Blues escrita por prongs


Capítulo 1
U: me and them lonesome blues collide


Notas iniciais do capítulo

One-shot curtinha, escrita em menos de uma hora (perdoem os erros, tá tarde) sobre um Scorpius e uma Rose num relacionamento à distância, inspirada no meu próprio relacionamento (QUE PIADA CÓSMICA A MINHA VIDA) e FORTEMENTE no álbum Blue da Joni Mitchell. Boa leitura! :)



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Scorpius? Scorpius, você consegue me ouvir?”

Ela suspirou, frustrada, pela milésima vez e tentou bater na tela de seu notebook como se isso fosse fazer a imagem de seu namorado descongelar, mesmo sabendo que não faria diferença alguma. Ela passou uma das mãos pelos cabelos ruivos, já bagunçados, e sentiu vontade de chorar. E de gritar. E de jogar aquele computador estúpido na parede de seu pequeno apartamento. Tudo ao mesmo tempo. 

Aquela era uma cena comum na vida de Rose Weasley.

Desde que ela havia se mudado para Vancouver, há exatos 7.573 km de Londres, onde se namorado morava, as coisas tinham se tornado um pouco… difíceis, para dizer o mínimo. Ela amava estudar no Canadá, e o programa de comunicação deles era melhor do que os das melhores universidades de Londres, então claro que ela tinha ido para lá; mas Scorpius tinha ficado na Inglaterra, cuidando de sua mãe e trabalhando.

Ela já estava há oito meses sem ver ele. Seu plano original era voltar para casa durante o verão, mas ela tinha conseguido um estágio incrível numa empresa famosa e não poderia mais fazer isso. Então ela passaria mais tempo sem vê-lo. E o fuso horário dele era particularmente infernal, a internet na sua casa era horrível, e ligações eram muito caras, e ele não tinha dinheiro o suficiente para ir visitá-la. Então ela se contentava com mensagens durante o dia, ligações à noite e encontros improvisados no Skype ou no Facetime.

Vamos assistir um filme, ela dizia, mas ele não estava a fim, tinha tido um dia longo e cansativo e já era muito tarde em Londres.

Quer cozinhar comigo?, mas ele nunca tinha os ingredientes certos em casa.

Vamos fazer testes do Buzzfeed!, mas ele tinha que sair de casa daqui a vinte minutos.

Naqueles dias, ela sentia vontade de chorar e se perguntava como achou que aquilo iria dar certo. Quando ele tentava fazer uma chamada de vídeo com ela, mas ela não conseguia ver ele muito menos ouvir nada do que ele estava dizendo, ela suspirava, e noites que deveriam acalmá-la com sua voz favorita no mundo lhe deixavam estressada e cansada. 

Sentir a falta dele pelos lugares da casa era a parte mais difícil; ele nunca tinha estado no minúsculo flat que ela dividia com uma de suas colegas da universidade, mas mesmo assim, a cama de Rose parecia gigante, principalmente nas manhãs. Ela sentia falta de acordar com os braços de Scorpius a esmagando. Sentia falta dele ao preparar o café da manhã e lembrar que french toast era a comida favorita dele em dias de chuva. Naqueles dias, a ausência dele parecia sufocá-la como uma nuvem cinzenta enorme em cima de sua cabeça, lhe dando sua própria chuva depressiva particular.

E, Deus a perdoe, Rose tinha medo. Ela confiava em Scorpius mais que tudo, mas isso não impedia que seu coração doesse ou que seu cérebro criasse mil cenários de desastre quando ele passava muito tempo sem mandar notícias, ou quando suas mensagens eram vagas, ou quando ele mencionava alguma garota que, na opinião dela, era muito mais bonita que ela. Seu cérebro sabia que seus sentimentos eram absurdamente irracionais, que ele jamais faria nada e que ela só estava sendo insegura (e provavelmente de TPM) como sempre, mas ela sempre lhe mandava a mesma mensagem quando aqueles sentimentos surgiam:

 

você ainda me ama?

 

E ele sempre lhe respondia:

 

como eu poderia não te amar?

 

Scorpius era Scorpius, e ele sempre fazia ela se esquecer de tudo que lhe deixava triste.

Como no dia de seu aniversário, no começo de maio, quando ele mandou para ela um pedido enorme pelo Uber Eats com seu lanche favorito do McDonalds, junto com vários donuts e potes de sorvete de seus sabores prediletos. Além disso, ela recebeu uma carta dele junto com várias fotos de encontros deles com códigos do Spotify para músicas que faziam ele se lembrar dela no verso das fotografias, e naquela noite, ele a ligou e eles assistiram Roman Holiday juntos, o filme que Rose mais amava no mundo.

“Um dia eu vou te levar pra Roma, Rosie”, ele dizia com aquele sorriso perfeito, e tudo ia embora.

Em dias especialmente horríveis, onde ela sentia saudade de casa, se sentia impotente e inútil, e tudo o que ela queria fazer era ficar na cama e assistir Grey’s Anatomy, ele lhe mandava mensagens o dia inteiro, perguntando como ela estava, se ela queria fazer algo junto a ele, se não era uma boa ideia ela sair de cama e ir tomar um banho e comer algo que não fosse chocolate. Ele tomava conta dela mesmo de longe e ela não sabia como ele fazia isso. E então Scorpius ligava antes que ela fosse dormir e a fazia rir como ninguém conseguia, e ela se apaixonava novamente e se lembrava por que ainda estava fazendo isso.

Dezembro chegou e Rose conseguiu comprar passagens para visitar a Inglaterra durante o recesso de Natal da faculdade, e ela mal conseguia acreditar que depois de mais de um ano ela veria Scorpius. De verdade. Sem pixels, sem telas travando, sem suas frases serem cortadas no meio da ligação, sem ter que sentir a dor de querer abraçá-lo e beijá-lo e não poder fazer nada. Ela poderia finalmente passar as mãos pelos cabelos loiros dele, sentir o cheiro do perfume de sândalo e patchuli dele, poderia beijá-lo. Parecia um sonho.

No avião, ainda sentindo as agulhadas do frio de inverno em sua pele, ela respirou fundo e pensou sobre como o pensamento de Scorpius sempre lhe trazia tristeza, mesmo quando ele a fazia extremamente feliz. Sempre havia a ferroada de não poder tocá-lo, não poder mostrá-lo o quanto ela lhe amava, de poder quase tocar a distância entre eles. Ouvir a voz dele dizendo baixinho, com a orelha grudada ao telefone, o quanto ele sentia falta dela, era como ouvir seu próprio coração se quebrando em pedaços.

A visão de Scorpius, com um buquê de rosas nas mãos e um sorriso tímido no rosto, usando o suéter favorito de Rose, parado do outro lado do portão de desembarque no aeroporto, fez ela soltar o fôlego que parecia estar segurando desde o outono passado, quando havia se despedido dele naquele mesmo lugar. Ela se jogou nos braços do loiro e deixou-se desmanchar no corpo dele, sentindo seu calor unir-se ao seu próprio, ouvindo a respiração dele descompassada perto de seu ouvido, sentindo seus lábios contra os dele ao beijá-lo. Eles estavam ali, finalmente, verdadeiramente juntos.

“Eu senti sua falta”, Scorpius disse, e simples assim, ele conseguia manter toda a tristeza que Rose sentia afastada.


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Notas finais do capítulo

Espero que não tenha sido uma história necessariamente triste, não era exatamente a minha intenção, quis mais mostrar toda a dificuldade e os sentimentos conflitantes dessa situação. Obrigada por ler e lembrando que comentários são muitíssimo bem-vindos!



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