A Esperança (Peetniss) escrita por The Deathly Mockingjay


Capítulo 12
Capítulo XII


Notas iniciais do capítulo

Meu braço melhorou e finalmente escrevi um cap. Esse aqui está ENORMEEEEE kkkkkkkkkk



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É com nossas testas ainda coladas e sorrindo que nem idiotas um para o outro que ouço alguém nos chamar a atenção, quebrando nosso momento.

— Soldados Everdeen e Mellark, desculpe-me por intrometer seu momento, mas o Soldado Mellark precisa ser avaliado por profissionais. - diz um homem de altura mediana cuja metade do rosto não consigo ver por causa de uma máscara cirúrgica.

Ele se encontra acompanhado por mais três enfermeiros, um deles sendo minha mãe. A presença deles, no entanto, não parece agradar a Peeta. Sinto sua respiração acelerar e suas mão, antes carinhosamente segurando meu rosto, agora na altura de sua cintura com os punhos fechados.

— Não! Não Não! - ele sussurra e se afasta abruptamente de mim.

E, com uma agilidade que nunca pudesse imaginar que ele tivesse nesse estado, Peeta se joga o canto da sala e se fecha para o mundo numa posição fetal, enquanto treme e, agora, grita: Não! Não! Não! De novo não!

Então percebo, ele pensa que ainda está na Capital. Meu coração se quebra. O que fizeram com você, Peeta?

— Soldado Mellark? Eu sei que tudo isso ainda é uma surpresa para o senhor, mas precisamos saber o quão machucado está para podermos tratá-lo - o mesmo doutor mascarado diz enquanto tenta chegar perto do loiro assustado.

— NÃO CHEGUE PERTO DE MIM! - Peeta grita para ele, agora apunhalando uma seringa vazia que nem sabia que se existia.

O médico faz um gesto para o grupo de enfermeiros atrás de mim. Vejo-os preparando uma seringa e então entendo o que eles vão fazer.

— NÃO! - meu grito surpreende a todos, até Peeta - Ele não confia em vocês, isso só vai tornar as coisas piores!

Fico de frente à Peeta com meus braços abertos como um pássaro planando no ar, fazendo de meu corpo um escudo.

— Soldado Everdeen, nós precisamos trata-lo e se ele não nos deixar, teremos de seda-lo. – O médico diz pacientemente.

— Não! Você não entende! Ele pensa que ainda está na Capital! Vocês não podem fazer isso com ele.

Quando penso que estão prestes a me sedar também, uma voz fala:

— Ela tem razão.

Eu paraliso quando reconheço a voz de minha mãe.

— Estou de acordo com o Tordo. – dessa vez quem fala é Haymitch, que vem em minha direção e se posiciona ao meu lado. – Desculpe-me impedi-los de fazer seu trabalho, mas vocês não têm ideia do que a Capital é capaz, suponho que o garoto já tenha sofrido alguma tortura desse jeito. Ele não precisa disso agora.

— Eles têm razão – minha mãe repete – Deixe-me vê-lo. Ele me conhece e confia em mim.

Ela diz me encarando, procurando confirmação de suas próprias palavras. Eu aceno.

— Soldado Everdeen, não quero soar rude nem nada, mas a senhora é uma técnica de enfermagem cujo trabalho é auxiliar enfermeiros e médicos formados a fazerem o trabalho corretamente.

— Com todo respeito, Dr. Phillips, eu posso sim ser uma mera técnica de enfermagem nesse estabelecimento, mas não se esqueça que era eu quem atendia quase todo o distrito 12 de uma simples infecção à amputações complicadas. Eu posso não ter tido acesso a grande parte de seus remédios e técnicas, mas uma coisa que eu sei é lidar com pessoas sem seda-las, e é isso que esse menino necessita.

As palavras de minha mãe são fortes e claras que pegam de surpresa não só a mim, mas todos presentes no cômodo. Seus olhos azuis já não transmitem aquele olhar submisso e baixo de todos esses anos que se recuperava da depressão; esse era um olhar feroz, duro e confiante. Era essa a minha mãe, a mesma que entrou em uma profunda depressão depois da morte de meu pai, deixando eu e Prim lentamente morrer de fome? Era essa a mesma mulher que mal levantava da cama ou comia durante anos, o que levou a mim, uma criança de 11 anos a ser a pessoa encarregada de alimentar a família? Era essa a mesma mulher ou um resquício do que antes era?

Sem buscar nenhuma confirmação, minha mãe se dirige a um Peeta calado, mas não menos aterrorizado. Haymitch e eu abrimos espaço para que a loira passasse e ela se ajoelha em frente do vitorioso torturado.

— Peeta, você sabe quem eu sou? Sou eu, Lily Everdeen, mãe da Katniss. Você se lembra de mim?

Ele acena levemente e ela sorri docilmente, lembrando-me de todas as vezes em que ela acalmava uma criança assustada ou um familiar em prantos. Ela estava certa, ela sabe muito bem o que está fazendo.

— Você está muito machucado. Sente dor em algum lugar? – ela pergunta, sua voz doce como mel.

Peeta novamente nada diz, apenas acena.

— Pode me dizer onde? Eu posso te ajudar.

Peeta parece ainda muito desconfiado, mas ao mesmo tempo muito tentado em se entregar aos cuidados de minha mãe. Seus olhos azuis assustados desviam dos de minha mãe e se viram para os meus, como se perguntassem se podia confiar nela. Eu sorrio e aceno positivamente, tentando deixar o mais claro possível que ele pode confia em nós, em mim. Peeta, então, sussurra:

— Okay – sua voz está rouca de tanto gritar e mesmo com uma só palavra proferida, percebo que ele ainda está hesitante; seus olhos azuis tentam analisar cada mínimo detalhe ao seu redor a procura de qualquer atividade suspeita.

Peeta, então, mostra seus pulsos que só agora percebi que se encontram em carne viva. Seus braços estão cheios de sangue seco, principalmente onde há cortes e quantos cortes. Poucos parecem infectados ou muito profundos, mas a quantidade... A quantidade é assustadora. Junto com cortes, há hematomas de todos tipos; manchas roxas e amarelas espalhadas pelo corpo; há tantas que quase não consigo ver a cor de sua pele normal.

— Tem outro lugar que esteja doendo? – minha mãe pergunta. Ele acena, mas não procede a mostrar o local como antes.

— Eu preciso ver onde está doendo para te ajudar, Peeta. – ela diz pacientemente.

Peeta não se move. Ela suspira e acena positivamente, pegando delicadamente as mãos esticadas à sua frente.

— Vou ser sincera com você, Peeta, seus pulsos estão bem machucados e precisam ser tratados. Eu posso fazer isso, Peeta?

Peeta acena e ela sorri docilmente.

— Vai doer um pouco, mas eles estarão bons rapidinho, okay?

— Tudo bem – ele sussurra.

— Pode levantar? Precisamos saber onde mais dói para te tratar, tudo bem com isso? – minha mãe pergunta.

Peeta acena e ela o ajuda a se levantar. Seus olhos azuis ainda medrosos voltam a me encarar e sorrio novamente.

— As pessoas atrás de mim também estão aqui para ajudar. Está tudo bem, pode confiar em mim.

Expiro, aliviada, sem mesmo saber que estava prendendo a respiração. Caminho calmamente em sua direção para não o assustar e me posiciono ao lado de minha mãe.

— Está tudo bem, Peeta. Você está comigo, no distrito 13. Estamos bem, nada mais de ruim vai acontecer, eu não vou deixar.

Acaricio sua bochecha levemente, como se ele fosse de vidro e pudesse quebrar a qualquer momento. E, de uma forma, ele era. Vejo o brilho voltar em seus olhos e sorrio. Minha mãe realmente estava certa. Beijo sua bochecha e o ajudo a se manter em pé. Minha mãe faz um sinal com a cabeça e a equipe médica atrás de nós vem em nossa direção. Ouço a respiração de Peeta prender e sei que ainda está um pouco desconfiado deles, então pego sua mão, com cuidado para não o machucar e a beijo.

— Estou aqui com você está tudo bem. Sempre.

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Demorou muito tempo até que os médicos pudessem sair e nos deixar sozinhos, mas finalmente aconteceu. Estou sentada ao lado de Peeta que se encontra dormindo pacificamente. Eram muitos ferimentos e hematomas para tratar, sem contar com ossos quebrados e órgãos danificados. O mesmo médico que esnobou minha mãe nos contou que tivemos sorte de resgatar antes que uma cirurgia fosse necessária, pois ele não poderia sobreviver.

Fiquei ao seu lado o tempo todo, mesmo quando os médicos e até minha mãe imploravam para que ficasse um tempo no corredor, mas eu não poderia fazer isso, eu não poderia deixa-lo sozinho. Em seus olhos azuis ainda havia muito medo, um medo que nunca enxerguei em seus olhos, mesmo quando estávamos tão perto da morte durante as arenas ou quando o contei sobre o bebê. Eventualmente, ele não aguentou mais ficar acordado e adormeceu assim que os médicos saíram do cômodo.

Mesmo em seu estado de sono profundo, Peeta não largou minha mão; continua a apertando como se sua vida dependesse disso. Eu deveria estar como ele, dormindo, descansando, mas tenho medo de acordar e descobrir que tudo se passou de um sonho, então aqui me encontro: velando seu sono como antes ele fazia por mim, não importa o quanto minhas pálpebras pesem. Com minha mão livre faço carinhos leves em seu cabelo, ainda não acreditando que ele está aqui, comigo. Seus fios loiros agora se encontram limpos, sem quase nenhum vestígio de sangue seco ou poeira. Lembro-me o quanto adorava acariciar seus cachos enquanto nos beijávamos ou quando estávamos deitamos em minha cama, só apreciando a presença um do outro, principalmente na noite antes do Massacre quando mal conseguíamos nos mover, aproveitando cada milésimo de segundo que podíamos antes de sermos jogados para a morte iminente.

Sinto Peeta se mexer debaixo de meus dedos e sei que está tendo mais um pesadelo. Ele geralmente não acorda ou se mexe tanto quanto eu, mas das poucas vezes que já o vi tendo um, uma coisa sempre acontece: seus olhos se mexem muito mais rapidamente e sua respiração fica intensa enquanto sussurra sons ininteligíveis. Dessa vez é diferente, seus sussurros são compreensíveis e seus conteúdos quebram meu coração.

— Não! Não! Não! Parem com isso! Katniss! Katniss!

Sua mão aperta a minha ainda mais e eu devolvo a ação. Com minha mão livre, eu acaricio seu rosto magro a pálido enquanto sussurro de volta “Está tudo bem, eu estou aqui com você”. Meus carinhos não são o suficiente; seus dizeres passaram de sussurros a gritos e me desespero. Ele nunca teve uma reação dessas antes. O que Snow fez com você, Peeta?

— Está tudo bem, Peeta. Eu estou aqui. Sou eu, Katniss- agora eu também estou gritando.

Sinto minhas lágrimas escorrendo em meu rosto e minha visão fica turva. Os movimentos de meus dedos ficam mais intensos a cada grito e não sei mais o que fazer. E então suas pálpebras abrem de repente, olhos azuis aterrorizados buscam por todas as direções algo que não tenho conhecimento até finalmente se encontrarem aos meus cinzas, e então percebo que procuravam por mim. Seus olhos agora não parecem mais aterrorizados, mas sim surpresos, como se não esperasse que eu estivesse aqui.

— Katniss? – ele sussurra.

Eu apenas aceno.

— Vo-você está aqui? Isso é um sonho, não é? – ele pergunta enquanto chora.

Eu nego com a cabeça e sussurro de volta:

— Não é um sonho. Sou eu, Katniss.

Ele parece ainda não acreditar e fecha os olhos enquanto nega com cabeça.

— Isso é um sonho. É só um sonho. Nada é real. – ele diz repetidas vezes enquanto tenta se desvilhenciar de mim.

— Peeta, está tudo bem. Peeta! – tento acalma-lo, mas ele não para de se mexer.

E ele chora. E ele grita. E eu choro.  

Há médicos prestes a entrar no cômodo, quando Peeta me atira para longe dele. A queda não é grande, mas dolorosa o suficiente para me fazer gritar de dor quando minha coluna entra em contato com o chão. E é isso que o faz parar.

— Kat-Katniss? – ele chora ao me ver no chão com uma mão na coluna. O terror em seu rosto aumenta ao direcionar seus olhos à minha barriga.

Eu não consigo me mexer ou proferir nenhuma palavra, só chorar. Parte dos médicos vem me acudir enquanto a outra parte vai para Peeta. Três médicos me levantam levemente, tentando me transportar para outro lugar, enquanto os outros tentam acalmar Peeta. E novamente, com uma força que nunca imaginaria vindo dele nesse estado, ele empurra os dois médicos em sua frente e vem em minha direção. Seus olhos azuis estão novamente aterrorizados, mas agora não mais por ele.

— Ai meu deus, o que fiz? Katniss? – ele diz enquanto ajuda os outros médicos; eles estão chocados quanto eu.

— Eu estou bem – são as únicas palavras que consigo dizer, mas tanto ele quanto eu sabemos que estou mentindo.

Os médicos tentam me levar para fora do cômodo enquanto os outros tentam segurar Peeta, mas ele empurra todos e me acompanha.

— Soldado Mellark! Soldado Mellark, nós o precisamos tratar! – o médico grita, mas Peeta o ignora de qualquer forma.

— Está tudo bem, Peeta. Eu estou bem! – eu digo.

— Não, não, não! Eu vou com você! – ele implora.

Um enfermeiro está prestes a seda-lo e grito:

— Não! Deixe-o vir comigo!

— Soldado Everdeen, a senhorita está machucada e precisa ser tratada, assim como o Soldado Mellark.

Eu me desvilhencio deles e junto-me a Peeta, um usando outro como apoio. Sinto um de seus braços me apoiar pela cintura enquanto me encontro curvada por causa da dor.

— Eu não vou a lugar nenhum sem ele e nem ele sem mim. – eu digo firmemente.

Os médicos se olharam e pareciam ter uma conversa telepática entre eles e depois acenam um para outro. Um dos enfermeiros se vira para nós de diz:

— Tudo bem.

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— Me desculpe, Katniss – Peeta diz enquanto os enfermeiros passam um produto em minhas costas e a dor passa quase que imediatamente.

Estamos cada um deitados em uma maca uma do lado da outra. Ou era isso, ou os médicos teriam ainda mais problemas conosco.

— Está tudo, Peeta. Não tenho mais dor – eu digo sinceramente, mas seus olhos ainda expressam muita culpa.

— Eu te machuquei, Katniss! – ele chora.

— Não foi culpa sua, Peeta! Você estava assustado! – eu digo, tentando me levantar para acalma-lo, mas um enfermeiro me empurra levemente de volta para a maca.

— Soldado Everdeen, a senhorita teve uma lesão leve na coluna e tem de descansar. A Sr. Violet vem em instantes para checar o bebê. Por favor, não tente se levantar, ou pode piorar lesão. – ele diz calmamente e sai do cômodo. Só o obedeço porque não quero que Peeta se sinta ainda mais culpado.

— Peeta, está tudo bem. Você estava assustado e pensando que estava na Capital. Eu não deveria ter gritado com você. Se eu soubesse lidar com seus pesadelos do mesmo jeito que você lida com os meus, nada disso teria acontecido. – eu digo tristemente.

Meus pesadelos são geralmente cerca de te perder. Fico bem, quando percebo que você está aqui. – ele diz docilmente enquanto me fita e me arrepio em nostalgia.

O bebê se mexe e levo minha mão para meu ventre antes mesmo que possa perceber o movimento. Seus olhos partem de meus olhos para minha barriga.

— Pensei que tivesse perdido o bebê. Foi o que disseram. – ele diz – Me lembro de sentir como se tivesse sentindo uma parte de mim naquele momento.

Meu peito aperta.

— Foi eu quem pedi para mandarem essa notícia. Eu sei que você tentou usar o bebê para conseguir patrocinadores, mas eu não aguentava mais que a Capital soubesse da existência dele, então pedi a Coin que espalhasse um rumor de que tinha perdido o bebê – eu explico.

— Oh – é tudo que diz. Ele cerra as sobrancelhas e pergunta:  - Quem é Coin?

Me esqueço que Peeta acabou de chegar ao 13. Faço uma nota mental para o explicar como vivemos aqui.

— Coin é a líder do distrito 13. Ela se autodenomina presidente – eu digo e ele acena. Seus olhos encaram o nada e um silêncio desconfortável se instala entre nós.

—  Queria poder ficar junto de você – ele diz tristemente, quebrando o nosso silêncio.

—  Então venha. – eu digo, me mexendo levemente para ter mais espaço na maca para nós dois.

Peeta se deita ao meu lado e eu apoio minha cabeça em seu peito, aliviada por sentir seus batimentos cardíacos que antes me serviam de canção de ninar. Ele acaricia meus cabelos pretos com uma mão e a outra se aproxima de minha barriga, mas se retrai centímetros perto dela. Tomo sua mão na minha e a encosto em minha barriga e o bebê se mexe em resposta. Levanto minha cabeça e o vejo sorrir e chorar ao mesmo tempo. Eu sorrio de volta e coloco minha mão em cima da sua que repousa levemente em meu ventre. Não há palavras que possam descrever o que sinto agora; é uma felicidade absurda de estar junto dele novamente, longe da Capital, longe de Snow. Meu coração se esquenta e ele beija minha testa e com esse simples beijo, sinto todo seu amor por mim. Eu o abraço ainda mais forte com meu braço livre, sorrindo e chorando ao mesmo tempo. O mundo ao nosso redor não existe mais, somente eu, ele e nosso bebê; nossa pequena família.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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