A luz no fim do túnel escrita por Poliane Isabele


Capítulo 4
Dia de limpeza




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Hannah já havia subido para o quarto a um tempo, estava lendo o seu livro tranquilamente, até começou escutar Gina brigando com sua mãe e acordando o quadro a Sra. Black, e logo depois aparece a própria fechando a porta com força, assustando Hannah

— Pensava que você ia ficar lá na cozinha. – Comentou Hannah

— Eu até queria! – disse Gina com uma cara de que estava pra bater em alguém – Mas a minha mãe não deixou. Não sei como você consegue não ficar curiosa com isso

— Eu fico, mas eu prefiro ficar quieta, mesmo querendo fazer aquilo, acho melhor fazer isso, seria legal você tentar – falou Hannah gentilmente, fazendo Gina ficar com uma cara de descrente

— E aceitar tudo calada? Não, obrigada! – Disse Gina, respirando fundo pra se acalmar – O jeito é esperar a Hermione voltar pra contar o que eles falaram.

E foi o que elas fizeram, ficaram esperando Hermione voltar, e assim que ela entrou no quarto, Gina só faltou metralhar ela de perguntas.

— Ei! Calma, respira – falou rindo – Vou contar tudo, mas primeiro, você precisa falar baixo, ou sua mãe simplesmente vai saber que eu estou contando.

— Ok, fala logo – disse a Gina já nervosa de novo.

A Hermione falou que você-sabe-quem não está atacando porque não quer chamar a atenção do ministério da magia, falou que o Ministro acha que ele voltar é uma jogada do Dumbledore para alcançar o cargo de ministro da magia e que estão tentando recrutar o máximo de gente possível ates de que você-sabe-quem recrute, e o mais importante na opinião de Hermione, eles acreditam que ele está atrás de duas coisas, mas a senhora Weasley não deixou eles saberem.

— Essas duas coisas deve ser muito importante para eles não falarem – comentou Hannah pensativa

— Eles devem ter escondido mais coisas, não acho que eles simplesmente contariam tudo de bom grado – falou Hermione.

— Acho que eles só vão contar alguma coisa significante quando o Harry fazer 17 anos...

— Acho que deveríamos ir dormir Gina – falou Hermione colocando o fim naquele assunto.

Hannah quase não consegue dormir naquela noite, só de pensar que sua mãe está envolvida com algo muito maior do que ela pensava, fazia ela se sentir culpada, pois a garota que sua mãe e aquelas pessoas estavam vigiando poderá ser muito bem uma dessas duas coisas, mas ela não queria chatear o Lupin, era isso que fazia ela não abrir a boca.

Ela acordou com a Hermione quase derrubando Gina da cama, parece que tinha muita coisa ali pra arrumar. Depois de fugir de uma possível 2 Bruxa entre a Gina e a Hermione, ela foi tomar café, Lupin já estava lá, e foi conversar um pouco com ela

— Oi Hannah, dormiu bem?

— Oi Lupin, sim na medida do possível.

— Deixa eu adivinhar, você contar para seus amigos sobre sua mãe? – Perguntou ele baixando o tom de voz e ela confirmou balançado a cabeça. Lupin suspirou

— Imaginei, mas tenta segurar mais um pouco, você sabe que eles podem desconfiar muito de você se descobrirem que... você sabe.

— Eu sei, mas é que eles são os meus primeiros amigos, eu realmente queria poder contar para eles.

Assim que Hannah falou aquilo, Harry e Rony desceram as escadas correndo para tomar café, claramente eles estavam querendo terminar a faxina do dia rápida. A Sra. Weasley tinha encontrado várias fadas mordentes um ninho de pufosos mortos embaixo do sofá.

— Conversamos depois, está certo? – Sussurrou Lupin, que voltou a tomar o café. Hannah terminou de tomar seu café e foi para o salão de visitas junto com os meninos. Quando chegaram lá, Gina, Fred e Jorge estavam agrupados, todos com caras estranhas, pois usavam um pano amarrado sobre o nariz e a boca. Cada um deles segurava um garrafão de líquido preto com um esguicho no bocal.

— Protejam o rosto e apanhem um borrifador – disse a Sra. Weasley a Harry, Rony e Hannah no instante em que os viu, apontando para mais três garrafões cheios de um líquido preto, em cima de uma mesa de pernas finas. – É Fadicida. Nunca vi uma infestação tão séria: que será que o elfo doméstico desta casa andou fazendo nos últimos dez anos...

Hannah percebeu o olhar da Hermione, mesmo parcialmente coberto pelo pano, para a Sra. Weasley. Mesmo pelo pouco tempo que conhecia Hermione, ela sabia que ela não gostava da maneira que os elfos domésticos eram tratados.

— O Monstro está muito velho e provavelmente não pôde...

— Você ficaria surpresa com o que o Monstro pode fazer quando quer, Hermione – Disse Sirius, que acabara de entrar na sala trazendo uma saca ensanguentada que parecia conter ratos mortos. – Estive alimentando o Bicuço – Hannah definitivamente não gostava da dieta do Bicuço.

 – Guardo-o lá em cima no quarto da minha mãe. Em todo o caso... essa escrivaninha...

Ele largou a saca de ratos em uma poltrona, depois se curvou para examinar o armário trancado, que estava vibrando a um bom tempo.

— Bom, Molly, tenho certeza de que isso é um bicho-papão – disse Sirius, espiando pelo buraco da fechadura – Mas talvez fosse bom o Olho-Tonto dar uma espiada antes que o soltemos. Conhecendo minha mãe, pode ser coisa muito pior.

— Você tem razão, Sirius – disse a Sra. Weasley.

Os dois se falavam em um tom intencionalmente leve e educado, deixando bem claro que nenhum dos dois esquecera o desentendimento da noite anterior. Uma campainha forte e ressonante tocou no térreo, seguida imediatamente pela cacofonia de berros e guinchos que na noite anterior haviam sido provocados por Tonks ao derrubar o porta-guarda-chuvas.

— Vivo dizendo a eles para não tocarem a campainha! – exclamou Sirius exasperado e saiu correndo da sala. Ouviram-no descer com estrondo as escadas, ao mesmo tempo que os guinchos da Sra. Black ecoavam mais uma vez por toda a casa.

“Símbolos da desonra, mestiços sórdidos, traidores do próprio sangue, filhos da imundície...”

— Por favor, feche a porta, Harry – pediu a Sra. Weasley.

Harry demorou uma eternidade para fechar essa porta, provavelmente para tentar escutar alguma coisa do andar de baixo, mas assim que a Sra. Weasley olhou para ele, ele fechou a porta, o que preocupou Hannah, se ele acabasse escutando alguma coisa sobre ela, pelo pouco que tinha visto, não ia demorar para todos ficarem sabendo. A Sra. Weasley curvou-se para consultar a página sobre as fadas mordentes no Guia de pragas domésticas de Gilderoy Lockhart, aberto sobre o sofá.

— Certo, meninos, vocês precisam ter cuidado, porque as fadas mordentes mordem e os dentes delas são venenosos. Tenho um vidro de antídoto aqui, mas preferiria que ninguém precisasse usá-lo.

Ela endireitou o corpo, tomou posição bem diante das cortinas e fez sinal para os garotos avançarem.

— Quando eu mandar, comecem a borrifar imediatamente. Elas vão voar pra cima de nós, imagino, mas segundo as instruções do Fadicida, uma boa esguichada pode paralisá-las. Quando isto acontecer é só atirá-las neste balde.

A Sra. Weasley saiu cuidadosamente da linha de fogo dos garotos e ergueu o próprio garrafão.

— Muito bem... agora!

Hannah tinha acabado de começar a borrifar quando uma fada mordente adulta saiu voando da dobra da cortina, o que assustou Hannah e borrifou o Fadicida bem na cara da fada. Ela parou no ar e caiu sobre o tapete puído que cobria o chão, com um baque surpreendentemente forte. Hannah pegou-a e atirou-a no balde.

— Fred, que é que você está fazendo? – perguntou a Sra. Weasley com aspereza. – Borrife logo e jogue essa coisa fora.

Hannah olhou e viu Fred segurando entre o indicador e o polegar uma fada que se debatia.

— Certo – respondeu Fred animado, borrifando depressa a cara da fada para fazê-la desmaiar, mas, no instante em que a Sra. Weasley virou as costas, ele a enfiou no bolso com uma piscadela.

— Queremos testar o veneno das fadas mordentes para o nosso kit Mata-Aula – Explicou Jorge em voz baixa para Harry, borrifando com perícia, e ao mesmo tempo, duas fadas que voavam para o seu nariz. Hannah decidiu parar de prestar atenção na conversa dos outros e decidiu focar em apenas imobilizar aquelas fadas. A desfadização das cortinas ocupou a maior parte da manhã. Já passava de meio-dia quando a Sra. Weasley finalmente tirou a echarpe que a protegia, deixou-se cair em uma poltrona com as molas afundadas e de repente levantou-se outra vez, soltando um grito de nojo, pois se sentara em cima da saca de ratos mortos. As cortinas haviam parado de zumbir; pendiam moles e úmidas com o intenso borrifamento. No balde aos pés deles, jaziam amontoadas as fadas mordentes paralisadas, ao lado de uma bacia com seus ovos negros. Bichento agora os farejava e Fred e Jorge lançavam olhares de cobiça.

— Acho que vamos cuidar daqueles depois do almoço. – A Sra. Weasley apontou para os armários de portas de vidro empoeiradas a cada lado do console da lareira. Estavam abarrotados com uma estranha variedade de objetos: uma coleção de adagas enferrujadas, garras, uma pele de cobra enrolada, algumas caixas de prata oxidada com inscrições em línguas que Hannah não conhecia e, o mais desagradável de todos, uma garrafa de cristal lapidado com uma grande opala engastada na rolha, contendo o que Hannah tinha absoluta certeza que era sangue. A campainha barulhenta da porta tornou a soar. Todos olharam para a Sra. Weasley.

— Fiquem aqui – disse ela com firmeza, agarrando a saca de ratos na hora em que recomeçavam os gritos da Sra. Black no andar de baixo. – Vou trazer uns sanduíches.

A Sra. Weasley saiu da sala, fechando cuidadosamente a porta ao passar. Na mesma hora, todos acorreram à janela para espiar a entrada. Viram o cocuruto de alguém de cabelos ruivos e malcuidados e uma pilha de caldeirões precariamente equilibrados.

— Mundungo! – exclamou Hermione. – Para que será que ele trouxe todos aqueles caldeirões?

— Provavelmente está procurando um lugar seguro para guardá-los – disse Harry. – Não era isso que estava fazendo na noite em que devia estar me seguindo? Apanhando caldeirões suspeitos?

— É, você tem razão! – disse Fred, quando a porta de entrada foi aberta; Mundungo entrou com o carregamento de caldeirões e desapareceu de vista. – Caramba, mamãe não vai gostar disso...

Ele e Jorge foram até a porta e pararam para escutar. Os berros da Sra. Black haviam parado.

— Mundungo está conversando com o Sirius e o Quim – murmurou Fred, franzindo a testa concentrado. – Não consigo ouvir direito... Vocês acham que podíamos arriscar as Orelhas Extensíveis?

— Talvez valha a pena – disse Jorge. – Eu podia ir escondido até lá em cima e apanhar um par....

Mas naquele exato momento ouviram tal explosão sonora no térreo que as Orelhas Extensíveis se tornaram dispensáveis. Todos puderam ouvir exatamente o que a Sra. Weasley estava berrando a plenos pulmões.

— NÃO ESTAMOS OPERANDO UM ESCONDERIJO PARA OBJETOS ROUBADOS!

— Adoro ouvir mamãe gritando com os outros – disse Fred, com um sorriso de satisfação no rosto, abrindo uma fresta na porta para permitir que a voz da Sra. Weasley entrasse melhor pela sala –, é muito bom para variar!

— ... COMPLETAMENTE IRRESPONSÁVEL, COMO SE NÃO TIVÉSSE-MOS O BASTANTE PARA NOS PREOCUPAR SEM VOCÊ TRAZER CALDEIRÕES ROUBADOS PARA DENTRO DA CASA...

— Os idiotas estão deixando ela ganhar impulso – comentou Jorge, sacudindo a cabeça. – É preciso cortar logo o papo dela, senão vai se enchendo de vapor e não para mais. E anda doida para ter uma chance de desancar o Mundungo, desde que ele saiu escondido quando devia estar seguindo você, Harry... e lá vai a mãe do Sirius outra vez.

A voz da Sra. Weasley foi abafada pelos novos guinchos e gritos dos retratos no corredor. Jorge fez menção de fechar a porta para abafar o barulho, mas, antes que pudesse fazê-lo, um elfo doméstico esgueirou-se para dentro.

Monstro entrou na sala agindo como se não pudesse ver ninguém que estava naquela sala, avançou arrastando os pés, o corpo curvado, mas lenta e decididamente, para o fundo do aposento, resmungando baixinho numa voz rouca e sonora como a de uma rã-touro.

— ... cheira a esgoto e ainda por cima criminoso, mas ela não é melhor, traidora perversa do próprio sangue com esses pirralhos que emporcalham a casa da minha senhora, ah, minha pobre senhora, se ela soubesse, se soubesse a ralé que deixaram entrar em sua casa, que é que ela diria ao velho Monstro, ah, que vergonha, sangues-ruins e lobisomens e traidores e ladrões, coitado do velho Monstro, que é que ele pode fazer...

— Olá, Monstro – disse Fred em voz muito alta, fechando a porta com um estalo.

Monstro ficou imóvel por um momento, parou de resmungar, e encenou um sobressalto muito forte e pouco convincente.

— Monstro não viu o jovem senhor – disse, virando-se e fazendo uma reverência para Fred. Ainda com os olhos no tapete, acrescentou, em tom perfeitamente audível: – É um pirralho desagradável e traidor do próprio sangue, sim.

— Desculpe? – disse Jorge. – Não entendi essa última parte.

— Monstro não disse nada – repetiu o elfo, com uma segunda reverência, e acrescentou em um claro murmúrio: – E aqui temos os gêmeos, ferinhas desnaturadas que são.

Hannah se segurava o máximo possível para não rir. O elfo se endireitou, olhando-os malignamente e, pelo jeito, convencido de que os garotos não podiam ouvi-lo continuar a resmungar.

— ... e olhem a Sangue ruim, parada ali insolente, ah, se a minha senhora soubesse, ah, como iria chorar, e tem um garoto novo, Monstro não sabe o nome dele. Que é que ele está fazendo aqui? Monstro não sabe...

— Este é o Harry, Monstro – disse Hermione, hesitante. – Harry Potter.

Os olhos claros de Monstro se arregalaram e ele resmungou mais depressa e mais furioso que nunca.

— A Sangue ruim está falando com Monstro como se fosse minha amiga, se a senhora de Monstro o visse em tal companhia, ah, o que iria dizer...

— Não chame Hermione de Sangue ruim! – disseram ao mesmo tempo Rony e Gina, muito zangados.

— Não tem importância – sussurrou a garota –, ele não bate bem da cabeça, não sabe o que está...

— Não se engane, Hermione, ele sabe exatamente o que está dizendo – falou Fred, encarando Monstro com grande aversão, e como Hannah tinha praticamente um sensor de quando iria dar problema, já estava querendo sair dali. Monstro continuava resmungando, com os olhos fixos em Harry.

— É verdade? Esse é o Harry Potter? Monstro está vendo a cicatriz, deve ser verdade, foi o garoto que deteve o Lorde das Trevas, Monstro queria saber como foi que ele fez...

— E não queremos todos, Monstro? – falou Fred.

— Afinal que é que você está querendo? – perguntou Jorge.

Os enormes olhos de Monstro voltaram-se depressa para Jorge.

— Monstro está limpando – respondeu, fugindo à pergunta.

— Dá mesmo para acreditar! – disse uma voz atrás de Harry.

Sirius voltara e olhava aborrecido para o elfo. O barulho no corredor diminuíra,  talvez a Sra. Weasley e Mundungo tivessem transferido a discussão para a cozinha. Ao ver Sirius, Monstro mergulhou em uma reverência ridiculamente profunda que achatou o seu nariz trombudo no chão.

— Fique em pé direito – disse Sirius impaciente. – Agora, que é que você está aprontando?

— Monstro está limpando – repetiu o elfo. – Monstro vive para servir a nobre casa dos Black...

— Que está ficando cada dia mais preta, está imunda.

— Meu senhor sempre gostou de brincar – disse Monstro, curvando-se outra vez, e continuando a murmurar: – O senhor sempre foi um porco mal e ingrato que partiu o coração de sua mãe...

— Minha mãe não tinha coração, Monstro – retorquiu Sirius. – Sobrevivia de puro rancor.

Monstro tornou a se curvar e falou:

— O que o senhor disser – resmungou furiosamente. – O senhor não é digno de limpar a lama das botas de sua mãe, ah, minha pobre senhora, que diria se visse Monstro servindo esse filho, que odiava tanto, que desapontamento teve com ele...

— Perguntei o que estava aprontando – falou Sirius com a voz cortante. – Todas as vezes que você aparece fingindo que está limpando, esconde alguma coisa no seu quarto para não podermos jogá-la fora.

— Monstro nunca tiraria nada do seu lugar na casa do senhor – disse o elfo, e então murmurou depressa: – A senhora jamais perdoaria Monstro se a tapeçaria fosse jogada fora, faz sete séculos que está na família, Monstro precisa salvá-la, Monstro não vai deixar que o senhor e os traidores do próprio sangue e seus pirralhos a destruam...

— Achei que talvez fosse isso – respondeu Sirius, lançando um olhar desdenhoso à parede oposta. – Ela deve ter posto mais um Feitiço Adesivo Permanente atrás da peça, não duvido nada, mas se houver um jeito com certeza vou me livrar dela. Agora, vá embora, Monstro.

Aparentemente Monstro não ousava desobedecer a uma ordem direta, contudo o olhar que lançou ao passar por Sirius arrastando os pés era do mais profundo desprezo, e ele saiu resmungando sem parar.

— ... volta de Azkaban dando ordens a Monstro, ah, minha pobre senhora, que diria se visse a casa agora, habitada por uma ralé, tesouros atirados no lixo, minha senhora jurou que ele não era mais seu filho, mas ele voltou, dizem que também é assassino...

— Continue a resmungar e vou virar mesmo assassino! – disse Sirius irritado, batendo a porta na cara do elfo.

— Sirius, ele pode não estar com seu juízo perfeito – Disse Hannah defendendo-o. –Acho não tem consciência de que podemos ouvi-lo.

— Ele passou tempo demais sozinho – disse Sirius –, recebendo ordens malucas do retrato de minha mãe e sem ter com quem falar, mas sempre foi safado...

— E se você o libertasse – sugeriu Hermione esperançosa –, quem sabe...

— Não podemos libertá-lo, ele sabe demais sobre a Ordem – disse Sirius secamente. – De qualquer modo, o choque o mataria. Proponha a ele ir embora dessa casa, e veja a reação.

Sirius atravessou a sala até onde estava pendurada a tapeçaria que Monstro tentara proteger, ocupando toda a parede. Harry e os outros o seguiram. A tapeçaria parecia imensamente velha; desbotada e, pelo aspecto, as fadas mordentes a haviam roído em alguns pontos. Mesmo assim, o fio de ouro com que fora bordada conservava brilho suficiente para mostrar uma enorme árvore genealógica que remontava (até onde Harry pôde ver) à Idade Média. Bem no alto da tapeçaria, lia-se em grandes letras:

A Mui Antiga e Nobre Casa dos Black

“Toujours pur”

— Você não está aí! – admirou-se Harry, depois de examinar a parte inferior da árvore.

— Costumava estar aqui – respondeu Sirius, apontando para um buraquinho redondo e carbonizado na tapeçaria, que lembrava uma queimadura de cigarro. – Minha meiga e querida mãe me detonou depois que fugi de casa... Monstro gosta muito de resmungar essa história.

— Você fugiu de casa?

— Quando tinha uns dezesseis anos. Já estava cheio.

— Aonde você foi? – perguntou Harry, mirando o padrinho.

— Para a casa do seu pai – respondeu Sirius. – Seus avós foram muito compreensivos e meio que me adotaram como um segundo filho. É, eu acampava na casa do seu pai durante as férias escolares, e quando fiz dezessete anos montei casa própria. Meu tio Alfardo me deixara um bom dinheiro, ele também foi removido da tapeçaria, provavelmente por essa razão, em todo o caso, a partir daí cuidei de mim mesmo. Mas eu era sempre bem-vindo na casa dos Potter para o almoço de domingo.

— Mas... por que você...?

— Saí de casa? – Sirius sorriu com amargura e passou os dedos pelos cabelos longos e maltratados. – Porque odiava todos eles: meus pais, com a mania de sangue puro, convencidos de que ser um Black tornava a pessoa praticamente régia... meu irmão idiota, frouxo suficiente para acreditar neles... olhe ele ali.

Sirius enfiou um dedo bem na base da árvore, indicando “Régulo Black”. Uma data de falecimento (há uns quinze anos) seguia-se à do nascimento.

— Ele era mais novo e um filho muito melhor do que eu, meus pais não se cansavam de me lembrar.

— Mas ele morreu – disse Harry.

— Morreu. Um idiota... juntou-se aos Comensais da Morte.

— Você está brincando!

— Ora vamos, Harry, você já não viu o suficiente nesta casa para saber que tipo de bruxos era a minha família? – disse Sirius irritado.

— Eles eram... os seus pais, Comensais da Morte também?

— Não, não, mas pode acreditar, eles achavam que Voldemort estava certo, eram totalmente a favor de purificar a raça bruxa, de nos livrar dos nascidos trouxas e entregar o comando aos puros-sangues. E não estavam sozinhos, havia muita gente antes de Voldemort mostrar sua verdadeira cara que acreditava nele... se acovardaram quando viram a que extremos ele estava disposto a ir para assumir o poder. Mas aposto que meus pais achavam que Régulo era o perfeito heroizinho quando se alistou logo no começo.

— Ele foi morto por um auror? – perguntou Harry tentando adivinhar.

— Oh, não. Ele foi morto por Voldemort. Ou por ordens de Voldemort, o que é mais provável, duvido que Régulo tenha se tornado bastante importante para ser morto por Voldemort em pessoa. Pelo que descobri depois de sua morte, ele acompanhou o movimento até certo ponto, então entrou em pânico com o que lhe pediam para fazer e tentou recuar. Bem, ninguém simplesmente entrega um pedido de demissão a Voldemort. É um serviço para a vida toda.

— Almoço – anunciou a voz da Sra. Weasley. Ela vinha empunhando a varinha bem no alto, equilibrando na ponta uma enorme bandeja carregada de sanduíches e bolos. Estava com a cara muito vermelha e ainda parecia zangada. Hannah e os outros se aproximaram, ansiosos para comer, mas Harry continuou em companhia de Sirius. Enquanto comiam, Rony decidiu puxar assunto com Hannah

— E ai? Mês que vem vai ver sua primeira vez em Hogwarts, né? Já sabe como vai ser?

— Sim, parece que eu vou esperar do lado de fora e quando acabar a seleção dos primeiranistas eu entro.

— Não sei como você conseguiu ficar 5 anos estudando em casa, em Hogwarts eu já tenho problemas. – comentou Rony

— Isso é por que você não presta atenção em nenhuma das aulas – Criticou Hermione fazendo todos rirem e Rony ficar de cara emburrada. Hermione virou para a Hannah e perguntou – Que casa você acha que vai cair?

Hannah já tinha pensado nisso ainda, tinha lido sobre as casas, e preferia ir para a Corvinal, mas pelas características pessoais, iria cair na Lufa-Lufa, o que ela não se importava, para ela, contando que seja de acordo com ela, tudo bem.

— Acho que vou cair na Lufa-Lufa, acho que é a que mais combina com minha personalidade. – Disse Hannah, o que seus amigos concordaram

— O ruim é que iria ficar mais difícil de nos encontrar lá em Hogwarts – Falou Hermione

— Relaxa, mas seria legal se você caísse na Grifinoria – Disse Jorge

— Sim! Ai iriamos ficar pregando peças em você – Completou Fred, fazendo Hannah querer ainda mais ir para qualquer outra casa e Gina brigar com eles

— Andem logo, vocês dois, ou não vai sobrar comida – A Sra. Weasley chamou Harry e Sirius pois eles já estavam lá a um tempo, que vieram rapidamente.

Logo depois de comerem, eles voltaram a arrumar a casa esvaziando os armários de portas de vidro, e enquanto arrumavam, Sirius levou uma mordida séria de uma caixa de rapé de prata, e em poucos segundos sua mão se cobrira de uma crosta desagradável que lembrava uma grossa luva marrom.

— Tudo bem – falou, examinando a mão com interesse antes de lhe dar um toque de varinha e restaurar a pele ao normal – deve ter pó de furafrunco aí dentro.

Eles encontraram vários objetos mágicos nessa faxina, como um instrumento de prata de aparência desagradável, algo semelhante a uma pinça de muitas pernas, que subiu como uma aranha pelo braço de Harry e quando o garoto tentou apanhá-la, tentou furar sua pele. Sirius agarrou-a e a esmagou com um livro bem pesado. Também havia uma caixa musical que emitiu uma toada tilintante ligeiramente sinistra quando lhe deram corda, e eles logo descobriram que estavam ficando curiosamente fracos e sonolentos, até que Gina teve o bom-senso de bater a tampa da caixa; um camafeu pesado que ninguém conseguiu abrir; vários selos antigos e, em uma caixa coberta de pó, uma Ordem de Merlim, primeira classe, que fora concedida ao avô de Sirius por “serviços prestados ao Ministério”.

— O que significa que deve ter doado a eles um carregamento de ouro – disse Sirius com desprezo, atirando a medalha no saco de lixo. Várias vezes Monstro entrou timidamente na sala e tentou contrabandear alguma coisa sob a tanga, murmurando maldições terríveis sempre que alguém o surpreendia no ato. Quando Sirius tirou à força da mão dele um grande anel de ouro com o brasão dos Black, Monstro chegou a debulharse num choro furioso e abandonou a sala soluçando baixinho e xingando Sirius de nomes que Hannah nunca ousaria pronunciar

— Pertenceu ao meu pai – disse Sirius atirando o anel no saco. – Monstro não era tão dedicado a ele quanto à minha mãe, mas ainda assim eu o apanhei abraçando uma calça velha do meu pai na semana passada.

A Sra. Weasley os fez trabalhar muito pesado durante os dias seguintes. A sala de visitas levou três dias para ser descontaminada. Por fim, as únicas coisas indesejáveis que restaram foram a tapeçaria com a árvore da família Black, que resistiu a todas as tentativas de baixá-la da parede, e a escrivaninha desconjuntada. Moody ainda não aparecera na sede, para se certificarem do que havia lá dentro.

Eles passaram da sala de visitas para uma sala de jantar no andar térreo, onde encontraram aranhas do tamanho de pires escondidas no armário (Rony saiu da sala apressado para fazer uma xícara de chá e só voltou uma hora e meia depois). Sem a menor cerimônia, Sirius atirou a porcelana com o brasão e o lema dos Black no saco, e deu o mesmo destino a uma coleção de velhas fotos com molduras de prata oxidadas, cujos ocupantes soltaram guinchos agudos quando os vidros sobre as fotos se partiram.

Monstro não parava de aparecer quando estavam todos reunidos, seus resmungos cada vez mais ofensivos quando tentava retirar o que pudesse dos sacos de lixo. Sirius chegou até a ameaçá-lo com roupas, mas Monstro fixou-o com um olhar lacrimoso e disse: “O senhor deve fazer o que desejar”, antes de se afastar resmungando muito alto, “mas o senhor não vai mandar Monstro embora, não, porque Monstro sabe o que estão tramando, ah, se sabe, ele está conspirando contra o Lorde das Trevas, ah, sim, com esses sangues-ruins e traidores e gentalha...”

Ao que Sirius, não se importando com os protestos de Hannah e Hermione, agarrou Monstro pela tanga e atirou-o para fora da sala. A campainha da porta tocava várias vezes por dia, o que era a deixa para a mãe de Sirius começar a berrar, e para os outros tentarem entreouvir o que dizia o visitante, embora pouco descobrissem nos breves relances e fragmentos de conversa que conseguiam captar, antes que a Sra. Weasley os chamasse de volta ao trabalho.

Tonks se reuniu aos garotos para uma tarde memorável, em que encontraram um velho vampiro homicida escondido em um banheiro do segundo andar, e Lupin ajudou-os a consertar um relógio de carrilhão que desenvolvera o desagradável hábito de atirar parafusos pesados em quem passava. Mundungo se redimiu um pouco aos olhos da Sra. Weasley ao salvar Rony de uma coleção antiga de vestes púrpura que tentaram estrangulá-lo, quando ele quis removê-las do guarda-roupa.

Nesses dias Hannah estava se divertindo mais ainda do que antes, pois ficara ouvindo as histórias que Harry passou em apenas 15 anos de vida, e com direito a comentários irônicos dos gêmeos e de Gina e reclamações de Harry, Ronny e Hermione. Harry não falava muito com ela no início, mas uma conversa sobre trouxas acabou aproximando os dois, e esses dias fizeram Hannah ficar um pouco mais chateada, pois se oque Lupin falou for verdade, talvez quando descobrirem sobre ela, iriam pensar que ela estado lado de sua mãe, e por mais que pareça bobo, depois de ser descoberta pela mãe, isso é o que mais preocupava ela.


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