Winter escrita por Surya Nascimento


Capítulo 1
Capítulo Único




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 Aguardou na plataforma a chegada do trem. Dali onde estava o vento era cortante, o obrigando a encapuzar-se com o gorro do moletom sob a jaqueta de couro. As pálpebras pesavam em cansaço e sentia um latejar na parte frontal da cabeça, indicando um princípio de enxaqueca por estresse. O período de trabalho foi o mesmo em todas as sextas-feiras, movimentado e lotado de gente bêbada comemorando a chegada do final de semana. Serviu as mesas como um doido, passando com a bandeja cheia de cerveja e água enquanto os clientes se divertiam ao som da música ao vivo. Gostava do que fazia, não podia negar. Trabalhava como garçom em um bar temático voltado para os amantes de rock n’ roll. Ele, como músico, tinha aspiração em viver a vida tocando nesses tipos de estabelecimentos e um dia ser famoso, mas sabia que era um sonho difícil de alcançar.

 Porém, naquele dia em especial, serviu um grupo de mulheres que o levou à nostalgia dos tempos de escola em Valência. Uma época em que tinha uma namorada incrível e que até hoje a simples menção de seu nome, fazia seu coração descompassar. Alícia era inteligente, acanhada na maioria das vezes, mas que sabia ser firme como uma mãe. Na adolescência, costumava ser inconsequente, arrumava brigas desnecessárias e vivia a vida quebrando regras para sofrer as consequências mais cedo ou mais tarde. Alícia o censurava sempre dizendo que não queria um namorado briguento e viciado em drogas.

 Drogas…

 Foi uma das maiores brigas que tiveram na época quando ela descobriu seu apreço pela maconha. Até hoje era um assunto que o deixava intrigado. O que a maconha poderia fazer com uma pessoa que nem viciada era? Pelo menos, não se considerava um dependente. Apenas gostava do efeito e da paz que a droga lhe trazia. Mas Alícia odiava e um dia ameaçou terminar o que tinham por conta disso. Por amor a ela, deixou o beque de lado. Mas de nada adiantou. Seu romance com Alícia terminou quando ela ingressou para a faculdade de jornalismo em Madrid. Por ele, ficaria com ela. Até prestou a mesma universidade, mas não foi aprovado. Alícia terminou o namoro com a desculpa da distância, mas algo lhe dizia que não era só por isso. Talvez, o amor por ele houvesse acabado, não sabia dizer.

 Mudou-se para a casa do pai logo depois tamanha amargura que sentia com o término. Deixou para trás a mãe, o padrasto quem considerava como um segundo pai e principalmente o irmão gêmeo que sofreu bastante com sua decisão. Os dois eram como carne e unha, inseparáveis. As merdas que cometia eram sempre abafadas por Vicent. Tinham quase a mesma personalidade, porém o outro não era impulsivo e acreditava que isso devia-se ao fato de ter um sexto sentido forte. Toda vez que Vicent dizia sentir-se angustiado, algo acontecia. Isso ocorreu quando fora preso pela primeira vez por roubar uma placa de trânsito depois de ter fumado um beque, ou quando quebrou o braço ao cair de uma árvore quando criança. Até mesmo quando chorou de raiva ao ter sido rejeitado por Alícia no término do relacionamento. Enfim, Vice era seu parceiro de uma vida inteira e mesmo assim, o deixou para trás.

 O trem chegou trazendo consigo uma rajada de vento congelante que fez os pelos do corpo se arrepiarem de frio. Outubro estava quase no fim e era questão de tempo para que a neve começasse a cair. Ao subir a bordo, agradeceu por ser madrugada, pois havia poucos passageiros. Um homem de tez negra, com cara de poucos amigos, mexendo no celular se apoiava na barra de ferro do outro lado do vagão. Uma mulher com profundas olheiras e o rosto pálido de quem virou o dia trabalhando em um plantão de vinte e quatro horas lutava contra o cansaço enquanto observava a paisagem através da janela. Porém a figura de um adolescente encapuzado e com fones de ouvido sentado no meio do vagão lhe chamou a atenção.

  All Star preto de cano longo, jeans rasgado no joelho e correntes longas presas nos infinitos bolsos da calça. Possuía piercings em tudo quanto é lugar. Nas orelhas, nariz, lábios, sobrancelhas... Faltavam as tatuagens que Valiant não conseguiu identificar devido às várias camadas de roupas escuras. Aquele garoto era um reflexo do adolescente que um dia fora. Até mesmo o tipo de cabelo era parecido. Preto escorrido, com uma longa franja cobrindo parcialmente a eterna expressão mal humorada, caracterizada pela ruga entre as sobrancelhas. Era como se visse a si mesmo em uma versão mais nova. Valiant ficou imaginando o que ele estaria fazendo em um trem àquela hora da noite em plena sexta-feira. 

 Sentou-se distante e afundou o rosto nas mãos quando o veículo partiu para o centro da cidade. Sentia-se tão antissocial quanto o homem, igualmente cansado quanto à mulher e puto da vida como o garoto parecia estar conforme digitava mensagens nervosas no celular. De uma hora para outra, era como se todo o peso do mundo caísse em seus ombros lhe trazendo a sensação de fracasso. Fazia muito tempo que não pensava em Alícia e agora, mais do que nunca, desejava que ela estivesse ao seu lado. De todas as decisões erradas que tomara na vida até então, ela foi a que mais deu certo e o rompimento súbito o deixou sem chão. Afastar-se de tudo parecia ser uma ideia genial na época.

 Morar com Jason em Nova York não era um paraíso, mas pelo menos tinha um oceano inteiro de distância da Espanha e de Alícia. Para Valiant, viver com o pai depois de tanto tempo era um verdadeiro inferno. O nível de exigência e ordem eram semelhantes aos aplicados em um batalhão do exército. Jason era chefe de polícia em uma das cidades mais caóticas dos Estados Unidos e Valiant era o filho delinquente que manchava o nome da família. A convivência entre eles era baseada em regras e disciplina nas quais não eram aplicáveis à Sue, sua atual esposa, e Beatrice, o capeta encarnado em uma garota de treze anos. Não tinha problemas com a madrasta, pois ela praticamente ignorava sua existência na maioria das vezes. Mas Triss sempre foi um problema por ser extremamente intrometida. Uma vez teve ímpetos de jogar a menina pela janela quando ela entrou em seu quarto sem autorização.

 Jason queria controlar o filho rebelde e se mostrar um bom pai diante das duas figuras femininas que viviam com ele. Valiant apenas queria paz e um canto só pra si, coisas que definitivamente não tinha ali. Por isso, não demorou muito para que saísse de casa e fosse viver na república da faculdade durante a graduação em Música e arrumar o emprego que tinha até hoje. Jason não aprovava o curso escolhido, pois não via um futuro digno. Por ele, seria advogado ou, no mínimo, administrador que trabalhasse em um banco ou qualquer outro lugar importante. Jason queria disciplina, mas não dava abertura para entender o próprio filho e isso deixava Valiant puto. Brigavam constantemente, quase em uma disputa de dominância. Vali só queria ser ouvido pelo pai e Jason só queria a submissão do filho. 

 Mesmo depois de tanto tempo sem conviverem sob o mesmo teto, os desentendimentos continuavam como um assunto não resolvido. A última briga que tiveram foi há quatro dias e desde então, não mantiveram contato. Pela primeira vez, se arrependeu de ter saído de Valência. Foi a constatação de que a relação entre eles jamais daria certo. Gritaram tanto um com o outro que Valiant perdeu a voz e sentiu um murro no peito ao ouvir os profundos sentimentos do pai.

 “Você foi o erro que eu mais me arrependo de ter cometido”.

 Aquelas palavras ainda ecoavam em sua cabeça, trazendo a sensação de impotência e fracasso. Não admitia aqueles sentimentos a ninguém, porém, não conseguia conter as lágrimas de mágoa quando se via sozinho em seu apartamento alugado. Mesmo ali, dentro daquele vagão, a voz de Jason soava tão alta em seus ouvidos que era como se ele tivesse acabado de gritar. Sentiu o nó se formar na garganta, mas se conteve. Respirou fundo e quando o trem parou na estação, saltou para a plataforma como se aquele problema não o afetasse de fato.

 Seguiu pelas ruas com passos lentos até chegar ao seu destino, reparando que haviam três viaturas estacionadas próximo à entrada do estabelecimento. De imediato, reconheceu Bruce, o melhor amigo de Jason, conversando com uma mulher que usava o mesmo uniforme que ele. Quando se aproximou, o homem lhe deu um sorriso triste e suaves batidas em seus ombros após um breve abraço.

 “Sétimo andar. Sue e Triss estão lá em cima.”

 “Ok.”

 Estar naquele lugar era estranho, apesar de familiar. Várias vezes precisou levar Vicent para o pronto-socorro quando sofria as crises asmáticas que não conseguia conter com os remédios prescritos. Mas desta vez não estava ali pelo irmão. Quando as portas do elevador se abriram, a incerteza cravou seus pés no chão. Depois de tudo, que diferença faria sua presença ali. Sete anos de desentendimentos e de solidão não mudariam de uma hora pra outra. Mesmo assim, quando o assessor perguntou se iria subir, sua mente gritou um sonoro “NÃO”, mas o coração simplesmente disse:

 “Sétimo andar, por favor.”

 Ao chegar, deparou-se com uma recepção quieta e uma sala de espera quase vazia. Viu Sue adormecida no colo de Triss e a mesma afagar seus cabelos com carinho. Quando se aproximou, a garota fez menção de acordar a mãe, mas a impediu com um gesto. Ficaram os dois quietos, sentados lado a lado, como dois estranhos. Durante aquele período, observou o quanto Triss havia crescido e se tornado uma mulher bonita, como Sue. A madrasta era uma mulher espetacular em quesito de beleza, mas naquele momento, parecia adoecida e pequena perto da filha.

 “Há quanto tempo estão aqui?” Foi o primeiro a quebrar o silêncio.

 “Desde que entrou em cirurgia. Quase duas horas.”

 “Alguma notícia?”

 “Só que o estado dele é grave e estão fazendo o melhor que podem.” Valiant sentiu a voz dela embargar em tristeza. “Minha mãe está com medo. Não para de chorar desde que ficou sabendo. Só agora acalmou...”

 “Por que não a leva para casa? Você também parece que precisa de um pouco de descanso. Posso ficar aqui enquanto vocês comem alguma coisa ou pelo menos tomam um banho.” Triss o encarou com uma expressão surpresa. “Bruce está lá fora com a equipe de Jason. Não acho que vão embora tão cedo. Eu aviso se tiver mais alguma novidade. Sair um pouco daqui vai fazer bem a ela.”

 “Acho que você tem razão.” Sorriu pequeno, porém sincera. “Obrigada, Vali.”

 Quando Sue acordou, parecia ter envelhecido vinte anos nas últimas horas. Assim que seus olhos se encontraram, a mulher voltou a chorar. Por instinto, a abraçou apertado no qual foi retribuído quase em desespero. Ela chorou mais forte e o corpo menor tremia em espasmos. Valiant confortou a madrasta como pode. Ao se afastarem, Triss a ajudou a se levantar e guia-la para fora do hospital, deixando-o sozinho. Mirou as portas do centro cirúrgico e sentiu o peito doer. Novamente as últimas palavras de Jason ecoavam em sua mente em um mantra torturante. Uma vez mais, sentiu-se fracassado e impotente. Vivia um verdadeiro inferno aparentemente sem chance de redenção.

 O celular vibrou no bolso insistente, o trazendo para a realidade. Vicent solicitava uma chamada em vídeo. ‘Que momento oportuno para uma ligação’, pensou. Rapidamente conectou os fones e o atendeu. Quando encarou o irmão através do visor de cristal líquido, soube o motivo da ligação. O sexto sentido dele certamente havia gritado em seus ouvidos. Vicent tinha o olhar aflito e não se preocupou com cumprimentos. Foi direto ao ponto.

 “Eu sabia que tinha alguma coisa errada.”

 “Você sempre sabe, Vice.”

 “Era pra você estar com cara de sonho e me xingando por ter ligado às quatro da manhã...” Não respondeu, apenas deixou o irmão falar o que precisava. “Faz quatro dias que eu não recebo notícias suas. Você simplesmente sumiu! Disse que visitaria o pai e sumiu!”

 “Desculpe.”

 “Hoje eu quase engasguei com um copo de suco porque senti uma forte dor no peito. Liguei para a mamãe e tio Marco. Estão todos bem. Agora eu te pergunto: que porra aconteceu com você?”

 “Nada. Só queria ficar sozinho.” Resposta muito vaga. Vicent desconfiou.

 “Por quê?”

 “Jason e eu discutimos de novo e eu precisava ficar sozinho.” Viu o irmão suspirar em pesar e coçar os olhos com os dois dedos.

 “Qual foi o motivo dessa vez?” questionou com a voz tediosa, mas a resposta que recebeu o deixou alerta.

 “Não importa mais...” 

 Ele parecia aborrecido e magoado ao mesmo tempo. Vicent percebeu que o irmão queria falar mais alguma coisa e que o assunto não morreria ali. Algo o incomodava e muito, e mesmo assim relutava em dizer. Valiant sempre foi fechado e quieto. Mal conseguia decifrar suas expressões e suas atitudes antissocias, mas naquele momento, a máscara estava prestes a cair. 

 “Vali...”

 “O que é mais engraçado nisso tudo é que eu sou filho dele, mas ele não é meu pai. Quero dizer, Jason nunca fez nada por mim além de ter gozado na mãe em uma festa de faculdade!” Foi tão agressivo que Vicent até endireitou o corpo na cadeira, mas não se importava. Não sabia porquê disse aquelas coisas, apenas sentia que precisava desabafar. “Jason não está nem aí para mim. Se eu morresse, seria um favor que faria a ele, Vice. Eu estou de saco cheio de tentar fazer com que ele me escute. Cansei! Jason não é meu pai! Nunca foi! Mas quer parecer o melhor pai do mundo para Sue e Triss. Então que ele brinque de casinha com outra pessoa. Para mim já deu...”

 Quando se deu conta, seus olhos já estavam cheio de lágrimas raivosas que vinha tentando segurar desde o momento da briga, há quatro dias. Um pranto inconformado que surgia nos momentos de solidão, mas que agora ganhavam grandes proporções sem que pudesse ter forças para controlar. Valiant soluçou contido com a garganta apertada como se uma mão invisível o sufocasse e passou a mão sobre os olhos. Vicent ficou em silêncio por alguns instantes.

 “Vali... Onde você está?”

 “No hospital...” A voz saiu trêmula, assim como os lábios.

 “E cadê o pai?” Vicent perguntou em um tom de cautela e aguardou a resposta que veio em forma de um suspiro triste. “Meu Deus... Ele está...?”

 “Não sei. Mas, em breve, pode ser que sim...” Valiant fungou choroso e respirou fundo, tentando encontrar voz para contar o que sabia. “Triss me ligou por volta da meia-noite, mas eu não consegui atender. Não ouvi o telefone, o bar estava cheio por causa da sexta-feira. Enfim... Liguei pra ela quase uma hora depois. Jason estava trabalhando na rua e recebeu um chamado da central. Ele e o colega perseguiram um carro suspeito em alta velocidade...”

 Valiant hesitou em continuar. Vicent cobriu a boca com as duas mãos. O irmão nunca demonstrava tão abertamente suas emoções como fazia naquele momento. Ele nunca se apresentou tão fragilizado, mesmo quando sabia que estava sofrendo. Vali era um homem forte e vê-lo sozinho e magoado como estava lhe doeu mais ainda.

 “A viatura colidiu em um caminhão e capotou várias vezes. Os médicos disseram que  era sorte ter chegado vivo ao hospital e está em cirurgia agora. O estado é grave, Vice. Faz quase duas horas que ele está lá dentro...”

 “Puta merda...” 

 Um pesado silêncio tomou conta da ligação. Valiant tinha o olhar perdido, apesar da sobrancelha contraída em raiva. Vez ou outra esfregava o nariz com as costas da mão com tanta força que deixou a região avermelhada assim como seus olhos. 

 “A última coisa que ele me disse quando discutimos é que eu era um erro que ele se arrependia de ter cometido.” Revelou em tom magoado e Vicent suspirou.

 “Você sabe que ele não falou sério, certo?”

 “Eu não sei de mais nada, Vice. Muito menos agora...”

 “Não pense assim. Vocês estavam discutindo, jogando farpas um no outro. Ele nunca foi uma pessoa fácil e nem você. Então não se deixe levar pelas palavras ditas na hora da raiva.”

 “Eu me arrependo tanto de ter ido embora. Eu sinto falta de você, da mamãe, do Will... Cacete, sinto tanta falta da Alícia...” Valiant desabafou em um novo suspiro. “Se eu pudesse, faria tudo diferente.”

 “Vali, você é uma das pessoas mais corajosas que eu conheço. Se tornou um homem forte e que sabe se virar sozinho com diplomacia.” O irmão tentou confortar em palavras o abraço e companhia que não poderia oferecer fisicamente. “Você mudou muito, Vali. Não é mais aquele garoto que deixou Valência há sete anos. Nada pelo que passou foi por acaso, nem as brigas com o pai.”

 “Quando tudo isso acabar... Eu vou voltar pra Valência.”

 “Quando tudo isso acabar, você pensa melhor no que quer fazer. Não vale a pena decidir as coisas agora com a cabeça quente.” Valiant concordou com um aceno de cabeça. “Agora, aguente firme. Me ligue quando tiver notícias do pai.”

 “Ok. Obrigado, Vice. E antes que eu me esqueça, vai tomar naquele lugar onde o sol não bate.” Vali sorriu discreto ao ouvir o irmão rir divertido.

 “Eu também te amo, seu arrombado.”

 Ao encerrar a ligação, o rapaz continuou a olhar para a tela preta do celular por alguns instantes. De alguma forma, sentia-se melhor, como se parte do peso que existia em seus ombros houvesse desaparecido. Era sempre bom conversar com o irmão. Valiant caminhou até a janela da sala de espera e olhou para o céu. Finos flocos de neve se desprendiam das nuvens, enfim dando início ao inverno americano. 


~x~


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Notas finais do capítulo

Bom dia, boa tarde ou boa noite pra você que dedicou seus preciosos minutos para ler esse conto inusitado.

Muito obrigada por chegar até as considerações finais dessa humilde escritora. Espero que tenha gostado do conteúdo.

Sinta-se à vontade pra deixar seu comentário, opinião ou críticas. Vou adorar interagir com você.



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