Se eu voltar escrita por Lilium Longiflorum
Jade e Hanzo se encararam e ficaram assim por alguns segundos. Ela tentou prosseguir o seu caminho, mas Hanzo a puxou pelo braço, Jade já alterada:
— Me solta.
Ela conseguiu soltar o seu braço e perguntou:
— O que você quer comigo?
— Há muito tempo eu quero falar com você.
— Não temos nada para falar.
— Por favor, Jade.
Kuai se aproximou e disse:
— Ouça-o e... Eu acho que vocês precisam conversar.
Jade assentiu e acompanhou Hanzo até o terraço. Já passava das 15h e o céu estava um pouco nublado, batia um vento gelado naquela tarde. Hanzo se virou para ela e ficou a observando, ela disse:
— Diga logo o quer.
— Jade... Kuai me contou sobre você e o Bi-han... Queria te pedir perdão pela morte dele.
— Só pela morte do Bi-han?
Hanzo a olhou confuso e disse:
— Feri mais alguém que você ama?
Jade começou a andar pelo terraço, se aproximou de Hanzo novamente, respirou fundo e disse:
— Você imagina se você não tivesse matado o Quan chi naquela noite. A Sonya implorou pra que você não o matasse e você, movido por essa vingança estúpida, matou Quan chi retardando o processo de desespectrização. Se você o deixasse viver, ele poderia combinar a magia dele com a de Raiden e assim voltaríamos à vida, sem precisar ninguém ficar internado a beira da morte.
Hanzo engoliu seco. Ela continuou:
— Olham quantas coisas você causou pelo seu ego, Hanzo. Você tem grande parcela de culpa pelo estado que a Kitana se encontra agora... Ela poderia estar bem e viva conosco.
Com feição de desalento disse:
— Jade... Eu nunca pensei por esse lado... Eu sei muito bem o que é perder alguém que se ama.
— Sabe tanto que fez outros passarem pela mesma dor. Você matou aquele que eu mais amava...
Jade rompeu em prantos. Hanzo tentava segurar as lágrimas, mas não conseguia. Ele a amparou abraçando-a e Jade não relutou, aceitou o abraço reconfortante.
Eu nunca consegui ver toda essa história por esse lado.
(...)
Depois que Raiden nos ameaçou, caso nós atacássemos o Plano Terreno, ele jogou a cabeça de Shinnok aos nossos pés, em seguida se retirou. Eu e Liu nos entreolhamos, agora éramos imperadores do Submundo.
Não tive coragem de pegar aquela cabeça, Liu já pegou de imediato e saiu com ela, eu logo perguntei:
— Pra onde você vai com isso?
— Vou guarda-la. Quem sabe ele possa voltar.
Respirei fundo e comecei a caminhar pelo palácio, tirei o véu que cobria parte do meu rosto. Cheguei numa das portas que dava para fora e avistei Kung Lao conversando com Jade, aproximei-me deles e estranhei quando fizeram reverência para mim. Eu falei:
— Será difícil me acostumar com essa reverência vinda de vocês.
— Se acostume imperatriz – disse Kung Lao
Notei que Jade estava um pouco séria, perguntei:
— O que há com você, Jade? Parece que não está feliz pela promoção da sua amiga.
Jade me olhava diferente estranho e disse:
— Nunca pensei que você se tornaria a imperatriz do submundo... Preferia que você fosse imperatriz...
— Jade – disse Kung Lao – o que está acontecendo com você?
— Não é nada.
Em seguida ela saiu da minha presença. Kung Lao disse a mim:
— Nesses últimos dias ela ficou estranha. Deixe que eu vá lá falar com ela.
— Não, pode deixar que eu mesma faço.
Comecei a segui-la e a chamei, ela virou para mim, continuei:
— Me diga o que está havendo. Você por acaso quer voltar?
Jade disse:
— Você agora é uma imperatriz, tem muitas preocupações mais importantes que a mim.
Ela deu as costas, mas pude alcançar pelo seu braço, eu disse:
— Você já falou isso para mim uma vez lembra?
— Solte-me, Kitana. Agora as coisas mudaram.
— Pensei que a morte não tivesse alterado a nossa amizade.
— Ela alterou você e muitos daqui. Eu não quero mais ficar assim, odeio esse estado. Quero a vida! Quero ser alguém!
— Mas você é alguém, você nunca deixou de ser minha amiga.
— Desde a última invasão, encontrei-me com Sareena. Conversamos muito e ela me convenceu que isso aqui não é vida, aqui não é o meu lugar.
— Sareena... Ela me paga.
— Você não fará nenhum mal a ela, Kitana. Você já machucou muita gente. Chega!
— Então é isso! Você está me traindo?
— Entenda como quiser. Mas eu tenho fé que eu voltarei à vida sim!
(...)
Tenho certeza que Jade perdoou Hanzo, sempre a admirei pela facilidade que ela tem para perdoar. Resolvi descer as escadas e voltar à sala de espera. Pude ver que todos estavam um pouco alvoroçados, pensei logo:
— Alguém deve ter chegado de longe.
Aproximei-me mais e vi Tomas dando um abraço apertado em Kuai Liang, eu sei que eles sempre foram grandes amigos e não pude deixar de me emocionar ao ver os dois daquela forma. Johnny o cumprimentou e disse:
— Eu pensei que você ia ficar no Lin kuei, Smoke.
— Precisava voltar para a Tchecoslováquia, ir atrás dos meus e começar uma vida nova, mas nunca deixei de visitar o Lin kuei.
— Fico feliz em estar conosco, Tomas. – disse Sonya - Tenho certeza que Kitana ficará feliz em te ver.
— Estou muito feliz em ver todos vocês – disse Tomas com a voz embargada.
Realmente cada um havia seguido o seu próprio caminho, será que vou conseguir? Será que irei embora? Ou vou voltar? Aquela dúvida pairava em minha cabeça e toda aquela indecisão me deixava inquieta.
Fui para a minha ala e fui ver como estava o meu ferimento, ele não doía mais e já estava bem cicatrizado. Agora que eu estava respirando sem a ajuda de aparelhos eu podia ver o meu rosto, estava bem definido apesar de tudo o que já passei. Ouvi alguns passos e pude ver Sub zero entrando com um sorriso no rosto. Sentou ao meu lado e segurou minha mão direita suavemente, de vez em quando limpava as lágrimas que escorriam e com voz embargada disse:
— Kitana... Há tanto tempo eu esperava para dizer isso a você, mas nunca me foi possível. – olhou para os lados e continuou – você não tem ideia como sou louco de amor por você. Eu te amo.
Coloquei a mão na boca, surpresa e sentia uma imensa vontade de chorar. Ele respirou fundo, segurou o choro e continuou:
— Eu nunca te esqueci. Estou disposto a tudo pra te fazer feliz... Não sei o que vou fazer se fores embora.
Dizendo isso, pousou a cabeça no meu colo e chorou. Nisso vi Bo Rai Cho e Raiden vendo a cena do lado de fora, pude ouvir Raiden dizer:
— Com certeza ele já disse para ela sobre seus sentimentos.
— Foi a melhor coisa que ele poderia ter feito.
Em seguida saíram. Sub zero se ergueu, olhou em volta e percebendo que não tinha ninguém por perto disse:
— Sei que pode parecer loucura o que farei, mas preciso fazer isso.
Contemplou o meu rosto, foi se aproximando e deu um singelo beijo em meus lábios, senti algo indescritível naquele momento. Ele ergueu-se rapidamente e respirou fundo.
(...)
Dez meses haviam se passado após a derrota de Shinnok. Eu estava em meu quarto e comecei a planejar uma nova invasão ao Plano Terreno, ouvi alguém bater na porta e pedi para que entrasse. Liu entrou e logo perguntou:
— O que você está fazendo?
— Planejando uma nova invasão.
— Você ficou louca? Não ouviu o que Raiden disse?
— Ah então você acha que não dou conta do Raiden. Não tenho medo dele e nós podemos vencê-lo.
— Olha o que aconteceu com Shinnok.
— Não estou te obrigando a ir, tenho gente mais interessada que você.
Ouvi um ruído de tiroteio fora do palácio. Eu e Liu saímos em disparada e nos deparamos com Stryker e Sindel desesperados, perguntei logo:
— O que está acontecendo?
Sindel disse:
— Raiden descobriu o segredo para resgatar os espectros e estão aí fora.
Um pouco em choque eu disse:
— Vão para fora e eu me asseguro para que ninguém venha me pegar.
— Mas Kitana... – disse Liu
— Vá com eles, eu me cuido.
Descemos as escadas e pude vê-los ir. Fiquei no hall de entrada esperando algum ataque com os meus leques em mãos. Ouvi um barulho na janela e vi um ninja de azul próximo a mim com uma espada de gelo na mão, eu perguntei:
— Sub zero? É você?
— Vim te resgatar, Kitana.
— Vá embora! Ou pode se machucar.
— Não quero ir sem você. Eu creio que você tem saída.
Senti algo por ele tão diferente e indescritível, não queria mata-lo, eu disse:
— Não quero te machucar, por favor.
Ele apoiou a ponta da espada no chão e se ajoelhou diante de mim. Com uma voz calma disse:
— Sou capaz de tudo para que volte a ser humana e deixe essa escravidão.
Olhei para ele e acariciei seu rosto, aqueles olhos de íris esbranquiçadas me passava uma paz... De repente abriram a porta principal, era Kenshi, Sareena e Johnny. Este disse:
— Sub zero, venha conosco depressa.
— E a princesa? – Sub zero perguntou.
Kenshi usou o sento e puxou Sub zero para eles. O grão-mestre apenas gritava:
— Kitana... Eu não desisti de você.
Pus a mão no coração e vi Sindel e Kabal vindo por trás de mim, a feição deles não era nada agradável, Kabal disse:
— Levaram Smoke, Stryker e Jade.
— Jade? – eu disse assustada
Olhei de volta para a porta e os ruídos de guerra já haviam cessado. Liu Kang aproximou-se de mim e perguntou:
— Sub zero veio aqui para resgatá-la não foi?
Eu engoli seco.
(...)
Sub zero havia se despedido de mim e saiu da minha ala, eu estava rindo sozinha de tudo o que estava acontecendo. Agora entendo porque ele fez toda aquela confusão por mim. Aproveitei que a porta estava aberta e sai para ir ver como minha mãe estava. Cheguei ao quarto dela e ela ainda estava inconsciente, olhei-a e comecei a acariciar seu rosto. Abriram a porta e vi Raiden aparecer, ele se sentou ao lado de Sindel, ela abriu os olhos bem devagar e ele deu um pequeno sorriso. Que saudade que eu tinha de ver os olhos castanhos de minha mãe, não pude deixar de sorrir.
Ela olhou para Raiden e perguntou:
— Onde estou?
— Você voltou à vida, Sindel!
Ela deu um sorriso e perguntou:
— E Kitana? Onde ela está?
— Está aqui no hospital em coma.
— Como eu queria vê-la, mas não será possível...
— Por que está dizendo isso?
— Não irei aguentar muito, Raiden.
Senti uma dor em meu coração ao ouvir aquilo dela. Raiden disse:
— Você ficará bem. Voltarás a ver Kitana.
Ela fez um sinal negativo com a cabeça. Raiden tentava segurar as lágrimas, Sindel começou a acariciar o seu rosto, nisso Raiden aproximou o seu rosto do dela e seus lábios se encontraram, ele se afastou dela e ela disse sorrindo:
— Há tanto tempo não recebo um beijo de amor.
Raiden sorriu e disse:
— Não quero que você vá embora, Sindel.
— Oh Raiden! Não posso mais...
Nisso pude perceber que ela começou a gemer de dor, meus olhos se encheram d’agua. Raiden disse:
— Está entrando em agonia.
Mesmo gemendo Sindel segurando a mão de Raiden com força disse:
— Diga a Kitana que a amo muito... Cuide da minha filhinha.
— Sindel...
— Promete que cuida dela?
Raiden já em lágrimas assentiu. Eu já estava soluçando em lágrimas, era uma dor tão grande que tinha invadido o peito que não sei se aguentaria. Sindel parece que aliviou as dores, olhou em minha direção, ela mudou a feição quando me viu... parece que ela estava me enxergando e disse sussurrando:
— Kitana...
Em seguida, pendeu a cabeça para o lado e expirou. Um apito continuo foi ouvido naquele quarto. Raiden em desespero começou a gritar:
— Sindel! Sindel! Não, por favor!
Eu olhava o corpo dela e comecei a gritar de dor, saí do quarto e comecei a correr pelos corredores do hospital. Cheguei próximo a minha ala e caí ajoelhada, gritei:
— Eu não aguento mais ficar assim.
De repente vi alguns enfermeiros e a doutora Angel entrando as pressas na minha ala. Levantei-me e fui ver o que era e Angel disse:
— Houve hemorragia interna, temos que leva-la para a sala de cirurgia.
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