Time after time escrita por shslatingirl


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

onezinha escrita com a vic ♥



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Time after time;

 

 

                                 28 de novembro de 1999

 

Emma Swan tinha certeza de que o ano de 1999 marcaria a sua vida de forma única. Além de ser a virada do século, seria o ano em que daria início a sua carreira como atriz, mas não se sentia tão animada quanto deveria em relação a isso.

Estava dividida entre seu sonho de ser uma conhecida atriz e abrir mão de seu amor.

Regina Mills sempre esteve ao seu lado a incentivando, desde passar horas em claro durante a madrugada para ajudar Emma em algum teste, até comprar besteiras e fazer palhaçadas para animar a loira quando a mesma era recusada para algum papel.

Regina morria de orgulho da namorada, sempre soube que Emma tinha talento de sobra, e que bastava apenas o pontapé inicial para que sua loirinha brilhasse como sempre sonhou. E ela esperava estar ao lado dela em todas as etapas de sua vida, fossem elas boas ou ruins.

O que não sabia era que a ilusão de compartilhar uma vida com Emma duraria pouco.

 Emma fora escalada para ser protagonista de uma nova série de comédia e estava muito feliz com a notícia, mas não poderia contar para Regina até o contrato estar assinado.

Emma teve sua primeira reunião de elenco na mesma semana, e a euforia a acompanhou do início ao fim. Descobriu mais sobre sua personagem, e de cara se apaixonou por ela. Lucy era um desafio, uma personagem que Emma jamais pensou que interpretaria: uma jovem mulher que foi criada em berço cristão e conservador e que resolve viver sua própria vida longe da igreja e de seus pais que eram extremamente protetores. A série mostrava as aventuras de Lucy em sua jornada de descobertas e a forma como sua antiga vida, apesar de não ser de todo ruim, era extremamente chata e monótona. Emma sentiu que dessa vez tudo daria certo na sua carreira, estava completamente feliz e animada com seu novo papel.

Entretanto a alegria durou pouco, para ser mais exata, durou até o seu diretor chamar Emma para uma conversa particular, onde as palavras “O público não aceitaria uma atriz lésbica como principal, Emma, e pelo o que eu sei você é uma. Então eu sugiro que se quiser continuar no cast, esconda isso ao máximo. As pessoas lá fora são cruéis com pessoas como nós.” foram usadas.

Seu primeiro impulso foi levar a mão até seu pescoço onde ficava o colar que Regina havia lhe dado no terceiro aniversário de namoro das duas.

 

 

                                      ***

 

Assim que chegou em casa foi ao encontro de Regina, que a recepcionou com um caloroso abraço, e Emma gostaria que o tempo tivesse parado naquele momento, queria tanto que tudo fosse mas fácil.

 

“Dói tanto saber que tenho que escolher entre o amor ou a carreira que sempre sonhei. Não estou pronta para abrir mão de nenhum dos dois, mas a indústria é cruel, e só de imaginar o quão difícil seria viver sendo julgada o tempo todo somente por amar, dói demais.” Pensou Emma.

 

Separou-se dos braços de Regina com cuidado, o gosto amargo do café se fazia presente em sua boca. Como começar essa conversa? Ela não saberia responder.

 

— Emm, aconteceu alguma coisa? – Perguntou uma Regina visivelmente preocupada.

 

— Regina – um suspiro sôfrego, escapa de sua garganta – Hoje me encontrei com o meu agente, e o diretor do seriado que fiz o teste há algumas semanas – Ficou muda por alguns segundos, tentando digerir tudo o que falaria. – Eu consegui o papel.

 

— Oh, Emm! Meu amor, você conseguiu! – Regina exclamou entusiasmada – Eu sabia que iria conseguir você é tão talentosa! Isso merece uma comemoração especial!

 

— Ah, meu bem eu queria que tudo fosse tão simples! Eu consegui o papel, mas para poder de fato fazer parte desse projeto e ser tudo o que sempre sonhei, eles estipularam uma ‘pequena regra’ - fechou os olhos numa tentativa falha de conter o choro e levou as mãos aos cabelos, suspirando em seguida – Eu não posso ter um relacionamento homoafetivo. Segundo eles a indústria não olha com bons olhos mulheres que se relacionam com outras mulheres...

 

— O que isso quer dizer Emma? – exclamou perplexa com o que acabou de ouvir – Você terá que escolher entre uma carreira ou eu? – Regina riu sem acreditar nas palavras que a loira havia dito 

 

— Regina, eu não queria ter que fazer essa escolha. Você sabe que eu te amo mais do que qualquer coisa nesse mundo. Você é tudo o que eu tenho, fora a minha família, então não está sendo nada fácil para mim ter que nos colocar nessa posição.

 

Emma percebeu que Regina se calou e observou a feição triste da morena. Jamais pensou que teria que magoar tanto a mulher que amava, e tal pensamento só quebrou ainda mais seu coração.

 

— Eu não a colocarei nessa posição de forma alguma, Emm. Não vou te obrigar a escolher, eu não quero destruir seus sonhos, não quero te impedir de ter a sua carreira, você sempre sonhou com ela e eu não tenho o direito de acabar com isso. 

Regina sentiu seu coração quebrar ao pronunciar tais palavras, limpou algumas lágrimas que escorriam por suas bochechas e respirou profundamente antes de terminar sua frase. – Eu te deixo livre, Emma.

 

Emma apenas observou Regina virar as costas e andar em passos largos e rápidos em direção ao quarto.

 

 

Permaneceu no mesmo lugar, estava sem reação com as palavras que acabara de ouvir. As lágrimas já escorriam pelo rosto da loira livremente enquanto um soluço preso escapou por entre seus lábios.

 

 

 

                                       ***

 

Regina sentou-se na cama, olhou a mesinha de cabeceira e viu sua foto com Emma, pegou a foto e a levou em seu peito e deitou-se na cama. Lágrimas escorriam rapidamente por sua face levemente vermelha por conta do choro. Só haviam duas opções: Emma abdicar de todos os seus sonhos ou abdicar de seu relacionamento. Não queria de forma alguma colocar a mulher nessa posição, por isso mesmo fez a escolha pelas duas, e acreditava que seria melhor assim.

“A cada novo pensamento me perco ainda mais... A minha vontade é de gritar, gritar até não aguentar mais, de colocar tudo isso que estou sentindo pra fora, mas não adiantaria porque já está feito então é melhor permanecer em silêncio sucumbir tudo isso. As suas palavras estão rodando em minha cabeça e aparentemente não vão parar tão cedo. Elas me fizeram questionar o por quê o mundo tem que ser tão cruel? Por que tudo tem que ser tão difícil? Por que eu tenho que me privar de amar livremente?! É cruel e dilacerador viver mercê dessa indústria podre e desse mundo preconceituoso. Amar não deveria ser errado, mas no nosso caso infelizmente é.”

Foi o que Regina escreveu em seu caderno de anotações onde dividia seus pensamentos com Emma quando uma não podia contar com a outra em um momento específico.

Voltou a se deitar, ainda estava chorando, mas numa intensidade menor, como se suas lágrimas estivessem cansadas de cair. Ouviu passos se aproximando e logo sentiu Emma se deitar ao seu lado e lhe abraçar pela cintura. Virou-se na cama, ficando de frente para a mesma, e notou o rosto num tom avermelhado e o nariz levemente inchado pelo choro.

 

— Eu não quero deixar você ir, Regina. Eu quero viver ao seu lado, quero casar com você, adotar a nossa menininha, comprar uma casa grande e bonita como a gente sempre quis. – Emma respirou fundo tentando se acalmar para não cair no choro novamente. – Eu não consigo e não quero imaginar a minha vida sem você, meu bem. Eu não queria te magoar com a minha escolha, aliás, não queria ter que escolher. Eu só te peço perdão por ser tão egoísta, e por acabar com o nosso relacionamento.

A primeira reação de Regina foi abraçar o pescoço de Emma e chorar copiosamente ali mesmo, sentiu Emma apertar mais seus corpos enquanto também chorava.

— Não é justo, eu não quero perder você. –Regina sussurrou enquanto tentava acalmar o choro.

— Eu não queria que isso tudo estivesse acontecendo, Regina. Não merecemos esse fim... Não merecemos um fim.

— Eu sei que não, mas é o melhor para você e para a sua carreira, Emm. – Regina respirou fundo enquanto tentava conter seu choro. – Acho que merecemos pelo menos uma despedida em grande estilo. Uma noite inesquecível para terminar esse ciclo com chave de ouro para te dar sorte, não acha?

— O que eu fiz para te merecer? Mesmo eu fazendo você passar por tudo isso, você ainda consegue ser compreensiva e me apoia nessa maldita decisão. Você é mesmo real? – Tentou brincar, e arrancou uma leve riso da morena a sua frente que limpava suas lágrimas e tentava passar confiança, mas Emma sabia que o coração de Regina estava se quebrando aos poucos, assim como o seu.

 

— Eu sou real, e posso te provar isso nos dando uma despedida digna. Nós merecemos um fim bem melhor do que uma última noite chorando nessa cama.

Ao dizer isso, Regina levantou e estendeu a mão para que emma levantasse junto, e ela o fez. Foram até o banheiro que ficava ao lado do quarto e lavaram os rostos para que as lágrimas fossem esquecidas por um tempo.

Pegaram apenas uma carteira e saíram do apartamento. Sabiam bem onde iriam e aproveitaram para ir caminhando, assim o trajeto demoraria mais e passariam mais tempo juntas. De mãos dadas, como se o medo do julgamento alheio não existisse, e tentando mascarar o aperto no peito que ambas sentiam, chegaram a lanchonete onde se conheceram, sentaram na mesma mesa onde o pedido de namoro aconteceu, pediram o mesmo lanche que Emma derrubou em Regina no dia em que se encontraram pela primeira vez, e sorriram ao se lembrar de tal acontecimento.

Depois foram ao cinema onde tiveram o segundo encontro, e assistiram Noiva em Fuga, e Regina ficou levemente enciumada com os comentários de Emma elogiando Julia Roberts. Quase foram expulsas da sala quando Regina disse “Agora que você vai ser uma atriz de sucesso eu não quero ficar sabendo de você ficando de gracinha com uma Julia Roberts da vida nos bastidores, me entendeu?” E Emma soltou uma gargalhada alta atraindo olhares e sussurros mau humorados da maioria das pessoas que estavam no cinema.

Após o filme foram até uma sorveteria, onde fizeram uma competição de quem tomava o Milk Shake mais rápido, mas desistiram na metade e mais risadas tomaram conta do lugar.

Durante poucas horas elas se esqueceram que aquela noite se tratava de uma despedida, e viveram como se o amanhã fosse apenas uma metáfora. Mas ao chegarem na porta do prédio os sorrisos que tomavam conta de seus rostos foram desaparecendo aos poucos, e a realidade voltou a tona. Era a última noite delas.

Se olharam como se buscassem respostas no olhar uma da outra, mas a única coisa que encontraram foi tristeza e medo.

O medo de Emma se resumia em estar completamente equivocada ao escolher sua carreira, e não sua namorada.

O medo de Regina ia muito além disso. Pensava em como seria a sua vida sem Emma, em como suas manhãs seriam chatas e em como as noites seriam tristes e solitárias. Emma era seu porto seguro, sua melhor e única amiga, sua família, seu tudo. E agora que se via sem nada, o medo da solidão lhe consumir era enorme.

Seguraram as mãos e entraram no prédio, subiram cada andar lentamente, com medo do tempo correr e perderem mais ainda da companhia uma da outra. Quando chegaram ao terraço conseguiram soltar as mãos e caminharam até as cadeiras de descanso que ficavam alí. Já deitadas na mesma cadeira, Regina, que estava com a cabeça deitada no peito de Emma, soltou um pesado suspiro e tomou coragem para falar.

— Foi uma despedida de respeito.

Emma segurou as lágrimas e apenas concordou com a cabeça antes de apertar ainda mais sua morena ao seu corpo.

— Você já sabe para onde vai? – perguntou Regina

— Provavelmente para a casa da minha mãe até conseguir alugar uma casa ou um apartamento. E você, já sabe o que vai fazer?

— Eu vou ficar aqui, não sei o que eu vou fazer, não sei como seguir, mas vai ficar tudo bem. – Ela não tinha tanta certeza disso, mas tentou passar confiança para emma. Mas a loira conhecia a sua morena o suficiente para saber que ela não estava falando a verdade.

— E se eu recusar o papel? Vamos poder continuar juntas e...–

Regina não deixou Emma continuar com sua fala.

— Nem pense nisso. Sua carreira é importante, Emma. Não deixe com que eu atrapalhe seus planos, por favor. Você finalmente conseguiu o que sempre sonhou, mas infelizmente veio com um preço, e por mais doloroso que seja para nós duas, vai ser necessário. Eu sinto que estou morrendo por dentro, Emma. Estou com medo, pois você é a única pessoa que eu tenho. Tenho medo de cair em profunda solidão, tenho medo de não conseguir seguir em frente, tenho medo de nunca mais te ver, e tenho medo de te ver frequentemente. Eu poderia passar o resto da noite listando os meus medos e inseguranças, mas eu não quero estragar o resto da nossa noite. Então tenta não pensar nisso e tenta aproveitar comigo o nosso último tempo juntas.  

 

Regina colou seus lábios ao de Emma em um leve e doloroso beijo. Levantaram e foram até o apartamento e voltaram para a cama, ficando novamente uma de frente para a outra.

 

Era claro que nenhuma das duas queria estar passando por aquilo, mas como decidiram aproveitar a última noite, fariam da melhor forma possível, e terminariam no lugar onde seus corpos se conectavam quase todas as noites.

 

Se sentiam extasiadas, mesmo com um aperto insistente no peito. Fariam de tudo para que a última vez na cama fosse inesquecível.

 

— Quero que tudo seja perfeito. – Emma admitiu enquanto traçava as linhas do rosto que tanto amava, tentando eternizar em sua mente cada pequeno detalhe.

 

— Queria poder morar para sempre em seus braços. - Respondeu Regina enquanto a encarava com um olhar doce e amoroso.

 

 

As cortinas estavam abertas permitindo que somente a luz do luar iluminasse o interior do quarto. E a lua era única testemunha da dolorosa despedida.

 

 

— Regina, eu prometo que nunca vou esquecer você. – Sussurrou Emma enquanto acariciava lentamente os cabelos ondulados de Regina.

 

— Antes de te conhecer, eu não sabia o que era o amor, e você me apresentou ele. E isso não tem preço, Emma – confessou beijando a curva de seu pescoço.

 

Então as duas se olharam novamente e os lábios voltaram a se tocar. Emma explorava o corpo de Regina enquanto a mesma suspirava aproveitando as sensações.

Gemeu baixinho quando sentiu os lábios quentes de Emma beijando todo o seu colo, indo em direção aos seios, onde se perdeu durante um tempo enquanto acariciava e beijava um dos pontos mais sensíveis de Regina.

 

— Você é perfeita – Emma murmurou, apreciando o corpo de sua namorada.

 

Momentos depois os beijos antes calmos, tornavam mais selvagens e intensos, tentavam explorar e memorizar cada pequeno detalhe de seus corpos.

Emma deitou-se sob o corpo de Regina e sugou novamente um dos mamilos. Suspiros escaparam dos lábios carnudos, enquanto seu quadril se moveu em direção ao da loira em busca de contato.

 

— Eu te amo, Regina – uma lágrima sorrateira escapou ao pronunciar tais palavras.

 

— Eu te amo, Emma.

 

Toque após toque, Regina se sentia invadida pelo prazer, enquanto as mãos experientes de Emma percorriam seus lugares mais íntimos. Voltou a beijá-la, e então se colocou no meio de suas pernas, encaixando suas intimidades. Emma ofegou e encaixou Regina entre seus braços e começaram a se mover devagar. Os gemidos da morena pareciam inspirá-la a acelerar o ritmo passional, enquanto seus corpos se moviam em harmonia.

Quando clímax chegou, os corpos relaxaram na cama, mas sem se soltarem.

Regina ficou triste novamente, ao pensar que aquela fora a última vez em que estariam juntas, e tentou levantar da cama para não chorar na frente de Emma, mas desistiu assim que ouviu Emma implorar.

— Fica mais um pouco aqui comigo.

E ela ficou.

Naquela noite elas se amaram pela última vez, entre beijos demorados e lágrimas de uma despedida que em breve chegaria.

Observaram o dia amanhecer por entre a janela daquele quarto que abrigou um amor puro e verdadeiro.

E horas após o sol nascer, Emma Swan partiu do lugar que chamava de casa para uma nova etapa em sua vida. Despediu-se de Regina com um beijo lento e cheio de significados, seguido de um abraço onde palavras de sorte e perdão foram sussurradas.

 

E foi assim que começou a carreira de sucesso que tanto sonhou, deixando para trás a mulher amava e que nunca saiu de seus pensamentos.

 

 

 

                                   10 anos depois

 

Era um dia comum, o sol adentrava através da minha janela recém aberta, tudo parecia incrivelmente normal, tirando o fato de que eu estava a dois dias sem conseguir pregar os olhos. 

 

 

Há exatos 10 anos que abri mão do meu grande amor. Hoje sou uma mulher com uma carreira consolidada, fãs por todo o mundo, tenho tudo o que sempre sonhei.

Menos o amor... vivo à mercê de um paradoxo, estou presa às lembranças, das quais faço questão de carregar comigo. Posso dizer com clareza que tenho tudo e não tenho nada.

Não posso dizer que me arrependo pois amo o que sou e o que construí, mas hoje com a mentalidade que tenho, não teria me deixando prender a crenças momentâneas e muito menos aos preconceitos alheios, teria lutado para ser quem sou, sem deixar para trás a minha realidade.

 

Limpei a lágrima solitária que insistia em correr em meu rosto, desistindo de continuar em minha cama, me levantei e fui em direção ao banheiro. E ao olhar-me no espelho pude ver em meu reflexo, algumas olheiras profundas, mas nada que uma boa maquiagem não resolva.

Forcei o meu melhor sorriso para simular uma falsa alegria e logo ouvi Belle batendo em minha porta.

                                                                          Pelo amor de deus Emma – disse Belle enquanto batia o pé em claro sinal de nervosismo. 

— Calma Bell, eu estou indo! Pra que tanta pressa?

— Hoje vamos escolher o vestido, Emma. Você além de minha irmã é a minha madrinha então é a sua obrigação ir comigo!

— Eu não quero sair de casa hoje, Belle. Deixa para outro dia, por favor.

Tentei usar o meu melhor bico persuasivo mas não deu certo já que eu fui arrastada até o meu closet onde fui obrigada a colocar uma roupa mais apresentável. Optei por uma camisa social branca e uma calça preta, e deixei meus cabelos, que agora estão curtos, soltos de forma despojada.

Entrei no meu carro e Belle me acompanhou, ligando uma música extremamente irritante, mas não reclamei já que não daria em nada.

Segui em direção ao tal ateliê que Belle indicou dizendo que era o lugar mais disputado para vestidos de casamento exclusivos e que era muito difícil conseguir um horário com a estilista. Para mim era frescura pura! 

Chegamos ao local e fomos recepcionadas por uma moça simpática e direcionadas à sala da tal estilista. Belle foi caminhando rapidamente, completamente animada como se fosse uma criança correndo em uma loja de brinquedos. Já eu, fui andando lentamente, observando tudo ao redor. Era um lugar lindo e bem decorado, com paredes em branco e detalhes dourados.

Sai de meus pensamentos quando senti alguém tocar levemente as minhas costas, e quando me virei dei de cara com a pessoa que eu menos esperava naquele momento.

Assim que a vi tudo ao meu redor pareceu girar. A morena à minha frente tinha os olhos incrivelmente marcados pelo delineador, os cabelos negros que antes eram ondulados estavam perfeitamente alinhados na altura do ombro e sua pele estava ligeiramente bronzeada. Anos se passaram e essa mulher continuava incrivelmente linda, seu corpo estava delineado por um vestido preto com uma fenda discreta na lateral.

 – Meu Deus! Emma?? – Regina perguntou ligeiramente surpresa.

— Regina, é você? – Eu a olhava com certa angústia, deveria estar muito claro em meu rosto o quanto eu estava surpresa.

Ela abaixou rapidamente a cabeça, e sorriu com canto dos lábios.

— Sim, Emma sou eu! – Ela me analisou por um tempo e um sorriso triste tomou conta de seus lábios – Então você é a noiva de hoje?

Minha cabeça parecia girar, flashbacks invadiam minha mente, fechei meus olhos em uma tentativa falha apagar todos esses pensamentos.

— Ei, Emma está tudo bem? – perguntou com preocupação na voz.

— Estou sim, me desculpe. – falei enquanto balançava minha cabeça.

Regina veio a meu encontro em passos lentos, quase que em câmera lenta e então ela me surpreendeu puxando-me para um abraço caloroso, e se eu tivesse a chance de fazer um único pedido seria para que o tempo parasse nesse extrato momento.

— Senti saudades – Regina sussurrou em meu ouvido.

— Eu também, você não sabe o quanto. - E a apertei mais em meu abraço. 

 Não sei por quanto tempo ficamos abraçadas, mas nos separamos no susto quando Belle, nada discreta, tossiu de forma falsa e exagerada.

 – A noiva no caso sou eu, a minha irmãzinha continua muito bem solteira.

— Meu Deus, Belle, como você cresceu! 

Regina correu e abraçou Belle, que correspondeu o abraço. 

— E como assim você vai se casar? Você nem tem idade pra isso!

Eu não consegui segurar a risada e Belle muito menos.

— Quase 25 anos nas costas e ainda não tenho idade?

— Você ainda é uma pré-adolescente chata, Isabelle Swan, e minha opinião não vai mudar tão cedo.

— Pelo visto a única que mudou aqui foi você, não é? Olha para isso tudo! – Diz Belle apontando para todo o ateliê de Regina. – Isso é incrível, Gina!

— Obrigada, Belle! Você sabe que eu sempre gostei de desenhar roupas, e quando entendi que eu poderia ter uma carreira bacana fazendo o que eu gosto, eu não poupei esforços e fui para a luta, e é gratificante poder fazer as pessoas felizes com os meus vestidos.

— Então me faça feliz, pois eu exijo ter o seu vestido mais bonito!

Riram com a brincadeira de Belle, e as três seguiram em direção ao escritório de Regina.

Enquanto Belle e Regina conversavam e faziam alguns ajustes para o seu vestido ideal, eu me encontrava sentada em uma das poltronas do olhando para o nada quando um som familiar me chama a atenção. Em uma das enormes televisões estavam transmitindo “Noiva em Fuga” e neste momento uma sensação de nostalgia me consumiu.

O filme estava bem na parte em que Maggie se declarava “Eu te garanto que teremos dificuldades, eu te garanto que um dia um de nós, ou os dois vai querer pular fora, mas eu te garanto que se eu não te pedir pra ser meu, eu vou me arrepender pelo resto da minha vida. Pois em meu coração você é único pra mim.”

Ao ouvir esse trecho do filme involuntariamente lágrimas grossas invadiram meu rosto sem permissão alguma. Levantei-me um pouco desorientada e caminhei até a saída do ateliê, aquilo era demais pra mim, eu não estava aguentando. Me sentia sufocada, era coisa demais pra só um dia eu não conseguia digerir isso tudo.

Parada apoiada sobre meu carro com a cabeça a mil, eu me sentia como em um filme clichê onde a personagem principal encontrava o seu grande amor 10 anos depois e todos tinham o seu felizes para sempre, pena a vida não ser um filme de amor clichê, já que realidade era dura e diferente.

— Emma, você está bem? Te procurei lá dentro e não te achei, porque não avisou que iria sair – perguntou Belle visivelmente preocupada.

— Você sabia que a dona disso daqui era Regina? – Perguntei ignorando a sua pergunta.

— Você não me respondeu! – indagou a mesma, tentando desconversar.

— Me responda você, Isabelle – falei visivelmente alterada.

— Sim Emma, eu sabia – falou cabisbaixa.

— Porque você não me avisou, porque não falou comigo! Isso não se faz, você tem noção de como estou me sentindo, você tem noção do que fez?

— Me desculpe, mas é que além do fato dela ser a melhor nesse ramo, eu só queria deixar a minha irmã feliz. Eu não aguento mais te ver assim, são 10 anos que eu te vejo viver infeliz, eu só queria que – uma pausa foi dada – Eu só queria te ver com o mesmo brilho nos olhos da Emma de 10 anos atrás...

— Me desculpa por ter me alterado Belle, mas se põe no meu lugar, eu não estava pronta para rever a Regina, eu não sei como me sinto, não sei o que fazer... Minha cabeça parece que vai explodir

— Me desculpe, mas uma vez Emma! Eu só queria te deixar um pouco mais feliz.

— Eu entendo, mas você não deveria se meter na minha vida dessa forma. Você sabe que é um assunto delicado e que ainda me machuca muito, então pensa melhor da próxima vez.

Talvez eu esteja sendo muito dura com ela, mas ela precisa entender que passou completamente do limite me trazendo até aqui sem qualquer aviso prévio.

Ela apenas confirma com a cabeça e segura em minha mão para que entremos novamente no ateliê e eu respiro fundo antes de começar a caminhar.

Chegando até o escritório de Regina, ela me dirige um olhar preocupado e eu apenas dou um leve sorriso para demonstrar que estava bem, mas não funcionou muito bem, já que ela veio caminhando em minha direção e segura levemente em meu braço esquerdo.

— Belle, fique a vontade, eu e sua irmã precisamos conversar um pouco, e daqui a pouquinho retornamos. 

Eu não tive reação, e quando dei por mim, estava em uma sala pequena que parecia um quarto, já que havia um armário e um sofá cama aberto, como se alguém tivesse passado a noite por ali.

Volto a minha atenção para Regina que me analisava com um olhar diferente de todos os que eu lembrava.

 – Foi uma grande surpresa te ver aqui hoje, Emma. – Regina iniciou a conversa e eu apenas dei um sorriso sem graça e tentei continuar.

— É um lindo lugar, jamais imaginei que você seguiria a carreira de estilista.

— Eu também não, mas uma coisa foi levando a outra e bem, aqui estou! – Ela responde com um sorriso orgulhoso, e eu fico admirado por poucos segundos.

— E por onde esteve durante todos esses anos? Eu te procurei algumas vezes e você nunca estava no país! 

Revelei, mas me arrependi no mesmo segundo, já que vi o olhar curioso e talvez um pouco decepcionado de Regina cair sobre mim. 

— Você me procurou? Por quê?

— Eu precisava de alguém para conversar... A fama não é tão boa quanto parece, sabe? Então eu me lembrei de você, e decidi ir até o apartamento, mas o porteiro disse que você estava viajando há algum tempo, então eu desisti. –Respondi sincera e vi Regina morder levemente o lábio em sinal de nervosismo. – Então, por onde esteve?

Tentei mudar de assunto para amenizar o clima, e aparentemente deu certo já que Regina começou a falar sobre como conseguiu uma bolsa de estudos para se formar em moda na França e depois da época em que trabalhou com estilistas famosos por toda a Europa, até decidir voltar para Los Angeles e começar sua própria marca de roupas, e com o sucesso resolveu investir no mercado de noivas, onde seu nome foi consolidado e ficou ainda mais conhecido.

Conversamos por mais alguns minutos até Regina se lembrar que tinha um compromisso agendado para o próximo horário, o que me fez suspirar em decepção já que a conversa estava ótima.

— Que tal continuarmos o papo mais tarde? Tenho tanta coisa para te contar! – Eu sugeri, e para a minha surpresa ela aceitou. 

— Na sua casa ou na minha? – Ela propôs, e eu percebi o duplo sentido da frase que usávamos, antes de irmos morar juntas, quando marcávamos um encontro.

— Seria um prazer te receber em minha casa, senhorita Mills. – Brinquei e ela riu envergonhada, isso sempre acontecia quando eu a chamava assim.

— Então nos vemos lá, senhorita Swan. – Retrucou a brincadeira e eu a acompanhei na risada. 

Anotei o endereço em um post-it que estava na mesa da sala, e junto dele o numero do meu celular.

— Estarei lá ás 19h30, Emma.

— Te espero, então!

Nos despedimos com um abraço apertado e eu aproveitei para sentir seu cheiro novamente, e ela fez o mesmo, já que senti seu nariz roçar levemente em meu pescoço, e me arrepiei com o seu contato. Nos soltamos do abraço, mas nossos rostos continuaram próximos, e eu tive a sensação de que receberia um beijo, mas não aconteceu. Regina apenas beijou a minha bochecha e se afastou completamente.

— Te vejo mais tarde então, Emms.

E eu sorri de forma boba com o apelido.

— Até logo, Gina! – Ela também sorriu e segurou em minhas mãos, me guiando para fora da sala, e ficamos assim até chegarmos no escritório onde Belle estava esperando enquanto comia um dos chocolates que estava na mesa de Regina.

 – Você deu asa a cobra e ela se aproveitou. – Eu disse a Regina enquanto ela apenas ria da minha irmã.

— A Regina é uma boa pessoa, diferente de você! – Belle diz enquanto me mostra a língua.

 – Vocês duas nunca vão deixar de implicar uma com a outra, né? Impressionante como nem o tempo muda isso!

— Ela que implica comigo, por isso que eu sempre preferi você, Gina! – Belle diz tentando puxar o saco de Regina.

— Já que você prefere a Gina, e eu não sou boa pessoa, pague você mesma o seu vestido de casamento, criatura ingrata e estúpida!

E a nossa discussão boba nos rendeu boas risadas até Regina ter que ir ao seu compromisso, mas não sem antes me dar um outro beijo na bochecha e sussurrar em meu ouvido um “até mais tarde, Emma”. E eu tive que disfarçar para que ela não percebesse todos os pelos dos meus braços arrepiados.

 

 

 

 

                                         ****

 Regina

 

Cheguei em minha casa para então praticar a rotina de sempre. Desde que voltei da Europa moro em um apartamento não tão pequeno, sempre segui o mesmo cronograma: De casa pro trabalho e do trabalho pra casa.

Logo corri para o banheiro me despindo no meio do caminho mesmo, tomei um banho relaxante e me permiti não pensar em nada. Sai do banho coloquei uma roupa bem leve já que a noite estava quente.

Deitei na cama e tudo parecia girar, fechei meus olhos e tentei associar com clareza tudo o que aconteceu, e só então me dei conta da data. Exatos 10 anos após me separar da mulher que eu mais amei, eu a reencontro e marco um encontro com ela. Ok era coisa demais para minha cabeça.

Meu Deus, o encontro!

Levanto da cama rapidamente ao me lembrar do mesmo, olho para o relógio da cabeceira e já são 18:30h.

 – Calma, Regina, você ainda tem 1 hora. 

Digo para mim mesma tentando me acalmar, mas não funcionou muito bem já que nessa altura o meu coração já estava pra lá de acelerado.

Corro em direção ao meu armário, opto por uma calça alfaiataria na cor cinza e uma blusa lisa de gola alta. Nos pés um salto preto simples e elegante, fechando o look com chave de ouro. Roupas básicas que ficam extremamente lindas quando combinadas são as minhas favoritas por esse motivo.

Com o telefone já em mãos, disco o número do pequeno post-it, a cada toque era como se meu coração pulasse do peito.

— Alô! – responde Emma.

— Olá Emma, sou eu, Regina! Estou ligando para confirmar o encontro de hoje as 19:30. Ainda está tudo em cima?

— Com certeza! Na verdade já estava pensando que você não viria, mas ainda está de pé, se você quiser vir, é claro. – Emma fala e eu consigo sentir a vergonha em sua voz.

— Ah, me perdoe! Mas é que cheguei e fiquei tanto tempo no banho que me esqueci completamente. Mas já estou pronta, em alguns minutos estarei aí.

— Estou te esperando, então! Até logo, Gina!

— Beijos, Emm...

Desliguei e senti como se meu coração fosse saltar pela minha boca. Sentei na cama tentando acalmar o meu coração, que insistia em bater forte só de pensar na ideia de estar novamente perto de Emma.

Como não estava com vontade de dirigir, peguei um taxi até o endereço que me fora dado e segundo o taxista o trajeto era de 20 minutos por conta do trânsito e eu quase não acreditei que eu e Emma moramos a uma distância tão pequena uma da outra e nunca nos encontramos.

Durante o caminho eu troquei algumas palavras com o taxista, e ele, percebendo o meu nervosismo, colocou uma música ambiente na tentativa de me acalmar. Não funcionou muito bem mas eu o agradeci da melhor forma possível. Quando nós chegamos até o condomínio de Emma apenas dei o meu nome na portaria e fomos liberados para entrar.

Enquanto o motorista ia em direção a casa de Emma eu observei as mansões que pertenciam ao condomínio e fiquei pensativa sobre como Emma evoluiu. Saiu de um pequeno apartamento em um bairro agradável, mas longe de ser luxuoso, e foi parar em um dos bairros mais caros de L.A, em ao parar em frente a sua casa eu não pude evitar o sorriso orgulhoso. Ela merece isso e muito mais!

Paguei o taxista e o agradeci pelo trajeto dando-lhe uma gorjeta e ele me agradeceu com um sorriso e logo se retirou e eu fiquei encarando a porta de Emma por alguns segundos.

Ajeitei minha blusa em uma tentativa falha de me arrumar, mas percebi que a minha roupa já estava mais do que arrumada. Foi então que criei coragem e toquei a campainha e segundos depois a porta foi aberta, e foi como se eu tivesse tomado um soco no estômago.

Era ela, ela estava bem ali na minha frente, olhando para mim. Meu coração estava a mil, tentei não transparecer todo o meu nervosismo.

— Posso entrar?

Ela deu um pequeno sorriso com a pergunta

— Mas é claro, me desculpe pela demora – respondeu sorrindo.

Ainda envergonhada entrei, parei no meio do caminho e me permiti observar bem o ambiente em minha volta. A casa é mais linda do que eu havia imaginado. As paredes na cor cinza combinavam com o resto da decoração, que era simples e linda. A grande escada levava ao segundo andar, onde os meus olhos ainda não podiam alcançar.

Ao olhar para prateleira a minha frente, vejo uma de nossas fotos, para ser, mais específica a foto que tiramos no nosso segundo encontro, meu coração disparou, e o frio na barriga veio com força. Era tamanha a felicidade que eu tinha em ver que ela ainda guardava aquela foto, sentia como se tudo em mim tivesse voltado ao seu estágio normal, me sentia como se estivesse por anos em uma viagem muito longa e finalmente estava em casa, e a sensação era de lar, era reconfortante.

— A sua casa é linda, Emma. 

— Obrigada! Eu gosto muito dela, e de todas as que eu tenho é a que eu mais gosto de ficar.

— Então Emma Swan tem várias casas por aí? – Perguntei num tom mais descontraído, e ela sorriu lindamente.

— Eu gosto de ter opções de onde ficar, e foi uma forma que eu encontrei para presentear a minha família. Por exemplo, no último aniversário da minha mãe eu dei uma casa em Londres de presente, e ela amou.

 – O meu aniversário tá chegando e eu estou precisando de um novo apartamento, fica a dica!

Ouvi o som da gargalhada de Emma e não segurei o sorriso bobo. 

— Pode deixar, senhorita Mills, está anotado! Senta aí, pode ficar a vontade. Quer alguma coisa para beber?

— Não, obrigada! – Respondi educadamente.

Com um leve sorriso nos lábios me sentei no sofá a minha frente, logo Emma se sentou ao meu lado. Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas nos observando. Pude apreciar os seus detalhes e admirar sua beleza que só havia melhorado com o tempo. Seus cabelos curtos combinam divinamente com o seu rosto, que no momento se encontrava livre de qualquer maquiagem. E essa era definitivamente a minha versão favorita da minha Emma.

Começamos a conversar sobre como foram esses anos, e como eu imaginava, Emma tinha inúmeras histórias. Contou-me sobre como as premiações eram chatas e sobre como ela odiava ser perseguidas por paparazzis que tentavam a todo custo tirar fotos em momentos íntimos.

Durante o jantar falamos sobre os relacionamentos que tivemos durante esses anos, e por incrível que pareça foi uma conversa leve e esclarecedora para nós duas.

No meio da sobremesa eu dei um grito de surpresa quando Emma me revelou que conheceu a minha segunda atriz favorita.

 – Você conheceu a Julia Roberts? – perguntei extasiada

 – Sim eu a conheci em uma das premiações, e meu Deus, Regina ela é perfeita! Aquela mulher – deu uma pausa para um suspiro. – É perfeita, e quando eu falei que o meu filme favorito é Noiva Em Fuga ela deu um sorriso tão bonito e me agradeceu. Eu quase desmaiei quando ela me abraçou, você precisava ter visto!

— Ah, mas você sempre amou a Julia Roberts né! Eu me lembro que por diversas vezes morria de ciúmes – falei entre risadinhas.

— Ah Regina, você não precisava ter ciúmes dela, na maioria das vezes eu só fazia os comentários pra te provocar mesmo. – falou sorrindo abertamente.

 – Eu sei que não precisava de ciúme, você sempre foi minha. – falei sem pensar e me arrependi quando senti o clima pesar.

Emma me olhou profundamente e eu me senti completamente exposta sob o seu olhar.

— Você tem razão, eu sempre fui sua...

Ela se aproximou lentamente e minhas pernas ficaram fracas quando a senti perto do meu rosto. Vi suas mãos se aproximarem de minha nuca e cintura e quando finalmente senti o seu toque pensei que desmaiaria. Ela me olhou como se pedisse permissão para o próximo ato, e eu não poderia negar nem se quisesse.

Nossos lábios não tardaram a se encontrar e eu colei ainda mais os nossos corpos, como se quisesse ter a certeza de que aquilo realmente estava acontecendo. Não brigávamos por dominação, apenas aproveitamos o beijo da melhor forma possível. Apertei levemente sua cintura enquanto minhas mãos percorriam entre seu pescoço e seu rosto, fazendo o carinho que ela gostava.

Emma ainda tinha o mesmo jeitinho doce de beijar, às vezes lento e provocativo, às vezes gentil e um pouco mais rápido, mas sempre de forma doce. E esse é um dos motivos pelos quais o beijo da Emma é o meu favorito.

Quando o ar se fez necessário e os nosso lábios se desgrudaram eu ouvi um suspiro vindo de Emma e logo senti ela me abraçar fortemente. Correspondi o abraço, mesmo achando a atitude um pouco estranha. Ficamos assim por alguns segundos, e Emma não disse nenhuma palavra, então resolvi tomar a atitude.

— Emms, está tudo bem?

Ela demorou alguns segundos para responder, mas finalmente falou depois de um longo suspiro.

— É que eu imaginei isso acontecendo tantas vezes, e eu não sei como agir agora. Tenho medo de estarmos indo rápido demais, e eu não quero perder a chance de fazer tudo certo dessa vez, Rê.

Eu perdi as palavras, e apenas consegui olhar nos olhos de Emma e eles refletiam o medo e insegurança da Emma de 10 anos atrás. Eu não sabia o que dizer então apenas a abracei da mesma forma que ela fez há menos de um minuto.

Ficamos naquele abraço por alguns segundos, e eu resolvi me pronunciar.

— Eu entendo o seu medo, e também o sinto. Já se passaram 10 anos, e nós mudamos muito nesse tempo, e querendo ou não nos tornamos quase que desconhecidas. E eu não quero continuar assim, Emma. Eu quero te reconhecer. Quero ter a sua amizade de volta, quero reaprender as suas manias, quero saber o que mudou e o que continua, e isso tudo leva tempo. Então o máximo que podemos fazer agora é isso, e é para o nosso bem.

— Você sempre foi tão boa com as palavras e eu sempre fiquei sem o que dizer nessas situações porque você sempre tem razão. E eu concordo com tudo o que você disse. Eu também quero que a gente se reconheça, quero poder voltar a ser sua amiga e recuperar o tempo perdido. Quero colocar os assuntos em dia, mesmo os assuntos mais bobos. E eu estou feliz que você também quer isso!

— E eu fico feliz que você concorde com isso, vai nos fazer bem voltar com a amizade antes de qualquer coisa.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, e me olhou com um olhar divertido.

— Regina – Chamou a minha atenção.

— Oi.

— Amigas se beijam, né?

Eu não aguentei e comecei a rir, e ela também. Neguei com a cabeça e a puxei para outro beijo, dessa vez mais rápido que o anterior, e assim que findamos o beijo eu disse:

— Nossa amizade pode ter alguns direitos.

E assim passamos a noite, nos beijando e rindo de histórias da nossa juventude.

 

      Emma

 

A noite com Regina foi melhor do que eu esperava. Depois que ela foi embora eu fiquei por um tempo no sofá apenas pensando em como a minha vida mudou nesses anos.

Eu tenho muito orgulho de tudo o que construí e de todas as coisas que conquistei ao longo do tempo, e mesmo me arrependendo de certas coisas, sei que aconteceram para eu estar onde estou hoje.

Minha vida é muito boa, não posso ser hipócrita e negar isso, mesmo sentindo falta das coisas simples que aconteciam antes da fama.

Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi o meu telefone tocar, e ao ver quem era não consegui não revirar os olhos.

— O que você quer um hora dessas, Belle?

— Credo, Emma, falando assim nem parece que eu sou a sua irmã favorita.

— Você é a única irmã que eu tenho, para de graça!

— Por isso mesmo você deveria me dar mais valor, eu tirei uns minutos do meu precioso sono da beleza para falar com a minha irmãzinha e ela me trata como um lixo, esse mundo é injusto demais.

Por isso eu não gosto de cancerianos, o drama está no sangue.

— Fala o que você quer por que quem precisa dormir agora sou eu.

— Então, amanhã vou precisar voltar no ateliê da Regina, e você vai ser a minha acompanhante.

O meu humor mudou no mesmo segundo em que ela pronunciou o nome de Regina, e um sorriso surgiu em meus lábios de imediato.

— Não precisa pedir duas vezes, Belle. Claro que eu vou!

— O que eu fiz para merecer uma irmã tão rendida por uma mulher? Eu aposto que se fosse para qualquer outra coisa você inventaria uma desculpa qualquer.

— Isso é mentira, eu jamais faria isso com você! – Eu disse e ri em seguida.

— Então amanhã eu passo na sua casa ás 9 da manhã, e quero que a mesa do café esteja cheia quando eu chegar.

— Vai estar cheia igual ao seu ego.

— Prefiro que esteja cheia igual a sua falta de educação.

Nós rimos e nos despedimos em seguida.

Não demorei em minha higiene noturna e cai na cama, estava exausta então não demorei muito tempo para dormir.

 

Acordei com uma voz chata e leves tapas em minhas costas. Quando abri os olhos Belle estava me encarando com uma cara de brava e só então me dei conta de que estava atrasada para o nosso compromisso.

Fui até o banheiro e fechei a porta para não ouvir suas reclamações, e tomei um banho gelado para espantar a preguiça que ainda estava em meu corpo.

Coloquei um jeans simples e uma camisa preta, e nos pés um tênis branco. Deixei os meus cabelos soltos novamente e preferi não usar maquiagem, apenas hidratei os lábios e passei o protetor solar.

 

 

Depois de tomar café da manhã eu e Belle seguimos até o ateliê e por incrível que pareça ela parou de reclamar sobre o meu atraso e ficou o caminho inteiro ouvindo as músicas horríveis que ela tanto gosta.

Minhas mãos começaram a suar um pouco quando estacionamos e o nervosismo começou a tomar conta de mim. Eu deveria estar mais calma depois de ontem, não deveria? Então por que só o pensamento de ver Regina pessoalmente outra vez me deixa extremamente nervosa e ansiosa?

Respiro fundo enquanto caminhamos em direção a entrada do ateliê e isso me acalma um pouco. Pelo menos até ouvir a voz de Regina, que aparece na nossa frente e eu quase pulo de susto.

— Estão atrasadas, já são quase dez da manhã. – Uma feição brava totalmente forçada tomou conta de seu rosto e eu não me esforcei em segurar o sorriso. Céus, ela é tão linda!

— Culpa da Emma, ela quase não acorda. E ainda me obrigou a fazer o café da manhã, você acredita, Gina? Eu usei as minhas mãos de fada para cozinhar enquanto a dondoca se arrumava.

— Você não fez mais que a sua obrigação, eu estava cansada. – Me defendo e vejo Regina lançar um olhar divertido em minha direção.

— Noite agitada, Swan? – O sorriso divertido com um toque provocativo apareceu em seus lábios.

— Você nem imagina. – Rebato no mesmo tom, mas antes que ela pudesse responder, Belle tomou a frente.

— O que está acontecendo aqui e por que vocês estão se olhando assim?

— Nada demais, Belle. Vamos até a minha sala, eu encontrei o vestido perfeito para você.

Regina mudou de assunto e Belle pareceu esquecer o que aconteceu nos últimos segundos e seguimos para a sala de prova de vestidos.

Enquanto Regina acompanhava Belle até o provador onde o seu vestido se encontrava, eu fiquei esperando do lado de fora. Logo Regina apareceu me avisando que Belle demoraria um pouco para colocar o vestido, já que era um modelo complicado de vestir. Eu apenas concordei e me sentei em uma das poltronas que ali se encontravam, e Regina se aproximou, se sentando no braço da poltrona ao lado da minha.

— Então, como foi o seu fim de noite, Emma?

— Tranquilo, assim que você saiu eu tomei outro banho e dormi. E o seu?

— Foi um pouco mais agitado que o seu, mas nada fora do comum.

O silêncio durou alguns segundos, até Regina “acidentalmente” escorregar do braço da poltrona e cair em meu colo.

— Ops, acho que escorreguei. -- E quando terminou de falar tomou meus lábios em um beijo lento. Eu não demorei para corresponder, e então segurei de forma firme em sua cintura e levei minha mão esquerda até seu pescoço, intensificando mais o beijo. Não sei por quanto tempo ficamos naquela posição, mas nos separamos quando ouvimos os passos de Belle se aproximando.

Regina se levantou do meu colo e ajeitou seu cabelo, enquanto eu fiquei tentando recuperar o fôlego. E quando o recuperei, perdi novamente ao ver Belle saindo do provador.

O vestido era lindo demais. Todos os pequenos detalhes pareciam combinar perfeitamente com a minha irmã. Eu não percebi que chorava até sentir Regina me abraçando e limpando as minhas lágrimas.

— Quando foi que ela cresceu tanto, Emma? – Regina disse e eu não soube responder.

Minha irmãzinha cresceu e está prestes a se casar. Meu Deus o tempo passou tão rápido e eu não parecia acompanhar.

— Emma, eu to bonita demais, não to? – Belle disse segurando as lágrimas e eu e Regina fomos em direção a ela e nos unimos em um abraço forte.

— Você é a noiva mais bonita desse mundo, meu bebê!

Ficamos abraçadas por alguns minutos, até Regina dizer que teríamos que nos separar por um momento para poder fazer os ajustes do vestido. E foi alí, observando Regina ajustar o vestido da minha irmã com toda a cautela do mundo, que eu tomei a coragem necessária para finalmente assumir quem eu sou.

Não tenho o direito de tentar um novo começo com Regina e escondê-la. Quero uma vida normal com ela, e farei o que for necessário para conseguir.

Não me permitirei sentir vergonha de ser quem eu sou novamente. Não vou abaixar a cabeça para os preconceitos dessa maldita sociedade. Não vou deixar que me façam infeliz novamente. Agora eu tenho a minha felicidade por perto, e não quero deixá-la ir outra vez.

 

 

Regina

 

Cheguei ao local onde seria a despedida de solteiro da Belle, uma pequena fila com os convidados da noiva se encontrava no local, dois grandes seguranças estavam à frente fazendo a devida recepção, ao adentrar ao ambiente as luzes neon ofuscaram meus olhos, o local era bem amplo, estava animado a minha volta havia pessoas dançando, meus olhos percorreram toda a área em busca de encontrar alguém conhecido.

Foi quando senti um braço enlaçar minha cintura, virei-me para um lado assustada e me dei de cara um com uma Emma animada, suas pupilas estavam dilatadas e no seu rosto havia um enorme sorriso, sem contar que ela estava belíssima trajando calça pantalona de linho branco, uma camisa de mangas longas com os botões abertos até a metade me dando uma visão privilegiada do seu busto, e para acinturar um cinto na cor marrom, que contrastava e dava todo um charme para o look. A música estava extremamente alta, e não conseguiria ouvir o que ela falava se estivesse tão longe, então ela se aproximou ainda mais e começou a falar de forma mais audível.

— Regina você veio! Pensei que não viria, já estamos aqui há um tempo!

— Mas é claro! Você acha mesmo que iria perder a despedida do ano? – Falei e sorri para ela

— Fico feliz que tenha vindo! Mas então, vamos aproveitar isso aqui? – Ao proferir tais palavras, a mesma me puxou para o meio da boate.

 

Emma me puxou para um dos enormes sofás de couro vermelho, me oferecendo logo em seguida um dose de vodka, o líquido desceu queimando a minha garganta e eu não pude evitar a careta. Vi Emma rindo, dei um leve tapa em seu ombro.

— Vem, vamos dançar Gina! –  disse uma Emma animada enquanto me puxava para pista de dança.

Uma música sexy e lenta começou a tocar, eu conhecia muito bem aquela música, Emma me dirigiu um sorriso sacana enquanto deslizou suas mãos por seu próprio corpo, seu corpo se movia em um ritmo leve e incrivelmente sensual

Me arrepiei dos pés a cabeça ao ouvi-la sussurrar.

— Se solta, Gina, a noite é uma criança.  

Emma com uma rapidez quase sobrenatural rodeou minha cintura, deixando nossos corpos praticamente colados, ela fazia questão de movimentar-se no ritmo da música e eu a acompanhava, as mãos da loira percorriam meu corpo sem pudor.

E foi quando tocou Gimme More da Britney Spears que eu me soltei de verdade. Me afastei dela com um sorriso malicioso em meus lábios. Deslizo minhas mãos de forma sensual por meu corpo, que ardia de desejo, dava pra sentir que a tensão sexual havia se instalado entre nós duas. Meu corpo se movia conforme a batida da música, comecei a rebolar em provocação até que senti suas mãos em minha cintura e fui puxada com força.

Emma manteve nossos corpos colados, dançávamos juntas, eu podia sentir sua respiração quente contra meu pescoço, enquanto a mesma sussurrava trechos da música. Emma levou sua destra a minha nádega e desferiu um tapa com força me fazendo morder meu lábio com força. 

— Emma... Eu não vou aguentar ficar aqui por muito tempo se você continuar assim.

— Ah querida não me lembrava que você era tão fraca assim. – disse Emma dando uma risadinha sarcástica

— Você me deixa assim, e se não parar agora nós vamos ter que sair daqui para resolver isso. E isso atrapalharia os planos de irmos com calma.

Dito isso, me soltei de seu toque e fui andando em direção ao bar e pedi um shot de tequila e virei em seguida.

Pude ver Emma na pista de dança me olhando com um olhar intenso e para provocar fui andando em direção ao banheiro, e ela veio atrás, e por incrível que pareça, o banheiro estava vazio, nos dando mais privacidade. Assim que Emma trancou a cabine do banheiro eu me atirei em seus braços e tomando seus lábios em um beijo lento e excitante.

Emma me empurrou contra a porta e começou a beijar meu pescoço e levou suas mãos até meus seios e apertou levemente e eu gemi baixinho com a sensação tão gostosa que Emma me proporcionava. Ela voltou a me beijar enquanto apertava a minha bunda, me aproximando ainda mais de seu quadril.

Senti ela levantando o meu vestido e não fiz objeção alguma, apenas continuei aproveitando os seus toques e a apertando ainda mais contra o meu corpo. Quando ela ia afastar a minha calcinha e finalmente me tocar intimamente, Belle bateu na porta nos assustando.

— Inferno! – Emma disse num tom um pouco alto, me fazendo segurar a risada.

— Acho melhor terminar isso outro dia, quem sabe no meu apartamento, na minha cama. Não em um banheiro de boate. – Eu sussurrei em seu ouvido e no final dei uma leve mordida em seu pescoço e notei que ela se arrepiou.

Quando ela ia responder, Belle bateu na porta novamente e Emma se afastou e eu ajeitei o meu vestido e minha calcinha, e destranquei a porta.

— Vocês sabem que sexo em um banheiro de boate não é nada legal, né? Tá a maior fila lá fora por culpa de vocês duas!

Emma se desculpou e saímos do banheiro segurando ao máximo para não rir, mas assim que vimos a fila de pessoas começamos a gargalhar, e ainda rindo fomos em direção a pista de dança e dançamos durante toda a festa.

 

 

 

                                          EMMA

 

Conforme os dias iam passando eu ficava cada vez mais ocupada com os preparativos do casamento da minha irmã. Eram tantas coisas e faltava apenas um dia para o casamento dela. Eu estava tentando solucionar os problemas com o pessoal do buffet, que acabaram esquecendo do menu vegetariano e as sobremesas sem lactose para a família da noiva de Belle, que era quase toda intolerante.

Não consegui falar com Regina nos últimos dias, já que tanto ela como eu estávamos extremamente ocupadas durante a semana. O que me deixava mais tranquila é que nos encontraríamos amanhã no casamento.                                                                    

Finalmente o grande dia chegou, eu estava tão nervosa que parecia que o casamento seria meu

A cerimônia aconteceria no fim da tarde, faltavam apenas algumas horas e eu não tinha começado a me arrumar pois estava ajudando minha irmã com os surtos pré-matrimoniais, então tomei um banho e corri para me arrumar. Depois de quase duas horas olhei-me na frente do espelho e observava minha roupa. Era um vestido azul bebê padrão para madrinhas de casamento, o vestido era de fato bonito mas eu não me sentia confortável, então por isso mesmo já deixei uma bolsa separada com um macacão mais leve e solto na cor verde escuro para usar na festa.

 

Um Chevrolet Suburban estava parado bem em frente a minha porta, o mesmo iria levar todas as madrinhas até o local do casamento, adentrei ao carro cumprimentado todas ali presentes. O caminho até a onde seria a cerimônia levou cerca de 30 minutos e ao chegar lá eu me emocionei. O local estava tão lindo todo decorado com flores em tons de azul, branco e dourado, pequenas luzes iluminavam todo o ambiente e as cadeiras em tom de dourado envelhecido dava ao lugar um ar aconchegante, o caminho até o altar estava coberto por pétalas de rosas brancas.

A cerimônia seria ao ar livre, o clima estava gostoso tudo estava em uma perfeita harmonia. Caminhei lentamente por todo o lugar, eu me sentia extasia, uma sensação de felicidade invadiu o meu peito, minha irmãzinha estava preste a se casar, e eu reencontrei o amor da minha vida. Eu realmente tenho muita sorte! 

 Aproximei-me de alguns convidados haviam poucas pessoas ali, somente os mais importantes foram convidados, o juiz de paz já havia chegado e estava posicionado no altar. Alguns minutos se passaram e todos já estavam posicionados, as madrinhas em seus devidos lugares e Mark no altar a espera da minha irmã.

A marcha nupcial ao som instrumental estava tocando enquanto minha irmã adentrava de braços dados com o nosso pai, nesse momentos meus olhos encheram-se de lágrimas, minha irmã estava se casando, a minha menininha chata cresceu!

 Observei o lugar e logo meus olhos se encontraram aos de Regina, que estava visivelmente emocionada. Seus olhinhos estavam pequenos e levemente avermelhados, lancei-a um sorriso singelo e a mesma retribuiu.  

A cerimônia foi incrivelmente linda, todos ali presente se emocionaram, e foi mágico poder presenciar uma união tão linda.

Depois da cerimônia todos nós seguimos entre risos e brincadeiras para festa. Procurei um banheiro e me troquei o mais rápido possível e voltei para a festa. Me sentei em uma mesa após a minha troca de roupas e vi Regina vir ao meu encontro, a cada passo que ela dava em minha direção eu sentia o meu coração acelerar. Eu estava submersa em uma mistura de sentimentos, e quando finalmente ficamos frente a frente pude observá-la melhor. Ela estava tão linda trajando um vestido verde escuro que marcava seu corpo de forma única, deixando-a ainda mais bonita, se é possível.

— Já que não me chamou pra dançar, eu vou tomar a iniciativa. Aceita dançar comigo senhorita Swan? – perguntou estendendo as mãos em minha direção.

Levantei-me segurando em suas, seguimos de mãos dadas até o meio da pista. Toquei sua cintura, a trazendo para mais perto de mim, colei minha testa a sua e deixei que a música falasse por nós duas.

— It's so incredible the way things work themselves out and all emotional once you know what it's all about, hey and undesirable for us to be apart i never would've made it very far 'cause you know you've got the keys to my heart.

"É tão incrível como as coisas acontecem sozinhas é tudo emocionante quando você descobre do que se trata, ei e é indesejável que nós fiquemos separados eu jamais teria ido muito longe porque você sabe que tem as chaves do meu coração"

Sussurrei o trecho da música em seu ouvido enquanto dançávamos conforme a melodia.

— Eu ainda amo você, Emma. 

Meu coração acelerou e palavras não conseguiriam expressar a minha felicidade nesse momento.

— Eu te amo tanto! – Me declarei e seu sorriso iluminou o meu mundo.

 Levei uma de minhas mãos a sua nuca, aproximei nossos rostos com a maior calma do mundo, colando nossos lábios em seguida. Rapidamente Regina correspondeu ao beijo levando suas mãos ao meu rosto, deixando ali um carinho singelo. Fomos interrompidas por Belle e eu quase gritei com ela, já que a mesma parecia ter prazer em nos interromper em momentos assim.

— Me perdoe por atrapalhar o casalzinho, mas vocês tem muito tempo pra isso! Eu vou jogar o buquê agora –  eu disse animada.

Separei-me de Regina, mas continuei segurando suas mãos, e a puxei para a pequena aglomeração de mulheres.

— Eu vou pegar esse buquê, Gina, e vou te dar, você vai ver!

— Eu não duvido de você, meu bem! 

Gritos e mais gritos eram ouvidos e as mulheres começaram a fazer a contagem regressiva junto com Belle. 

— 1...2..3 eu vou jogar. – disse Belle jogando o buquê em nossa direção, pulei em meio a mulherada mas infelizmente uma de nossas amigas o pegou. A frustração me atingiu, e voltei caminhando com um meio sorriso até Regina.

— Eu não consegui, mas quer saber eu nem queria mesmo. Amanhã eu vou na melhor floricultura e compro o buquê mais bonito do mundo. – Dei de ombros e cruzei os braços.

Ao me ouvir, vi Regina caminhar para um dos arranjos e a mesma voltou com uma flor e mãos.

— Eu não preciso do buquê mais bonito do mundo porque eu tenho a mulher mais bonita do mundo bem aqui. – disse entregando-me a florzinha e me fazendo sorrir igual boba.

— Você é perfeita! – eu disse e me aproximei dela, a puxando para um beijo leve.

Dançamos por algumas horas e quando o cansaço nos atingiu eu fiz uma proposta:

— O que você acha de irmos para o seu apartamento agora? Já estou cansada de ficar aqui, e um lugar mais calmo seria tudo.

— Vou pegar a minha bolsa e me despedir de Belle, okay? 

— Eu vou com você e aproveito para me despedir dela também.

Caminhamos de mãos dadas até a mesa onde a bolsa de Regina estava e em seguida fomos até a minha irmã, que estava radiante de felicidade e ficou ainda mais feliz ao nos ver juntas.

Quando estávamos indo em direção ao carro de Regina, vários jornalistas nos abordaram e eu pude perceber que ela ficou tensa enquanto eu recebia inúmeras perguntas, e eu tive que parar para responder algumas, caso contrário eles não me deixariam em paz e provavelmente nos seguiriam até a casa de Regina para tentar descobrir algo.

— Emma, como você se sente em relação ao casamento de sua irmã? – Uma das jornalistas perguntou.

— Eu me sinto orgulhosa e feliz, mesmo ainda estranhando o fato da minha irmã caçula estar casada. Na minha cabeça ela ainda é a criança que se pendurava mas portas do armário da cozinha e se jogava no chão.

Eles riram e eu dei o meu sorriso mais simpático e escolhi um dos outros jornalistas para fazer a última pergunta.

— Senhorita Swan, fontes do TMZ afirmam terem a visto beijando mulheres na festa de sua irmã, isso é verdade? 

Regina, que estava ao meu lado, ficou vermelha com a pergunta e eu só queria nos tirar logo dessa situação, então resolvi fazer o pronunciamento alí mesmo.

— Suas fontes estão certas, mas foi apenas uma mulher. É a mulher que eu quero beijar pelo resto da minha vida, e eu espero que ela também queira isso. Eu me escondi por muito tempo, e perdi muita coisa por isso. Mas a mais importante delas está bem aqui do meu lado porque eu tive a sorte de reencontrá-la. Eu passei boa parte da minha vida fingindo ser o que não sou, mas não foi porque eu quis, e sim porque o preconceito com pessoas como eu é terrível, tanto que eu tenho a certeza de que a partir de agora a minha aparição em filmes e séries será menor, pois eles não vão querer uma lésbica no cast como já me disseram tantas vezes. Hoje eu parei de me importar com a opinião alheia, e pouco me importo se vão ou não me chamar para protagonizar um filme. Eu estou reaprendendo a ser feliz, e nada vai atrapalhar isso. Boa noite!

Dito isso eu e Regina começamos a andar em direção ao carro, e quando já estávamos fora da vista dos jornalistas ela se jogou em meus braços e me tomou em um abraço carinhoso, e sussurrou em meu ouvido palavras de agradecimento e me parabenizou pela coragem.

— Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para compensar esses anos em que não estivermos juntas, meu bem. Eu amo você, Regina. Sempre amei, e eu passei um inferno nos últimos anos, pois mesmo tendo a carreira que eu sempre sonhei, eu não tinha você do meu lado, e isso foi horrível. 

— Eu esperei tanto que esse dia chegasse, sabia? Ás vezes eu sonhava que você voltava para o apartamento e falava que ia lutar contra eles só para me ter do seu lado, e quando você me beijava eu acordava te procurando. Você nunca estava lá, e eu sabia, mas fazia questão de te procurar em todos os cantos. Acho que a dor de te procurar e não te achar foi uma das maiores razões pelas quais eu resolvi me mudar. Em um novo lugar eu não teria memórias com você, e tudo seria mais fácil, mas eu me enganei. Eu continuei pensando em você por todos esses anos, e parece ser mais um sonho estar aqui do seu lado.

Eu me emocionei com as palavras vindas dela, e a abracei mais forte ainda, sentindo suas lágrimas molharem o meu ombro. Quando eu ia responder, um flash foi disparado em nossa direção e vimos paparazzis tirando fotos e filmando. 

Regina me puxou e fomos em direção ao carro, e ela jogou as chaves em minhas mãos, me dando permissão para dirigir. Sorri e quando entramos ela foi me guiando até o seu apartamento. Estacionei na garagem subterrânea e seguimos até o elevador, onde ela apertou o botão que nos levaria até a cobertura.

— Cobertura, senhorita Mills?

— Você não é a única que gosta de conforto, Swan. 

E com um sorriso sacana, me encostou na parede espelhada do elevador e me beijou intensamente. Levei minha mão esquerda ao seu pescoço e com a direita apertei sua bunda com força. Quando o elevador se abriu nós caminhamos até a porta e quando eu ia voltar a beijá-la ela me impediu. 

— Não tão rápido, Emma. Precisamos conversar e nos resolver antes de qualquer coisa acontecer. 

— Mas já estava acontecendo, e a gente pode conversar depois e aproveitar agora, que tal? 

— Nada disso! Vamos conversar e aproveitamos o resto da noite lá na minha cama, que tal?

— Você venceu! Sobre o que quer conversar?

— Sobre nós, Emma. Se passaram dez anos desde que nos separamos, e eu acho que precisamos estabelecer umas coisinhas antes de reatar nossa relação.

Entramos no apartamento e eu parei no meio do caminho para observar o ambiente a minha volta. O apartamento era toda em tons de cinza e branco, um sorriso se fez presente em meus lábios ao constatar que a mesma também tinha uma foto nossa. Virei-me pra ela sorrindo.

— Veja só, não foi só eu que guardou uma foto nossa.

— Mas é claro, você acha mesmo que não iria guardar uma foto de uma das fases mais importantes da minha vida? - Respondeu e me abraçou por trás logo em seguida.

— Nós duas éramos tão novas - respondi observando a foto. - Eu me arrependo tanto de não ter lutado, de não ter desistido de nós assim tão fácil.

— Ei, meu bem, não se arrependa! Tudo aconteceu como tinha que ser! Talvez nada tivesse dado certo entre nós se continuassemos juntas. Veja pelo lado positivo, hoje depois de tantos anos estamos aqui e ambas realizadas profissionalmente. – Disse enquanto apoiava sua cabeça sobre meus ombros.

Peguei algo em minha bolsa e vi Regina me olhar curiosa. Virei-me para Regina, desta vez fazendo questão de focar em seus olhos.

— Eu quero fazer tudo certo, Gina. Quero que isso entre nós dê certo. Eu passei anos da minha vida vivendo uma mentira, tendo vergonha de ser quem sou, vergonha de amar! Em todos esses anos eu estive separada fisicamente de você, mas o meu coração nunca te esqueceu. Por isso eu tenho que te fazer uma pergunta que eu já fiz anos atrás. Regina Mills, você aceita namorar comigo? – Me ajoelhei e abri a caixinha que havia pego, e nela continha um par de alianças simples. 

Algumas lágrimas escorriam por nossos rostos e o sorriso no rosto de Regina só me confirmava a resposta que recebi em seguida 

— Emma, por Deus! É claro que eu aceito! 

Levantei do chão e a tomei em meus braços, beijando-a como nunca antes. 

— Eu te amo tanto! 

— Eu também te amo muito! Agora me leva para o quarto porque eu to morrendo de saudades de sentir o seu corpo no meu.

E eu a obedeci. 

Levei ela para o quarto e nos amamos como se nossa vida dependesse daquilo. Ficamos na cama durante horas apenas matando a saudade e conversando coisas aleatórias, assim como fazíamos antigamente.

Agora estávamos jogadas no sofá, eu vestindo apenas um blusão e Regina com uma camisola de seda azul. Regina está praticamente em cima de mim, seu olhar era atento ao que passava na tv. Estávamos assistindo ao nosso filme favorito, Noiva em Fuga, e eu não resisti em provocar.

—  A Julia Roberts é muito linda, né? Olha só os lábios dessa mulher. E além de linda é simpática e cheirosa, acredita? 

— Toda vez você tem fazer os mesmos comentários. - disse com um enorme bico.

Não aguento, soltei uma gargalhada. 

— E você sempre cai nas minhas provocações, você não vê que falo pra te provocar?

— Continua me provocando que eu te coloco pra dormir no sofá. – O bico continuava alí, mas eu sabia que era brincadeira.

— Pode ser o sofá da Julia? Deve ter o cheiro dela!

— Escolhe o sofá que quiser, só não esquece que no sofá da sua querida Julia você não vai poder tocar nesse corpo maravilhoso. – Diz apontando para seu corpo e abre um sorriso sacana. 

— Eu me contento com o dela! 

— Emma! – Tentou ficar brava mas me acompanhou na gargalhada. 

— Eu não quero nenhum outro corpo, nenhuma outra pessoa. Eu quero, e amo você. E não te trocaria por nenhuma Julia Roberts. 

— Acho bom, porque eu também não te troco por coisa nenhuma nesse mundo! 

Ela se sentou em meu colo e me beijou levemente. 

— Eu te amo, sua ciumenta! 

— Eu também te amo, sua boba! 

E assim nós continuamos a noite, entre beijos, abraços e declarações. 

Eu não sei o que o futuro nos reserva, mas enquanto eu estiver ao lado de Regina eu estarei preparada para tudo!

 

                                                 




Fim       




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