A Outra Lydia Kinsley escrita por Bea Mello


Capítulo 18
Burk & Hall




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Devo ter dormido um total de três horas naquela noite. Quando eu não estava completamente acordada, minha mente deslizava para aquele limbo de semiconsciência, onde você sabe que as coisas que está vendo são apenas um sonho, e ainda assim não consegue descansar. Então, às três da manhã, eu desisti completamente e levei um cobertor e travesseiro para o sofá da sala, na esperança de que assistir à televisão fosse me distrair.

Eu não podia estar mais errada. A noite anterior, com minha mãe, continuava voltando à minha mente. Eu não quero perder ela, eu ouvia em replay, e por um momento tive a impressão de que minha mãe estava ali ao meu lado, soluçando. Eu não quero perder minha filha

Eu estava me remoendo de culpa.

Isso acontecia sempre que minha mãe me tratava normalmente — sem tentar me manipular, me rebaixar de alguma forma ou me comparar à minha irmã. Em algumas ocasiões, mais frequentes do que eu gostaria, ela me segurava pelos pulsos ou me empurrava. E eu nunca havia sido próxima dela como Rose. Já havia desistido de tentar. Mas sempre que a via demonstrar algum sentimento, ou ficar triste, eu me odiava por não ser a filha amada e perfeitinha, que sabia exatamente como confortá-la.

Como eu poderia ser?

Ainda assim, eu a consolei e assegurei de que Rose ficaria bem sob os cuidados da clínica da mesma forma que Sarah havia feito comigo naquela manhã. Mesmo que eu não estivesse convencida disso. Eu cometi o erro de pesquisar por histórias de pacientes em situações similares a de Rose, em reabilitação, e a fuga e o suicídio eram respostas comuns. 

Parte de mim sabia que eram duas coisas que ela jamais faria, mas ao mesmo tempo estava bem ciente de que a imagem que eu tinha dela era de muitos anos atrás. 

Com medo de onde minha onda de pensamentos me levaria, busquei uma distração mais eficiente que a TV. O Post-It de Scott Vallencourt ainda estava colado na parte interna da capinha do meu celular, então, após ler e reler o recado dele algumas vezes, salvei o número nos meus contatos e enviei um SMS.

oii

Encarei a tela do celular por alguns minutos, e cheguei a conclusão de que ele não iria responder um número estranho às três da manhã. Guardei o celular e voltei minha atenção à TV. Segundos depois meu celular vibrou, e o peguei novamente numa velocidade espantosa, quase fazendo o pobrezinho voar longe.

?? 

Apaguei e reescrevi minha resposta algumas vezes.

um cara me mandou contatar esse número se eu fosse desmaiar… sabe alguma coisa sobre isso?

A resposta veio ainda mais rápida que a primeira. 

ah, oi gata ;)

achei que não fosse mandar msg

Revirei os olhos, mas sorri, sentindo a textura seca do meu rosto por ter passado as últimas horas chorando.

ué, pq?

Dois minutos se passaram até que sua resposta chegou — um emoji dando de ombros, seguido de: 

acontece às vezes.

Hahah vc deve ser um péssimo rockstar

Ele passou a responder imediatamente.

lol ridicula. ta melhor?

Agora que vc me chamou de ridícula eu to 10/10, obrigada :3

Meu coração acelerou com a mensagem que veio a seguir. 


mas serio, como vc ta?

Fiquei encarando a tela do celular por um momento, dizendo a mim mesma que aqueles símbolos na tela não queriam dizer nada. Comecei a digitar e apagar respostas diferentes, mas ele mandou outra mensagem antes que eu pudesse me decidir.

se vc ainda ta pensando em ontem, fica de boas... a primeira vez q eu bebi assim acordei na frente da NYU só de vestido… vai ser uma boa história pra contar pros seus netos

Mordi o lábio, tentando me forçar a relaxar um pouco em relação a tudo que estava acontecendo. A ressaca já parecia ter sido há uma vida.

Já dizia Einstein: yolo

um sábio, concordou ele.

Eu continuei:

Mas pra ser honesta eu meio que já tinha esquecido desse rolê todo…

Eu to no Michigan pra ver minha família

Ele não precisava saber qual membro da família. Alguns minutos depois recebi outra mensagem dele.

ta tudo bem?

Tá sim, respondi.

Hesitei por um momento, mas decidi mandar outra mensagem logo em seguida.

Na verdade não…

quer falar sobre?, perguntou.

Não :/ ñ quero pensar nisso agora

blz… escolha um assunto, então

Eu pensei por um momento. Eu podia dizer que precisava dormir, mas eu sabia que isso não iria acontecer muito em breve. A TV ligada também não fez muito por mim. Então comecei a digitar.

Vamos falar sobre como vc acabou nessa vida boêmia, mesmo tendo estudado na Universidade de Nova York, sugeri.

eu disse que acordei mamado na frente da NYU, ñ estudei lá...

Outra mensagem dele veio logo em seguida.

estudei na Juilliard

Me peguei questionando a veracidade dessa informação. 

Estudou nada, acusei.

é vdd, pode pesquisar no google

E foi fazer o que lá?

Tive que rir da idiotice da minha pergunta, mas aguardei curiosa pela resposta dele.

vender limonada

Aguardei enquanto ele digitava e logo veio outra mensagem.

meus pais acharam por um ano q eu tava estudando Direito em Columbia… só descobriram que eu estava estudando música na Julliard quando eu larguei tudo hehe

Por que??, questionei.

Se eu tivesse ido para a universidade não desistiria até que me expulsassem, seja lá qual fosse. Agora, abandonar a Juilliard era como recusar um prêmio de loteria — a taxa de aceitação não chegava a 10%.

Sua resposta veio em um minuto.

assinei um contrato com uma gravadora ;))

Eu suspirei. Não havia como negar que ele tinha feito uma boa escolha, mesmo que arriscada. 

Nas horas que se passaram, contei à ele, sem entrar em muitos detalhes, sobre não poder ter ido à universidade porque meus pais não puderam pagar. Depois falamos sobre nossas bandas favoritas, a pressão de ser um ídolo no mundo da música e a programação da TV aberta durante a madrugada, até que percebi o céu começando a clarear.

Fomos dar boa noite quase seis da manhã, e até que consegui descansar um pouco antes do meu celular despertar. 

Tomei café, tomei banho, e revirei minha mala por uns bons dez minutos tentando escolher uma roupa que não estivesse cheirando a Las Vegas. Acabei por colocar a mesma camiseta branca e shorts floral do dia anterior, e me pus a caminhar até a Burk & Hall mais uma vez — o tempo todo me perguntando o que eu havia feito de tão ruim para ter que passar por tudo isso.

Sabrina, a moça que me atendeu na porta, era mais simpática que Jenny — provavelmente porque desta vez eu não estava sendo impertinente.

Como eu havia chegado alguns minutos cedo demais e Rose ainda não havia terminado o café da manhã, Sabrina fez a gentileza de me oferecer um tour pelas as áreas públicas da casa, que eu educadamente aceitei. 

“Para ser honesta, achei que isso fosse ter mais cara de hospital,” murmurei enquanto ela me levava por um corredor claro e bem iluminado em direção à cozinha. 

“Tentamos fazer nossas pacientes se sentirem em casa o máximo possível.”

Sua voz era leve, aguda. Se eu não a tivesse visto pairando mais de um palmo acima de mim, pensaria que estava falando com uma criança. Deslizei os dedos pelos painéis ripados branquinhos do corredor, ponderando se encontraria Rose quando chegássemos ao próximo cômodo. 

Sabrina continuou sobre o ombro:

“Estar em um ambiente de certa forma familiar torna mais fácil fazer com que eles se sintam seguros. Em geral, isso nos ajuda a encontrar as causas e tratamentos para cada paciente mais rápido.”

Eu a segui até uma cozinha de marcenaria branca e bancadas de madeira maciça envernizadas, onde as cores clarinhas e a luz natural proveniente das enormes janelas arqueadas davam um ar confortável ao ambiente. À direita, uma sala de jantar com duas mesas longas, algo perto de vinte cadeiras no total. Nenhum sinal de Rose por perto. 

“As refeições são todas feitas aqui. A cozinha é quase cenográfica, já que não deixamos nada cortante por aqui, por segurança. Os copos são acrílicos que imitam vidro, e o fogão só pode ser ligado por um funcionário.”

Percebi também que as gavetas tinham fechaduras, e só podiam ser abertas com chave.

“Achei que estariam tomando café.”

Sabrina sorriu. 

“De vez em quando deixamos elas tomarem café nos quartos — com supervisão, claro. Por isso está vazia hoje.”

Ela me levou por portas duplas até a sala de estar. Como eu imaginava, as coisas eram grandes e confortáveis. Haviam dezenas de almofadas jogadas para todos os lados, e um pequeno detalhe que eu não havia me dado conta antes me chamou atenção: todos os móveis da casa tinham bordas arredondadas. 

“Aqui é onde as garotas se juntam durante o tempo livre. Também temos algumas mesas do lado de fora,” ela gesticulou para as janelas enormes, e eu notei a mobília do lado de fora. O jardim tinha árvores e arbustos o bastante para que eu quase não conseguisse ver o céu de onde estava.

“Onde acontecem as sessões de terapia?”

“Temos salas para terapia em grupo e individual do outro lado da casa. No porão ficam os escritórios e salas dos funcionários.”

“E a enfermaria?”

“Do outro lado,” ela apontou para fora, “depois da quadra de esportes.”

Tentei, em vão, enxergar algo depois da folhagem, mas só encontrei um portão de ferro mais ao canto, escondido entre os arbustos.

Aquele lugar era ainda maior do que eu imaginava.

“Eu entendo que você está preocupada pela saúde da sua irmã e o tratamento que ela está tendo aqui, mas eu garanto que esse é o lugar mais seguro para ela nesse momento. Nossa equipe é toda formada por mulheres, algumas das mais eficientes enfermeiras e psicólogas do Michigan — e do país.”

Sabrina caminhou em direção à saída do quintal e eu a segui.

“Eu estive pensando…” Pigarreei antes de continuar. “Li que existem muitos casos de pacientes que fogem desses lugares, ou acabam cometendo suicídio. Isso já aconteceu aqui?”

Ela parou com a mão na maçaneta e virou-se para mim, seus cabelos ruivos deslizando sobre o ombro. Percebi seu olhar percorrendo a sala por um milésimo de segundo antes de ela me fitar. 

“Bom, trabalhei com mais de setenta pacientes nos seis meses em que estive aqui, e nunca houve um caso de fuga.”

“E de…”

“Margot!” ouvi a voz de Rose do corredor.

Ela saltitou animada escada abaixo. Seja lá o que havia acontecido aqui entre as oito horas da noite anterior e essa manhã, deve ter sido bom para ela. Considerei a possibilidade de ela já estar sob o efeito de alguma medicação.

Rose vestia o mesmo shorts de moletom e camiseta velha de quando chegou em Little Falls há quase duas semanas. Os hematomas já haviam sumido quase completamente, mas nesta luz, notei algo que não havia visto antes: diversas cicatrizes finas, da cor de sua pele, na parte superior das coxas, e um frio me percorreu meu estômago.

“Vou deixar vocês duas a sós,” disse Sabrina enquanto ela deixava a sala em direção à cozinha.

Rose e eu nos entreolhamos.  Eu sabia que havíamos pensando a mesma coisa.

“Vou deixar vocês duas a sóis,” falamos em sincronia, e imediatamente caímos na gargalhada. Meu peito se aqueceu ao saber que, apesar de tudo, nós ainda tínhamos alguma ligação, mesmo que fosse uma piada interna de quando éramos crianças.

Eu abracei Rose, e por um momento pensei ouvir a voz da mãe em minha cabeça. 

“Quero que me conte absolutamente tudo,” disse ela me levava até os bancos do lado de fora, o sol já alto o suficiente para nos encontrar por entre os galhos das árvores.

Comecei a destrinchar todos os acontecimentos importantes dos últimos dias, tentando ao máximo deixar os momentos mais polêmicos de fora — Rose teria tempo o suficiente para lidar com isso depois que estivesse melhor e fora da clínica. Em nenhum momento mencionei minhas interações com Scott ou a ligação de Sebastian. 

“Nina é muito legal, dá pra ver que ela realmente se importa com você.”

“É… Eu devo muito a ela,” comentou Rose, com o rosto virado para o sol e os olhos fechados.

“Mas ela ainda não percebeu que eu não sou você.”

Me arrependi logo que as palavras saíram da minha boca. Não era a intenção parecer cínica, mas foi exatamente assim que a frase soou

Em um movimento rápido, Rose virou a cabeça em minha direção, a testa franzida e um sorriso confuso nos lábios.

“Ah, é?” Não parecia uma pergunta. Fiquei me perguntando se eu havia perdido alguma informação, pois não consegui decifrar o que se passava na cabeça dela. “E Dylan, já conheceu ele?”

“Hmm, não. Na verdade Sarah mal fala dele. Espero não precisar conhecê-lo.”

“Por que diz isso?” questionou como se eu houvesse acabado de criticar seu animalzinho de estimação.

“Bem…” Decidi deixar de lado as poucas informações — todas negativas — que eu tinha sobre ele. “Porque ele é seu namorado. Prefiro deixar ele todinho para você.”

Ela assentiu, aliviada.

“Você parece feliz,” mudei de assunto, tentando sorrir. Talvez fosse melhor deixar as minhas novidades para lá.

“Estive fazendo terapia por doze dias, se não estivesse funcionando eu ia pedir meu dinheiro de volta,” ela brincou.

Dei uma risadinha, mesmo me perguntando como doze dias de terapia podiam deixá-la tão bem. Ainda assim, não deixei ela fugir do assunto.

“Eu quis dizer… Você não parecia muito bem ontem à noite. O que aconteceu?”

“Ah, isso.”

Ela fechou os olhos e levantou a cabeça novamente enquanto eu olhava ao redor do pequeno jardim. Os bancos e as cadeiras ao redor da mesa eram de uma madeira de tom alaranjado, os assentos almofadados em um tecido impermeável que um dia devem ter sido completamente brancos. Daqui também era possível ver melhor o pequeno portão, e até um pedaço do que parecia ser uma quadra de tênis, e eu podia jurar que estava ouvindo um som de água corrente, como um córrego ou algo parecido.

Rose ainda tinha seus olhos fechados quando quebrou o silêncio:

“Falei com uma das psiquiatras ontem a noite, depois que você foi embora. Ela me disse que Borderline é mais comum do que as pessoas imaginam, e que com a medicação certa vou poder viver minha vida normalmente.”

Eu ergui as sobrancelhas. Ela falou com tanta naturalidade que parecia já ter superado tudo isso.

“E só de saber o que eu tenho já é um grande alívio. Estou cheia de esperança.”

“Que bom,” revirei meu cérebro por algo a dizer. “Acho que eu nem precisava ter vindo até aqui, então.”

Ela voltou seu olhar para mim mais uma vez, desta vez claramente incomodada. Abri um sorriso na esperança de que ela fosse entender que eu não tinha a intenção de ser insensível.

“Se você ligasse para a mãe com mais frequência iria saber. Você não me mandou uma mensagem esse fim de semana.”

“Eu poderia dizer o mesmo,” murmurei. Uma péssima reação à péssima reação dela, eu confesso.

“Como assim?” questionou, e pelo seu tom de voz irritado pude perceber que ela não deixaria quieto.

Ainda assim, tentei mudar de assunto.

“Deixa para lá,” desviei o olhar para a copa das árvores. “Eu estive em Las Vegas esse fim de semana. Não sabia que você era amiga de Scott Vallencourt.”

Eu não queria falar sobre isso, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

“Não sou,” respondeu seca. “Responda minha pergunta, Margot. Como assim?

“Não se faça de burra, Rose, você sabe o que eu quis dizer.”

Cada vez que eu abria a boca era um arrependimento maior.

“Você quer dizer que eu não estive presente o suficiente? Desculpa se o meu trabalho é importante pra mim. Achei que à essa altura você já teria entendido. Eu não estaria arriscando as coisas assim se não fosse. Além de que eu passei por tanta merda desde que comecei, você não sabe nem um pingo tudo.”

Ela pausou por um momento, e eu vi uma oportunidade para intervir.

“Não sei, não. Sua vida parece bem legal até aqui”. Tentei banir as memórias do espartilho, dos constantes comentários sobre meu corpo e dos paparazzi em Beverly Hills.

“Margot, você realmente não sabe o que eu passei. Tinha dias em que eu preferia estar morta do que ter que levantar para fazer o trabalho que eu tanto amo, quem dirá ligar para o pai e a mãe pra dizer ‘desculpa, eu não sou boa o suficiente. Obrigada pela ajuda, mas eu fracassei.’”

Nós trocamos olhares, e eu sabia exatamente o que ela estava pensando. Eu sabia que devia ter deixado de lado quando vi seus olhos cheios de lágrimas, mas minha boca foi mais rápida.

“E a minha ajuda? Algum dia pensou em me agradecer também?”

Ela suspirou e virou o rosto, claramente limpando a lágrima que havia acabado de escorrer. Quando respondeu, seu tom de voz era menos árduo.

“Achei que já tinha superado isso.”

“Superado?” Ergui minha voz, mas me controlei quando considerei que alguém podia estar ouvindo. “Tudo o que você tem agora, sua fama, seu dinheiro, sucesso e aquele merda do seu namorado… Toda sua carreira, só existe porque eu fiquei quieta. E enquanto você estava aproveitando tudo numa boa, eu estava presa naquela cidade de merda, com pais que não davam a mínima para a minha existência, trabalhando semana após semana pra quem sabe um dia ir embora e esquecer todo o dano que você causou!”

“Não causei nenhum dano, Margot,” rebateu calmamente. “Não é minha culpa se você desistiu tão fácil.”

“Não foi o que eu…”

“Está tudo em suas mãos agora. Se você tem tanta dificuldade em deixar isso para trás, por que não me mata e toma meu lugar?.”

Senti meu sangue esquentar, meu rosto queimando de raiva. Como ela podia ser tão egoísta, tão arrogante ao ponto de não conseguir dizer “me desculpa”? No calor do momento, não consegui me controlar, e apesar de todas as coisas que eu ainda queria dizer, apenas três palavras deixaram minha boca.

“Talvez eu mate!”


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