Too Late escrita por ro_dollores


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

Gente obrigada pelos comentários, mais um capitulo



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Grissom olhou para a imagem e se lembrou de Sara.

A garota possuía um colar muito parecido com o dela, o pescoço delgado, os ombros estreitos, ele deslizou um dedo sobre a foto sem perceber que Catherine estava observando.

Ela ficou em silêncio atrás dele sem coragem de dar o próximo passo, sua expressão surpresa, ela tinha certeza que ele estava se lembrando dela.

Catherine sempre soube que Sara era uma mulher aficcionada por ele, e ela também sabia que Grissom era um covarde, que não tinha vida fora daquele maldito mundo de trabalho, queria que ele acordasse e levantasse os olhos do microscópio.

Ela fez um pequeno barulho para que ele pudesse se recompor, mas o caso era que ele estava tão vidrado naquela foto que não percebeu. Ele se assustou quando a viu do seu lado.

“Alguma novidade sobre o caso?”

“Não!” - Ele pegou uma outra foto e ficou observando, tentando disfarçar.

Ele não sabia que poderia sentir a falta dela, e ainda não havia se passado tantos dias. A verdade é que estava tentando aceitar a ideia de que ela voltaria diferente, ele podia sentir em seus ossos. Ela estava fria, distante, quando pediu suas horas extras e mesmo assim, em vez de tomar a decisão de ter uma conversa com ela, a afastou ainda mais. 

Ele se mexeu na cama e resolveu se levantar. Aquele caso estava mexendo com ele, e bem sabia porque!

...

“Eu preciso apenas verificar mais um imóvel e posso tomar minha decisão.”

Sara avisou o agente imobiliário ao telefone, desligou e entrou no restaurante. Calebe havia enviado uma mensagem a ela que esperaria no Garden’s, um restaurante simples mas muito simpático. Havia mesas entre as muitas árvores e flores, que lembravam um café, com seus sombreiros e cheiro maravilhoso de natureza.

“Minha ametista!”

Ela quis saber qual era a dele com aquela forma de cumprimento.

Quando se sentou ao seu lado, ele estendeu uma pequena pedra bem desenhada e deixou que caísse na palma de sua mão.

“Para você!”

A cor era sensacional, e ela se viu hipnotizada com aquele brilho ofuscante. 

“Gosto dessa cor!”

“A ametista protege nossa mente e nosso coração das energias negativas, as más influências! Gostou?

“Como não poderia?” - Era realmente muito linda!

“Você precisa segurar bem forte por alguns segundos para energizar com seu interior. Sei que pode ser cética com este tipo de coisa, vocês cientistas sempre são, mas faça de conta que acredita!”

“Hei … pare já com isso, eu adorei, vou fazer como pede.”

Ela fechou a palma da mão com força e esperou alguns segundos, depois abriu e olhou para ele.

“Agora eu posso completar seu presente.”- Ele estendeu uma pequena pulseira e encaixou a pedra em um dos elos prateados. - “Pronto!”

“Obrigada Calebe, você está me mimando e posso me acostumar com isso.”

“Você tem o direito de se acostumar com todas as coisas boas que a vida pode te oferecer.”

Ela olhou em seu rosto, a claridade do dia deixava seu cabelo ainda mais ruivo e ela gostou do efeito incrível.

“O seu cabelo é lindo!”

“Você sabe o que diziam sobre cabelos de fogo na Idade Média? Que eram os enviados do mal!” - Ela começou a rir de uma forma tão natural e feliz que quase caiu da cadeira quando ouviu seu nome.

“Sara?” - Ela olhou para cima e viu Grissom a encarando com uma expressão muito estranha, depois ele se virou para seu acompanhante. - “Calebe?”

Ele se levantou rapidamente, estendendo a mão para ele, como se não o fizesse, seria punido.

“Como vai Dr. Grissom, estou feliz em encontrá-lo!”

“Estou bem … vocês se conhecem?”

“Sim … a Sara é o meu anjo salvador!”

Ele arregalou os olhos e teve imediatamente uma fisgada de dor em sua cabeça. ‘Meu Deus que eu não tenha um acidente vascular neste momento!’

Grissom estava olhando diretamente para sua brilhante ametista, se destacando no braço fino. Ela tinha certeza que ele havia presenciado o momento de seu tão precioso presente.

“Como … como está o laboratório?”

“Indo bem …” - Ele queria dizer que estava detestando a ausência dela, que estava trabalhando em um caso que precisava de sua ajuda, que o laboratório sentia a falta dela, que ele sentia a falta dela. Maldito seja esse pedido de folga, era horrível e ele não sabia se iria sobreviver! Ele estava em pânico, Calebe era um bom homem, seus pais, sua família eram pessoas incríveis, e ela poderia facilmente ser feliz com eles. Será que fazia muito tempo que se conheciam?

Tudo parecia estranho naquele momento. Calebe olhando para ele, Sara perdida no homem à sua frente, o supervisor quase em choque!

Ele se despediu rapidamente e em segundos desapareceu entre as flores e arbustos.

Quando chegou em seu carro, ele esperou que as batidas de seu coração se acalmassem, tinha sido uma violência contra seu peito! Ela estava vivendo a vida e ele estava morrendo!

Naquele momento Calebe esperava que ela apenas voltasse em mente e coração para o lado dele. Ela estava sem cor!

“Você está bem?”

“Sim … não … quer dizer ...eu vou ficar bem, não se preocupe.”

“Eu vou te dizer uma coisa, e quero que me escute muito bem. Ele pode ser um grande covarde, te negar quantas vezes for, mas não pode esconder o que sente atrás de qualquer que seja sua máscara. Ele não é indiferente à você, Sara!”

“Não … ele não sabe o que é se importar!”

“Sabe sim … só não sabe o que fazer com isso!”

 

“Eu não sei o que fazer com isso!”

 

Sara olhou para ele, as palavras que, se pudesse, detonaria de qualquer dicionário.

“Eu não posso, Calebe, eu não quero mais pagar para ver, não sou responsável pela ineficiência emocional dele. Nós … vamos pedir o nosso almoço e esse assunto se encerra aqui!”

Calebe ergueu os braços para cima e aplicou um ‘Yupiiii’ mais alto do que gostaria. 

 

“Grissom? O que há com você? Não ouviu uma palavra do que eu disse!” - Catherine estava furiosa, quando jogava o cabelo por cima do ombro e apertava os olhos, ele sabia que estava em apuros. - “Você vai me explicar o que se passa? Você está doente? É sua audição, de novo?”

“Não!” - Ele fechou a expressão em uma carranca e olhou para ela. - “O que você quer?”

“O xerife está esperando na sua sala, e a cara dele não é boa, prepare-se!”

“Xerife?”

“Vá … nos falamos depois!”

Ele não estava conseguindo segurar a barra de ter visto Sara com Calebe. Jesus Cristo, o que ele tinha feito? Por que estava tão tocado? Ele mesmo a empurrou para longe, ele mesmo pediu por aquilo! Não estava disposto a ter um embate com quem quer que fosse, ele só queria um caso, complicado, difícil, cansativo e depois outro e outro e outro! Precisava tentar se curar, arrebentar sua mente e ir para casa tão esgotado que só o que tinha que fazer era dormir por dias! Ele precisava de sua terapia, precisava de seu trabalho!

Quando entrou em sua sala, o xerife não estava mais, ele saiu batendo os pés, procurando como gato, o rato arrogante que gostava de medir forças com ele. Aquele não era um bom momento para ouvir ladainhas.

“Hey Gil!” - Ele se virou rapidamente, quase bufando de nervoso, notando a expressão feliz que o xerife estava, baixou a guarda.  - “Eu preciso te dar meus sinceros cumprimentos.”

“Pelo quê?”

“Sua equipe foi premiada como a melhor entre dez, elevou o nível do laboratório, e isso devemos a você!”

“Como assim?”

“Acabei de receber mais uma ligação confirmando e sabe o que significa?”

“Que teremos mais trabalho?”

Ele estendeu a mão para Grissom e depois o abraçou como se fosse íntimo, ele ficou rígido, não gostava de ser tocado como se fossem grandes amigos.

“Nós teremos mais verbas, reconhecimento, novos instrumentos de trabalho e sim, novas responsabilidades, claro.”

“Não temos problemas com responsabilidade.”

“Eu sei …”

“Já disse o que queria … mais alguma coisa?”

“O que há com você? Algum problema?”

Que diabos todo mundo querendo saber o que havia com ele?

”Não há nada comigo, eu … só estou perdendo meu tempo, com licença!”

Grissom sumiu pelo corredor, deixando um xerife boquiaberto com sua falta de jeito. Este era o grave defeito que possuía, ele era um gênio, mas indomável!

….

Sara chegou em seu apartamento e viu a secretária piscando chamadas. 

Todas elas se referiam aos muitos imóveis que havia visto, mas ela tomara sua decisão. 

Mesmo que seu escolhido tenha sido o mais próximo de seu supervisor, ela não se abateu, passou por cima daquele pequeno entrave como se ele não existisse. Sua vida tinha que seguir seu curso e precisava ignorar tudo que se dizia respeito a ele. Saberia ser profissional, talvez até ainda mais e era só o que precisa no momento!

Grissom estava entrando no banco quando avistou Calebe já de saída.

Os dois se encararam por alguns segundos, depois Grissom viu o sorriso largo vindo em sua direção. Aquilo era só pra dizer que estava feliz?

“Olá dr. Grissom, como estás?”

“Bem … como está sua família?”

“Todos bem … eu fiquei surpreso em saber que é o supervisor de Sara.”

“Ela … tirou alguns dias de férias!”

“Sim … está se mudando, aproveitando todo o tempo que puder …”

Calebe respeitava demais Grissom, tinha alguma coisa nele que fazia as pessoas ao seu redor temer até mesmo seu olhar. Seu telefone tocou. Era Sara.

Ele pediu licença e atendeu, Grissom ficou parado encarando o ruivo que havia ganhado a atenção de Sara.

“Oi Sara!” - Seu coração quase parou quando ouviu o nome dela. - “Sabe quem acabei de encontrar? Dr. Grissom … estamos falando de você!”

Jesus Cristo, o que Calebe tinha que ser tão espontâneo? Ele era o oposto dele, jovial, cheio de energia, simpático e boa pinta! Um bom … namorado para ela! Ele tinha que sair dali!

“Eu quero ajudar! Me dê um tempinho que estarei aí, Até já!”

Assim que ele desligou aquele sorriso arregalado estava de volta e ele tinha que presenciar aquilo! Seu castigo!

“Vou ajudar na mudança. Quem consegue parar essa garota? Está sempre em movimento!”

Ele não queria saber que tipo de movimento Calebe queria insinuar, sua mente treinada já podia ver dois corpos experimentando lugares novos … ‘BASTA de se torturar, homem!’

“Eu … preciso ir … adeus Calebe!”

“Até mais doutor!”

Ele estava na escuridão enquanto seu amigo encontrava a luz!

…..

Calebe chegou no apartamento dela, tagarelando de alegria. Ele tinha alguma coisa luminosa que deixava Sara querendo estar perto, sempre!

“Você precisava ver o quanto ele estava sério … e…”

“Hei … hei … eu não estou interessada, ok? Venha me dar uma opinião sobre o que fazer com algumas coisas que não vou mais usar!”

“Exército de salvação! Eles fazem milagres com tudo que é doado!”

Sara não queria falar sobre Grissom, tinha apenas mais dois dias de folga e iria saber dele quando voltasse, mais do que gostaria, por hora queria ocupar sua mente e energia em sua mudança.”

Todo o mobiliário que ela tinha, foi praticamente doado, ela ficou com a cama enorme que era uma compra recente e uma estante de prateleiras desmontável, muito bonita e prática. O novo apartamento possuía móveis embutidos em todos os ambientes. Ela teria que ir às compras para um novo sofá e uma mesa mais despojada. 

Sara e Calebe saíram juntos para a manhã radiante.

“Eu posso segurar a sua mão?”

Ela ergueu uma de suas sobrancelhas que Calebe achou muito peculiar, Grissom fazia aquilo, era como se percebesse que eles realmente viviam tão juntos que com certeza um adquiria a mania do outro. Aquilo o incomodou.

“Tudo bem!”

Calebe jogou para o fundo de sua mente aquela sensação estranha e segurou a mão dela sorrindo como um garotinho.

“Onde iremos primeiro? Olha eu queria te dar uma ideia, eu … gosto de reformar coisas … você poderia comprar um móvel de segunda mão e eu te ajudaria a deixar do jeito que  gostaria. Isso é ser muito egoísta?”

Muitas coisas nele pareciam quase sempre uma grata surpresa. Às vezes ela duvidava de sua própria crença, ela não acreditava em anjos, mas para desencargo,  ela olhou para suas costas, ele se assustou.

“O que está fazendo? Eu … disse alguma coisa errada, você está olhando para o meu  ….”

“Não! Você está delirando? - Ela o interrompeu imediatamente. - “Olha … vamos devagar com essa sua mente. Você tem informações rápidas e isso é bom, mas me assusta um pouco. Não estou olhando para seu traseiro, queria confirmar se você realmente não tem asas, eu adoro sua idéia e o anjo salvador aqui, não sou eu, é você!”

Ele a abraçou e rodopiou com ela na calçada, próxima à rua. Eles ouviram algumas buzinas e ele riu do tom rosa nas bochechas dela.

Eles encontraram um armário baixo de quase dois metros que daria certo em seu espaço da sala. Ele estava desgastado mas tinha grande potencial de reforma. Bastaria uma boa lixa de madeira, a extração dos rodízios muito velhos e um nova cor. O preço era uma pechincha.

No mesmo brechó, ela viu um mancebo que ele achou horroroso e se recusou a aceitar que comprasse.

“Mas olha … nós podemos tirar essa parte torneada, encaixar um novo pedaço de madeira e  ….”

“Nem pensar … isso é horrível. Eu posso fazer um para você, muito mais bonito e prático. Esqueça isso.” - Ele a puxou para uma poltrona em tom azul claro que ela torceu o nariz.

O próximo móvel que entraram em um acordo foi uma mesa de canto com pés palito que combinaria com o que estavam pensando em fazer com o armário baixo.

Eles foram até a loja de estofados e ficou em dúvida entre um azul marinho e um cinza escuro.

O preço foi o ponto alto para que optasse pelo azul marinho. Ela jogou algumas almofadas listradas e coloridas e o efeito foi luminoso, alegre.

Sara tinha alguns objetos de decoração que caberiam em sua nova sala, se sentisse que precisaria de algo mais, teria que deixar para outro dia.

Calebe pediu que entregassem as peças que seriam revitalizadas no endereço de sua pequena casa nos fundos do bar.

“Você não deve fazer isso, Calebe?”

“Eu acho que sou eu quem tenho que decidir, você não acha?”

“Mas …”

“Olha Sara … eu sei que nossa amizade começou com uma casualidade, mas eu sinto como se te conhecesse há anos, como já te falei, então eu quero fazer isso por você … vamos pensar que estamos compensando o tempo em que não nos conhecíamos. Vamos pensar que … o que nos desviou de nos encontrarmos está conspirando para corrigir isso.”

Como é que ele conseguia ter o dom do convencimento? Como ela estava se tornando tão facilmente manipulada por um homem que até dias atrás nunca tinha visto? O mérito era dele e talvez, demérito de quem ela tanto precisava esquecer!  

“Ok! Eu … preciso ir para casa agora …. terminar de arrumar algumas coisas.”

“Você vai me achar muito presunçoso de estar com você hoje à noite … eu posso  … pedir uma pizza e …”

“Não … você tem seu trabalho … e eu não posso te privar disso … ele é tão importante à você … como o meu é para mim! Nem pensar, Calebe!”

“Eu posso pedir ao meu gerente para …”

“Nem pensar … não vou aceitar e você não vai me convencer, não desta vez! Amanhã eu aceito sua ajuda e podemos pensar em sairmos outro dia  … para a pizza!”

“Você promete?”

“Dou minha palavra …”

Assim que estacionou em frente ao novo prédio, ele se virou para ela.

“Adorei estar com você … como sempre!”

“Eu também!”

Calebe segurou a mão dela e beijou seus dedos. Em seguida ela beijou seu rosto, ele se virou e um pequeno toque nos lábios dela aconteceu. Os dois se encararam e ele percebeu que queria ir adiante. Foi com imensa surpresa que ela se achegou e colocou as duas mãos em seu rosto. 

Tinha sido um toque tão espontâneo que o próximo passo ter acontecido um beijo mais profundo pareceu natural.

Quando se separaram e ela se viu agradecendo, ele a encarou.

“Obrigada!”

“Isso foi … de agradecimento … ou … foi …”

“Não Calebe … isso foi porque eu quis que fosse!”


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