Compaixão escrita por AliceStrife


Capítulo 1
Insônia


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Como estão?

Estou há alguns anos aqui no Nyah e nunca postei nenhuma fic. Sendo assim, resolvi apresentar a vocês minha one-shot Reylo!

Espero que gostem!

Boa leitura ⭐



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Kylo senta-se bruscamente sobre os lençóis escuros que cobrem sua cama. Hoje não sente sono. Aliás, desde a última vez que a viu, seu sono nunca mais retornou, sendo a insônia sua maior companhia noturna.

Companhia.

Instintivamente, seus olhos miram a própria perna.

Ela o tocara. Sem medo, sem ressentimentos, durante a luta mais importante de suas vidas, ela lutara ao seu lado –, Snoke estava morto, o sabre de Luke em suas mãos, ele nunca esqueceria aquele olhar de fascínio sobre si, a primeira vida que de fato salvara. E Rey tocara nele, com aquela mão cálida, que por muito tempo vasculhou os desertos de Jakku, para que pudesse sobreviver.

Mas Kylo não teve chance sequer de receber uma explicação de tal ato, ambos sentiam a sincronia de seus movimentos e atitudes contra os guardas. Ele sentiu algo desconhecido em seu âmago, contaminando-o.

Compaixão?

Por mais que não queira admitir, talvez o Supremo Líder estivesse certo.

A garota do deserto o enfrentou desde o primeiro momento, nunca cedendo as suas ameaças e enfrentando-o como ninguém ousara antes.

Rey o poupara duas vezes de morrer. Na primeira, que teve como resultado a marca em seu rosto que não o deixaria esquecê-la, ele tinha suas dúvidas: se o abismo não os tivesse separado, ela o teria matado? Diligente ou lento e dolorosamente? Ben nunca saberia. Rey estava diante dele, que estranhou a expressão e o sentimento contido em seus olhos. Ele matara Han Solo e percebeu o grito sofrido dela, no entanto, seus olhos não possuíam aquele ódio e determinação de quando ela o enfrentava e o chamava de monstro. Apenas dor. Não só pelo falecido, mas por ele, talvez?

Na segunda vez, ela novamente o surpreendeu, gritando seu nome – seu verdadeiro nome –, e sem hesitar jogando o sabre de seu tio para que pudesse se defender do último guarda. Ben sentiu três coisas naquele instante: surpresa, alívio e... Ele não soube explicar o último.

Suas mãos suavam dentro das luvas, – pretas, como toda a sua vestimenta – a esperança de tê-la ao seu lado definitivamente criando raízes em seu peito, enquanto estendia uma delas para Rey. Perguntava-se frequentemente o porquê do ato. Poderia ter simplesmente feito a proposta de maneira mais convencional.

Mas Ben queria sentir Rey. Em carne e osso, sem nenhuma distância os separando, sem interferência da Força. Apenas ele, ela e o sentimento que os rodeavam. A vontade era maior do que tudo. Maior do que suas ambições.

"Você não é nada", ele dissera, "mas não pra mim".

As sobrancelhas se unem, formando um vinco em sua testa. É inadmissível que se permita sentir qualquer afeição por tal mulher, que o rejeitara!

Por que o rejeitara? Não era capaz o suficiente? E de novo, Kylo não sabia. Tecnicamente, ele não rejeitara a proposta de Rey de ajudá-lo com seu conflito. Mas, se ela pedisse em voz alta, como ele fizera, quase implorando para seguir com a Resistência, teria dito sim?

Ele hesitou por uma fração de segundos, “Não!”, pensa.

Ben percebe que está a alisar a coxa nervosamente, onde a mão dela esteve, acalmando-se. Como seria aquele toque em outras partes de seu corpo?

Ele retira a luva e afaga seu rosto, sobre a marcação em sua face. Fecha olhos absorto, imaginando a mão dela deslizando por sua pele, com ele fervendo contra ela. Desce os dedos pelos lábios carnudos, a mandíbula definida, o pescoço.

Ele vê o rosto repleto de sardas, corando a medida que a pele vaga pelo peito nu, causando-lhe arrepios.

Ben suspira pesadamente. O meio das pernas esquentando, enquanto desce cada vez mais, na direção de seu abdômen. Ele já não tem noção se aquele toque é realmente dele. Outra mão acaricia os cabelos negros e macios, puxando-os de leve na nuca. Ben se inclina, os lábios procurando por contato com os dela.

Uma respiração quente bate contra seu rosto, está quase certo de que não está mais sozinho.

Ele se aproxima mais, hipnotizado. Sua mente o alerta que aquilo é errado, mas Ben não consegue se conter. 

Ela o tem nas mãos.

E como se acordasse abruptamente de um sonho, ele força as pálpebras a se abrirem. Está ofegante e desorientado.

Observa atentamente o quarto para constatar decepcionado, está sozinho. Como sempre estivera.

Ele suspira, dessa vez de decepção. Deixara se levar outra vez pela sucateira!

Levanta-se da cama e anda apressadamente até o banheiro. Necessita urgentemente de um banho frio para aquietar seu corpo e tirar a sucateira de seus pensamentos conturbados. Rey é e sempre será sua inimiga! Independentemente de ele sonhar com aquela mulher frequentemente, querer alcançá-la e trazê-la para o seu lado. Não o lado da Força, mas junto de si.

Kylo soca a parede diversas vezes até sentir as falanges da mão arderem.

“Está ficando louco! Precisa tirá-la da cabeça!”, ordena. “E de seu coração”, conclui e permite que a solidão o tome completamente.

“Eu nunca vou amá-la”.

Para si mesmo, Kylo se mantinha inexorável, apesar de ter o hábito de ludibriar a si próprio com promessas vazias.

Ele se faz acreditar que não a ama. Porém, a negação não pode afastar um sentimento tão forte.

Distante dali, Rey desperta ofegante. O corpo corado e suado, umedecendo as roupas que usa para dormir e sua cama improvisada. Sonhara com ele novamente.

Pareceu tão real que ela ainda sente a ponta de seus dedos magros formigarem.

Formigarem de desejo, ansiando por ir além, retirar o resto das roupas dele e experimentar aqueles lábios que se inclinaram para ela tão famintos. Queria tocar o corpo dele com outras partes do seu.

Rey chacoalha a cabeça e se levanta irritadiça. Joga água fria na face e se encara no espelho.

“Estou ficando louca”, suspira, “Ele nunca me amaria e eu muito menos!”, afirma orgulhosa de si.

O orgulho dura pouco. A lembrança daqueles olhos vendo-a partir tomaram sua mente, desarmando-a. Ben parecia tão perdido quanto ela, ao ser abandonada no deserto.

Desde aquele dia, a Força não os uniu mais.

Ela o rejeitara e pegara o sabre de Luke. Rey acordou antes dele, nunca imaginou que fosse tão difícil seguir em frente largando-o ali. Mas era necessário, caso contrário a Resistência jamais escaparia da Primeira Ordem.

Ela se deita na cama e puxa o lençol fino para se cobrir.

“Eu o abandonei”, admite, os olhos ficam marejados, ”mas nunca deixei de me importar...”.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela atenção! Se puderem, digam-me suas opiniões e críticas construtivas.

Até mais!



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