A vida dá muitas voltas, surtos acontecem sem que esperamos ou tenhamos escolha.

Vidas se perdem de uma hora pra outra. A alegria vem num piscar de olhos e se vai num sopro.

As pessoas as vezes não pensam ou não querem pensar no dia de amanhã, mas também se esquecem do hoje.

Só dá valor quando perde, só percebe que ama quando perde, só sabe o que fazer quando tudo já passou, e as chances acabaram. As pessoas são assim.

Insiste em querer uma máquina do tempo pra fazer tudo diferente, convicto de que pode voltar atrás. E acaba por se frustrar ao perceber que o tempo… não volta.

Em meio a tanto caos, perda, sofrimento, tragédias, desastres naturais ou causados pelo homem… somos obrigados a refletir, pois é isso que acontece quando estamos isolados: pensamos. Obviamente são fatos do dia a dia de quem respeita o isolamento.

Por isso, dói ver que centenas de pessoas em meio a tudo o que aconteceu e ainda acontece, estão quebrando regras, ignorando as precauções, não dando a mínima nem pra própria vida, nem pra do outro.

É certo de que não saberíamos o que é a alegria, sem antes experimentar a tristeza, e diante disso, dar valor às pequenas coisas. Coisas rotineiras que você não dava atenção porque eram simplesmente normais.

Há meses não sabemos mais o que é respirar ar puro sem algum pano cobrindo nosso rosto. Há meses não sabemos o que é um abraço apertado e acolhedor. Há meses não sabemos o que é qualquer contato físico ou uma troca de olhares mais de perto. Há meses não sabemos o que é sair com os amigos pra dar risada, fazer “shiu” pra quem está tagarelando no cinema ou simplesmente ir tomar um sorvete na avenida.

Quando você ia imaginar que sentiria falta dessas coisas?

A necessidade de dizer “eu te amo”, o desejo desesperado de um aconchego num abraço duradouro, o entusiasmo de ver alguém através de uma tela, coisa que não era tão constante assim.

Você se pega querendo nem que seja as mais singelas coisas, que antes passavam despercebidas. E rezando, algo que você também não fazia com muita frequência.

Já parou pra admirar o céu hoje? O sol? A chuva, quem sabe? Cada folha que voa com o vento, cada canto de pássaro pela manhã, cada estrela que brilha à noite, cada mensagem que você recebe de alguém perguntando se você está bem.

Se ninguém se preocupa o bastante para te perguntar isso todos os dias, eu me preocupo. Como está você?