A luz no fim do túnel escrita por Poliane Isabele


Capítulo 6
Ida pra Hogwarts




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Hannah acordou tarde, estava rolando uma confusão. Hermione estava pegando suas coisa correndo e Hannah estava tendo que se apressar para se arrumar, pois aparentemente estavam atrasados. Pelo que ouviu enquanto se vestia rapidamente, ela conseguiu entender que Fred e Jorge tinham enfeitiçado seus malões para voar escada abaixo, a fim de economizar o trabalho de carregá-los, e, em consequência, eles haviam colidido diretamente com Gina e feito a irmã rolar dois lances de escada até o corredor, e como resultado dessa brincadeira, a Sra. Black e a Sra. Weasley estavam ambas berrando a plenos pulmões.

— ... PODERIAM TÊ-LA MACHUCADO SERIAMENTE, SEUS IDIOTAS...

— MESTIÇOS IMUNDOS, EMPORCALHANDO A CASA DOS MEUS PAIS...

Hermione saiu correndo do quarto para devolver Edwiges e Hannah terminou de se arrumar, e antes que pudesse sair escutou a voz da Sra. Weasley gritando:

— SERÁ QUE VOCÊS PODEM DESCER AQUI, AGORA, POR FAVOR! – berrou a Sra. Weasley, e Hannah saiu correndo arrastando seu malão e a coruja que Lupin tinha dado de presente para ela. O retrato da Sra. Black uivava de fúria, mas ninguém se preocupava em fechar as cortinas sobre seu retrato para fazê-la calar; todo aquele estardalhaço no corredor com certeza iria tornar a despertá-la.

— Harry e Hannah, vocês vem comigo e com Tonks – gritou a Sra. Weasley, tentando abafar os repetidos guinchos de “SANGUES-RUINS! RALÉ! CRIATURAS DA IMUNDÍCIE!” – Deixem os malões e as corujas, Alastor vai cuidar da bagagem... ah, pelo amor de Deus, Sirius, Dumbledore disse não!

Hannah viu um cachorrão peludo ao lado de Harry e ela praticamente correu até a Sra. Weasley. Hannah poderia ter medo de várias coisas, mas o seu maior medo sempre será de cachorros

— Ah, francamente... – respondeu a Sra. Weasley, desesperada. – Bom, que seja mas por sua conta e risco!

Ela abriu com violência a porta de entrada e saiu para o dia palidamente iluminado de setembro. Hannah, Harry e o cachorro a acompanharam. A porta bateu às costas deles, e os guinchos da Sra. Black cessaram instantaneamente.

— Cadê a Tonks? – perguntou Harry.

— Está nos esperando ali adiante – respondeu a Sra. Weasley secamente, evitando olhar o cachorro preto que se sacudia ao lado de Harry.

Uma velha cumprimentou-os na esquina. Tinha cabelos grisalhos muito crespos e usava um chapéu roxo em feitio de torta de porco.

— Aí, beleza, Harry! – cumprimentou Tonks, com uma piscadela. – É melhor a gente se apressar, não acha, Molly? – acrescentou, verificando a hora.

— Eu sei, eu sei – gemeu a Sra. Weasley, apertando o passo –, mas Olho-Tonto queria esperar por Estúrgio... se ao menos Arthur tivesse nos arranjado carros do Ministério outra vez... mas Fudge ultimamente não o deixa pedir emprestado nem um tinteiro vazio... como é que os trouxas conseguem viajar sem magia...

Mas o cachorrão preto deu um latido alegre e correu animado ao redor deles, assustando os pombos e caçando o próprio rabo. Harry não pôde deixar de rir e como Sirius apareceu ao lado de Hannah segundos depois, ela não pode deixar de gritar, fazendo Harry rir ainda mais.

— Por que você tem tanto medo, em Hannah? – Perguntou Harry, ainda rindo.

— Eu não sei, sempre tive medo e... Não, não se aproxime... – Sirius decidiu brincar um pouco e começou se aproximar de Hannah, e quando ele latiu Hannah deu outro grito e se escondeu atrás de Harry, o fazendo rir ainda mais e, mesmo transformado em cachorro, Hannah percebeu que Sirius fez uma cara de confuso e surpreso.

— Para de rir! – Reclamou Hannah pra Harry, que só faltava rolar de tanto rir, e Sra. Weasley, que já estava estressada, mandou eles se apressarem.

Levaram vinte minutos para chegar a King’s Cross a pé, e nada mais interessante aconteceu durante esse tempo, exceto Sirius ter espantado uns gatos para divertir Harry.

Uma vez na estação, eles pararam displicentemente ao lado da barreira entre as plataformas nove e dez. Quando chegou ai, Hannah ficou confusa, até ver Harry atravessando, ela se assustou e Tonks riu

— Vai, é só ir. – Falou Tonks, Hannah respirou fundo e foi, ela atravessou a plataforma e chegou na famosa plataforma nove e meia, onde estava lá o famoso Expresso de Hogwarts, arrotando fumaça escura sobre a plataforma apinhada de alunos que iam embarcar e suas famílias. Hannah estava feliz, lá estava ela, indo para Hogwarts, um lugar que ela nunca pensou que iria. “Hogwarts...”

 – Espero que os outros cheguem a tempo – Comentou a Sra. Weasley, ansiosa, olhando para o arco de ferro trabalhado que abarcava a plataforma e por onde chegariam os novos passageiros.

— Belo cão, Harry! – Disse um rapaz alto com cachos rastafári.

— Obrigado, Lino – Disse Harry sorrindo, enquanto Sirius sacudia a cauda freneticamente.

— Ah, que bom! – Exclamou a Sra. Weasley, parecendo aliviada. – Aí vem Alastor com a bagagem, vejam...

Com um boné de carregador cobrindo os olhos díspares, Moody passou mancando pelo arco, atrás de um carrinho carregado com as malas dos garotos.

— Tudo bem – Murmurou ele para a Sra. Weasley e Tonks –, acho que ninguém nos seguiu...

Segundos depois, o Sr. Weasley surgiu na plataforma com Rony e Hermione. Tinham praticamente descarregado o carrinho de bagagem quando Fred, Jorge e Gina apareceram com Lupin.

— Nenhum problema? – Rosnou Moody.

— Nada – Respondeu Lupin.

— Ainda assim, vou dar parte de Estúrgio a Dumbledore – Disse Moody – é a segunda vez em uma semana que ele não aparece. Está ficando tão irresponsável quanto Mundungo.

— Bom, cuidem-se bem – Desejou Lupin, apertando a mão de todos. Quando chegou em Hannah, ele olhou pra ela e falou:

— Tome cuidado, fique tranquila, e tente não pensar muito sobre sua mãe, isso só vai fazer você se sentir pior, ok? – A última parte ele falou em voz baixa, e Hannah concordou com a cabeça. Lupin se despediu-se de Harry por último e lhe deu uma palmada no ombro. – Você também, Harry. Tenha cuidado.

— É, cabeça baixa e olhos alertas – Disse Moody, apertando a mão do garoto também. – E não se esqueçam, todos vocês: cuidado com o que escrevem. Se tiverem dúvida sobre alguma coisa, não a mencionem em carta.

— Foi ótimo conhecer vocês – Disse Tonks, abraçando Hannah, Hermione e Gina. – Logo nos reveremos, espero.

Soou um primeiro apito e os alunos, ainda na plataforma, correram para o trem.

— Depressa, depressa – Disse a Sra. Weasley, distraída, abraçando-os e segurando Harry duas vezes. – Escrevam... se comportem... se esqueceram alguma coisa nós mandaremos... agora subam no trem, depressa...

Por um breve momento, o enorme cão negro ergueu-se nas patas traseiras e apoiou as dianteiras nos ombros de Harry, mas a Sra. Weasley empurrou o garoto em direção à porta do trem.

— Pelo amor de Deus, Sirius, comporte-se mais como um cachorro! – Sibilou ela.

— Até mais! – Gritou Harry pela janela aberta, quando o trem começou a andar, enquanto Hannah, Rony, Hermione e Gina acenavam ao seu lado. As silhuetas de Tonks, Lupin, Moody e do Sr. da Sra. Weasley foram encolhendo rapidamente, mas o cachorro preto continuou saltando ao lado da janela, abanando o rabo. Algumas pessoas na plataforma, agora pouco visível ria de ver o cão correndo atrás do trem, então contornaram uma curva, e Sirius desapareceu.

— Ele não devia ter vindo com a gente – Comentou Hermione, manifestando preocupação na voz, e Hannah concordou balançando a cabeça freneticamente.

— Ah, anime-se – Disse Rony – Ele não vê a luz do dia há meses, coitado.

— Bom – Disse Fred, batendo palmas – não podemos ficar aqui conversando o dia inteiro, temos negócios a discutir com o Lino. Vemos vocês mais tarde. – E ele e Jorge desapareceram pelo corredor à direita. O trem continuou a ganhar velocidade, fazendo os garotos que continuavam em pé balançarem, e transformando as casas em imagens borradas.

— Então, vamos arranjar uma cabine? – Convidou Harry. Rony e Hermione se entreolharam.

— Hum – Falou Rony.

— Nós... bem... Rony e eu temos de ir para o carro dos monitores – Disse Hermione, sem jeito.

Rony não estava olhando para Harry; parecia vivamente interessado nas unhas da mão esquerda.

— Ah – Respondeu Harry. – Certo. Ótimo.

— Acho que não temos de ficar lá a viagem inteira – Acrescentou Hermione depressa. – Nossas cartas dizem que vamos receber instruções dos monitores-chefes e depois patrulhar os corredores de tempos em tempos.

— Ótimo – Repetiu Harry. – Bom, eu... eu talvez veja vocês mais tarde, então.

— É, com certeza – Disse Rony, lançando um olhar nervoso e ansioso ao amigo. – É chato ter de ir para lá, eu preferia... mas temos de ir... quero dizer, não estou me divertindo, não sou o Percy – Concluindo em tom de desafio.

— Sei que você não é – Disse Harry, rindo. Mas quando Hermione e Rony arrastaram os malões, Bichento e Píchi, engaiolada, em direção à frente do trem e Harry fez uma expressão muito triste

— Andem – Disse-lhe Gina – se formos logo, poderemos guardar lugares para eles.

— Certo – Concordou Harry, pegando a gaiola de Edwiges com uma das mãos e a alça do seu malão com a outra. Eles avançaram com dificuldade pelo corredor, espiando pelas vidraças das cabines e descobrindo que já estavam ocupadas. Algumas pessoas olhavam para Harry e começavam a apontar e cochichar com o colega do lado, e Hannah concluiu que era por causa do Profeta Diário, e pensou quantas pessoas estavam acreditando nisso. No último carro, eles encontraram um garoto com o rosto redondo brilhando com o esforço de arrastar o malão e segurar, com apenas uma das mãos, um sapo que se debatia.

— Oi, Harry... Oi Gina... está tudo cheio... não consegui encontrar um lugar! – Aparentemente ele não percebeu Hannah encolhida atrás de Harry e Gina

— Do que é que você está falando? – Respondeu Gina, que se espremera para passar por Neville e espiar a cabine atrás dele. – Tem lugar nesse aí, só tem a Di-lua/Luna Lovegood...

O garoto murmurou alguma coisa sobre não querer incomodar ninguém.

— Não seja bobo – Disse Gina dando risadas. – Ela é legal.

Gina abriu a porta e puxou seu malão para dentro. Harry, Hannah e Neville a seguiram.

— Oi, Luna – cumprimentou ela –, tudo bem se a gente ocupar esses lugares?

A garota ao lado da janela ergueu os olhos. Tinha cabelos louros, sujos e mal cortados, até a cintura, sobrancelhas muito claras e olhos saltados, que lhe davam um ar de permanente surpresa. Hannah não sabia o que os outros pensavam, mas ela achou essa menina engraçada. Seus olhos estudaram Hannah e Neville e se fixaram em Harry. Ela fez que sim com a cabeça.

— Obrigada – disse Gina, sorrindo para ela.

Hannah, Harry e Neville guardaram os quatro malões e a gaiola das corujas no bagageiro e se sentaram. Luna observou-os por cima de uma revista invertida, que se chamava O Pasquim. Aparentemente, ela não piscava com tanta frequência quanto as pessoas normais. Não parava mais de olhar para Harry, que se acomodara no assento de frente.

— Boas férias, Luna? – perguntou Gina.

— Boas – disse Luna sonhadora, sem tirar os olhos de Harry. – É, foram bem divertidas, sabe. Você é Harry Potter – acrescentou.

— Eu sei que sou – respondeu Harry.

Hannah riu e Neville percebeu ela naquele momento.

— Você é primeiranista? – Perguntou ele claramente surpreso por ter uma menina daquele tamanho pela primeira vez em Hogwarts.

— Bem, é minha primeira vez em Hogwarts, mas não sou do primeiro ano, sou do quinto. – Explicou Hannah e ao perceber a cara dele, falou que era uma longa história, ai, Luna decidiu perguntar:

— Seu nome?

— Hannah Hollister, prazer. – Ela estendeu a mão, mas Luna voltou seus olhos claros para o menino.

— Eu não sei quem você é.

— Não sou ninguém – respondeu apressado.

— Não, não é não – disse Gina com rispidez. – Neville Longbottom, Luna Lovegood. Luna está no mesmo ano que eu, mas é da Corvinal.

— O espírito sem limites é o maior tesouro do homem – disse Luna entoando o ditado. E erguendo a revista o suficiente para esconder o rosto, ela se calou. Harry e Neville se entreolharam com as sobrancelhas erguidas, Hannah não entendeu e Gina reprimiu uma risadinha. O trem avançou barulhento, levando-os em velocidade para o campo aberto. O dia estava estranho, meio instável. Em um momento o carro se inundava de sol e no seguinte passavam sob nuvens escuras.

— Adivinhem o que ganhei de aniversário? – perguntou Neville.

— Mais um Lembrol? – perguntou Harry.

— Não – respondeu o garoto. – Até que um Lembrol viria a calhar, perdi o antigo há séculos... não, olhe só isso...

Ele enfiou na mochila a mão livre – a outra segurava o sapo firmemente – e, depois de procurar um pouco, tirou um vaso contendo algo parecido com um pequeno cacto cinzento, exceto que era recoberto de pústulas, em vez de espinhos.

— Mimbulus mimbletonia – disse orgulhoso.

Hannah olhou para a planta. Pulsava levemente, o que lhe dava a aparência bizarra de um órgão

— É uma escrofulária realmente rara – comentou Neville radiante. – Nem sei se na estufa de Hogwarts tem uma. Mal posso esperar para mostrar à Prof. Sprout. Meu tio-avô Algie conseguiu-a para mim na Assíria. Vou ver se consigo multiplicá-la.

Hannah achou bonitinha a planta, tirando a parte do órgão interno, mas queria saber se ela fazia alguma coisa de especial.

— Ela faz alguma coisa? – perguntou.

— Muita coisa! – respondeu Neville, orgulhoso. – Tem um fantástico mecanismo de defesa. Tome, segure o Trevo aqui para mim...

Ele largou o sapo no colo de Harry e tirou uma pena da mochila. Os olhos saltados de Luna Lovegood tornaram a aparecer por cima da borda da revista invertida, para espiar o que Neville estava fazendo. O garoto segurou a escrofulária próxima dos olhos, a língua entre os dentes, escolheu um ponto e espetou com força a planta.

A planta espirrou líquido de todas as pústulas, jatos verde-escuros, malcheirosos, espessos. Eles bateram no teto, nas janelas, e salpicaram a revista de Luna Lovegood, Gina, que erguera os braços para proteger o rosto bem em tempo, ficou parecendo que usava um chapéu verde pegajoso, Hannah conseguiu colocar o livro na frente de si, então, conseguiu se proteger, mas Harry, cujas mãos tinham estado ocupadas com Trevo para impedir que o sapo fugisse, recebeu o jato em cheio no rosto. Cheirava a estrume rançoso. Neville, cujo rosto e tronco também estavam encharcados, sacudiu a cabeça para limpar o excesso dos olhos.

— D-desculpem – disse gaguejando. – Eu não tinha experimentado isso antes... não pensei que seria tão... mas não se preocupem, está escrofulária não é venenosa – acrescentou ele, nervoso, enquanto Harry cuspia um bocado de seiva no chão.

Neste exato momento, a porta da cabine se abriu.

— Ah... olá, Harry – disse uma voz agitada. – Hum... cheguei em má hora?

Harry limpou as lentes dos óculos rapidamente para ver quem era. Uma garota, de cabelos negros e brilhantes, estava parada à porta sorrindo para ele.

— Ah... oi – disse Harry, desconcertado.

— Hum... – respondeu a menina. – Bem... pensei em dar um alô... então tchau.

Corando um pouco, a garota fechou a porta e foi embora. Harry se largou no banco e gemeu.

— Tudo bem – disse Gina, procurando consolar o garoto. – Olhe, podemos nos livrar de tudo isso facilmente. – E puxando a varinha ordenou: Limpar!

A escrofulária desapareceu.

— Desculpe –Disse Neville, com uma vozinha tímida.

Depois de uns minutos, uma moça que trazia doces passou por eles, mas como Hannah demorou a achar seus galeões, ela teve que sair atrás da senhora. Quando estava chegando, ela esbarrou em um garoto e suas coisas caíram no chão.

— Você está bem? – Perguntou o menino. Ele tinha cabelos pretos e parecia meio desinteressado em realmente saber se ela estava bem e só perguntando por educação.

— Sim, estou bem. – Hannah se levantou e juntou suas coisas, enquanto o menino apenas a encarava.

— Tente olhar por onde anda da próxima vez. – Disse ele com o mesmo tom de tedio na voz, e foi embora antes mesmo de Hannah agradecer pela ajuda. Hannah decidiu não ligar para esse menino e continuou a fazer o que estava fazendo, logo depois ela voltou para a cabine.

Rony e Hermione só apareceram depois de uma hora, os dois apareceram acompanhados por Bichento e Píchi, que soltava pios agudos em sua gaiola.

— Estou morto de fome – disse Rony, guardando Píchi ao lado de Edwiges, passando a mão num sapo de chocolate de Harry e se atirando no lugar a seu lado. Abriu, então, a embalagem, arrancou a cabeça do sapo com uma dentada e se recostou, com os olhos fechados, como se tivesse tido uma manhã exaustiva.

— Bom, tem dois monitores do quinto ano de cada casa – disse Hermione, parecendo completamente desapontada quando se sentou. – Um garoto e uma garota.

— E adivinhem quem é o monitor da Sonserina? – disse Rony, mantendo os olhos fechados.

— Malfoy – respondeu Harry na mesma hora.

— Claro – disse Rony amargurado, enfiando o resto do sapo na boca e apanhando mais um.

— E aquela completa vaca Pansy Parkinson – disse Hermione com ferocidade. – Como foi que chegou à monitora, sendo mais obtusa que um trasgo lesado...

— Quem são os da Lufa-Lufa? – perguntou Harry.

— Ernesto Macmillan e Ana Abbott – respondeu Rony com a voz empastada.

— E Jax Miller e Padma Patil da Corvinal – continuou Hermione.

— Você foi ao Baile de Inverno com Padma Patil – disse uma voz imprecisa.

Todos se viraram para Luna Lovegood, que olhava sem piscar para Rony, por cima de O Pasquim. Ele engoliu o sapo de uma vez.

— É, eu sei que fui – disse ele, parecendo ligeiramente surpreso.

— Ela não gostou muito – informou-lhe Luna. – Acha que você não a tratou bem, porque não quis dançar com ela. Acho que eu não teria me importado – acrescentou pensativa. – Não gosto muito de dançar.

Luna tornou a se esconder atrás de O Pasquim. Rony ficou olhando para a capa da revista de boca aberta por alguns segundos, depois procurou Gina com o olhar para obter uma explicação, mas a irmã havia enterrado os nós dos dedos na boca para sufocar um acesso de riso. Rony sacudiu a cabeça, confuso, depois olhou para o relógio.

— Temos de patrulhar os corredores a intervalos – disse a Harry e Neville –, e podemos castigar os alunos que não estiverem se comportando. Mal posso esperar para apanhar Crabbe e Goyle fazendo alguma coisa...

— Você não pode abusar da sua posição, Rony! – ralhou Hermione.

— Certo, porque o Malfoy não vai abusar nem um pouquinho da dele – respondeu Rony com sarcasmo.

— Então você vai se rebaixar ao nível dele?

— Não, só vou garantir que apanho os amigos dele antes que ele apanhe os meus.

— Pelo amor de Deus, Rony...

— Vou fazer Goyle escrever cem vezes a mesma frase, ele vai morrer, odeia escrever – disse Rony alegremente. E baixando a voz para imitar os grunhidos de Goyle, contraiu o rosto fingindo dolorosa concentração e escreveu no ar. – “Eu... não... devo... ter... cara... de... bunda... de macaco.”

Todos riram, mas ninguém riu mais do que Luna Lovegood. Soltou um grito de alegria que fez Edwiges acordar e bater as asas, e Bichento pular para o alto do bagageiro, sibilando. Luna riu tanto que a revista escapou-lhe das mãos, escorregou pelas pernas e foi parar no chão.

— Essa foi boa!

Seus olhos marejados de lágrimas fixavam Rony, enquanto tentava recuperar o fôlego. Completamente abobado, ele olhava para os amigos, que agora riam da expressão em seu rosto e do riso absurdamente prolongado de Luna, se balançando para a frente e para trás, comprimindo os lados do corpo.

— Você está tentando me fazer de bobo? – perguntou Rony enrugando a testa.

— Bunda... de macaco! – ela engasgava, segurando as costelas.

Todos apreciavam Luna rir, exceto Harry, que, batendo os olhos na revista ainda no chão, reparou em alguma coisa que o fez abaixar-se rapidamente para apanhá-la

— Posso dar uma olhada? – perguntou ele ansioso a Luna.

A garota concordou com a cabeça, ainda de olhos em Rony, ofegante de tanto rir.

Harry abriu a revista e correu os olhos pelo índice e começou a ler. Hannah lia tranquilamente o seu livro e depois ela e Hermione conversaram sobre ele, pois elas adoravam os livros trouxas, mas obviamente, por motivos diferentes.

— Alguma coisa que preste aí? – perguntou Rony a Harry quando ele fechou a revista.

— Claro que não – respondeu Hermione criticamente, antes que Harry pudesse responder. – O Pasquim só tem bobagens, todo o mundo sabe disso.

— Desculpe – disse Luna (sua voz tinha perdido momentaneamente a vagueza.) – Meu pai é o editor.

— Eu... ah – disse Hermione, visivelmente constrangida. – Bem... tem coisas interessantes... quero dizer, é bem...

— Pode me devolver, obrigada – disse Luna com frieza, e, curvando-se para a frente, puxou- a das mãos de Harry. Folheando rapidamente até uma página e então tornou a segurá-la de cabeça para baixo, decidida, e desapareceu por trás da revista, no momento em que a porta da cabine se abriu pela terceira vez.

Hannah olhou e viu um menino estranhamente pálido e dois garotos bem grandes atrás.

— Que é? – disse Harry agressivamente, antes que o garoto pudesse abrir a boca.

— Modos, Potter, ou terei de lhe dar uma detenção. Como está vendo, ao contrário de você, fui promovido a monitor, o que quer dizer que, ao contrário de você, tenho o poder de distribuir castigos.

— É – disse Harry – mas, ao contrário de mim, você é um babaca, por isso se manda e deixa a gente em paz.

Rony, Hermione, Gina, e Neville riram. Ele crispou o lábio e reparou em Hannah.

— Ué, eu não conheço essa menina, ou você é muito alta pra ter onze anos ou é tão irrelevante que nunca reparei em você. – Ele falou criticando Hannah e ela não entendeu o porquê.

— Não, ela não tem onze anos e, uma pergunta, o que te dá o direito de falar assim com ela? – Falou Harry defendendo-a e fazendo o garoto mudar de assunto. 

— Vem cá, Potter, como é que você se sente perdendo a liderança para o Weasley?

— Cala a boca, Malfoy – mandou Hermione rispidamente.

— Parece que toquei num ponto sensível – disse ele, sorrindo com afetação. – Bom, trate de se cuidar, Potter, porque vou estar na sua cola como um cão de caça, caso você saia da linha.

— Fora daqui! – disse Hermione, ficando de pé.

Ele lançou um último olhar malicioso a Harry e saiu da cabine com os dois amigos pesadões em sua esteira. Hermione bateu a porta da cabine e virou-se para Harry com uma cara abatida.

— Quem é esse garoto? – Perguntou Hannah.

— Draco Malfoy. Ele sempre trata todos assim, então, não ligue pra ele. – Falou Hermione e Hannah concorda com a cabeça.

O tempo permaneceu variando à medida que rumavam sempre para o norte. A chuva salpicou as janelas de má vontade, depois o sol fez uma rápida aparição e logo as nuvens o cobriram. Quando anoiteceu e as luzes foram acesas nos carros, Luna enrolou O Pasquim, guardou-o cuidadosamente na mochila e passou a encarar, um a um, os colegas de cabine.

Harry estava sentado com a testa encostada na janela do trem quando Hermione disse.

— É melhor nos trocarmos – disse Hermione. Ela e Rony prenderam no peito os distintivos de monitor.

Finalmente o trem começou a reduzir a velocidade e eles ouviram a bagunça que dos alunos correndo para preparar a bagagem e os animais de estimação para o desembarque. Como Rony e Hermione deviam supervisar a movimentação, eles desapareceram da cabine, deixando para os outros cuidarem de Bichento e Píchi.

— Eu levo essa coruja, se você quiser – disse Luna a Harry, estendendo a mão para Píchi, enquanto Neville guardava Trevo cuidadosamente no bolso interno das vestes.

— Ah... hum... obrigado – disse o garoto, entregando-lhe a gaiola e erguendo Edwiges com mais firmeza nos braços.

O grupo saiu lentamente da cabine, sentindo o primeiro impacto do ar noturno em seus rostos ao engrossarem a confusão de alunos no corredor. Aos poucos, foram se deslocando para as portas. Hannah estava mais nervosa do que nunca, será que iria dar tudo certo? Será que iria chamar muita atenção? Esses eram os pensamentos que rondavam a cabeça de Hannah. Ela desceu e escutou uma voz feminina enérgica gritando: “Alunos do primeiro ano façam fila aqui, por favor! Todos os alunos de primeiro ano para cá!” Uma lanterna veio balançando em direção a Hannah e falou:

— Você é Hannah Hollister?

— Hã... Sim?

— Me acompanhe.

Hannah seguiu a mulher e quando olhou para trás, Gina fez um sinal de positivo com a mão, mas isso não a tranquilizou.


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