A Outra Lydia Kinsley escrita por Bea Mello


Capítulo 1
O depoimento de Margot Hansen


Notas iniciais do capítulo

Primeira história que eu escrevo em quase cinco anos hahahelp
Espero que gostem! Comentários são sempre bem-vindos ^-^



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“Sua identidade diz Rosalie Hansen. Você foi reportada como desaparecida dois dias atrás em Ann Arbor, Michigan.”

Era uma manhã fria na cidade de Nova York. Fria demais para o começo de novembro. A chuva estava espessa o bastante para encharcar meu casaco no curto caminho entre a viatura e a delegacia, e agora, dentro da sala de interrogação, as algemas pareciam congelar nos meus pulsos. Não era o que eu chamaria de um fim de semana ideal, mas estar longe das câmeras e de olhos curiosos pela primeira vez em meses era um alívio.

Pelo olhar da detetive, ela estava mais ansiosa por uma boa história que uma solução. É verdade que as pessoas amam ver fotos de celebridades nas delegacias tanto quanto em tapetes vermelhos. Ela sabia que eu não era Rose. Talvez eu devesse ter simplesmente dito, mas em meu atual estado eu estava sensível demais para ser legal.

“Então você deveria me levar para casa ao invés de me algemar.”

Ela me lançou um olhar ameaçador. Arrastando a cadeira lentamente com um ruído detestável, ela se sentou, os dedos entrelaçados sobre a mesa de metal e uma sobrancelha arqueada.

“Pessoas com mais de dezoito anos podem legalmente deixar suas residências sem aviso. Se a pessoa em questão não estivesse com a saúde mental debilitada ou não houvesse suspeita de crime, o caso ficaria com a polícia do Michigan e nós não teríamos nos envolvido. Mas Rose estava sob ambas condições.”

 Ela descansou uma mão na cintura, sutilmente revelando o distintivo do FBI que estava escondido pelo blazer. Com minha cabeça ainda em outro lugar, eu mal havia prestado atenção quando ela se identificou, mas de repente tudo parecia se encaixar. Eu não estava ali por causa de um rumor de sites de fofoca. Rose estava desaparecida, e eu era a principal suspeita.

“Você é a irmã mais nova.” ela continuou. “Margot, correto?”

Lentamente, eu assenti. Só percebi que estava me afastando quando senti algemas me segurando à mesa.

“Srta. Hansen, você está sendo investigada por envolvimento no desaparecimento de sua irmã. Uma testemunha no Centro de Reabilitação Burk & Hall contou à Polícia do Michigan que você foi a última pessoa a falar com ela.”

“Eu fui, eu acho,” murmurei. “Mas por qu... Como eu estaria envolvida nisso?”

Tentei me manter calma, mas não conseguia me fazer acreditar nas minhas próprias palavras. Soava estúpido, até, achar que eu poderia convencê-los de que era inocente. Meu último encontro com Rose não havia acabado nada bem, e agora, sob a luz turva da sala de investigação, tudo parecia ir contra mim. Só de imaginar onde essa situação poderia chegar fazia meu estômago revirar. Cerrei os punhos na esperança de amenizar o tremor, mas isso serviu apenas para lançar uma dor latejante pelo meu braço esquerdo.

“O que aconteceu aí?” ela perguntou, indicando a atadura na minha mão.

“Um corte.”

“Como aconteceu?”

Eu arquejei, começando a me irritar com o caminho que essa interrogação estava tomando.

“Um copo quebrado. Não tem nada a ver com ela.”

Memórias da noite anterior passaram pela minha cabeça, mas eu me certifiquei de espantá-las com a mesma velocidade com que chegaram. Havia muito em jogo aqui. Será que eu conseguiria sair dessa sem comprometer alguém com quem eu realmente me importasse?

“Eu não faço ideia de onde Rose possa estar.” Senti meu coração acelerar ao ouvir essas palavras saírem da minha boca. “Mas posso provar que sou inocente de... Seja lá o que você quer dizer com envolvimento.”

Mentirosa.

“Prometo dar todas as informações necessárias — se me prometer que nada disso vai parar na mídia.”

A detetive não esboçou uma reação, apenas me encarou como se examinasse todas as possibilidades. Ela olhou de relance para o espelho falso ao nosso lado, e em seguida cravou um olhar longo e minucioso sobre mim. Me perguntei quantas pessoas estavam do outro lado daquela janela, observando cada movimento, pesando cada palavra.

“Até o momento, todas as evidências nos levam a acreditar que você teria mil motivos para querer sua irmã fora de cena.” Ela pausou, um ar pensativo em suas feições. “Se você provar sua inocência, o que eu não acho que vá acontecer...” Suspirou. “Se isso acontecer, vamos continuar as investigações longe da mídia.”

Eu assenti, apesar de não ter muitos motivos para confiar nela. Parece que nenhuma das duas tinha muita escolha.

Sentindo-me derrotada, eu cedi. Por mais caótico que os últimos meses tivessem sido, eles me serviram para provar que eu era, realmente, uma boa atriz.

“Tudo começou em julho.”


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