Corvos escrita por Tsuki Dias
Corvos
Ao longe, tão longe, ouve-se então,
Um bater de asas de escuridão.
Granares agudos com intensidão,
Cantam, coro, num maldito sermão...
Do bico escuro se ouve o granar:
“Morra! Morra! Morra!”
Tão pobre, tão pálida, coitada da Lua!
Assistindo, cansada, o corpo cair.
Velando, fria, a morte presente,
E vermes, ligeiros, começando a surgir...
Ao longe, se ouve o corvo granar:
“Morra! Morra! Morra!”
Deitado á terra, entregue á escuridão,
Na noite fria, no corpo inerte, sem vida...
Os vermes, famintos de carne fresca,
Devoram e aos poucos levam á podridão
Ao longe, bem perto, se ouve o granar:
“Morra! Morra! Morra!”
Oh! pobre corpo pútrido!
Sucumbido ao beijo da morte!
Talvez em vida fosse iludido,
Depois de morto, entregue á sorte!
O canto sombrio se ouve do granar:
“Morra! Morra! Morra!”
Qual revoada, sombria e faminta,
As asas negras se põem a bater.
Pousam no sangue seco do chão,
E restos do corpo se poem a comer.
Agora, que pena, não há mais o granar:
“Morra! Morra! Morra!”
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