Um som de batidas na porta de mogno chamou total atenção da mulher, virando o rosto com calma, falando um "entre" numa voz autoritária e polida. A porta foi aberta, revelando a figura de uma jovem alta, os longos cabelos loiros caíam sobre os seios, usava um saia de giz preta que mostravam as longas pernas, trajava terno da mesma cor, seu corpo era volumoso, uma cintura fina e um quadril largo, e ela tremia diante aquela mulher de rosto forte e olhar penetrante.

— O que deseja, Veron? Sabe que eu não tenho tempo nem menos paciência para qualquer assunto agora! — a voz arrogante preencheu o ambiente, fazendo com a mulher tremesse ainda mais, dando dois passos para trás, olhando para os pequenos sapatos perfeitamente lustrados.

— Senhorita... Ah... Estão... Estão todos te aguardando. — falou por fim. A voz falhava a cada palavra.

Renata arregalou os olhos, dando um sorriso escárnio no rosto belo. Contornou a própria mesa, sentando-se na grande poltrona de couro, levantou a mão, e nem precisou de muito para Veron perceber que ela deveria se retirar imediatamente da sala. A mulher abriu uma gaveta, retirando de lá um charuto cubano, cheirou por completo antes de acender, puxando um trago forte, sentindo os pulmões se aquecerem com aquela fumaça tóxica.

Levantou a mão e apertou um botão vermelho que destacava-se na mesa de carvalho. As janelas atrás de si fecharam-se, deixando todo o ambiente numa escuridão, enormes telas de plasma surgiram das paredes e do teto, dando um total de nove televisores que se ascenderam prontamente, relevando a figura de diversas pessoas.

— Boa tarde, minhas companheiras! — em sua voz o tom sarcástico era mais que notável. As outras grunhiram, um som de desagrado.

— Não venha com papo furado Renata. — a voz forte de Willy M se fez presente. — Só vá direto ao assunto.

— Ora, ora. Não podemos ter pressa, existem alguns assuntos que é necessário ter calma e paciência para tratar. — novamente o tom na voz era uma mistura de arrogância e sarcasmo. Pegou o charuto, colocando-o na boca, sugando com força e assoprando a fumaça para todos os monitores, num gesto óbvio de deboche.

— Você que é calma demais. Queremos saber se está tudo pronto. — Sillun exigiu, apesar do tom autoritário, a voz era calma e paciente.

— Sim, está tudo pronto, só preciso que vocês me mandem seus "escolhidos". — Renata voltou brincava com o charuto nas mãos, evitando olhar diretamente para qualquer um dos televisores.

— Não seja tão misteriosa. — uma voz disse calmamente, os olhos de gato de Renata finalmente olharam pro televisor onde a bela Lila Chameleon a encara fixamente. — Nós já enviamos nossos escolhidos... Mas só queremos saber quando os jogos serão de fato iniciados. — ela girou na cadeira, ficando de costas para a mulher que sorria escárnio, tragando mais uma vez o longo charuto.

— Lila... — Renata pigarreou, finalmente levantando-se da cadeira, indo até a frente de sua mesa, entrando no campo de visão de todos os ministros. — Paciência é uma virtude. E é isso que eu exijo de vocês nesse momento: paciência. — o sorriso desapareceu do rosto forte, o charuto foi apagado num cinzeiro que estava sobre a enorme mesa de carvalho. Renata deu um pulo, indo mais próximo dos monitores, olhando para cada um, e todos se mantinham impassíveis, de braços cruzados e olhares penetrantes. — Os jogos terão início daqui uma semana. — as palavras foram suaves. — Espero que estejam prontos para apostarem em seus favoritos. — o tom sarcasmo voltou na voz, ela sorriu amarelo.

— Sei... Como se você não já tivesse um favorito. — Sillum ressaltou, também irônica. — Afinal, você já está ciente dos participantes.

— Como poder pensar isso de mim? — a anfitriã fingiu estar ofendida, tocando a mão no peito, um gesto tipicamente teatral. — Quando todos os participantes forem devidamente apresentados, eu ficarei tão surpreso com eles quanto vocês. — mentiu, voltando a se apoiar na mesa.

Todos grunhiram outra vez.

— Bom madames... Preciso concluir alguns detalhes de nosso programinha. Nós vemos em... uma semana. — apertou o mesmo botão vermelho de antes. Logo, todos os televisores foram desligados, e as janelas começaram a ser abertas, iluminando o ambiente.

Renata se jogou em sua poltrona. Pegou uma pasta onde podia se ler em letras vermelhas "Battle Royale — Arquivo Confidencial", retirou de lá várias fichas, passando os olhos em uma por uma, rindo a cada informação. Jogou desajeitadamente os papéis pela enorme mesa, pegou um novo charuto, ascendendo e tragando com muita força, tanta que não conseguiu conter a tosse. Riu.

— Que os jogos... comecem. — assoprou a fumaça.