estavam mais do que esquecidas na mão dele, e por alguns momentos, tudo o que passava pela cabeça do inspetor eram os lábios do outro homem e seu perfume inebriante.

A carícia tornou-se mais voraz, e o Mascarado apoiou o corpo de Haru numa bancada onde alguns vasos ficavam. Os corpos deles estavam colados, e embora a real culpa fosse da estufa, Haru sentiu como se o ar estivesse mais quente. 

Os dois levaram uma mão até os cabelos do outro, puxando de leve os fios enquanto entrelaçavam os dedos por eles. Haru podia sentir a maciez dos cabelos negros, e ele suspirou entre o beijo ao ter a nuca arranhada pelo Mascarado, mesmo que a luva não o permitisse sentir a pele do outro rapaz.

“Mamãe! Tem dois meninos se beijando aqui!”, uma criança disse, risonha, assim que entrou naquela divisão. A senhora tapou os olhos da criança e virou para o outro lado, apenas encarando os dois em puro julgamento pela falta de respeito, “Não se fica a olhar, querido! É rude...”

O encantamento quebrou e o Inspetor precisou de um esforço mais que humano para não dar um salto para trás como um gato assustadiço. Não que pudesse, o Mascarado estava bem pressionado contra si e tinha o balcão atrás.

O Mascarado.

Mais corado que nunca e com a raiva a voltar a si, Haru franziu o sobrolho, “Que merda pensas que estás a fazer?!”

Ele sorriu inocentemente, ainda sem se afastar um centímetro que fosse, “A devolver o beijo que te roubei, como prometido.”

Nervoso e irritado, o inspetor resmungou: “Eu não quero que devolva o meu beijo!”, disse sem nem pensar, voltando a segurar as algemas com firmeza, “Eu vim prender você!”.

O outro riu e esticou os braços, abraçando o mais alto pelo pescoço, conseguindo assim ficar ainda mais próximo dele, “E depois?”

A mulher pegou o filho no colo e saiu dali apressada.

Haru corou mais uma vez, os lábios tremendo (se de excitação ou de raiva ele já não saberia responder), e sua voz saiu falha: “Você vai para a cadeia…”

O Mascarado teve a audácia de fazer um biquinho, e se aproximou novamente, esfregando sua boca na do inspetor enquanto respondia: “Nosso encontro estava tão bom até sermos interrompidos… não quer continuar?”.

Haru continuava com os seus olhos fixos nos do Mascarado, notando pela primeira vez que ele usava lentes de contato fantasia , “Não é um encontro.”, resmungou num murmúrio e apertou a cintura dele. O movimento fez com que o Mascarado se inclinasse um pouco mais para a frente e se pressionasse no policia.

Só faltava um centímetro para se beijarem de novo e…

E Haru o algemou.

“Mascarado, você está preso por roubo.”

“Oh? Roubei seu coração?”

“Não.”

“Bem, se me ofereces o teu coração eu não tenho de o roubar.”

Haru franziu o sobrolho, “Eu estou a falar a sério.”

“Eu também.”, ele voltou a sorrir, “E como me vais levar para a prisão? Ao colo?”

“Tens de ser interrogado antes.”

“E tu és o polícia bom ou o polícia mau?”, o sorrisinho malicioso aumentou.

“O bom. Não, o mau!”, resmungou, esfregando a mão nos cabelos, “Apenas cale a boca e--”, o Mascarado o beijou de novo.

Dessa vez, Haru não retribuiria e… ele retribuiu, muito atento às mãos do Mascarado sobre seus quadris para perceber que ele havia se soltado das algemas.

Então, o Mascarado se afastou, sorrindo, “Até outra vez, Inspetor Haru~ ”, e saiu correndo… e quem estava algemado agora era Haru.

Dava até para ouvir os gritos enraivecidos dele no lado de fora da estufa.

Kambe entrou na enorme sala, um antigo laboratório, enquanto ainda tirava a sua máscara. Qualquer dia ia ficar com a marca dos elástico permanentemente marcada.

Pousou-a em cima da mesa e tirou a pesada capa de cima dos ombros, logo se espreguiçando em alívio.

“Como correu o encontro?”, Suzue rodou na cadeira e sorriu-lhe.

O mais velho corou de leve, mas manteve o semblante sério, “Ele tentou me prender de novo.”, deu de ombros.

Suzue deu uma risada e levantou-se, já indo buscar a cafeteira para servir uma caneca de café, “Claro que tentou. E vai continuar a tentar.”

Kambe sentou-se, soltando um longo suspiro, “O contratei como meu assistente para ter certeza de que eu sabia tudo o que ele faria ou não. Ele não me parece saber de mais detalhes além dos que me contou, então estamos em vantagem.”

Ela sorriu, “Bem, isso são boas notícias. Mas não precisa mentir para mim, priminho. Sei que contratou Katou-san apenas para ficar mais perto do seu adorável crush~”.

Daisuke bufou, “Ele não é um crush. E vamos ao trabalho! Descobriste mais alguma localização?”

Suzue sorriu e voltou a sentar-se, agora também ela com uma caneca de café, “Sim. Estive a fazer cruzamento de dados, penso que possa haver um chip escondido no edifício da Universidade.”

Ele assentiu, “Ótimo. É nosso próximo alvo.”, disse e se colocou ao lado dela para melhor traçarem um plano, “Vou precisar da sua ajuda dessa vez. É fácil de se perder nesses prédios.”.

“A minha sugestão é que não avises a polícia desta vez.”, ela disse, “Já vai ser complicado, não precisamos de piorar. O HEUSC não me está a dar todas as informações, então receio que esteja algo de errado.”

Por mais tentador que fosse ver Haru mais uma vez como Mascarado, Kambe concordou, “Não se preocupe. Não avisarei, não há motivos para trazê-lo nesse local.”.

Ela concordou e começou a digitar no computador, “Acho estranho o chip estar escondido lá. O nosso ‘amigo’ não costuma ser assim tão elaborado. Soa a armadilha.”

“Tomaremos cuidado”, Kambe disse, também estranhando a localização.

Pegariam todos os chips sem falha, e tudo logo seria resolvido.

Pelo menos, era o que pensavam.

Sayuri Kambe tinha sido assassinada quando Daisuke tinha oito anos. 

Ele lembrava-se de ouvir a mãe aflita a mandá-lo para baixo da cama e não sair até ficar sozinho.

Lembrava-se de ouvir arrombar a porta, de gritos, do som de uma arma. Por baixo da cama apenas conseguiu ver a sua mãe caída e a sangrar.

Poucos dias depois do funeral, o seu pai suicidou-se.

E assim, tão rápido, a criança ficou aos cuidados da avó, com uma dura educação e um futuro planeado devido ao seu apelido de família. Mandou-o esquecer o assunto, levantar a cabeça e seguir em frente. Como se nada se tivesse passado.

Daisuke foi forçado a crescer rápido e desde cedo se tinha decidido a resolver o caso da sua mãe e a tentar encontrar justiça para a única pessoa que realmente tinha amado em toda a sua vida.

No seu 18º aniversário recebeu uma carta sem remetente com uma pen-drive. Dentro, estava uma foto da sua família e um documento de texto. O escritor endereçava-a a Daisuke, referindo que não se conheciam, mas que sabia do caso da sua mãe. Alertava para coisas do passado mal resolvidas e indicava que tinha espalhado pela cidade diferentes partes da informação do caso de Sayuri porque queria ajudar, mas receava ter a sua identidade descoberta.

Terminava a carta com o aviso para que Daisuke se mantivesse discreto, ou fantasmas do passado voltariam.

E foi assim que nasceu o Mascarado: a família de Daisuke era muito importante, e o rapaz sabia que todos os seus passos eram devidamente monitorados. Ele não podia se dar ao luxo de sair questionando sobre o assassinato de sua mãe, e foi ao assistir um filme idiota de super-herói com Suzue que teve a ideia de criar um persona e ir atrás dos chips.

No início, ele não levantou suspeitas, mas tudo mudou quando um funcionário o viu. O rapaz, claro, gritou, mas estava tão assustado que acabou desmaiando, e no dia seguinte, ele contou sobre o que vira: uma pessoa usando uma máscara a perambular pelo arquivo municipal.

Ele virou piada e perdeu o emprego, mas assim que Daisuke soube do que havia acontecido, enviou anonimamente imagens da câmera de segurança e pagou ao jovem dinheiro suficiente para ele levar uma vida digna junto da esposa e bebê.

Depois disso, vieram o fã clube e, claro, a polícia, e no seu terceiro roubo, ele conheceu Haru.

Estava tudo a correr como o planeado: tinha de entrar num museu privado da cidade, ir à sala de relíquias e tirar o chip por trás de uma das mesas.

Havia alguns carros de polícia, mas não pareciam sequer estar a tentar realmente fazer alguma coisa. E ele sabia que se não dessem com objetos em falta, não iam usar muitos meios para o apanhar.

Exepto claro, aquele teimoso.

Haru viu-o por acidente enquanto saía pelas traseiras. Os olhos dourados dele focaram em si com uma intensidade tal que Kambe não conseguiu desviar o olhar.

E pela primeira vez, foi divertido.

O polícia começou aos gritos, consigo irritado. Nunca ninguém falava naquele tom com Kambe. Nunca Kambe precisava de tanto esforço para nada.

Teve de fugir, saltando pelos telhados dos prédios anexos com agilidade e Haru acompanhava, cada vez mais chateado.

Subiu por umas escadas de metal, empurrando-as no final para que Haru não pudesse subir e sorriu lá de cima, cheio de adrenalina pela perseguição e de coração aos pulos com a corrida. Sentia-se vivo, pela primeira vez em muito tempo. O luar intenso iluminava ali e mesmo estando uns metros acima conseguia notar o brilho intenso dos olhos bonitos do polícia.

Haru continuava a gritar consigo, fazendo promessas de que o apanharia. Kambe riu, desejando-lhe as boas noites.Não sem antes mandar HEUSC analisar.

Inspetor Haru Katou. Antigo agente da primeira divisão, agora trabalhava no Departamento de Crime Modernos da polícia metropolitana.

Interessante.

Conseguiu a morada dele e já lhe mandou uma carta a avisar de onde seria o próximo assalto, usando um drone para a pousar no parapeito da janela do 13º andar. Certo que ele apareceria.

No começo, Suzue achou que fosse só uma excentricidade do seu primo e não deu importância. Quando começou a notar o entusiasmo dele cada vez que quase era apanhado, achou que seria algo mais. Depois do baile, teve a certeza.

O interesse de Daisuke por Haru crescia a cada dia, e após algumas semanas de perseguições, Suzue percebeu que a animação dele não era apenas por, finalmente, ser tratado como uma pessoa comum (mesmo que fosse um ‘criminoso’): Haru, com sua determinação e atos heroicos, havia cativado Daisuke, e o bilionário estava apaixonado pelo inspetor.

Suzue só desejava que seu primo fosse feliz.


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