As dúvidas que não existiam escrita por Toynako
Notas iniciais do capítulo
Notas finais do capítulo foram atualizadas (2020) se puderem dar uma lida ao terminar, agradeceria!
Título: As dúvidas que não existiam
Autora: Toynako
Série: Good Omens
Casal: Crowley + Aziraphale
Classificação: +13
Gênero: Shonen-ai
Criada em: 18/08/19
—–x.I.x––
As dúvidas que não existiam
“— Entre, anjo.”
Crowley sorriu fino enquanto deixava o amigo adentrar em seu apartamento, maneando com a mão para que seguisse adiante.
“— Um agradável lugar.” – falou sorridente, olhando de um lado ao outro “— Diferente do que imaginei.”
“— E como imaginou?” – questionou-o, fechando a porta e seguindo-o mais atrás, curioso pelas reações alheias.
“— Sangue pela parede, uns pentagramas, talvez uma ou duas cabeças de bode...”
“— Sério...?”
“— Não. Estou brincando.” – riu baixinho, tendo divertido-se com a cara de espanto do amigo.
“— Muito engraçado da sua parte, anjo...” – negou com a cabeça “— Vou providenciar os crepes da aposta que perdi.”
“— Não se esqueça, os de Veneza. ” – lembrou-o, vendo o mesmo sumir diante de si
“Um pequeno milagre em prol de uma excelente culinária, não faz mal...” – pensou em seguida, voltando o olhar para o ambiente.
Aziraphale sorriu animado, seguindo andando pelo apartamento do amigo. Tinha a noção de que precisavam ser discretos, ainda mais agora que oficialmente eram considerados alguma coisa misteriosa por ambas as raças. No entanto, como resistir quando o demônio ofertava uma brincadeira, onde se resumia em apostar em um cavalo e esperar o mesmo ganhar a corrida.
A sorte esteve do lado do anjo, já que ao ganhar pedira que crepes de uma localidade específica fossem providenciados. Só não havia contado com o fato de ser levado ao apartamento do outro para comer.
“— Plantas?” – piscou os olhos algumas vezes, indo em direção ao viveiro.
O olhar brilhou ao deparar-se com o pequeno pedaço do paraíso que encontrou, tratando de aproximar-se com curiosidade. Eram extremamente bonitas, podia ver o cuidado no verde das folhas. Por isso aproximou-se mais, tocando na folha de uma delicada bromélia, acariciando-a.
O sorriso alargou-se, deslizando o toque por todas, acariciando-as até que notou uma costela de adão mais ao canto, indo até a mesma. As folhas estavam baixas, como se houvesse algo de errado com a planta.
“— O que houve...?” – comentou baixinho, tocando-a.
Espantou-se logo em seguida, notando todas as plantas mexendo-se, aparentando estarem tremendo. O anjo olhou de uma para a outra, girando no próprio eixo, notando que todas aparentavam estar agindo do mesmo modo.
“— Eu disse algo errado?” – questionou-se, notando a costela de adão estremecer mais que as demais.
Demorou alguns instantes para conseguir reconhecer o que se passava, onde logo sorriu doce, voltando o toque para a planta mais apavorada.
“— Está tudo bem.”
Aziraphale sorriu, mantendo o toque abaixo de uma das enormes folhas, erguendo-a de leve ao passo que curvava-se, para assim depositar um beijo suave ali. Um pequeno milagre, não faria mal. Cuidou da planta, passando para ela o carinho que precisava no momento, vendo todas ao redor pararem de se mover, bem como a que mantinha em mãos.
“— Bem melhor agora.” – sussurrou, notando-a recuperada.
“— Não mime minhas plantas, anjo.” – ralhou Crowley, estreitando os olhos, encobertos pelos óculos exótico.
“— Um beijo cura tudo.” – sorriu, não ligando para a reclamação, ainda mais que o cheiro doce dos crepes povoavam no ar.
“— Sei...” – deu um suspiro, erguendo a sacola com os crepes “— Os seus preferidos.”
“— Sorte que a regra de não mimar, não se aplica a mim.” – sorriu amplo.
Crowley desviou o olhar, coçando a bochecha com a porta do indicador, levemente sem jeito. Manteve ainda sua atenção na alegria do loiro, maneando com a cabeça para que seguissem até a mesa, depositando a sacola ali. A animação alheia contagiava-o, fazendo com que desse um suspiro enquanto via a visita sentar-se e esticar as mãos até a sacola.
“— Espere.” – pediu, afastando a comida.
“— Pretende que eu reze antes da refeição?”
“— Quê?” – exasperou-se, vendo o outro rir e apenas tentar pegar novamente a sacola “— Não brinque comigo.”
“— Então...” – deu um suspiro, erguendo o olhar para o amigo, parado ao seu lado “— Qual o problema?”
“— Creio que...” – engoliu em seco, ficando sem jeito “— Me feri.”
O anjo arregalou os olhos, virando-se melhor para o outro e deixando de lado a comida ou a aposta. Guiou uma das mãos até a dele, segurando-a de leve.
“— O que aconteceu, Crowley?” – perguntou temeroso “— Eles foram atrás de você? Sabia que não devia ter te...”
“— Espere, não é nada disso.” – cortou a frase do outro, engolindo em seco “— Cortei minha boca...” – disse mais baixo, desviando o olhar.
“— Como você conseguiu se ferir na boca?” – levantou-se, fazendo o outro recuar um passo.
“— Isso importa?” – resmungou.
“— Você sabe que me importo com você.” – sorriu-lhe, ainda não entendendo bem o que se passava com o outro.
“— Então porque simplesmente não fica quieto e cura?”
“— Como...?”
O anjo questionou confuso, olhando para o rosto do ruivo e podia jurar que estava avermelhado no momento. Os olhos seguiram aos lábios do mais alto, buscando qualquer tipo de ferimento que o mesmo havia pronunciado, não encontrando nada que fizesse-o realmente ter que curar algo.
Já ia questionar sobre o que estava acontecendo, quando notara o quão tenso Crowley estava no momento, o quão era fácil ler as expressões faciais do demônio. Respirou fundo, aproximando-se e dando um suave beijo nos lábios do outro, notando-o – dessa vez sem dúvidas – corar mais ainda.
“— Sente-se melhor?”
“— Eu...” – engoliu em seco “— Tenho que resolver algo, come aí.” – deixou a sacola sobre a mesa, tratando de sair às pressas.
Aziraphale ficou olhando confuso o outro sair da sala de jantar, acabando por sentar-se outra vez e puxar os crepes para que iniciasse a refeição. O coração estava leve, não pelo sabor dos doces crepes que foram providenciados, mas sim com a situação do momento. Agora não precisavam fingir para as raças, podiam apenas agir como os dois eram realmente. O fato de serem um anjo e um demônio, não importava. Apesar de suspeitar que para Crowley, esse fato nunca importou.
Era o início de uma história só dos dois, e com toda certeza daria atenção e carinho, igual as histórias que possuíam em sua livraria.
FIM
(18/08/19)
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