Dois beijos escrita por gaby


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

POR FAVOR, leia as notas finais depois!



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SIMON

O pai dele não faria nada violento, certo?

Quero pedir para que ele me ligue, caso necessário, mas – se ainda o conheço bem – não acho que Baz Pitch aceitaria isso de mim, então passo a pensar em mil e uma coisas para dizer; tenho tanto a perguntar, tanto a redescobrir.

Quanto ele mudou nesses cinco anos? Quanto dele permanece igual? Ele ainda joga futebol ou tênis? Batatas de sal e vinagre ainda são suas favoritas? Ele continua dando aula de violino, não é? Como foram as coisas para ele depois de Watford? Quais seus planos agora?

Contudo, sinto que se abrir minha boca as palavras vão se embolar em minha língua, no céu da minha boca, então escolho ficar calado e absorver o momento.

Escorrego a mão pelo ombro de Baz, até roçar no colarinho de sua camisa e em seu cabelo, que cai ali feito uma onda. Estamos próximos o suficiente para que eu consiga sentir a leve variação na respiração dele; sorrio com essa reação e subo um pouco mais o toque, alcançando a pele pálida de seu pescoço. Baz discretamente estreita os olhos cinzentos para mim. Presumo que ele vá me repreender, mas não acontece.

Avanço ainda mais: meu polegar no finzinho de seu maxilar, perto de sua orelha, os fios negros e macios envolvendo meus dedos. Ele engole em seco e aumenta a pressão abaixo de minhas costelas. Ainda sorrindo, mordo meu lábio, no que os olhos dele escoltam o movimento.

Estou a um fio de beija-lo, mas a música acabou cedo demais e a tia dele se aproxima de nós antes que eu o faça.

Quando nos afastamos, o mundo ressurge a nossa volta – posso jurar que não havia nada além de Baz e eu um segundo atrás.

— Simon Snow, hein? – Fiona me examina.

A partir desse ponto não temos outra oportunidade, outra dança, mais nenhum momento a sós. O lugar está lotado e a todo instante alguém nos cumprimenta ou começa um diálogo curto e formal, o qual eu apenas acompanho, sem muita participação.

Conheço o nome da maioria aqui, são as famílias mais ricas e, consequentemente, mais “famosas” de Hampshire; mas as únicas pessoas, além de Baz, que realmente faziam parte do meu círculo eram Elspeth e Philippa. Nós as encontramos após um tempo e mantemos uma conversa por boa parte da noite.

Baz e eu fazemos contato visual o tempo inteiro: enquanto falamos com os outros, enquanto rimos de alguma história de Watford que Elspeth relembra, enquanto bebo outra taça de champanhe, enquanto ele passa a mão pelos cabelos...

Eu me perco completamente em suas nuances de cinza.

 

BAZ

— Ei. Como ele está? – vejo Daphne quando estou saindo do banheiro e aproveito para perguntar.

— Irritado, preocupado com o que os outros vão falar... – se ao menos a preocupação fosse comigo.

— Ele realmente acha que isso vai interferir significativamente nos negócios? Eu nem sequer trabalho lá.

— Ele ainda tem esperanças de que você assuma a empresa antes de ele morrer, Baz.

— Eu sou mais Pitch que Grimm. Trabalhar com plantações, mesmo no administrativo, não é meu estilo. Não vai acontecer.

— Bom, você o conhece, ele não vai conversar esta noite. E, dito isso, não o deixe estragar a sua – ela sorri para mim. – Snow, então? – eu suspiro. – Isso explica aquela rivalidade toda entre vocês – Daphne entrelaça o braço no meu enquanto andamos. – Os dois ficam bem juntos.

— Para. Não é nada disso que você está pensando.

— Sei – adentramos o salão e ela ainda diz: – Baz, não sofra por antecipação, certo?

Tarde demais, já estou sofrendo.

— Certo – Daphne sorri e segue na direção contrária.

Não pelo meu pai. Eu fiz o que tinha que fazer e vou lidar com isso.

Estou sofrendo por Simon Snow, lógico. Porque eu fui destinado a isso, aparentemente. Pois, embora ele tenha afirmado que não quer discutir, eu não posso esperar que ele tenha se apaixonado de uma hora para a outra, por causa de um beijo. Não estamos num filme clichê.

A cada minuto passado meu peito se comprime um pouco mais. Posso sentir a noite escorrer por entre meus dedos, sem conseguir segura-la, sabendo que quando eu acordar tudo vai voltar a ser como antes.

Eu retorno ao lugar onde o deixei, com as meninas e seus pares, e Simon imediatamente conecta nossas pupilas outra vez. Eu quero me afogar nesse azul.

Só mais um pouco.

Enquanto ainda tenho essa chance.

 

SIMON

Não vamos muito além da troca de olhares.

Até mesmo quando estamos enfim sozinhos novamente, percorrendo o mesmo trajeto de quando chegamos para a festa, agora na intenção de encontrar o carro dele e ir para casa; ainda assim não falamos.

Tudo bem. As palavras podem esperar.

Passei a noite e metade da madrugada controlando o desejo de puxa-lo para longe daquele salão. Ele não pode me olhar daquele jeito enigmático por tanto tempo e esperar que eu não reaja de alguma forma.

As pernas compridas de Baz são responsáveis pelos passos largos que eu me esforço para acompanhar.

Eu só quero terminar o que começamos no meio daquela música.

 

BAZ

Consigo sentir Simon me observando enquanto dirijo.

Acho que agora compreendo perfeitamente a Cinderela. Minha “meia noite” está chegando, e quando ela vier, tudo isso vai acabar. A magia vai desaparecer.

Foi só uma festa. Foi só um momento, um reencontro inesperado e explosivo que resultou em atos mal pensados. Não foi, Snow?

Tenho certeza que a resposta é sim. Estou tentando me conformar, afinal, eu sempre soube que nunca teria Simon Snow.

Estaciono em frente à casa, mas nem me dou o trabalho de desligar o motor.

 

SIMON

— Então... – tento começar. – Você acha que vamos nos ver antes de eu voltar para buscar minhas coisas? – Baz finalmente me olha de volta.

— O... quê?

— Ou... sei lá... você podia ficar aqui hoje... – sinto meu rosto esquentar e aproveito para tirar o cinto de segurança.

— Como é?

— É só que... a gente nem conseguiu conversar direito lá na festa.

— Conversar?

— Temos cinco anos pra colocar em dia, não é?

— Snow...

— Você me chamou de Simon antes – o silêncio reina por três segundos inteiros; ele respira fundo.

— Simon... eu... Olha, eu prefiro que as coisas voltem ao normal o quanto antes – minhas sobrancelhas se juntam.

— Ao normal?

— Sim.

— Você acha que alguma coisa vai voltar a ser como era depois de hoje? Nada vai voltar ao normal depois disso, Baz.

— Disso o quê, Snow?! Duas músicas, algumas palavras emocionadas e um beijo?

— Dois beijos – eu digo e o puxo pela gravata.

 

BAZ

Simon solta meu cinto.

Ele não me dá opções, apenas me leva para o seu colo, me encaixa em seus quadris e me beija até que eu esqueça as minhas inseguranças. Até que nada mais importe. Até sua língua ser a única coisa na qual eu consiga pensar.

Snow se livra do meu blazer e da minha gravata. Ele desabotoa minha camisa, segura com força os meus cabelos, morde minha orelha, se enrola no meu corpo. Ele percorre cada centímetro de mim com suas mãos – minhas costas, coxas, pescoço, costelas; onde seus dedos tocam eu posso sentir queimar.

Ele me aquece, e eu o aqueço de volta.

Eu dou a Simon tudo que eu tenho, tudo de mim.

Eu provo o gosto do seu sangue quando mordo seu lábio.

Ouço-o rosnar em meu ouvido.

Chamo o seu nome. De novo e de novo.

Eu pressiono as sardas em seus ombros dourados.

Eu ultrapasso o céu. Alcanço as estrelas de dentro dos seus braços. E ele me encontra lá com um gemido rouco.

Sem forças, Simon me abraça pela cintura e enfia o rosto no meu peito; a respiração totalmente desajustada, quente, contra minha pele úmida. Deixo os braços descansarem ao redor do seu pescoço, mergulho os dedos em seus cabelos suados e tento inutilmente acalmar meus batimentos desenfreados.

Eu não sei o que pensar.

Ele se afasta e gruda nossas testas molhadas. Consigo enxergar todas as variações de azul em suas írises, antes de Snow capturar meus lábios de novo, com calma dessa vez.

— Fica – ele sussurra fraco em minha boca.

Eu quero ficar.


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Notas finais do capítulo

CALMA! kkkk Eu sei que esse final tem muita coisa mal resolvida (o Baz ficou ou não ficou? O pai dele fez alguma coisa? Simon achou lugar pra morar?), mas a continuação já está em andamento e assim que escrever tudo eu posto pra vocês!
Enfim, obrigada a todes que acompanharam a fanfic e que leram até aqui. E um muito obrigada especial àqueles que comentaram ao longo dos capítulos (quem escreve fanfic sabe como um comentário, por menor que seja, aquece o coração e motiva).
Até a próxima! Bjs.

Agradecimentos especiais à minha beta lindíssima, Srta Prongs ♡



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