Interrupções escrita por PepitaPocket


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa one shot é quase uma sonda no tempo, pois a escrevi em meados dos anos de 2010/2011. Então, não estranhem a qualidade do texto, mas espero que gostem mesmo assim. Boa leitura o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794476/chapter/1

        Era dia de São Valentim.

        E, depois de passar a noite em claro preparando chocolates, para seu amado, Inoue tomara uma importante decisão.

        — Amanhã irei declarar meus sentimentos, para o Kurosaki-kun. – Inoue dizia para si mesma, movida por uma forte determinação, enquanto mexia a panela constantemente, tentando atingir o ponto certo do sabor.

        Depois de alguns minutos trabalhando com muito esmero e cuidado, ela desligara o fogo e pegara uma provinha na colher e após algumas assopradas, a experimentara sentindo o delicioso sabor explodir em seu paladar, colocando um sorriso nos lábios da menina.

...

        Ichigo acordara às pressas naquele dia, porque não escutara o relógio tocar, havia sido uma péssima ideia, sacrificar as poucas horas que tinha de sono para estudar o conteúdo de uma prova que seria no primeiro período, tudo para no fim ele acabar se atrasando, correndo o risco de não conseguir fazê-la.

        — Ohayo, Ichigo-nii-san. – Escutara Yuzu que encontrava-se usando um avental por cima do uniforme da escola, enquanto preparava o café da manhã.

        — Ohayo, Yuzu... – Ichigo respondeu sem nem a olhar direito, estava mais preocupado em pentear o cabelo, ao mesmo tempo que juntava seus pertences dentro da mochila e passava perfume, tudo porque pretendia sair o quanto antes.

        — Ichigo, não vai comer? – Escutara sua irmã fazer a pergunta proibida, com seus grandes olhos castanhos tristonhos. Reconhecia seu esforço em cozinhar todas as refeições e cuidar dos demais afazeres domésticos da casa, desde que sua mãe havia falecido, mas ele estava realmente atrasado.

        — Er... Yuzu... – Ichigo pensou em ser sincero, dizer que estava atrasado para fazer a prova, mas então o olhar de Yuzu tornara-se mais sombrio, enquanto ela lhe dava um sorriso tormentoso:

        — Ichi-nii, se sente, agora! - O shinigami substituto se calou, sentando-se quietinho na mesa, preparando-se psicologicamente para estudar para a prova de recuperação.

...

Enquanto isso em frente, a sua casa, Orihime esperava com ansiedade por Ichigo que havia prometido que iria passar ali para busca-las, mas para sua decepção quem chegou pontualmente no horário foi Tatsuki:

— Ohayo, Hime-san. – A carateca chegou toda sorridente para sua amiga, mas estranhou ela recebe-la toda emburrada.

— Credo, dormiu com os pés destapados, ou o que? – Tatsuki perguntou sendo calada por um olhar, aborrecido de Orihime.

— Hm. Não é nada estou nervosa com a prova. – A ruivinha mentiu, sentindo-se culpada por estar sendo um pouco malvada com Tatsuki, mas ela queria o Ichigo ali, havia deixado de estudar para preparar os chocolates e ela pretendia entrega-los para seu “amigo”, assim que ele passasse por ali, para ir para a aula.

...

Tatsuki e Inoue chegaram pontualmente, para o horário da prova, e a ruiva acabou olhando ressentida, para a cadeira vazia de Ichigo que não havia aparecido, ainda?

Será que ele perderia a prova? Iria acabar de recuperação de novo. A ruivinha pensou com preocupação, mas para seu alívio Ichigo chegara no último segundo, recebendo um olhar torto de seu mestre, e ainda dedicando uma fração de segundos para olhar para Orihime e sorrir.

Aquele sorriso, para ela poderia derreter todo o gelo do mundo.

A menina pensou, fazendo a prova com um tantinho de satisfação.

Dois períodos se foram, e tanto Ichigo quanto Orihime precisaram de cada fração de segundo, para realizar a prova.

Mas, aquilo por um lado foi bom para a ruivinha que poderia ficar algum tempo a sós com seu amado Kurosaki-kun.

E, ela não perdeu tempo em se aproximar de seu garoto de ouro, abraçada a própria bolsa, como se dentro dela, tivesse um tesouro e de certa forma, o tinha.

Pois aqueles não eram apenas chocolates comuns. Mas, eram chocolates, repletos de sentimentos, os quais ela ansiava por mostrar a seu precioso ruivo de olhos castanhos.

— Kurosaki-kun. – Inoue murmurou o nome do rapaz, que a encarou com curiosidade, enquanto guardava seu material.

— Ohayo, Inoue. – O garoto a cumprimentou, de forma casual. Mas, por dentro ele sentia-se estranhamente quente, na presença dela.

Porque será?

A pergunta inocente, brincava em sua mente, enquanto ele a observava dos pés a cabeça, ainda sem conter a curiosidade.

— Kurosaki-kun, eu... – Depois de tomar muita coragem para falar o que pretendia, Inoue não conseguiu viu tudo ir para o ralo, com a chegada abrupta de um dos monitores de sala.

— O que os dois fazem ai sozinhos? – O rapaz muito alto, e de cabelos negros e compridos, perguntou, encarando os dois jovens com certa malicia, o que deixou os dois absolutamente constrangidos.

— Nada. – Eles disseram em uníssono, quase batendo continência.

E, não demorou que eles saíssem da sala, indo até o corredor.

Ainda abraçada a própria mochila, Inoue não se deu por vencida.

Cheia de entusiasmo, ela abrira a boca já pensando no que iria falar a Ichigo, antes de lhe entregar seu presente.

Porém o monitor ainda não havia se dado por vencido.

— Já disse que vocês não podem ficar aqui. – Ele disse carrancudo, já empurrando os dois em direção ao pátio.

— Namoros, nas dependências da escola, é proibido. – Ele complementou com rispidez, o que deixou Ichigo indignado.

— Não somos namorados. – Ele apressou-se em justificar-se.

Mas, o monitor não lhe deu ouvidos e o empurrou mesmo assim, em direção ao pátio.

O que ele não percebeu é que suas palavras, deram um banho de água fria, na jovem Orihime, que já não estava tão certa assim, se deveria lhe entregar os chocolates, tão pouco falar de seus sentimentos para Ichigo.

— Então, Inoue... Tem algo que você queira me dizer? – Ichigo poderia não ser a pessoa com mais tato no mundo, mas certamente ele tinha percepção o suficiente, para notar que a garota queria lhe dizer algo.

— Hm. – Por um instante a garota titubeou, porém ela havia se esmerado muito na produção daquela iguaria achocolatada.

— Então? – Kurosaki tentou encorajá-la, mas isso acabou fazendo com que a pobre garota ficasse mais vermelho.

— Eu... – Ela ainda mantinha a mochila perto do corpo. Parecia tudo tão fácil, quando ela estava ensaiando na frente do espelho, mas agora na frente dele, tudo parecia impossível.

— Hm. – Em um gesto nervoso, ela lhe estendeu a mochila, deixando-o curioso com o gesto.

Seus olhos castanhos voltaram-se para o modelo, padrão daquela escola. Preta, de couro, com suas alças, não havia nada de diferente, nem mesmo um botton ou um adesivo, pois esse tipo de acessório era proibido.

Mas, quando Inoue conseguiu formular, o que ela queria dizer, Tatsuki aparecera por ai.

— Ah, ai está você... – Arisawa aproximou-se de Inoue, e enlaçou seus braços no da garota, antes de puxá-la para longe de Ichigo.

Antes que Inoue conseguisse formular o que queria dizer, e Ichigo pudesse entender o que ela estava pretendendo.

Ele sabia da tradição “boba” em sua opinião. De naquele dia as garotas fazerem chocolates, para presentear os garotos de seu interesse.

Porém, ele não se via como um alvo potencial do interesse feminino, então não esperava receber por algo assim.

E, ficava até agradecido, pois certamente, ele não saberia como agir.

— Tatsuki-san, espere.... – Inoue quase suplicou para que a outra parasse de arrastá-la.

Mas, a carateca era bem forte, e quando estava com fome, ficava ainda mais forme.

Ela bem que tentou ser a primeira a chegar ao refeitório.

Mas, todos os acentos já estavam ocupados, e elas tiveram de ficar no lado de fora, esperando um local vago. Já que nenhuma delas consumia, o lanche oferecido pela escola.

Cada qual levava seus próprios lanches. A mãe de Tatsuki preparava o dela, e a Inoue preparava o seu. E, era sempre uma iguaria que só a jovem de longos cabelos ruivos poderia pensar.

O estômago de Tatsuki, embrulhava só de lembrar as exóticas combinações feita pela sua melhor amiga.

O que ela não sabia, é que naquele dia Inoue não tinha almoço. Pois, acabara se dedicando demais a produção dos chocolates, e acabou não tendo tempo de preparar o próprio bentou.

Mas, para seu coraçãozinho apaixonado e romântico, aquele esforço valeria a pena, afinal ela conseguiria enfim, se livrar daquela sensação horrível de amar alguém em silêncio.

Claro, que ela estava contando com uma reação positiva da parte de Ichigo, mas enquanto Tatsuki tagarelava, sobre as novas regras do campeonato interescolar de caratê, Inoue pensava em maneiras de encontrar uma brecha para falar com Ichigo.

Para sua felicidade, não demorou para que o garoto se aproximasse, um pouco mais carrancudo do que anteriormente.

Pois, Keigo não parava de rodopiar em torno dele, tentando convencê-lo a pegar os chocolates que ele tinha feito.

— Ichigo, isso é um presente de macho para macho. – Keigo dissera escandalosamente, para constrangimento não apenas de Kurosaki, mas de todos seus amigos, inclusive Orihime.

Que ficou chateada consigo mesma, por não ter sido tão corajosa, quanto Keigo que não fez rodeios para fazer o que queria.

— Saco, procure uma garota para dar isso. – O Kurosaki dissera deslizando suas mãos pelas suas madeixas, e esse gesto ele fazia apenas quando ficava muito irritado.

— Você é a pessoa mais difícil que eu conheço no mundo, se você aceitar, qualquer garota no mundo também vai aceitar. – Keigo insistira com faísca nos olhos, mas acabou sendo ignorado por Ichigo.

E, aquilo deixou Orihime um tantinho nervosa, com a gigantesca possibilidade de Ichigo fazer o mesmo, com ela e seus chocolates também.

— Hei, Inoue... – Ichigo voltou sua atenção para ela, e lhe dirigiu um sorriso estreito, mas o suficiente para tornar sua expressão mais amigável.

— Hai. – A pobre garota dissera em um fio de voz.

— Queria me dizer alguma coisa? – O garoto perguntou olhando-a direto nos olhos, e aquilo lhe causou uma sensação esquisita de formigamento.

  — Hai. – Inoue, mal conseguira confirmar, achando que enfim estava tendo a oportunidade perfeito.

Porém, Chizuru como se fosse uma ninja praticamente se materializou entre eles, com uma bonita caixa cor de rosa, cheia de corações vermelhos e um laço roxo, cheio de bocas vermelhas, em mãos.

— Orihime, meu amor... TODO MEU CORAÇÃO É SEU. – A ruiva dissera com os olhos faiscando de paixão.

Mas, Orihime nem teve tempo de responder, pois o punho de Chizuru desceu dolorosamente no rosto de sua colega de classe.

— E, TODAS MINHAS PORRADAS TAMBÉM. – Tatsuki dissera com os olhos faiscando só que de raiva.

Enquanto, uma consternada Inoue tentava tranquilizá-la, enquanto lamentava mais uma chance de ouro, ir por água a baixo, mais uma vez.

Uryuu que observava a tenta, ficava aliviado, em saber disso, pois aquilo reduzia as chances de ele apanhar, quando ele se encorajasse para declarar seus sentimentos pela bonita tomboy.

Inoue tentou convencer-se que no refeitório tudo daria certa, e ela conseguiria sentar do lado de Ichigo.

Assim, como quem não quer nada, ela poderia deixar seu presente na sua mochila.

Aquela altura, ele nem precisava mais saber que era dela.

No entanto, na hora de se sentar na mesa, Keigo correu e sentou no lugar onde Ichigo costumava se sentar.

— Orihime-sama. – O outro dissera dramático. – Você é tão pura e inocente que apenas sua inocência cura meu coração de macho decepcionado.

Keigo dissera aos prantos, para constrangimento de Orihime, enquanto segurava entre as suas, suas pequenas mãos delicadas.

Aquilo lhe rendeu um doloroso peteleco, de Tatsuki no meio da nuca.

O que rendeu uma tremenda discussão que só sessou quando o monitor apareceu por ali, conduzindo todo mundo para a diretoria.

Como punição, eles foram espalhados por todos os cantos da escola, durante toda a hora do almoço.

Orihime fora colocada na biblioteca, o que pareceu uma contradição e tanto para a garota, ser colocada em um lugar tão agradável assim, de castigo.

E, pensando bem as duas horas, que ela passara ali, refazendo seus planos para enfim, presentear Ichigo, foram quase que uma eternidade.

Tanto que certamente, ela ficaria um bom tempo sem pisar na biblioteca.

Quando enfim, o monitor, apareceu por ali, avisando que eles poderiam retornar a sala de aula.

Felizmente, a aula era de artes, e as aulas costumavam ser em dupla, então ela apressou-se para fazer par com Ichigo, mas Sado acomodou-se antes dela ao lado de Ichigo.

E, quando ele notou a mancada, ele tentou corrigir, e trocar de lugar com ela, mais uma vez, mas a professora não deixou.

Na aula de química, geralmente os exercícios eram em duplas, mas aquele dia o professor aplicou exercício surpresa.

E, na última aula de literatura, Orihime estava tão frustrada, que nem prestou atenção nos preparativos para o recital.

Ela sempre ficava com as piores falas mesmo.

O ponteiro do relógio, marcava exatamente 15h quando o sinal mais aguardado, por todos tocou.

Ichigo chegou a virar-se para Orihime, movido pela impressão de que ela queria dizer alguma coisa para ele.

Porém, a presidente da classe, apareceu por ali e o rebocou pelas orelhas, porque naquele dia, ele fazia parte do time de limpeza.

Ansiosa, por conseguir entregar os chocolates, ela sentou-se no corredor, lendo um livro, enquanto esperava o retorno de Ichigo da aula.

Mas, ou a leitura era muito ruim, ou ela não estava com cabeça para aquilo, pois não conseguiu concentrar-se na história. Levantava seus olhos, toda hora para o portão de saída, com expectativa, para a saída de Ichigo, que saíra dali quase 17h.

Com ansiedade, ela levantara-se acenando efusivamente, para o garoto que assim que a viu também sorriu, embora estivesse surpresa, por ela estar o esperando todo aquele tempo.

Mas, logo seu sorriso se converteu em uma careta de preocupação. E, o motivo veio com um ruidoso grito de alerta:

— Sai da frente moça. – Ao olhar para o lado ela vira um dos calouros, andando com um skate na calçada da escola.

Orihime conseguiu sair da frente por um triz, mas sua bolsa caíra no chão, e fora atropelada pelo skatista, que se desequilibrou e caiu de cara na calçada.

Irritado, ele se levantou, e marchou com dedo em riste para brigar com uma consternada Orihime.

Mas, desistiu quando viu Ichigo se aproximando, com uma expressão assustadora, que o fazia se parecer com um dragão feroz.

— Inoue. Tudo bem? – O nome da garota parecia ser massageado por sua língua, antes de ser entonado.

E, aquilo tornava o modo que ele pronunciava o mesmo, sempre agradável aos ouvidos da jovem, que se via ali, encarando-o com os olhos repletos de amor.

— Hai. – Ela disse um tanto frustrada, por não ter conseguido dizer nada além disso para Ichigo durante todo o dia.

— Hm. Acho que você está querendo me dizer alguma coisa, né? – Ele comentou coçando a cabeça, aparentando estar nervoso. E, essa impressão pareceu boba demais para Orihime, que sempre vira Kurosaki como um poço sem fundo de segurança.

— Eu... – Mesmo com os chocolates destruídos, Orihime tomou fôlego, pensando que o mais importante estava por sair de sua boca.

Porém o emblema de Ichigo apitou, anunciando a chegada de mais caos espiritual na cidade.

— Diga, logo. – Mesmo com seu distintivo apitado, ele voltou sua atenção para ela, e isso aqueceu Orihime por dentro.

Mas, o bip do objeto, fez com que esse calor se desvanecesse, a seguir.

— Não é importante. – Ela respondeu com um sorriso murcho, pois aquele não havia sido o seu dia.

Ichigo não estava convencido. Ele olhara de novo para sua bolsa, e percebeu que bem no fundo havia uma expectativa que até ele desconhecia, até aquele momento, mas era só coisa de sua cabeça.

— Hai. – Foi a vez de ele concordar, em uma resposta curta e grossa.

Antes de girar nos calcanhares, e com um aceno correr para mais uma batalha que duraria pelas próximas horas, com Ichigo desacordado aos cuidados de Orihime.

Que até pensou em lhe dizer, enfim o que guardava em seu coração. Mas, ficou receosa por mais interrupções indesejadas. Melhor deixar para a próxima.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Interrupções" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.