Quarto mês de 2044 e o mundo gira em torno de uma tecnologia altamente avançada, e bom, ainda sou um estudante do oitavo ano no colégio, meus amigos sempre vivem jogando um jogo chamado Digimon Game Online, eu particularmente não tenho nada contra jogos online, mas também não sou fã e não me preocupo com isso.

— Shu, Shu, rápido levante-se! - Fui acordado por minha mãe como quase todos os dias.

— Mãe, ainda são sete da manhã. - Esta é minha mãe seu nome é Megumi. Mulher alta de longos cabelos negro e olhos escuros.

— Exatamente, vai perder a prova de matemática que você tem hoje! - Quando abri os olhos lentamente me lembrei de que o que ela havia dito era realmente verdade.

— Você tem razão... Ainda é sexta. - Me levantei calmamente, não me preocupo muito com escola. Quando eu tinha cinco anos meu pai morreu e me deixou com minha mãe, ele colocou grande parte da sua herança em meu nome, e não sei quantos zeros tinha na parte em dinheiro. Anos depois minha mãe se casou de novo com um homem chamado Ken e é um bom padrasto, também chegou um novo membro na família, o pequeno Dan, ele tem apenas quatro anos.

Arrumei-me com calma e tranquilamente sem me preocupar se chegaria atrasado à escola, era apenas algumas quadras da minha casa e a prova é no ultimo horário então se eu chegasse na segunda ou até mesmo na terceira aula não faria nenhuma diferença. Me olhei no espelho, arrumei meus fios de cabelo loiro que puxei de meu pai, vesti meu uniforme de cor branca com um símbolo, uma calça jeans e um óculos na cabeça e meu tênis preto e percebi que estava pronto para ir.

Fui andando tranquilamente pelas ruas e ao olhar para o céu vi uma imagem de um anjo gigantesco e com o susto esfreguei meus olhos para ver se tinha sido verdade e quando voltei a olhar pensei que tinha sido minha imaginação, pois o céu estava limpo novamente.

Quando cheguei à escola a diretora falou algumas coisas na minha cabeça até que finalmente me liberou para subir até a sala, mas quando o fim do segundo horário chegou, teria a troca de professores e neste tempo aproveitei para me acomodar na minha carteira que é a última da primeira fila. Na minha frente senta meu melhor amigo o Hiro, ao meu lado a Hina e na frente dela a Ayumi, a garota que amo desde meus seis anos de idade, mas infelizmente o sentimento não é reciproco. Hiro e Hina são irmãos e como a Ayumi eu os conheci aos seis anos de idade e desde então nós quatro somos grandes amigos inseparáveis, o grande problema é que são jogadores do DGO, ou, Digimon Game Online, e como eu não jogo às vezes fico por fora dos assuntos.

— Está atrasado de novo Shu! - Hiro sorriu para mim.

— Eu ainda estou morrendo de sono... - Deitei minha cabeça na mesa e fechei os olhos.

— Começou a jogar DGO? - Perguntou com os olhos brilhando.

— Claro que não.

— Então por que este cansaço? - Murchou após minha resposta.

— Eu tive um sonho estranho, ou melhor, um pesadelo estranho e acordei várias vezes a noite. - Fez uma cara de curioso. - Infelizmente não me lembro do pes...

— Com licença senhores, mas vão ficar conversando ou copiar a matéria? - Perguntou à professora que já havia digitado a metade do quadro de matéria. Seu nome era Serena, ela dava aula de ciências naturais e para piorar tem um bom relacionamento com meus amigos somente por jogarem DGO.

— Desculpe professora. - Comecei a copiar a matéria em meu caderno virtual.

— Quando começar a jogar me avisa! - Sorriu para mim e revirei os olhos.

Quando o terceiro horário acabou as garotas vieram conversar com nós dois que até então lanchávamos na sala de aula.

— Oi garotos! - Ayumi tem cabelos longos e castanhos, olhos da mesma cor do cabelo pele clara e um pouco mais baixa que eu.

— Estão sabendo da novidade? - Hina tem a mesma cor de cabelo do seu irmão gêmio, pretos e olhos escuros também, seus cabelos são longos iguais os da Ayumi.

— Que novidade?

— Vão sortear cinco contas no DGO hoje, cada uma terá um Digimon com uma habilidade especial. - Toda vez é esse papo.

— Eu ouvi falar sobre, mas não levei fé, parece mais um boato estranho.

Tive que ouvir sobre isso até na hora de ir embora e finalmente cheguei a minha casa e fui para meu quarto, troquei de roupa e pus meu uniforme no local para que minha mãe levasse-o para lavar. Deitei na minha cama sem nada para fazer e meu robozinho estava lá me perguntando se eu desejava algo, mesmo que seja um robô e tenha uma programação sinto que ele tem sentimentos por isso dei um nome a ele que é Wl.

— Wl, o que você acha do DGO?

— Tenho que verificar na internet sobre o jogo, logo trarei informações.

— Certo... - Me levantei e fui assistir TV, Dan estava lá assistindo desenho. Meu padrasto Ken estava no trabalho desde as seis e só voltava as dezoito, é uma grande carga horária, mas ultimamente seu trabalho tem exigido muito dele, já a minha mãe sai às três que é o horário que chego da escola e só volta às onze da noite, por isso eu tenho que ficar como babá do Dan. - Ei pequeno quer comer alguma coisa? - Ele assentiu e fui pegar algum lanche para comermos enquanto passava o desenho, sou como uma criança e assisto.

Enquanto preparava o lanche, na TV passou uma propaganda sobre o DGO e agora até em casa tenho que ouvir falar sobre o jogo, eu mereço. Falava sobre o capacete que era a nova novidade, você iria para dentro do jogo, antes era apenas um óculos com o mesmo efeito, a diferença é que o capacete pode te fazer sentir os toques. Assisti os desenhos com meu irmão até que o Wl chegou perto de mim.

— Senhor eu pesquisei na internet e tem comentários tanto positivos quanto negativos e o único modo de descobrir é jogando o DGO.

— Certo. Dan quer dar uma voltinha na rua? - O pequeno concordou e coloquei o Wl em modo de descanso quando peguei meu irmão e logo após tranquei a casa com minhas digitais, sai com meu irmão pela rua, iria comprar o capacete para poder jogar o DGO, se não gostasse o venderia para o Hiro por um preço adequado para ele.

Cheguei até uma loja e avistei o capacete, fiquei olhando para eles por alguns minutos enquanto carregava meu irmão que tentava agarrar uma pelúcia de um Digimon. Suspirei e peguei da prateleira, levei até o caixa, coloquei a minha senha para comprar.

Após voltar para casa com o capacete, meu irmão ficou assistindo TV junto comigo até que o Ken chegou. Deixei o capacete guardado no meu quarto, sou uma pessoa de sorte quem sabe eu conseguia o Digimon premiado para começar o jogo com um bom monstrinho.

 - Sua mãe é um pouco desnaturada, ela deu comida ao seu irmão?

— Sim, dessa vez ela não esqueceu, também preparei um lanche de tarde para ele. - Ken trabalhava como diretor geral em uma empresa de jogos.

— Sua mãe me avisou que só volta amanhã para casa, vai querer uma pizza? - Assenti.

Recebi uma mensagem no celular e fui para meu quarto para lê-lo sossegado. Era uma mensagem da Ayumi e dizia “Vi vc na loja de jogos hj e comprando um capacete vc vai começar a jogar o DGO?” bufei, sinceramente não queria que alguém me descobrisse. Respondi que iria começar depois da janta para tentar ganhar a conta do sorteio e se eu gostasse do jogo prosseguiria com ele, mas só se eu gostasse mesmo, é bem difícil um jogo me agradar.

O tempo foi passando e finalmente a hora chegou, coloquei o capacete e de repente estava dentro de um local estranho. Era tudo branco e de vez em quando algumas flashs de cores passavam por mim, estava dentro de um cilindro que levava até algum lugar que não tenho ideia de onde seria. Um painel virtual apareceu, me pedindo os requisitos necessários para a conta e os preenchi perfeitamente e quando terminei um grande luz imensamente branca me impossibilitou de ver o que estava acontecendo. Quando minha visão voltou estava em uma sala estranha, olhei para meu corpo e era exatamente idêntico ao da Terra, na sala estava dentro de um tubo de luz e sai de lá rapidamente com medo, desci as escadas já que era o único local, tinha uma passarela que levava até uma porta cinza, aos lados não era possível visualizar o chão e a cima o teto estava bem longe.

Segui até a porta e uma mulher me atendeu.

— Olá senhor, qual digitama desejaria escolher? - Tinha centenas de ovos e cada um com cores diferentes, alguns eram listrados e outros em bolinhas. Um , estranhamente, me chamou a atenção era um ovo listrado em amarelo.

— Este senhora.

— Ótimo, seu Digimon foi registrado logo ele nascerá, lembre-se de ir a Palmon todos os dias para pegar um kit lanche para servir ao seu Digimon durante o dia, Jijimon está na prefeitura e te dará todas as informações necessárias, Agumon está no banco para você poder depositar os itens que não cabem na sua mochila, Patamon e Pyomon no shopping onde você pode comprar itens, Centauromon está no hospital para curar seu Digimon quando necessário, Graymon estará em um salão de duelo para poder registrar seu digimon na fase campeão em diante. Boa sorte! - Sorriu para mim e não entendi nada.

— Senhora o que eu faço quando atravessar aquela porta? - Ela continuou sorrindo.

— Boa sorte!

— Senhora eu te fiz uma pergunta!

— Boa sorte! - Isso estava me estressando.

— Ela é um NPC  – Ayumi de surpresa apareceu e riu de mim que fiquei sem entender. - Ela é apenas programada para dizer isso e só. - Atrás da Ayumi chegaram a Hina e o Hiro.

— Olá senhora, qual ovo desejaria escolher? - Disse para Ayumi que pegou um em bolinhas azul e depois de um painel aparecer em sua frente ela escolheu a opção sim, pois tinha uma pergunta que dizia: Deseja pular as informações? Quando reparei o mesmo painel estava na minha frente e também escolhi sim.

— Enquanto os dois fazem o que tem de fazer venha que te mostrarei o Digimundo! - Sorriu para mim e fui a seguindo.

Atravessamos uma porta e chegamos a um local chamado Azuka City, era uma cidade bem bonita, tinha vários locais para se visitar como uma casa com a placa INN entre outras, e tinha uma seta que indicava o campo de treinamentos.

— Venha comigo e levarei você até onde chocaremos o digitama. - A segui e entramos na casa com a placa INN.

— Olá visitantes o que desejam? - Um gatinho branco que andava em duas patas, com um rabo longo e duas luvas nas mãos onde tinha três garras bem grandes em cada, nos atendeu.

— Queremos o local para chocar nossos digitamas. - A gatinha assentiu e nos levou até um lugar onde tinha outros jogadores com digitamas em contagens regressivas de dez a zero. - Essa Tailmon também é um NPC, aqueles ali são jogadores que começaram a jogar agora. - Olhei para cima e vi outros andares.

— E aqueles lá em cima? - Apontei para outras pessoas.

— São jogadores que adquiriram outros digitamas durante o jogo, isso é bem raro. Observei que não passam de dez jogadores lá em cima diferente daqui que a tem centenas. - Lá em cima eram apenas mais dois andares e os jogadores estavam acompanhados de seus digimons e com um digitama com uma contagem de horas no segundo andar e no terceiro de dias.

— Podem colocar seus digitamas aqui! - Sorriu para nós dois e o fizemos.

Dez segundos depois um monstrinho parecido com uma água viva surgiu o que me surpreendeu. O digitama da Ayumi se tornou um bichinho vermelho com três coisas esquisitas na cabeça que se assemelhavam a chifres.

— Este é meu Punimon! O meu digimon digivolve com forme o treinamento que eu der a ele.

— Estou com uma dúvida, nossa conta foi sorteada ou não?

— Provavelmente não, teria avisado se tivesse sido.

— Olá pessoal - O ovo do garoto era um azul cheio de listras e o da Hina estava cheio de bolinhas azul e rosa.

— Podem ir à frente que iremos colocar nossos ovos para chocar ainda. - Assentimos.

— Vem, vou te levar até onde deve treinar os digimons. - A segui e chegamos a um local cheio de jogadores, e assim que pisei um balão apareceu em cima do meu Digimon que até então eu estava segurando. - Seu Digimon está com fome, não vai alimenta-lo? - O balão tinha um desenho de carne dentro dele.

— O que eu faço eu não tenho comida.

— Vamos até a Palmon. - Chegamos até um local onde tinha dez bichinhos esquisitos, todos idênticos, verdes e com uma flor rosa na cabeça.

— Que esquisito.

— Eu sei. - Sorriu e se aproximou de um Palmon. - Eu vou querer meu kit lache Palmon!

— Claro Ayumi, aqui está.

— Ela não deveria ser uma NPC? - Assentiu. - Então como sabe seu nome?

— Ela é uma NPC, mas os digimons NPC tem vida livre, ou seja, podem interagir com os jogadores em conversas online e grupos de chat. - Até agora o jogo não parece ser muito difícil. - Rápido alimente seu Digimon! - Peguei o kit lanche e depois deu uma ração ao meu monstrinho que disse algo parecido com um “Poyo Poyo” de forma alegre. -  Lembrando que esse balão de fome do seu digimon apenas aparece enquanto ele estiver nessa fase, já que ele não consegue falar. Certo agora, podemos continuar a jogar? - Assenti e comecei a andar e de repente o Wl apareceu no meu ombro.

— Senhor o horário chegou! - Ele estava falando do horário que o programei para me avisar.

— O que ele faz aqui? - Olhou estranho.

— O mandei me avisar vinte minutos após eu entrar no jogo, o conectei ao capacete para me avisar. Bom por hoje é só, depois de acordar jogarei mais para entender melhor. - Ayumi assentiu, o jogo parecia correr no mesmo horário do nosso mundo afinal dentro do jogo o céu estava escuro e nem assim os jogadores paravam de jogar.

Tirei meu capacete e sorri, acho que estou começando a gostar desse jogo.

Autor POV

Shu entrou no jogo, mas não tinha noção que sua entrada no jogo trouxe algo para esse mundo também, seu celular havia mudado e ao lado dele o próprio digimon estava lá.