The Witcher Path escrita por Akiel


Capítulo 4
Silêncio




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Silêncio

 

Primeiro, vem o calor

Um ano é passado em Ellander, com Nenneke e as sacerdotisas, mas assim que Ileanna completa o primeiro ano de vida, Geralt e Yennefer decidem partir para Kaer Morhen. O witcher manda uma mensagem antes, avisando da chegada e contando sobre a companhia que será levada, mas sem muitos detalhes. Não é difícil de adivinhar que, a ausência de informações apenas aguça a curiosidade dos witchers da Escola do Lobo, que aguardam no pátio da fortaleza a chegada do amigo.

— Eu não acredito... – o comentário deixa os lábios de Eskel quando o dourado olhar percebe a pequena enrolada nos braços de Yennefer.

Uma fraca e incrédula risada deixa Lambert, mas é Vesemir o primeiro a se aproximar. O experiente witcher tem a atenção focada completamente na pequena criança, logo percebendo o dourado olhar que o observa com intensa curiosidade. Uma breve troca de olhares com Yennefer é a silenciosa permissão pedida e concedida para pegar Ileanna no colo. A pequena ri nos braços do líder dos witchers, as mãos logo encontrando o medalhão que é idêntico ao usado pelo pai.

— Bem-vinda, Ileanna. – Vesemir sussurra olhando nas írises douradas que a pequena herdou – Bem-vinda a Kaer Morhen.

Como o sol aquecendo a pele

A vida na fortaleza dos witchers não se mostra uma adaptação difícil para Ileanna, que cresce com uma energia que parece ecoar nas montanhas e infectar as próprias pedras que formam Kaer Morhen. Sempre perto e vigilante, Yennefer acompanha o crescimento da filha com um sorriso quase constante e a mente atenta para qualquer sinal de magia. Tais sinais começam a aparecer após o quarto aniversário de Ileanna, o curioso toque da pequena mostrando a busca pela magia que pulsa no colar da mãe e nos medalhões dos witchers.

Pouco a pouco, Yennefer começa a testar feitiços na presença de Ileanna, simples e rápidos, mas que não falham em atrair a curiosidade da criança e aumentar o brilho nos olhos dourados, o poder que nasceu dormente mostrando as primeiras luzes do despertar. Entretanto, não são os feitiços ou os contos de magia e feiticeiras que capturam com mais intensidade a atenção e o interesse de Ileanna, mas sim o som de metal contra metal, de ordens e correções sendo feitas, a visão de saltos e piruetas, de pés rápidos sobre a grama e as pedras. Não demora para que o pátio de treinamento se torne o local mais provável para se encontrar Ileanna, o interesse demonstrado se tornando uma fonte de divertimento para os witchers – Vesemir, em especial, aproveita para ensinar e contar histórias de witchers e monstros, por mais que isso acabe por testar a paciência de Yennefer, que prefere não imaginar um futuro de caçadora de monstros para a filha.

Ou a sensação de ter voltado para casa

Mas apesar dos protestos e da oposição de Yennefer, o presente ganho por Ileanna no sétimo aniversário é um medalhão na forma da cabeça de um lobo. Dado por Vesemir em nome de todos os witchers, o presente não falha em iluminar a face da pequena, que passa a se recusar a remover o medalhão do pescoço, mesmo para dormir.

O experiente witcher não é tolo e o dourado olhar percebe o brilho que parece apenas se intensificar nos olhos de Ileanna com o passar o tempo, o poder que começa a despertar e a ecoar com a mesma força que a energia natural da pequena. Vesemir sabe que o futuro de Ileanna é como uma feiticeira, a marca da magia é forte demais nas írises douradas para ser ignorada, mas o meio dos feiticeiros não é o único a oferecer um lar para a menina.

— Para você sempre se lembrar. – Vesemir diz, as mãos colocando o medalhão ao redor do pescoço de Ileanna – Que sempre irá ter um lugar entre os witchers da Escola do Lobo.

Depois, vem o frio

Um segundo é todo tempo que uma tempestade precisa para nascer, para os trovões explodirem no céu, a água cair pesada e gelada sobre a pele e o frio penetrar o sangue, envenenando cada órgão com medo e dúvida. São os trovões que acordam Kaer Morhen, incapazes de abafar o som de cascos sobre grama e pedra, de relinchos que soam como o sussurro de morte e destruição. Logo, a água sobre as janelas se solidifica, se tornando gelo e neve, um silencioso chamado para os galopes que se aproximam cada vez mais rápido.

Imprevisível e imparável

Inesperada, a tempestade não oferece tempo para estratégias ou preparo. Armaduras são colocadas às pressas, espadas e feitiços procurados com a velocidade do vento. Mas não rápido o suficiente para impedir os galopes de invadirem a fortaleza, neve e portais se misturando dentro dos muros, contornando as figuras sombrias dos cavaleiros. Negras armaduras e máscaras cadavéricas, uma imagem fácil de reconhecer, mas que não traz alívio ou segurança.

A luta é inescapável, os choques das espadas ecoando com os trovões e dançando com os relâmpagos invocados por uma feiticeira. Mas nenhum som é capaz de esconder os gritos dos witchers, as ordens dadas para correr e se esconder, para ir para a floresta. Pois é claro o objetivo da caçada, o prêmio a ser conquistado: uma pequena de oito anos que corre sobre a neve e as pedras, tentando obedecer aqueles que lutam para mantê-la segura, para dar a ela uma chance de sair da fortaleza.

Como uma tempestade sobre o campo de batalha

Mas por mais que witchers sejam guerreiros poderosos e bem treinados, a Caçada Selvagem é um poder em si mesma e a neve retarda qualquer tentativa de corrida. Um branco tapete e um céu acinzentado não oferecem proteção contra o brusco toque que pega e captura, que puxa para cima do negro cavalo. Ileanna grita e espadas e relâmpagos tentam alcançá-la, os olhos dourados procurando e se focando na azulada estrela no pescoço da mãe. Ileanna grita, mas a nevasca apenas se intensifica, cavaleiros vermelhos recuando ao verem que o objetivo foi alcançado. Mesmo quando portais voltam a ser abertos e os cavalos retomam a cavalgada, Ileanna grita, mas, dessa vez, o grito termina na voz de Yennefer.

E, por fim, vem o silêncio

Depois dos gritos e da dor

Os trovões se tornam apenas um eco, a chuva retorna como uma fria e gelada garoa, mas no pátio de Kaer Morhen nada é sentido além do silêncio, dos soluços que escapam e dos que ficam presos na garganta, das lágrimas que caem quentes com dor e raiva. A neve permanece e o silêncio se estende, cada segundo uma eternidade que parece repetir infinitamente o preço da derrota. Há raiva no grito de Lambert e nos punhos cerrados de Eskel. Há tristeza nos olhos fechados de Vesemir. E há dor, uma dor mais profunda do que o céu, o mar ou as raízes da montanhas, há uma ferimento que queima com a promessa de nunca cicatrizar, há o vazio da perda nas lágrimas de Geralt e Yennefer, nos soluços que escapam da feiticeira e no corações que batem e choram sob roupas e armadura.

Eles perderam Ileanna.

 

Pesado em sua ausência de som

E repleto do que foi perdido

 


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Notas finais do capítulo

Por favor, deixem comentários. Críticas e sugestões são sempre bem vindas

Mais uma vez, eu sugiro minha fanfic "Truque do Destino" para quem quiser saber mais sobre Ileanna durante o período de The Witcher 3 e mais detalhes sobre o que acontece entre esse capítulo e o início de The Witcher 3. Mas um resumo: como mostrado aqui, Ileanna é sequestrada pela Caçada Selvagem e levada para Tir Ná Lia, onde ela é criada pelo Rei Auberon (rei dos Aen Elle). O trauma de ser sequestrada e levada para outro mundo faz com que Ileanna perca as lembranças do mundo em que nasceu e ela acaba por se tornar uma navegadora da Caçada Selvagem, sendo caçada por Eredin após a morte de Auberon e terminando por se refugiar no mundo dos Aen Seidhe. Ela volta a se reencontrar com os pais durante os eventos de The Witcher 3, após 16 anos de separação. =)



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