— Bom dia, meu amor! – Ele segurava uma bandeja com uma xícara de café quente, panquecas, morango e iogurte.

— Hum... – Ela acordou e se assentou na cama encantada com o que ele havia feito. Fazia tempo que isso não acontecia. – Alguma data especial? – Tasha perguntou recebendo o beijo que ele lhe deu.

— Especial é ter você na minha vida todos os dias. – Declarou ele sorridente enquanto Tasha levava a xícara de café até os lábios.

— Nossa, agora fiquei ainda mais lisonjeada. – Após tantos anos Tasha ainda era capaz de corar diante das demonstrações de afeto que ele fazia.

— Mas tem uma coisinha sim. – Ele pegou um morango, mergulhou no iogurte e levou até a boca.

— Amor, eu sei que não temos hora certa pra fazer isso, mas não está muito cedo e temos hora marcada com um cliente pela manhã. – Tasha explicou enquanto cortava um pedaço da panqueca com o garfo.

— Não é nada disso. Bem, poderia ser também. – Ele tocou o rosto dela com a mão livre lhe fazendo um carinho. – É outra coisa. Estava pensando em tirarmos uns dias e fazer uma viagem.

— Ah. Isso é muito bom, mas você acha que conseguimos fazer isso por agora? Estamos com tanto trabalho na agência. – Nos últimos meses eles estavam trabalhando muito. Os casos brotavam por todos os lados e era difícil dizer não.

— Estou pensando em continuarmos apenas com os casos em que estamos trabalhando e não aceitarmos casos novos por enquanto, talvez consigamos pelo menos dez dias no início do mês que vem. – Ele propôs.

— Tá bom! – Ela respondeu animada e o puxou para ela lhe dando um beijo mais demorado. – E para onde iremos?

— Vamos escolher juntos!

xxxxxxxx  xxxxxxxx  xxxxxxxx  xxxxxxxx

Saber que Reade estava namorando foi um baque para Tasha. Ela deveria ter imaginado que ele não ficaria sozinho por tanto tempo, pois ele já tivera várias namoradas desde que ela o conhecera. Porém nenhum relacionamento lhe pareceu tão sério quanto com Megan. Ela até se mudara para o apartamento dele. Tasha viu o restinho de suas chances irem para o ralo. Não que ela tivesse coragem de se declarar, mas ela achava que conseguiria manter o que sentia por ele em sua zona de conforto, como vinha fazendo.

Megan se mostrou muito simpática e Tasha se simpatizou com ela. O jantar daquela noite foi agradável e as duas trocaram telefone e até saíram para treinar juntas no fim de semana e tomaram um café depois do treino.

Tasha se sentia culpada por fazer amizade com ela, pois não conseguia ver Reade apenas como amigo, por mais que tentasse. Cada vez que ele se aproximava ela sentia seu coração parar, e ainda não sabia como ele não havia percebido nada, pois seus sentimentos pareciam estar estampados em seu rosto. A morena chegara a pensar em conversar com ele e lhe contar como estava se sentindo, mas tinha tanto medo da reação dele, e agora com Meg. Ela não queria estragar algo que o estava fazendo feliz . Tasha apenas não sabia até quando iria suportar essa situação.

A equipe continuava trabalhando junto na resolução dos casos e estavam conseguindo encontrar a mesma sintonia de antes. Tasha se sentia bem em estar na companhia deles, e admitia que sentira muita falta de estar no meio das pessoas que ela amava e confiava. Ela e Patterson estavam mais próximas que nunca, conversavam, saíam juntas, treinavam, riam.

A equipe estava reunida na casa dos Weller uma noite após o trabalho. Patterson e Rich não haviam chegado e eles bebiam e conversavam, descontraidamente. Tasha se dera por vencida e baixara o aplicativo que Patterson criou no Vale do Silício.

— Você joga Wizardville, não joga? – Tasha pergunta a Jane que estava sentada ao seu lado no sofá.

— Sou obcecada. Kurt diz que tenho um problema. – Jane afirma com um risinho.

— E tem mesmo, Tasha. – Kurt ouve a conversa das duas e se aproxima de Jane.

— Certo, explique isso. – Tasha mostra seu celular a Jane.  – Que barulho é esse e como eu desligo?

— É para avisar que um jogador de alto nível está usando o mesmo wi-fi. – Jane explica. – Mas é estranho porque não sou eu e Kurt nunca jogou.

Elas ouvem o barulho do jogo dentro da sala.

— Reade! – Tasha fala em tom de advertência olhando para o amgo.

— Zapata... – Reade se faz de desentendido.

— Quer me falar alguma coisa? – Tasha se levanta e vai até o balcão onde Reade está.

— Não. – O rapaz nega.

— Em qual nível você está? – Tasha insiste.

— Bem, antes de tudo, chamam-se missões, e não níveis. – Reade explica a respeito do jogo.

— Sério? Você também? – Kurt pergunta à Reade pegando seu copo e se dirigindo ao sofá onde Jane está.

— Por que não me disse? – Tasha pergunta a ele em tom alto. – Poque você estava com vergonha!

— Não, porque você é competitiva e mandona, e a última coisa que eu preciso é de você tentando me dizer como jogar um maldito joguinho.

— Certo. Vou detonar você. – Tasha fala sem deixar de olhar para o celular. Não vai diferenciar seu hobbit de um buraco no chão.

— Não há hobbit em Wizadville. – Reade ri.

— Veremos quando eu acabar. – A morena insiste.

— Isso não faz sentido. – Reade continua.

— Você já era. – Tasha.

— Já estava sentindo falta das discussões dos dois. – Kurt fala para Jane que ri em afirmação.

A semana passava rapidamente. Tasha e Reade trabalhavam juntos e ele a salvou de ser baleada. A morena se sente grata por estarem juntos novamente. A cumplicidade durante esse caso em especial, lhe traz conforto ao coração. Era bom saber que ela ainda poderia confiar sua vida a ele. E a forma que ele lhe sustentou o olhar fez Tasha sentir um arrepio e ela pensou que poderia ter visto algo mais que amizade nesse gesto. Mas eles são Tasha e Reade e mais uma vez não conversariam sobre algo do tipo.

Tasha estava com Patterson na investigação sobre a morte do Stuart. Elas tentavam refazer os passos dele e descobrir mais sobre o que ele estava trabalhando que o levou a ser assassinado. As investigações apontavam para um caso que parecia ter tentado ser acobertado por alguém de dentro do FBI. Tasha não queria nem pensar que Reade poderia estar por trás disso. Apesar que ele havia ficado estranho nos últimos dias. Ela o chamara para saírem para comer algo, pois sabia que ele estava sozinho, pois Meg viajara a trabalho. Mas ele disse que não poderia ir, pois estava cansado e iria para casa. Então Tasha o viu saindo com o procurador West. A preocupação dela aumentou ainda mais. E se Reade tivesse por trás de algo errado.

No fundo Natasha sabia que Reade não se corromperia. Ela o conhecia bem demais para acreditar que ele não trairia o governo. Ou ele teria mudado tanto assim no tempo em que estiveram afastados? Tasha não sabia como era estar no poder, mas sabia como era estar sozinha sem nenhum dos seus por perto, sem aqueles que te amam pra não te deixarem esquecer de quem você é e de onde veio. E ela esperava sinceramente, que Reade não tivesse se corrompido.

xxxxxx xxxxxx xxxxxx xxxxxx xxxxxx