Bakugou suspirou cansado. Era final de tarde e o céu estava lindo com as cores da refração da luz através do Sol que sumia no horizonte. Tudo indicava que seu turno tinha se encerrado e o loiro não poderia estar mais aliviado após um dia com tanta agitação. No entanto, era tudo que sempre quisera e não tinha o que criticar, pois amava aquele cansaço que sua profissão trazia.

Sua classificação no ranking de heróis subia cada vez mais. Por esta razão, por onde passava os civis o conheciam e o cumprimentavam. Ao mesmo tempo que o conheciam e o admiravam, esqueciam que aquele era Ground Zero, ele não iria responder àquelas pessoas. Era sua personalidade e as pessoas sabiam disso, não havia razões para ficarem chateados, mas a frustração era inevitável.

Mesmo vendo os outros sendo ignorados, aquela criança não conseguiu evitar correr até seu herói favorito assim que o viu.

— Ground Zero! — gritou puxando a calça do uniforme do loiro.

Katsuki suspirou e virou-se para poder dar a devida atenção ao seu mini fã.

— O que houve? O gato comeu sua língua? — o profissional questionou após alguns segundos de silêncio. O garoto estava visivelmente nervoso, deveria ter uns dez anos, presumiu o homem.

— Eu sou gay. — foi a única coisa que ele disse e Bakugou sorriu.

— Eu também. — respondeu, mesmo tendo conhecimento que a criança já sabia daquilo. Afinal, seu relacionamento com o herói profissional Red Riot não era segredo para ninguém, pois desde que decidiram assumir mostrava a todo instante o quanto se amavam. Então, se abaixou e afagou a cabeça do garoto. — E não há nada de errado nisso, mas as pessoas não entendem.

— Sim... — ele concordou triste, mas ainda sorriu. — Eu quero crescer e ser corajoso igual você.

Bakugou arregalou os olhos em surpresa para em seguida dar risada. As pessoas ao redor estranharam toda aquela interação vinda de Ground Zero.

— É difícil ser corajoso sozinho, sabia? Procure pessoas em quem você possa confiar. São eles que te ajudarão a ter coragem. — viu o garoto concordar com a cabeça.

— Obrigado, Ground Zero.

— Obrigado pelo seu apoio. — retribuiu o herói. — Agora vá para casa, está ficando tarde.

— Sim. — assentiu e viu o pré-adolescente lhe dar as costas para ir embora.

Assim que chegou a agência que trabalhava foi bombardeado de perguntas sobre sua interação com um pequeno fã que já era o assunto mais comentado do Twitter naquele momento.

— Eu não tenho nada que me explicar para ninguém. — foi a única coisa que respondeu a todos e foi se aprontar para ir embora para casa.

Quando entrou em seu lar e encontrou Eijirou, a primeira coisa que fez foi abraçar o ruivo e respirou fundo, inspirando o perfume do namorado.

— Dia longo? — Kirishima perguntou retribuindo o abraço.

— Sim. — o loiro concordou. — Você viu as notícias?

— Sim. Você gosta bastante de crianças.

— Acho que sim. — respondeu sem dar importância a ideia. — Ele me parou só para dizer que era gay.

— Ah... — foi a única coisa que Eijirou conseguiu responder.

— Eu achava que termos avisado ao mundo que somos namorados foi a melhor coisa que fizemos. — Kirishima ficou confuso com as palavras do namorado. — E hoje eu tive a certeza. Somos inspiração para alguém em algum lugar, Eiji... Representamos várias pessoas... Enfim, eu te amo, Eijirou.

O ruivo ficou surpreso com a confissão ao final e sorriu pensando que teria ficado envergonhado com aquilo há alguns anos. 

— Eu também te amo, Tsuki. E é incrível saber que nosso relacionamento significa algo além do nosso amor para nós mesmos. — confessou e beijou o namorado.

Ambos extremamente orgulhosos das próprias escolhas da vida.