Jogo de Sobrevivência: Battle Royale escrita por Sohma


Capítulo 8
Atrasos




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Laquanda andava desnorteada pelo extensa área, não sabia mais onde estava. Olhou o mapa diversas vezes o mapa só que não conseguirá se localizar. Parecia que tinha andado em círculos desde que sairá do quadrante proibido. As vezes se assustava e olhava algo que se parecia com as partes que ela sujou no mapa para identificar as áreas restritas, mas sua cabeça ainda colada a seu pescoço só provava que ela nem chegou perto desses locais.

 

Parou quando avistou algo que mais parecia um parque abandonado. Toda a área era moldada por pedras quebradas, identificou algo que um dia foi uma mesa, mas ao fundo encontrava no chão pequenos pedaços de metais, coisas como de um gira-gira, gangorra e até mesmo pedaços de um balanço.

 

Voltou a olhar para o mapa, seus olhos passearam até que finalmente encontraram dentro do quadrante H3 pequenas formas de um playground onde dizia "parque infantil", riu sem vontade.

 

Que tipo de ilha era aquela em que eles foram jogados afinal de contas? E acima de tudo, quem teve a ideia desse jogo doentio?

 

Evitou o tempo todo de pensar sobre isso. Qual era a finalidade disso tudo? Apenas vê-las se matando sem pudor? Jogar umas contra as outras porque afinal isso deve dar audiência?

 

Parou.

 

E se ela morresse ali... Sua vida simplesmente acabou só por uma única decisão equivocada. Aceitou a proposta de Willy. Confiou nela e agora batalhava pela sua sobrevivência.

 

Balançou a cabeça.

 

Não podia fraquejar, não agora. Não tinha muita gente na ilha, não tinha tantas concorrentes. Poderia vencer tranquilamente.

 

Ergueu-se num sobressalto ao ouvir um barulho incomum, agarrou a arma que estava presa no cós da calça e apontou para todos os lados. Seu semblante se fechava com raiva. Não iria fraquejar. Iria vencer.

 

Tinha que vencer.

 

Não houve tempo para reagir.

 

Uma grande explosão aconteceu e Laquanda automaticamente foi jogada para o alto, não raciocinou e nem soube como, mas conseguiu dar um único disparo antes do susto.

 

Suas costas bateram com uma força absurda no chão.

 

Em seus ouvidos tinha um único som, agudo, contínuo. Tentou abrir os olhos, mas seu corpo doía demais, parecia que se mantivesse os olhos fechados a dor amenizava, mas sabia que não.

 

Precisava levantar.

 

Precisava sair dali.

 

Tentou se reerguer, mas não teve tempo. Uma outra explosão. Os ouvidos de Laquanda pareciam piorar, mal ouviu o último som. Mas sentia as consequências daquele ato, seu corpo ardia, as queimaduras da estranha explosão estavam visíveis em seu corpo e roupas chamuscadas.

 

Deitou-se largando finalmente a arma de sua mão, seus olhos doíam demais e não demorou muito tempo para que ela desmaiasse.

 

[...]

 

Ma viu Laquanda parada observando o mapa, o rosto dela estava incompreensível, por um breve instante sentiu curiosidade em saber o que se passava pela cabeça da garota, mas isso fugiu de sua mente quando os dedos encontraram a granada dentro da bolsa. Levantou-se um pouco, chutando um arbusto, assustou-se e reparou que o barulho fora alto o bastante para que Laquanda também ouvisse.

 

Não pensou duas vezes.

 

Soltou o pino da granada e a jogou sobre Laquanda, afastando-se rapidamente, só que foi um pouco tarde demais, a explosão acontecerá e Ma agarrou a bolsa com um certo desespero, para que ela não batesse no chão e ativasse as outras granadas ali dentro. Seu ombro raspou levemente na terra, ergue-se com um desespero, sentindo uma estranha dor na perna. Ignorou essa dor por um momento, voltou a observar, e não muito longe viu a figura no chão que era Laquanda se remexer. Pegou rapidamente mais uma granada e jogou desajeitadamente. Passou um pouco longe do corpo de Laquanda, mas explodiu novamente.

 

"Ela não conseguiria sobreviver.", pensou consigo mesma voltando a se afastar dali.

 

Correu um pouco, mas não pôde se afastar muito, a dor na perna voltou a lhe incomodar. Abaixou-se levemente, colocando a bolsa no chão e puxando a calça para cima, vendo o filete de sangue sujar a peça de roupa.

 

O tiro.

 

Obviamente deveria ter vindo de Laquanda.

 

Praguejou. Levantou-se, ainda sentindo aquela estranha dor, precisava com urgência de algo para estancar aquele sangue. Era pequeno, mas incômodo o bastante para caso ela precisasse confrontar alguém.

 

Abriu o mapa. Viu que em G6 existia um hospital, não parecia ser tão distante, obvio que aquilo lhe atrasaria um pouco em seu objetivo, mas precisava ir logo antes que aquele machucado ficasse pior.

 

[...]

 

Cleo sentia os olhos dar umas pescadas mas tentava a todo custo continuar atenta, olhava para Yugo com certo desespero. Ela teria morrido? De onde veio esse estranho aparelho que ainda soltava dois 'bips' baixos? O que seria esse aparelho? Eram muitas perguntas e ainda sem nenhuma resposta.

 

Olhou novamente para a tela deste, duas esferas brilhantes, os bips contínuos. Segurou entre os dedos da outra mão a peixeira, como se estivesse pronta para caso Yugo levantasse, mas de alguma forma ela saberia que não conseguiria fazer nada. No máximo apontaria aquela faca, diria algumas coisas sem nexo e sairia correndo de novo.

 

Odiava-se por não ter força para lutar como as outras. Ainda se criticava por ter deixado Gallatea para trás, Gallatea tinha confiado nela, tinha lhe ajudado e no final... ela não pode retribuir da mesma forma.

 

Um som.

 

Cleo instintivamente pegou a peixeira e a levantou, apontando diretamente para o corpo de Yugoslavia que parecia estar finalmente acordando. A garota não pode esconder de soltar um leve suspiro aliviado.

 

Yugo abriu os olhos com certo cuidado, mas seu corpo logo entrou em choque ao ver uma faca sendo apontada para si. Soltou um leve grito e se levantou do chão abruptamente, Cleo acabou imitando esse movimento, mas sem nunca abaixar o facão.

 

— O quê...? — Yugo estava preste a dizer algo mas parou. Sua voz...? — O quê...? — repetiu.

 

Sua voz. Ela parecia tão baixa e distante, como se não conseguisse se ouvir. Como se tudo estivesse num volume mais baixo do que o normal.

 

Por uns breves segundos todas as cenas da noite passada passaram pela cabeça de Yugoslavia, o confronto com a Benny e Shannon, a perda de sua arma, a estranha explosão, ela caminhou dolorosamente e perdida pela extensa mata e quando não aguentou mais desmaiou no chão.

 

Acreditasse que a explosão foi perto demais dela, com certeza afetou sua audição.

 

"Merda!"

 

— Você está bem? — Cleo perguntou, e ainda assim a voz da garota parecia distante.

 

— Não entendi.

 

— Você está bem? — repetiu no mesmo tom e Yugo ainda não conseguia compreender.

 

— Você pode falar um pouco mais alto?

 

Cleo ponderou

 

— Perguntei se você está bem! — Cleo falou um pouco mais alto e ainda assim Yugo ouvia tudo muito distante. Ia se aproximar de Cleo, mas a garota voltou a apontar a faca com certo desespero na direção dela.

 

Deveria explicar para Cleo que não conseguia ouví-la? Ela lhe estenderia a mão ou a mataria friamente ali e agora? Tentaria jogar uma isca.

 

Analisou a garota com certo cuidado, vendo que ela segurava o rastreador.

 

Será que...?

 

— Cleo... — Yugo começou. — Eu sofri um ataque, houve uma explosão e eu acho que afetou minha audição, eu te escuto muito, muito baixo mesmo.... — explicou prestando atenção no rosto dela, para ver se a mudança de expressão indicaria alguma coisa. — Eu infelizmente não consigo te ouvir. Mas, isso que você tem na sua mão é um rastreador, ele indica os colares ativos no raio de um quilômetro. — o rosto de Cleo se sobressaltou, e ela voltou a encarar o pequeno aparelho.

 

Aquela era a deixa.

 

Yugoslavia se aproveitou da pequena distração de Cleo e bateu com a mão na que ela segurava o facão, no susto Cleo soltou não só um baixo "ai" como também sua arma, que sem pensar duas vezes Yugo pegou quando caiu no chão e agora ela que apontava para Cleo.

 

— Não, por favor! — falou Cleo com certo desespero. — Eu não quero morrer! — começou a gritar e a chorar.

 

Mesmo que baixa as últimas palavras chegaram aos ouvidos de Yugo.

 

Deveria ajudar Cleo?

 

Valeria mesmo a pena?

 

Ou seria melhor encerrar a participação dela naquele jogo ali?

 

— Por favor! — implorou Cleo entre soluços dando uns passos para trás, tropeçando em alguma coisa e caindo de bunda no chão, largando também o rastreador na queda.

 

Por um breve instante Yugo sentiu pena. Sabia que Cleo era uma pessoa bondosa demais e que ela não seria o tipo de participante que esse jogo exige. Em sua mente uma voz lhe dizia para ajudá-la, a leve com você até vocês terem que cruzarem caminhos opostos e outra lhe advertia que pessoas fracas não merecem continuar ali.

 

E esse pequeno atraso em seus pensamentos não lhe preparam para o tiro que soou as suas costas.

 

[...]

 

Metalica já sentia os olhos pesarem, mas não podia se dar ao luxo de dormir, seu corpo estava dolorido, sua cabeça estava a mil, seu corpo exigia descanso, mas sabia muito bem que agora não podia, e nem devia, descansar. Olhou novamente para Gallatea que ressonava pesadamente, as vezes ficava tão assustada quando a amiga parava de respirar por um breve momento, achando que ela ia morrer. Mas o leve subir e levantar do busto indicava que ela ainda estava viva.

 

Amaldiçoava Cleo até sua próxima geração, que obviamente não existiria. Como ela pôde simplesmente deixá-las para trás? Devia ter se livrado dela quando teve a chance. Devia ter lhe arrancado o kit e aquele facão e jogado ela abismo abaixo.

 

Torcia para nunca mais ter de encontrar Cleo novamente.

 

Uma tosse.

 

Metalica voltou a atenção a amiga, o corpo mexia a cada leve convulsa do corpo. Engatinhou até Galla e segurou seu rosto sobre seus joelhos, erguendo levemente para que não engasgasse. Os olhos se abriram levemente. Galla não conseguiu esconder a expressão de dor, era incômoda em suas costas.

 

— O que aconteceu? — indagou com certo cuidado, sentindo a pontada de dor a cada palavra.

 

— Fomos atacadas pela Buffy, a Cleo fugiu e a Dekka atirou nas suas costas. Eu consegui te levar pra um local seguro, você esteve inconsciente desde então, já tivemos o anúncio das seis horas...

 

— Alguém... alguém com quem... tínhamos contato? — perguntou com certo cuidado. A sua primeira ideia era perguntar "alguém relevante", mas seria bruto demais, estaria literalmente ignorando a vida de outras pessoas.

 

— Não. — respondeu seca. — Mas nós precisamos sair daqui. Acha que consegue se levantar?

 

— Onde estamos?

 

— Em algum quadrante subindo para D, agora qual lugar exatamente eu não sei.

 

Como se só agora caísse a ficha Gallatea olhou para o local onde estavam. Parecia uma construção parecida com um velho tempo, as madeiras podres como todo o resto da ilha, existia uma pequena escada de 2 degraus e ambos quebrados mais a esquerda, uma pedra destruída a sua direita e um enorme pedestal vermelho também quebrado. Ergue com muito cuidado o corpo, sendo ajudada por Metalica ela conseguiu se sentar, e sua visão encarava a estranha figura de um Buda igualmente destruído.

 

"Que você nos proteja.", pensou.

 

— Consegue se levantar? — voltou a questionar.

 

Muitos minutos se passaram até que Galla conseguiu se levantar do chão, Metalica precisou ser paciente para ajudá-la, depois de ficar em pé passou o braço de Gallatea sobre os ombros, recostando também as duas bolsas e marchando para fora dali.

 

O cansaço continuava sobre o corpo de Metalica, as vezes ela falhava um passo, a força para carregar Gallatea sedia de vez em quando e as duas quase foram para o chão diversas vezes. Galla tentou fazer com que elas parassem e descansassem, mas Metalica sempre negava.

 

Era tentador, mas não podia parar. Não agora.

 

Queria muito ter descansado quando estavam naquele tempo destruído, mas tinha medo. Qualquer um podia aparecer ali e matá-las rapidamente, ainda mais quando nenhuma delas possuía uma arma de fogo. A tesoura que antes era de Gallatea estava no bolso de Metalica, quanto a sua própria arma foi roubada por Dekka. Mas tinha uma única vantagem, a munição ainda estava em seu domínio, pensando alto e se sua lembrança não falhasse a arma deveria ainda ter dois ou três tiros no máximo. Falhou mais um passo.

 

Olhou levemente para o machucado que apesar de superficial em sua perna ainda não cicatrizara totalmente, parecia ser mais incômodo do que deveria ser. Talvez fosse o cansaço? Ou apenas estresse? Não saberia dizer.

 

Andaram por longos minutos, não demorou muito tempo para que uma pausa fosse necessária.

 

Metalica estavam em seu limite, sentia que iria desmaiar de cansaço a qualquer momento. Mas não podia. Não devia.

 

— Metalica? — uma voz chegou aos seus ouvidos, parecia tão distante. — Metalica! — agora era um grito.

 

Levantou o olhar encontrando um longo sorriso aparecer em seu campo de visão, não teve muito tempo para pensar pois sentia dois braços consumirem seu corpo num abraço caloroso.

 

Confortável.

 

— Dobby? — perguntou.

 

O abraço apertou ainda mais.

 

Sim.

 

Correspondeu ao ato.

 

— Meu Deus, eu não acredito que vocês ainda estão vivas. — Dobby trocava olhares entre o rosto cansado de Metalica e o dolorido de Gallatea. — O que houve com vocês?

 

— Longa história. — desta vez foi Gallatea que respondeu.

 

Inm e Gina apareceram atrás de Dobby com certo receio. Gina ainda empunhava a grande e pesada submetralhadora, já Inm carregava um grande bastão improvisado, Dobby tinha largado no caminho a foice para abraçar a amiga.

 

Levou um tempo para que o trio percebesse que Gallatea estava machucada, com certa dificuldade Dobby e Inm ergueram-a e começaram a caminhar, Gina continuou na dianteira, guiando o caminho para a torre que parecia estar mais distante do que quando começaram a andar.

 

O trio precisou parar para descansar, afinal elas passaram metade de uma noite em alerta, revezaram durante a madrugada para que cada uma ficasse de guarda. Por alguma glória divina não houve confronto nenhum.

 

E Gina não podia estar mais feliz por isso.

 

Isso só explicava que até então ninguém pensou em tomar aquele caminho, e agora, que o grupo estava com mais gente, ela poderia se livrar de todas com facilidade. Podia ser ali, agora. Podia se livrar daquelas que lhe atrasavam.

 

Mas ainda não.

 

Benny e Fae ainda estavam no jogo. Não ouviu o nome de nenhuma das duas no anúncio das seis horas, tinha plena certeza que elas causaram no mínimo duas mortes , eram loucas e psicopatas demais para ingressar nesse jogo insano.

 

Torcia para que de alguma forma as duas se matassem.

 

Quem ganharia numa batalha entre elas?


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