Zoro se aproximou de Sanji após uma tarde razoavelmente ocupada de confrontos com um navio inimigo. O cozinheiro havia tirado as sandálias que calçava e se punha a cobrir os pés com ataduras. Zoro imaginava que não havia sido exatamente ideal ter que lutar com os pés tão desprotegidos.

"Ei..."

"Não é nada."

Eles interagiam dessa forma tantas vezes que sempre parecia um déjà vu. Qualquer que fosse a ocasião e o ferimento, Sanji sempre agia como se estivesse perfeitamente bem e não precisasse da preocupação alheia. Mesmo claramente sangrando e engolindo toda a dor, ele sempre fingia plena saúde.

E era injusto que ele sempre fizesse isso, enquanto Zoro tinha que ouvir dele um sermão interminável quando estava todo ensanguentado e dizia que não tinha sido nada.

E era Zoro quem sempre foi visto como imprudente e inconsequente. Não que ele não o fosse, claro, já que costumava ter uma tendência a não se importar com o que acontecia com o próprio corpo durante uma luta. Mas apenas não fazia sentido a maneira hipócrita como Sanji brigava com ele depois de algo assim.

Sanji fazia exatamente esse tipo de coisa o tempo inteiro, principalmente se significasse se sacrificar por alguém. Se colocava em perigos desnecessários, se feria e sangrava e ultrapassava os limites do seu próprio corpo, exigindo demais de si mesmo. Além de que Sanji também compartilhava da sua teimosia em buscar os cuidados de Chopper para qualquer coisa e sua aversão a aceitar a ajuda de qualquer pessoa.

Segundo ele, Zoro fora um estúpido sem cérebro e completamente fora de si por querer se sacrificar pelo bando barganhando com aquele Shichibukai. Apesar de ter feito a mesma coisa ao entrar na frente dele.

E o espadachim não sabia o que aquele cozinheiro tinha em mente, ou talvez ele soubesse exatamente o que era, o pensamento igual ao dele.

Eu posso morrer. Você não, idiota.