Lua Negra escrita por spacewitch97


Capítulo 11
11 | Vampires




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— Isso tudo é tão confuso — disse Bella, num tom meio arrastado que, por algum motivo, eu achei muito engraçado e ri — Sua tia é uma cadela!

Parcialmente bêbada, eu havia contado o básico sobre o que havia acontecido comigo para Bella. Era bom poder falar sobre essas coisas ruins com uma garota e beber cerveja. Mais legal do que pensei. 

— Sim! — exclamei, erguendo a latinha que estava na minha mão — Um diz eu vou me vingar e arrancar a cabeça dela!

Bella jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada, mas então perdeu o equilíbrio caiu no chão. Eu ri dela e engatinhei até alcançá-la.

— Você está bem?

— Eu estou ótima! — ela exclamou, sentando-se abruptamente, e então arregalou os olhos para mim — Não, espera... Eu não estou bem! Eu estou apavorada!

— Por estar namorando uma criatura que se alimenta de coisinhas como você? — perguntei — Isso faz sentido...

— Não! Edward não me assusta! — ela disse, arrastando a voz  novamente, antes de soltar uma risadinha — É como se o que ele é fosse mais normal para mim do que a própria humanidade...

— Você é esquisita — conclui, me jogando deitada no chão — Porque está apavorada, então?

Ela não respondeu por um momento, tomando um enorme gole da cerveja que roubamos do pai dela. Eu estou, oficialmente, levando uma humana para o mal caminho.

Isso é divertido.

— Eu não sei, eu... — ela deitou no meu lado, no chão da sua sala, e suspirou — Tem uma vampira querendo me matar, Jacob disse que preferia me ver morta do que como vampira e Edward continua dizendo só vai me transformar se eu aceitar casar com ele.

Eu me engasguei com a carveja e tive que sentar para tentar voltar a respirar enquanto Bella me ajudava com uns tapinhas nas minhas costas. Assim que o ar voltou a circular pelos meus pulmões, olhei para a humana com os olhos arregalados.

— Eu nem sei o que pergunto primeiro!! — exclamei

— Ah, eu esqueci que, se os Volturi descobrirem que não sou vampira ainda, eu provavelmente serei executada.

— Garota — coloquei a mão no ombro dela — Que porra...???

—Hmm... — ela se sentou e ficou encarando a cerveja — Você e Jacob tiveram mesmo um imprinting?

— Quem se importa?? — bufei. Haviam prioridades aqui — Porque tem uma vampira querendo te matar? Como você se meteu com os Volturi?

— Você conhece os Volturi? — ela perguntou surpresa, virando-se para mim por um momento.

— Não pessoalmente, credo — estremeci — Sei que são vampiros horríveis que juram que são a realeza. Existem alianças entre eles e alguns clãs de Bruxas, mas a minha avó sempre pensou que isso fosse burrice e se recusou.

— Eles são mesmo horríveis — ela concordou, olhando para a latinha como se estivesse perdida numa memória ruim — Aro acha que as minhas... Habilidades... Serão úteis para ele quando eu me tornar vampira, esse é o único motivo pelo qual ele não me matou quando estive em Volterra.

Eu queria muito saber porque diabos ela foi até Volterra, mas havia outra coisa que atiçou mais a minha curiosidade:

— Habilidade?

Bella corou um pouco e olhou para o outro lado.

— Eu... Bem... Eu só sei que Edward não consegue ler a minha mente e...

— Seu namorado é capaz de ler mentes? Isso seria irritante se ele pudesse ler a sua.

— Bem, ele não consegue — ela disse, encolhendo os ombros — Aro acha que isso é algum tipo de habilidade que pode ser desenvolvida quando eu me transformar...

Olhei para ela especulativamente por alguns minutos, o que a incomodou o suficiente para que ela voltasse a me encarar.

— O que foi???

— Você quer que eu descubra se ele está certo?

— O que? Como você...?

— Eu sou uma Bruxa — disse o óbvio

Ela ficou em silêncio por um longo tempo, olhando para mim pensativa. Eu não pressionei, era uma escolha dela para tomar. Levaram uns longos minutos, mas ela finalmente disse:

— Isso... Vai doer?

— Não — respondi calmamente — Eu só vou tocar, basicamente, para descobrir se tem alguma coisa.

Ela hesitou por alguns segundos, mas então assentiu.

— Tudo bem, então. Eu... Eu preciso fazer alguma coisa?

— Senta aqui — indiquei o lugar e ela sentou com as pernas cruzadas na minha frente — Coloque as suas mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima... Isso. Você pode fechar os olhos, se quiser, mas isso não é necessário, na verdade. Eu só acho que me encarar enquanto eu estou com os olhos fechados ficaria estranho...

Ela riu e fechou os olhos. Com um pequeno sorriso, eu fechei os olhos em seguida e respirei fundo, me concentrando. Projeção astral é uma matéria que aprendemos desde pequenos, aos poucos, pois exige muita concentração. 

E, como eu disse anteriormente, eu saí do colégio com as maiores notas daquele lugar.

Eu não precisei de muito tempo para me concentrar e me focar no meu interior até que eu pude, finalmente, sentir a diferença entre o meu corpo e o meu espírito, o que permitiu que eu saísse da minha própria carne. 

O mundo era diferente no plano astral. Era mais escuro e opaco, mas suspeito que isso seja porque eu não pertenço àquele lugar. Porque eu estou viva.

Olhei ao redor, estranhando o fato de não haver espíritos naquela casa, e então me agachei em frente à Bella, que mantinha os olhos fechados. Ao redor dela, havia uma estranha aura transparente, como uma espécie de escudo. Quando o toquei, ele era quente e firme. Bella estremeceu. 

Então ela tinha mesmo uma habilidade, apesar de não usá-la conscientemente. Isso é incrível.

Fiz com que a energia que corria pelo meu corpo se focasse nas minhas mãos e então as estendi para tocar o escudo novamente. Eu podia senti-lo enquanto me repelia, mas forcei um pouco, testando os seus limites mas observando atentamente o rosto da humana, procurando por alguma indicação de que aquilo a machucasse. Eu mal tinha começado quando senti uma dor abrupta na minha cabeça e caí dolorosamente de volta no meu corpo, apenas para abrir meus olhos e encontrar o rosto furioso de um vampiro na minha frente.

Eu pisquei, tentando afastar a dor que pulsava na minha cabeça e no meu corpo inteiro, pela forma abrupta como voltei. Estava me sentindo tonta e enjoada. Nem reagi de imediato.

— Edward! — ouvi Bella exclamar, assim como ouvi seus passos se aproximando. A mão gelada ao redor do meu pescoço apertou um pouco e senti algo se pressionar contra as barreiras que existiam ao redor da minha mente. Isso me fez voltar à realidade melhor do que qualquer coisa.

Porque isso me deixou furiosa.

Puxei a minha conexão com os Elementais e empurrei a minha própria Magia na direção do vampiro ao mesmo tempo. O vampiro estúpido — Edward — foi atirado contra a parede e derrubou algumas coisas que estavam penduradas lá. Fechei a minha mão, prendendo correntes transparentes de energia ao redor dele, o impedindo de se mover novamente.

— O que diabos...? — Bella perguntou, olhando chocada para mim, mas então virou-se para o namorado — Porque você fez isso?

— Você não pode deixá-la mexer na sua mente — grunhiu Edward, me olhando furioso

Eu poderia me explicar, dizer que, na verdade, eu estava testando as bordas para ajudá-la a conhecer seus limites, mas a verdade é que eu não devo absolutamente nenhuma explicação para ele. Foi exatamente por isso que, ignorando completamente seu olhar homicida em mim, virei para Bella.

— Aro está certo, você tem uma habilidade — eu disse, atraindo a atenção dela de volta para mim — É como um escudo, ele te protege. É um dom impressionante.

— Eu... — ela balbuciou surpresa.

— Se tiver interesse, posso te ajudar a usá-lo — eu disse

— Nunca! — grunhiu o vampiro

— Seu namorado não devia achar que manda em você — comentei, me aproximando dela para beijar seu rosto numa despedida — Edward vai ser solto daqui a alguns minutos. Até mais.

Ela tentou balbuciar algumas coisas, mas eu virei para a porta de entrada e saí da casa. No lado de fora, surpreendentemente, estavam Carlisle com outros dois vampiros desconhecidos. Franzi o cenho instantaneamente.

— Vieram me atacar também?

— Exatamente o contrário, na verdade — a vampira baixinha sorriu abertamente para mim e caminhou graciosamente até mim — O meu nome é Alice, aquele é Jasper. Você é Selene, não é?

Eu queria muito ficar com os braços cruzados e agir de forma antipática, mas eu senti como se uma onda morna de tranquilidade varresse o meu corpo e meus ombros relaxaram imediatamente. Eu quase sorri, mas a realidade bateu na minha cabeça como um soco.

Era ele, Jasper. Ele estava me manipulando. Era sutil, mas eu podia sentir as ondas vindo dele.

— Eu juro que se você não parar com isso, eu vou até aí e arranco a sua cabeça — disse sorrindo amávelmente.

Ele riu um pouco e Alice riu abertamente.

— Ele estava tentando acalmar a sua raiva um pouco — disse Carlisle, num tom apaziguador — Desfazer o que Edward, impulsivamente, causou em você.

— Ele é um imbecil, não entendo como o deixou fazer parte do seu clã — resmunguei, passando por Alice e indo na direção dele — Porque ele achou que eu ia fazer alguma coisa contra Bella?

— Acho que, em partes, foi minha culpa — disse Alice, saltitando até nós, com um sorriso permanente no rosto — Meu dom é poder ver o futuro baseado em decisões que as pessoas tomam no presente. Eu vi mãos com um brilho azulado se aproximando da Bella enquanto ela estava com os olhos fechados, parecendo indefesa. Ele leu a minha mente e agiu, antes que eu pudesse dizer que não havia nada de ameaçador no que estava acontecendo. — ela soltou uma risadinha — Edward é extremamente protetor com ela.

Eu achava que aquilo era um puta eufemismo e que ele devia fazer terapia, mas preferi manter o pensamento para mim mesma.

— É um dom incrível — comentei, e logo em seguida Bella e Edward saíram da casa. Ah, que pena, o feitiço passou.

— Que bom que ainda está aqui — disse Bella, vindo até mim. Eu notei Edward apertando um punho, tentando manter o controle, mas o ignorei. 

Não tenho medo de vampiros.

— Sim — murmurei — Alice estava me explicando o motivo do surto do seu namorado psicótico.

Ela olhou para os outros surpresa, como se não tivesse notado que estavam ali. Notei que Jasper ficara com o corpo inteiro tenso ao ver a humana.

Interessante.

— Bella — chamou Edward, indo até ela quase tão tenso quanto Jasper, apesar do seu motivo ser totalmente diferente — Precisamos ir, o vira-lata já deve estar te esperando.

Eu arqueei uma sobrancelha para Bella.

— Você vai encontrar com Jacob?

Ela sorriu envergonhada.

— Ele vai ser a minha babá essa tarde.

— Babá...? — perguntei, mas entendi logo em seguida — A vampira que você disse que quer te matar?

— Victória — Alice respondeu, parando ao nosso lado.

— Porque ela quer te matar? — perguntei curiosa

— Vingança — quem respondeu foi Edward, num tom raivoso — Eu matei o companheiro dela para proteger Bella.

— Olho por olho — murmurei, antes de olhar para Bella — Você tem uma vida agitada, garota — observei Bella mudar o peso de pé, parecendo embaraçada, e então disse impulsivamente — Se você precisar de alguma ajuda isso, pode me ligar. Eu também sou uma ótima babá.

— Nem pensar — disse Edward imediatamente, enquanto Bella ria. Eu ignorei a existência dele e acrescentei:

— Como você viu, sou muito boa com vampiros furiosos. Pode me ligar.

Edward parecia querem me trucidar, mas Bella concordou com a cabeça. Então eu virei as costas, acenei para os outros vampiros (os aparentemente não psicóticos) e fui para casa.


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