The First Date escrita por Haru


Capítulo 1
Capítulo Único




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O Primeiro Encontro

Um lugar tranquilo, não muito cheio, com uma bela vista e uma música tocando ao fundo, bem baixinha. Assim Kin descreveria o cenário de um belo primeiro encontro — e parecia que seu namorado tinha lido sua mente. Faltavam poucos minutos para anoitecer, um frio gigantesco dava as caras junto com a lua cheia, então, na verdade, a loirinha achava tudo ali até mais bonito do que em sua imaginação. Arashi, como sempre, conseguira exceder suas expectativas. 

 Ia puxar a cadeira bege de madeira para se sentar, mas, como o cavalheiro que era, ele fez isso antes para ela. Kin olhou fundo nos olhos azuis claros dele, sorriu de admiração e se recostou na cadeira. Enquanto Arashi dava a volta na pequena mesa para se ajeitar no assento do outro lado, ela olhava ao redor e se impressionava com a beleza do ambiente. Havia uma lagoa a pouco mais de dez metros de distância a direita da mesa deles, cercada por uma grande trilha de grama sintética e iluminada pelas lâmpadas douradas que enfeitavam o teto marrom escuro de madeira debaixo do qual o casal ficou. O piso que os suportava foi composto do mesmo material que o teto. 

Sem tirar o sorriso do rosto, Kin apoiou o queixo na mão e contemplou seu jovem acompanhante. O garoto achou que ela tinha encontrado algo errado na camiseta branca que ele escolheu para a ocasião, procurou alguma coisa nela e, nada achando, fingiu não notar o olhar da namorada. Retirou uma nota do bolso esquerdo da jaqueta negra, chamou o garçom, disse a ela para fazer o pedido primeiro, fez o seu logo depois e, feitas as contas, pagou o sujeito.

Quando o servente se foi, um silêncio irritante tomou conta da mesa. Não porque eles dois não tinham afinidade, ou porque não tinham pautas para conversa, mas por causa do elefante na sala: há uns meses, Arashi quase perdeu a vida em uma explosão. O tempo que ele passou no hospital foi o mais estressante da vida de Kin, os dois, por iniciativa própria, sem dizer nada um ao outro, se decidiram por não tocar no assunto. 

Kin jogou os longos, loiros e encaracolados cabelos atrás dos ombros, depois, sem tirar o queixo de cima do punho, voltou os olhos para a lagoa. Uma ideia nasceu em sua cabeça. Olhou animada para o namorado, bateu na mesa com as mãos e disse: 

— Tem uma coisa que eu sempre quis jogar em um primeiro encontro!

— Nada de "Tequila Pong". — Ele retrucou rápido. 

Ela se fez de ofendida.

— Você sabe que não era isso que eu ia sugerir. — Se defendeu. Ele se fez de doido, ela se explicou: — Não era isso que eu ia sugerir! Põe a mão aqui na minha. — Pediu, estendeu o braço sobre a mesa, segurou a mão dele e o olhou nos olhos. — Agora a gente diz o que gosta um no outro. 

— Darmos as mãos é uma regra? Não que eu esteja reclamando. — Deu uma de sabichão enquanto Kin queria flertar. Isso a tirava do sério. 

— É! — Replicou, irritada. Calma de novo, disse: — Vamos começar. Eu amo os seus olhos. 

Arashi riu.

— Também amo os seus. Nunca vi outros tão escuros. — Confessou. Ela sorriu, ele, passando o polegar pelos dedos dela, continuou: — Amo os seus cabelos. 

Kin engrossou a voz e repetiu a fala dele:

— "Também amo os seus. Nunca vi outros tão escuros."

Ele pôs os cotovelos na mesa. 

— Ah, você pode brincar e eu não posso? 

Ela repetiu o gesto dele e aproximou seus rostos. 

— Eu não te proibi de brincar. — Deu de ombros. 

Arashi recostou-se na cadeira e cruzou os braços.

— Beleza. Amo seu senso de moda. E essa camisa... ah, eu iria arrasar usando ela!

— Vi na sua cara que você estava com inveja! — O acusou, entre risadas. A camiseta dela era rosa clara sem mangas, fechada com botões dourados no meio e tinha contornos pretos. Ela usava também uma saia preta que não chegava a altura dos joelhos, um par de sandálias negras sem saltos e uma dupla de pequenos brincos prateados nas orelhas. — Você não é muito famoso pelo seu senso de humor, tem esse jeitão sério, mas consegue ser engraçado quando precisa... e sem ser forçado! Eu amo isso em você. Amo e invejo. 

Ele começou a pensar. Gostava de tanta coisa nela que era até difícil enumerar. Evitando tornar a conversa mais profunda e sentimental, disse:

— Eu amo a coincidência que é a sua energia ser da mesma cor que seus cabelos... e a sua personalidade ser explosiva e calorosa como a sua energia.

Ao que ela retrucou:

— Falou o cara que tem olhos azuis claros iguais à energia e que é descrito pelos inimigos como "frio como gelo". 

— Vale falar do que os nossos inimigos dizem de nós? Porque eles com certeza dizem coisa muito pior do que isso. De nós dois. 

— Estamos nos desviando da proposta do jogo! — Reclamou. Respirou fundo, pensou um pouco e deixou o coração falar: — Eu amo você por inteiro, guerreiro glacial. Com todas as suas manias... até quando você me irrita! Parece que você foi feito sob medida pra mim. Só alguém com a sua calma pra aturar minhas paranoias, é sério. 

Ele segurou a mão de Kin e deu um beijo demorado, quando o terminou, uma pulseira fina de gelo se formou rápido no pulso dela. Os dois sorridentes, um deteve o olhar nos olhos do outro. O silêncio que se seguiu não foi irritante, foi romântico, doce. Depois de comer, eles caminharam juntos de mãos dadas ao redor do lago, fazendo vários jogos, conversando sobre dezenas de assuntos. Perceberam que namoravam há quase três anos e que nunca tiveram um "primeiro encontro". Não eram um casal comum. Mas não importava. Toda vez que ele aparecia em sua porta com uma pasta cheia de folhas e que ficavam até de manhã escrevendo coisas relativas ao trabalho, ou mesmo quando saíam do reino em alguma missão perigosa, ela amava. 

Fim


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