Girls Like Girls (and playoffs too) escrita por Saint Jily


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi, escrevi essa fic com muito carinho depois de ver uma fanart no tumblr da Adora como jogadora de futebol, e espero que vocês gostem tanto quanto eu!



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Adora tinha um segredo.

Por 15 anos o time de futebol de Salineas High, Rebellion Alliance, ganhava nas interestaduais durante a temporada de jogos do ano letivo. A parede de troféus da escola anos atrás havia sido movida para uma sala, se tornando uma galeria. Apesar do futebol ser um dos maiores orgulhos da instituição, o teatro e decatlo acadêmico também eram extraordinários quando se tratava de trazer troféus para casa, fazendo a escola tornar-se uma das principais escolas de prestígio da cidade de Etéria.

Um ano atrás, entretanto, a sorte da escola mudou quando Horde Army elegeu ela como capitã, vencendo as finais do campeonato e deixando o time em segundo lugar. Desde então, mesmo em jogos e campeonatos amistosos, as duas equipes jogavam com uma intensidade enfurecida, ambas com o mesmo objetivo: levar a equipe adversária a uma derrota humilhante.

Por isso, ao descer do ônibus escolar e entrar no campus de Thaymor High School para mais um amistoso antes do início da temporada, Adora e o resto de seu time estavam determinados. Nada impediria aquela vitória. Nem mesmo o arrepio que passou pelas costas da capitã ao perceber o olhar presunçoso dela sobre si. Manteve o olhar por alguns segundos, sentindo sua mandíbula travar, até então desviar e relaxar sua expressão novamente enquanto continuava o caminho conhecido do vestiário masculino, que durante os jogos era separado para o time visitante.

Conforme ia vestindo seus equipamentos, o barulho das arquibancadas aumentava, sinalizando que os ônibus de Salineas High estavam chegando com os torcedores, que aguardavam o começo da partida. Já uniformizada, conseguia ouvir as líderes de torcida fazendo suas performances enquanto repassavam as estratégias de jogo e posições. 

Ao anúncio do time sendo ecoado pela quadra, todas foram correndo para o campo, sendo recebidas por aplausos e muita torcida pelos estudantes da própria escola. As arquibancadas dividiam-se: de um lado estava vermelha, e de outro, preta. 

Horde inteira estava abaixada ouvindo direções da treinadora do time, Shadow Weaver, enquanto as Rebellion Alliance começavam seus aquecimentos. 

Antes de entrar na grama, Adora analisou seu time, passando o olhar de jogadora em jogadora até chegar nas suas amigas mais próximas, Huntara e Mermista, que sorriam animando-a. Ela se sentia positiva, algo na sua intuição estava mantendo as esperanças de que o jogo seria limpo e rápido, e, se tudo ocorresse bem naquele amistoso, sabia que não teria com o que se preocupar nas interestaduais. 

Deu uma olhada para os líderes de torcida, que já tinham acabado a apresentação inicial e agora conversavam animados aguardando o início da partida. Encontrou Bow e Glimmer abraçados acenando com os pompons em sua direção e acenou de volta, sentindo-se encorajada, então finalmente andou pela grama, indo até o meio da quadra onde o time adversário, o juiz e os dois árbitros de jogo aguardavam.

As capitãs de cada time foram de encontro com o juiz. Adora sentia os olhares dela queimando sobre sua pele, porém recusava-se a olhar de volta. O juiz jogou a moeda para decidir quem começaria o jogo; Como se o tempo tivesse congelado por um minuto com a moeda no ar, ela finalmente caiu na mão do mesmo, que anunciou que informou que o time vermelho ficou com o primeiro passe. 

A estratégia da equipe era fácil: já era de conhecimento geral que as Horde realizavam as descidas na ofensiva, portanto o principal objetivo das jogadoras da Aliance era se empenharem na defesa e impedir as adversárias de marcarem pontuações. 

Adora voltou para a sua posição, observando o time já alinhado na quadra. A bola do chute inicial passou voando por ela até atingir a quadra do time oposto. A intenção de Mermista não era jogar tão longe, elas pretendiam ultrapassar as primeiras dez jardas com um chute fraco para poder recuperar a posse da bola, mas Scorpia, jogadora do outro time, havia sido mais rápida.

Segundos depois, ela estava posicionada na sua frente. Adora finalmente cedeu e a encarou, sentindo um frio se espalhar pelo seu estômago. Percebeu então que Catra olhava para ela com um sorriso malicioso no rosto, enquanto aguardava a descida começar.

— Hey Adora, bom te ver de novo. Pronta pra perder? 

— Fiquei esperando a semana inteira pra chutar sua bunda. — Ela respondeu, com um sorriso convencido como de quem já tivesse vencido.

Antes que Catra pudesse devolver com alguma resposta espertinha, o apito soou. A distração da morena foi o suficiente para que o time vermelho tirasse uma vantagem no campo, o que claramente a deixou irritada e decidida a limitar a quantidade de provocações que faria à loira.

O que se provou ineficaz quando, um período depois, o time da casa já havia marcado 14 pontos, enquanto as vermelhas apenas 7. Agora, aguardando novamente a descida começar, ela sorria com uma malícia diferente da que Adora já conhecia. 

— Esse é o melhor que você pode fazer? — A capitã da Horde provocou. 

Adora sentiu seu sangue ferver nas suas veias, não duvidava que seu rosto havia atingido um tom de vermelho, mas recebeu a confirmação desse fato quando ouviu a gargalhada da morena, que usando isso de munição, a provocou ainda mais.

— Você fica linda com raiva. — Falou com a voz mais rouca e mais baixa. Adora sentiu a tensão que girava em torno das duas ainda mais forte.

— Foda-se. 

E a descida começou. A posse da bola estava com os pretos, e dessa vez, na mão de Catra. Ela estava quase finalizando a quinta jarda percorrida quando sentiu um corpo trombando com o seu, derrubando-a no chão em um baque surdo. Quando a confusão passou e ela conseguiu olhar para cima, teve a visão do sorriso malicioso de Adora. Não sabia dizer se era por ter sido barrada, ou pela posição que ficaram naqueles segundos que pareceram durar para sempre. Ela sentia um calor crescendo em sua barriga, que se encontrava enlaçada pelas pernas da loira. 

— To começando a achar que você ama ficar em cima de mim. — Disse, e Adora aproximou seus rostos, sussurrando:

— Você sabe que sim. — E então se afastou levantando-se e estendendo a mão para que a morena também pudesse levantar. Após isso, deu as costas, deixando Catra com o coração batendo mais acelerado para trás. 

Poucos segundos depois, a mesma se recompôs. 

 

Desde o começo do jogo, cinquenta minutos haviam passado quando as placas gigantes tocaram uma buzina alta anunciando o fim do mesmo. O resultado não era nem um pouco bom. Apesar do time visitante ter feito um touchdown e um gol de campo nos últimos minutos conquistando mais sete pontos, o número não fora suficiente para ultrapassar a Horde Army. O placar exibia uma pontuação de 21x21. Estavam empatados. 

A prorrogação estava prestes a começar e o time que pontuasse primeiro venceria.

Adora estava ofegante. Estava acostumada com o esforço físico de um jogo comum, mas aquele não era um jogo comum. A pressão que ela sentia de seu time sobre ela estava a sufocando.

A posse de bola estava com seu time. Já posicionada para bloquear as quarterbacks assim que elas viessem para cima das jogadoras dela, tentou fazer um exercício de respiração, que não passou despercebido por Catra, que estava posicionada de frente para a mesma, como sempre.

— Se você continuar respirando assim eu vou ter que tirar a porra do seu uniforme no meio desse campo. — Disse em voz baixa, tentando fazer com que apenas Adora ouvisse. Se mais alguém dos dois times ouviu, entretanto, não manifestaram reação.

Por um momento a loira se preocupou com Catra expondo a relação das duas, mas os dois times estavam tão acostumados com as provocações que elas trocavam no campo que pareceram não se importar.

— Para de me distrair. — Ela sorriu em resposta, ficando séria logo em seguida. A sorte claramente não estava a favor do Rebellion Alliance e ela precisava se concentrar para conseguir fazer aquele ponto. Ela não era a melhor jogadora de seu time, mas era importante o suficiente para exigir de si seu melhor desempenho até que conseguissem vencer. Catra compartilhava essa sensação, e aderindo a mesma expressão séria de sua adversária fez alguma sinalização para seu time alguns segundos antes do apito estridente soar.

 

Já de banho tomado, Adora entrou escondida no vestiário do time oposto assim que viu que faltava apenas uma jogadora para sair dele. Percorreu os olhos pelo lugar e levou alguns segundos até que a encontrasse entre alguns armários, de costas para ela. A morena estava com um top e short, e uma toalha úmida pendurada em um de seus ombros. O cabelo ainda molhado pela ducha que acabara de tomar.
Depois de todas as provocações trocadas durante o jogo, ela não se conteve em dar passos silenciosos e ir em sua direção.

— O que está fazendo aqui? — Catra sussurrou ao notar a aproximação da mesma, com medo de que mais alguém poderia ver a loira ali. 

— Você não vai dar meu prêmio de consolação? — Respondeu enquanto colocava suas mãos na cintura de Catra, que por sua vez, soltou um suspiro pesado enquanto derrubava a toalha no chão. — Se você não tivesse tomado banho ainda ia sugerir pra irmos juntas. 

Apesar da tentação daquelas palavras falsamente inocentes, ela apenas revirou os olhos.

— Não mude de assunto, você pode levar uma advertência se a treinadora Shadow Weaver te encontrar aqui.

— Essa não é a minha escola. — Sorriu e então quebrou o espaço entre as duas, beijando-a com urgência. 

Catra correspondeu na mesma intensidade, recebendo gemidos leves contra seus lábios em resposta. Contudo, separou-se bruscamente deixando Adora confusa por alguns segundos.

— Mas é a minha e- —  Ia argumentar, mas foi interrompida por si mesma quando, sem conseguir se controlar, soltou um suspiro ao sentir os lábios da loira agora em seu pescoço. — Algum dia você vai me matar, você sabe disso né? — Sussurrou.

— Sim. — Ela respondeu enquanto fazia um caminho de beijos que se direcionava ao seu colo, beijando as sardas espalhadas pelo peito da morena.

Catra finalmente percebeu o quanto estava tensa até então e permitiu-se relaxar. 

Entre suspiros Adora voltou a subir seus beijos até alcançar sua boca novamente, enquanto Catra puxava sua cintura com um carinho selvagem, até que elas estivessem coladas. O encaixe perfeito de seus corpos não era novidade para nenhuma das duas, que já estavam familiarizadas com o corpo da outra. Elas estavam sintonizadas em uma frequência que pertencia apenas às duas. Porque Adora tinha um segredo, e seu segredo era que estava perdidamente apaixonada pela sua maior rival.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido até aqui, espero que tenham gostado ♥



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