Indômita escrita por CM Winchester


Capítulo 2
Capitulo 1




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Correr! Foi a única coisa que consegui fazer no meio do pandemônio. Fugir. Foi o que consegui fazer. Peguei meu arco e flecha, uma mochila e cai na estrada.

Acho que nos dias atuais todos faziam isso, corriam, se escondiam. Poucos voltavam pra lutar.

Meses e mais meses passando fome e medo. Adaptei laminas no arco para me ajudar na hora de lutar. Eu tinha virado uma guerreira, selvagem. Indômita. Uma maquina de matar zumbis.

Essa era a nova vida, ou você luta ou você morre. Faziam meses, talvez anos. Eu não sabia, tinha perdido a noção do tempo.

No momento parecia uma eternidade minha antiga vida, faculdade, amigos e festas. Era a garota normal que vivia no mundo dos sonhos, casar com um cara bom, me tornar bióloga, salvar os animais em extinção, animais abandonados, animais maltratados.

Então o mundo mudou, os mortos assumiram a terra. Tive que deixar os sonhos de lado para viver, sem príncipes encantados montados em cavalos brancos, sem felizes para sempre. Tudo o que restava era morte e cheiro de morte. Sangue.

Tudo parecia mais um dia normal ate encontrar dois homens. Mirei o homem da besta por que assim teria tempo de acertar o outro depois. Era mais um dia normal em que eu encontrava babacas.

— Espere. - Um deles falou. - Esta tudo bem. Somos amigos.

— Eu já ouvi esse papo antes. - Resmunguei ainda os mantendo na mira.

— Eu imagino. Temos um lugar seguro. Pessoas. Pode se juntar a nós. É melhor que seguir pela floresta.

— Já passei por isso. Mentiras.

— É verdade. Podemos mostrar. Pode se juntar a nós. Ficar aqui fora sozinha não é bom.

— E você por acaso sabe o que é isso?

— Sei. Passamos um inverno correndo. De lugar em lugar. Frio. Fome. Exaustão. Esta sozinha?

— Procuro não ficar com pessoas. Melhor sozinha do que mal acompanhada.

— Então siga seu caminho moça. - O cara da besta resmungou.

— Espere. - O outro falou. - Venha com nós e observe. Fique um dia depois vá embora.

Eu não sabia o que fazer. No que acreditar. Seria ótimo descansar, dormir em um teto só um dia para variar. Mas como eu poderia acreditar nisso? Já acreditei uma vez e me dei mal.

O homem ergueu as mãos e se aproximou, o mantive  na mira enquanto observava seus passos incertos.

— Estou confiando em você ao convida-la para dormir no mesmo lugar que minha família. Pode acreditar em mim?

— Desculpe, mas não. - Respondi.

Ele assentiu. Virei a flecha para o cara da besta que estava se aproximando.

— Daryl. - O cara falou lançando um olhar para o outro.

Uma respiração profunda tentando se acalmar e a besta foi abaixada. Seus olhos azuis me encararam.

— Eu não iria atirar em você.

— Mas eu vou se você se mexer. - Retruquei.

Ele sorriu.

Seus olhos me analisaram. Meus cabelos negros estavam meio presos, eu estava magra, mas ainda tinha algumas curvas. Vestia uma calça verde escuro com bolsos nas coxas, blusa preta de mangas compridas e botões na gola, jaqueta de couro preto e coturno. Tinha os olhos negros e quando sorria o que eu não fazia a muito tempo, apareciam covinhas em minhas bochechas.

— Sou Rick e esse é Daryl. Vivemos em uma prisão mais a frente. Tem um bom numero de pessoas. Um bom lugar para morar se quiser.

Abaixei o arco. Limpei a flecha na roupa do zumbi caído no chão depois a coloquei na aljava de novo. Encarei eles sem muita escolha, sem saber o que fazer.

— Vão na frente.

Rick assentiu antes de sair caminhando. Daryl ficou me encarando, revirou os olhos depois saiu atrás. Os segui ate a tal prisão. Sim, tinham pessoas no enorme pátio.

Alguns zumbis nas grades. Entramos por um portão. Olhei para aquelas pessoas. Pareciam felizes. Todos estavam me encarando. Um coreano e uma garota de cabelos escuros se aproximaram.

— Tudo bem? - O coreano perguntou.

— Sim. Encontramos ela na floresta. - Rick respondeu me lançando um olhar por cima do ombro. - Venha.

Eu o segui ate o bloco de celas.

— Tem chuveiros e um lugar para dormir. Não tem agua quente ou conforto.

— Já é alguma coisa. - Observei o lugar. - Já me enfiei em cada buraco. - O encarei de volta. - Vai confiar em mim assim?

— Acho que posso confiar.

— Apontei uma flecha para você.

— Acho que você é uma garota que esta tentando se defender do mundo, não uma assassina.

— Era psicólogo antes disso?

— Xerife. - Respondeu depois sorriu. - Muito assustador?

— Já enfrentei dezenas de zumbis acho que nada me assusta mais. - Assentiu.

Ele me apresentou as pessoas dali. Pareciam receptivos.

Mas eu não podia baixar a guarda.

— Pode dormir no nosso bloco de celas. - Maggie comentou me observando. - Vai gostar daqui.

— São muitas pessoas. - Falei sem tirar os olhos das pessoas.

— Sim. Resgatamos.

— Querem criar uma comunidade?

— Acho que podemos fazer algo assim. Salvar o quanto puder. Por muito tempo achamos que não existia mais nada. E olha só o que temos. - Apontou para o lugar. - Quando chegamos aqui, estava cheio de zumbis. Nós limpamos tudo. Nossa família. Queríamos um lugar bom para morar, passamos o inverno na rua. Correndo de um lado para o outro. Tinha uma gravida com nós. Fizemos o possível e o impossível por ela e o bebe.

— Mas ela não sobreviveu. - Terminei a historia por ela enquanto a encarava.

— Nunca achei que teria que fazer um parto. No meio do caos. Tive que cortar a barriga dela. É algo que eu nunca vou esquecer.

Eu não sabia por que ela estava me contando essas coisas. Se ela queria que eu confiasse neles ou só por que gostava de tagarelar.

— Não existe só esse lugar grande com pessoas. - Falei. - Já passei por outro. Acredite as pessoas são ruins, Maggie.

— Eu sei. Perdemos muito para chegar ate aqui. Tivemos um confronto com o Governador há poucos dias. A maioria dessas pessoas eram de lá.

— Governador?

— Sim. O conheceu?

— Infelizmente. - Murmurei olhando em volta.

Parecia que eu não poderia fugir do passado.

— Posso fazer algumas perguntas. - Rick se aproximou com Hershel. - Qual seu nome?

— Elena.

— Quantos zumbis?

— Quantos zumbis o que?

— Quantos matou?

— Todos que encontrei pela frente.

— Por que?

— Se eu não os matar, eles vão matar outras pessoas ou infectar.

— Quantos homens?

— Humanos? - Assentiu. - Alguns.

— Por que?

— Para não fazer com outros o que fizeram comigo.

Ele não precisou perguntar mais nada. Somente assentiu.

— Mas acabei de saber que deram cabo do resto. Dos homens do Governador.

— Você conheceu o Governador?

— Matei quatro homens dele. Deixei o General vivo para dar o recado. Ele me caçou por uns dias pela cidade, mas consegui escapar. Merle não tinha muita inteligência.

— O que você disse do meu irmão? - Daryl se aproximou me deixando surpresa.

Sua expressão tinha raiva, magoa, tristeza.

Ergui o queixo para olha-lo nos olhos.

— Que Merle era um idiota. Quebrei a cara dele uma vez. Mas poupei sua vida por que ele achou repugnante o que seus capachos fizeram comigo.

Eu não tinha vergonha do que aconteceu. Sentia raiva por confiar nas pessoas. Naquela porcaria de lugar. Achar que existia algum lugar seguro no mundo.

— Você quebrou a cara de Merle?

— Sim. Muita coragem para latir, mas não quando se tem uma arma apontada para sua cabeça. - Sorri. - Como qualquer valentão. Querem achar que são melhor que alguém, mas no fundo não passam de idiotas querendo chamar atenção para si.

— Ele te deu um pé na bunda?

— Prefiro beijar um zumbi do que aquele idiota. E falando nele onde ele esta? - Olhei em volta. - Pode dizer para ele que eu não guardo rancor. - Sorri.

— Ele esta morto. - Daryl resmungou e meu sorriso sumiu. - Morreu para nos salvar, nos dar tempo para contra atacar o Governador.

— No fim ele se redimiu. - Murmurei. - Sinto muito pela sua perda.

Era a mais pura verdade.

Virei as costas e entrei no bloco de celas. Eu precisava respirar, precisava pensar com clareza e ficar olhando aqueles olhos azuis não ajudava.

Tinha algo naquele idiota que me deixava intrigada. Na verdade era mais que intrigada. Não sabia decidir se gostava ou não dele.


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Notas finais do capítulo

Oie! Aqui estou eu com mais uma. Como já disse essa historia será mais longa que as outras. Espero que gostem.
Queria agradecer a Khaleesi e Laís Marques por favoritarem Recomeçar. Espero que leiam essa historia também. E para quem chegou agora. Se quiserem ler Marcados, Reconstruir e Recomeçar, outras historias com nosso amado caçador, ficarei muito feliz. Bjs CM.



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