Dois beijos escrita por gaby


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Bem vindo de volta! Boa leitura!



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SIMON

— Snow... – Baz murmura contra meus lábios.

— Você me chamou de Simon antes... – ele suspira e eu volto a manter sua boca ocupada.

 A cada segundo que passa tenho menos fôlego e mais vontade.

Quero tocá-lo por inteiro. Quero senti-lo; os cabelos lisos escorregando por meus dedos, o pulso acelerado na veia de seu pescoço, a pele que começa a umedecer sob minhas digitais, os músculos escondidos embaixo dessa camisa...

Estou prestes a pedir que ele venha para o meu colo quando Baz interrompe o beijo de modo agressivo – e definitivamente dessa vez. Só dá certo porque eu não esperava.

— Eu... eu devia ter parado? – pergunto, respirando precariamente.

— Não... – ele me olha e, por um instante, acho que vai me beijar de novo. Então conserta, de repente: – Sim! — ah... – Não! Não que eu quisesse... É só que... estamos no meio de uma festa de natal, no jardim da casa de alguém.

— Certo. Claro – por mais que eu queira beijar seu pescoço, ele tem razão.

Assim que me levanto, dou graças a Deus por estar de blazer.

Me questiono onde teríamos chegado se estivéssemos num local apropriado, e também se o momento teve a mesma intensidade para ele. Mas não consigo pensar muito além disso, porque ainda posso sentir seu toque em minha nuca e o seu gosto na minha boca, e nada mais importa.

Baz ajeita a gola da camisa e os cabelos, e eu resisto – com muita dificuldade – à tentação de acabar com o espaço entre nós, enquanto o sigo para dentro da casa.

 

BAZ

Eu, genuinamente, não sei como começar uma conversa depois de tudo que acabou de acontecer. Desde quando Simon Snow tem vontade de me beijar? E, céus, como devo proceder agora? Isso foi o começo de alguma coisa? O final? Ou nem ao menos foi algo relevante?

— Então... você é gay? – suponho que seja assim que se retome o diálogo. – Quero dizer, eu soube que você estava com o Niall... mas eu sempre achei que você quisesse ficar com a Agatha, quando a gente estudava em Watford, então...

— Gay, Snow. Eu sou gay. Mas, definitivamente, não é você quem devia estar fazendo essa pergunta...

— Ah. Eu... na verdade, não sei ainda... Fiquei com um cara na faculdade, mas não foi grande coisa... e não namorei mais ninguém – certo, o que isso quer dizer, Simon? O que o nosso beijo significou? — Eu pensei que ele ia terminar com o Dev.

— O quê?

— O Niall... Achei que ele e o Dev iam ficar juntos depois da escola... – entendo imediatamente o que ele quer saber. Sim, Simon, acabou mesmo, sem chances de reatar, penso, mas opto por não dizer isso.

— É... aconteceu – eu poderia parar por aí, mas ele me olha como se tentasse ler um mapa de cabeça para baixo e, por alguma razão desconhecida, isso faz com que eu me abra. – Eu não sentia o mesmo, mas ele pediu uma chance... e eu precisava tentar alguma coisa – que me fizesse esquecer você. – Não deu certo. Nunca consegui retribuir, sempre faltou algo. Terminamos e ele se afastou totalmente. Ainda sinto falta da amizade, mas eu sabia que era um risco.

— Ah... isso é... desculpe entrar no assunto... eu...

 

SIMON

— Não me peça desculpa, Snow. Soa estranho – a essa altura estamos de volta no salão. O Sr. Stainton (lembro dele por causa da Philippa) está fazendo algum discurso.

— Tão estranho quanto você ter me beijado? – deixo escapar.

Baz, que procura discretamente por algo, me encara com as maças do rosto já mudando para um tom rosado adorável. Eu acho que ele é a coisa mais bonita que eu já vi.

— Foi você que me beijou.

— Pode ser, mas você me chamou de Simon.

— Não chamei, não – abro a boca para revidar, mas ele me dá uma cotovelada discreta nas costelas. Percebo que estou sorrindo outra vez.

— ...muito obrigado, e apreciem a sexagésima primeira reunião natalina das Famílias Antigas! – o Sr. Stainton termina, erguendo a taça, e todos repetem o gesto. O volume da música aumenta devagar.

— Está com fome?

Faço que sim e vamos até a mesa de petiscos. Baz continua examinando o cômodo a nossa volta, os olhos cinzentos – que há pouco estavam fechados para mim – deslizando atentos de um lado para o outro. Ele faz isso de maneira tão graciosa e tranquila que eu não poderia reparar se não estivesse vidrado.

Eu não sei se deveria estar tão feliz com o acontecimento do jardim, mas não consigo evitar. Não sei se posso confiar que ele vai parar de brigar e discutir comigo. Não sei nem ao menos se ele gosta de mim. Mas ele me beijou, não foi? E ele pareceu muito certo disso quando disse meu nome.

— Você tá esperando outro par ou...? – pergunto, depois de engolir um folhado.

— Estou procurando meus pais.

— Ele não vai querer me enxotar daqui? O seu pai – o Sr. Grimm nunca gostou de mim. Algo sobre eu ter entortado o nariz do filho dele...

— Provavelmente. Mas não porque é você – a dúvida deve ter ficado explícita no meu rosto. – O acompanhante é a forma de me assumir.

— Ah. Seus pais não sabem?

— Todo mundo sabe, ou pelo menos suspeita. Mas meu pai gosta de fingir que sou hetero.

 

BAZ

Tento ignorar a presença de Simon Snow – que acabou de realizar meu sonho de adolescência naquele banco –, só mais um pouco e finalmente os localizo, Daphne e meu pai, conversando com os McKenna, não tão longe de onde estamos parados.

— E qual seu plano? – Snow diz.

Eu não tenho um plano.

Eu deveria ir até lá e apresentar meu par, essa era minha intenção antes de descobrir que Simon é o tal par. Isso me faz hesitar – principalmente depois do que aconteceu – porque a maioria aqui nos conhece e sabe do nosso ódio mútuo de infância. E pelo fato de que eu era completamente apaixonado por ele e não podia dizer a ninguém.

Era? Sou? Eu posso revelar isso agora? Alguém mais, além da Agatha, sabe?

É tudo, no mínimo, muito esquisito.

— Hmm! – ele resmunga repentinamente, enquanto bebe de uma taça de champanhe. – Tenho uma ideia!

Não me é concedida a chance de questionar. Simon toma minha mão na sua e me arrasta até o meio da sala, então para na minha frente e fica me olhando como se eu possuísse a capacidade de ler seus pensamentos e descobrir o que ele está pretendendo.

Eu aguardo mais um pouco.

Snow não solta minha mão – não estou reclamando – e não se explica ou se move.

— O que...?

— Acabei de me dar conta de que não sei dançar... – ahé isso.

Eu olho ao redor. Não há uma alma dançando aqui.

— Snow... – começo, então um pensamento me ocorre. Ele vem junto de uma péssima sensação no estômago. Endureço. – Você está fazendo isso porque eu estou pagando, não é? – as palavras saem frias.

— O... quê? Jesus Cristo! Não! Não! Eu nem quero que você me pague porra nenhuma, Baz!

Me arrependo instantaneamente. Praguejo minha insegurança dentro da minha própria cabeça.

Simon está vermelho outra vez e nervoso de verdade. Temo que ele grite, me bata, ou vá embora, mas ele ainda não largou minha mão – se é que isso serve de garantia para alguma coisa.

— Certo... eu só...

— Eu sei que é meio loucura, sei que acabamos de nos reencontrar... talvez seja exatamente esse o ponto! Eu prefiro isso, Baz – acho que não consegui acompanhar. Snow continua: – O que aconteceu lá embaixo. Prefiro aquilo do que brigar – ele despeja.

Não sei quanto tempo passo fitando aquelas írises celestes. E não acho que entendi muito bem o que ele quis dizer. Ou talvez eu tenha entendido e não queira acreditar. Ou talvez eu só esteja esperando que ele use as palavras que eu preciso ouvir.

Simon, você me quebrou.

Não de um jeito ruim. Mas também não de um jeito bom.

— Certo... – repito e engulo em seco; ele observa o ato. – Mas você não tem que fazer isso. Eles não precisam saber sobre você.

— Saber o quê sobre mim?! Que sempre fui obcecado por você, Baz? Sinceramente, acho que todo mundo já entendeu.


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Notas finais do capítulo

Não seja um leitor fantasma, comente, por favor :)
Agradecimentos especiais à minha beta lindíssima, Srta Prongs ♡



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