Vontades do Destino escrita por MayDearden


Capítulo 8
Tentação




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POV Oliver

Connor dormia tanto no banco de trás que dava pra ouvir os pequenos ronquinhos terrivelmente fofos que ele dava. A tarde havia sido cansativa para ele, porém muito divertida também. Ele se sentia bem com Felicity e isso era perceptível para qualquer um que observasse os dois. Arrisco a dizer que quem visse de longe pensaria que eram mãe e filho ali, e não duas pessoas que se conheceram ontem. Literalmente.

Sorri feito um besta enquanto parava no sinal vermelho ao lembrar do abraço dado a pouco tempo. Algo tão simples, mas que dizia tanta coisa. Felicity era uma bomba relógio, estourava suas emoções em um estalar de dedos, sentia tudo muito intensamente. Eu via em seus olhos que não tinha mais ódio ali, - ódio por mim - mas ainda havia algo no fundo daquelas íris azuis. Culpa? Remorso? Dor? Eu ainda não conseguia distinguir.

Estacionei o carro e logo mamãe apareceu na porta com um sorriso, reparei um pouco nela antes de descer do carro. Ela tinha uma essência única, vestimentas também. Esses dias ela tem estado mais reclusa, mais na dela. Provavelmente me dando um certo espaço, ela sabia que ocupava espaço. E muito! Seus cabelos loiros caídos em ondas até metade das costas, um vestido colado rosa - sempre colado - e um sorriso maternal acolhedor.

Eu tenho sorte de ter a mãe que tenho.

Não a trocaria por nada, e eu sei que ela não trocaria eu e Connor por nada.

Desci do carro ao mesmo tempo em que ela se aproximava.

⁃ Oi, bebê! - me abraçou - Vejo que o meu outro bebê não aguentou o trajeto.

⁃ Oi, mamãe! - beijei sua bochecha - Ele não resiste ao balanço do carro - sorri abri a porta do carro e pegando Connor no colo

Mamãe pegou a mochila dele e os cinco balões e entramos. Ela franziu o cenho para os balões, mas não disse nada. Coloquei Connor em sua caminha, eu acordaria ele para um banho antes do jantar - se eu o acordasse agora eu tinha certeza que ele ficaria enjoado e chorão. Tomei um banho e coloquei uma blusa preta com uma calça de moletom confortável, me juntei a mamãe na cozinha enquanto ela fazia o jantar, eu costumava cozinha, eu sabia cozinhar, mas ela fezia questão. Donna me contou um pouco de como foi seu dia no Buffet, disse que havia sido contratada por Moira Queen para servir em um evento beneficente que a família daria daqui a alguns dias no salão de eventos da empresa. Todo valor arrecadado seria doado a Clínica Comunitária aqui nos Glades.

Antes eu diria que todos esses eventos eram um modo que essa família arrumava para sempre chamar atenção, estarem nas capas e holofotes. Mas conhecendo Felicity e Thea… Elas não eram assim, as duas tinham uma humildade, - apesar da prepotência que Felicity sabia impor como ninguém quando queria - elas tinham um coração único que quem as visse brincando com Connor no parque não diriam que eram herdeiras de milhões ou bilhões de dólares.

⁃ Eu quase não aceitei o trabalho - mamãe suspirou enquanto mexias nas panelas fazendo o recheio da lasanha para nosso jantar - Eles são cheios de si demais, eu ainda não esqueci o modo que aquela filha deles te tratou

⁃ Ela não é ruim, mãe - Donna parou de mexer a panela e me encarou erguendo uma sobrancelha - Quer dizer, ela é uma boa pessoa. - me ajeitei na cadeira desconfortável

Ela ainda não sabia que Connor conhecia Felicity, que eles interagiram a manhã inteira, que ela o levou para o hospital e ainda pagou a conta. Não sabia de nada. E eu tinha medo de sua reação quando soubesse. Seus olhos demostravam rancor demais só de pensar em Felicity.

⁃ Aquela menina disse que queria que você tivesse morrido, filho

⁃ Se você estivesse na situação dela, eu tenho certeza que ia desejar que a outra pessoa estivesse morta em meu lugar

⁃ Mas isso não justifica falar aquelas coisas para alguém - voltou a mexer a panela - Eu não tenho como imaginar a dor que setem, mas não dá o direito de agir daquela forma.

Suspirei me dando por vencido, eu não queria entrar naquele assunto. Então preferi omitir os recentes acontecimentos. Eu sabia que Connor daria com a língua nos dentes uma hora ou outra. Então eu guardaria qualquer discussão para esse momento.

⁃ Papai - sorri e fui até ele, o encontrei ainda deitado e um pouco confuso

⁃ Oi, amigão - sentei no pé de sua cama e ele veio para o meu colo. - Você está porquinho.

⁃ Onde está Licity? - perguntou coçando os olhos - Eu estava no colo dela e não na minha caminha

⁃ Está de noite - sorri - E ela teve que ir embora, você dormiu o caminho todo para casa. Vamos tomar um banho e jantar.

⁃ Mas eu queria ficar com a Licity e a tia Thea

⁃ Tia Thea?

⁃ Ela disse que eu podia chamar ela assim, que ela se sentia impoltante

⁃ Importante - corrigi

⁃ Isso

⁃ Outro dia nós vamos encontrá-las novamente. Pode ser? - o ergui na cama e comecei e tirar sua roupinha para o banho

⁃ Não pode ser hoje? - fez careta - Eu sonhei que a Licity precisava de gente papai - falou baixinho e desceu da cama indo para o banheiro no corredor

⁃ Tenho certeza que está tudo bem com ela. Acredita no papai?

⁃ Sim - entrou no box - Ela estava chorando. Mas foi só sonho né?

⁃ Foi sim, campeão - liguei o chuveiro e a água acertou ele em cheio - Ela está bem - ele assentiu e terminei de dar o banho nele

Coloquei seu pijama preferido do The Flash e penteei seu cabelo. Ele calçou suas pantufas do Arrow e correu para a cozinha dizendo que o cheiro estava muito bom. Mamãe estava aqui em casa a mais de uma semana, e ela havia dito que esse jantar era de despedida. Eu não gostei, havia me acostumado com ela aqui. Mas eu entendia que ela queria seu espaço assim como eu queria voltar a andar de cueca nos dias de faxina.

Connor entrou correndo na cozinha dizendo que era o The Flash e eu o ajudei a sentar na cadeira com o assento adaptável que dava altura para mesa, servi seu prato, o meu e mamãe o dela. Comemos em um silêncio agradável até que Connor começou a tagarelar o que havia feito na creche da empresa.

⁃ Aí a Licity me buscou com a tia Thea e fomos ao parque, vovó, aí eu ganhei cinco balões. Cadê os meus balões, papai? - malhou rápido e voltou a tagarelar - Ai a tia me deixou correr e a Licity brigou com ela porque estava com medo que eu caísse de novo e fosse para o hospital com ela de novo. Aí o papai chegou e comemos cachorro quente, ai eu também bebi refrigerante - ele disse tudo em um fôlego só - Aí eu acho que dormi e acordei em casa já, vovó.

⁃ Que dia agitado, meu amor! - mamãe sorriu olhando para o neto e depois seus olhos caíram em mim desconfiados - Quem é Licity?

⁃ O nome dela de verdade não é esse, vovó - ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo todo - Mas eu não sei falar o nome dela de verdade - ele encheu a boca de lasanha - O papai sabe - falou de boca cheia

⁃ Oliver? - ela me encarou com as sobrancelhas levantadas - É quem eu estou pensando?

⁃ Eu não sei ler pensamentos - enchi a boca de comida como um menino acanhado com medo da mãe e Connor riu

⁃ Oliver!

⁃ Felicity, mãe - suspirei engolindo - Eu disse que ela não era ruim. - era nítido que Donna estava soltando fogo pelas ventas

⁃ Essa mulher não presta, te humilhou em todas as vezes que te viu - falou alterada e eu olhei de relance para Connor que encarava a avó de olhos arregalados. Ele idolatrava Felicity e com certeza se assustou pela forma que a avó falou dela. Mamãe pareceu perceber e se recompôs - Desculpe, querido - olhou pra o neto - Ela te tratou bem? Com carinho?

⁃ Sim! - Connor riu ainda incomodado - Ela me deu beijos quando eu caí, e me abraçou muito. Eu acho que ela chorou também quando estava dirigindo.

⁃ Dirigindo?

Expliquei tudo para ela, contei desde a fuga de Connor para o presidência até a tarde que nos encontramos no parque. Omiti a conta do hospital, isso era algo que eu resolveria diretamente com Felicity e não precisava de mamãe se metendo ou dizendo que se sentia mal por ter oferecido o dinheiro e eu não aceitei. Não que eu tenha aceitado algo de Felicity, ela simplesmente pagou sem meu conhecimento. Eu não queria me estressar com isso agora, eu depositaria mensalmente um valor na conta dela até quitar a quantia.

Acabamos o jantar e mamãe estava mais conformada, porém não havia gostado nada nada de Felicity ter passado tempo com Connor e gostou menos ainda do neto estar apaixonado por ela. Ela murmurou algo de ser “mal dos meninos Smoak”, mas eu não entendi e nem perguntei. Escovei meus dentes e os dentes de Connor e o coloquei em seu quarto, ainda não eram 9:00 da noite, então deixei que ele visse um filme em seu quartinho antes de colocá-lo para dormir. Mamãe se recolheu para ler um livro em meu quando e eu fui para a cama que estava sendo minha por esses dias, o sofá. Coloquei no jogo que já estava na metade e comecei a mexer nas minhas redes sociais. Coisa que eu nunca fazia. Vi que Thea havia me seguido e a segui de volta. Olhei seu perfil e ela tinha postado uma foto com Connor, os dois estavam com o rosto colado um no outro, eles riam e ao fundo estava o lago do parque. O sorriso deles era muito parido, fiquei abismado com a semelhança e ri curtindo a foto. Na legenda estava escrito “Meu dia de tia Thea”.

Thea Queen era uma figura.

Comentei emojis de coração na foto e fiquei com vontade de procurar a rede social de Felicity, mas deixei essa vontade ir embora e joguei o celular para longe de mim. E o mesmo começou a vibrar descontrolado. Mensagens.

Thea Queen: Oliver!!
Thea Queen: Oliver, por favor me responde!
Thea Queen: Eu não sei mais o que fazer ou quem procurar.
Thea Queen: Não quero incomodar o Dig.
Thea Queen: Oliver!!
Thea Queen: É a minha irmã. Por favor, vem pra boate.

Merda!, pensei. Quando lia a última mensagem e meu coração acelerou um pouco. O que será que havia acontecido com ela?

Oliver: Thea, o que aconteceu?

Thea Queen: (Baixar Vídeo)
Thea Queen: Eu não consigo tirar ela daqui. Ela grita quando os seguranças encostam nela. Me ajuda. Por favor.

Apertei no vídeo ainda borrado e o tracinho verde começou a carregar. Quando baixado dei play e nele aprecia uma Felicity bebada dançando no balcão do barman da Verdant, ela estava com a saia social preta rasgara na coxa a apenas um palmo - eu acho - do cos da saia, dava para ver sua calcinha branca se olhasse bem. A blusa manchada de vermelho, provavelmente alguma bebida ou sangue, mas ela não parecia estar machucada. Estava descalça e rebolando até o chão junto com a batida da música.

Isso não ia terminar em coisa boa.

Meu coração se apertou e falhou uma batida com o pedido de socorro de Thea. Ou era pela forma deplorável que Felicity estava? Eu não sabia. E não era hora para parar e pensar sobre.

Corri para o meu quarto e coloquei minha jaqueta de couro preta, peguei documentos e as chaves do carro e agradeci pela minha mãe estar lá em casa ainda. Eu não saberia com quem deixar Connor, disse a ela que precisava sair e que quando eu voltasse explicaria melhor.

Dirigi rápido com certeza infringindo as leis de trânsito e quando estacionei em frente a boate meu celular não parava de vibrar.

Thea.

Eu não havia dado certeza se iria ou não socorrer sua irmã.

Oliver: Estou na porta.

A fila do lugar estava enorme e vários carros importados estavam parados na área com vagas da boate. Reconheci o carro de Felicity estacionado de qualquer jeito e suspirei. Eu devia mesmo me meter? A resposta veio como um tapa na cara quando uma Thea chorando apareceu do nada e me abraçou.

⁃ Ei - falei avariando suas costas - Ei o que aconteceu?

⁃ Ela tá descontrolada - fungou se soltando de mim - Ela nunca mais tinha feito isso, nem quando Billy morreu - limpou as lágrimas - Estou com medo.

⁃ Vai ficar tudo bem - garanti mesmo não tendo certeza - Cadê ela?

⁃ Vamos - agarrou minhas mãos e me puxou para dentro da boate.

Passamos pelos seguranças que nem se importaram em me olhar já que eu estava com a dona do lugar. A música eletrônica tocava alta e estridente, pessoas dançavam bebendo suas bebidas despreocupadamente, as luzes verde neon era a única coisa que iluminava a pista de dança e os bares. No segundo andar haviam mesas e cadeiras para quem queria ficar longe da multidão, mas beber mesmo assim. Haviam mais locais a serem observados ali, mas meus olhos recaíram em uma cabeleira loira que agora estava no meio da escada com um grupo de homens ao seus pés, ela dançava e ameaçava tirar a blusa já mostrando boa parte de sua barriga, ela falava algo com eles os fazendo ir a loucura até que subiu ainda mais a blusa mostrando seu sutiã branco. Thea apertou minha mão quando viu o estado da irmã e eu entendi, ela queria que eu fizesse alguma coisa. Soltei a mão de Thea e corri até Felicity que estava quase passando a blusa pela cabeça, quando cheguei até ela, sua blusa já se encontrava no chão e um homem se aproximava dela sorrindo malicioso pronto para encostar em seu seio. Não pensei duas vezes e o puxei paga longe dela acertando um soco bem no seu nariz.

⁃ Não encosta nela - rosnei com ódio e o empurrei para mais longe. Os outros homens que estavam ali se dispersaram com xingamentos e ameaças, mas eu não me importei.

Ela estava tão bebada que nem se quer reparou na cena com direito a soco que havia acabado de acontecer. Tirei minha jaqueta e enrolei ela, a joguei por sobre meu ombro e fui arrastado por Thea até uma espécie de dispensa com várias estantes com copos, pratos e afins. Ela digitou uma senha na tranca eletrônica e entramos. Felicity se debateu durante o pequeno percurso, porém não liguei. Eu tinha 100% de certeza que ela não sabia que era eu carregando ela.

⁃ Me solta - ainda se debatia quando a coloquei no chão e Thea trancou a porta atrás de si - Eu vou gritar - falou embolado

⁃ Grita - falei e ela parou finalmente olhando para mim e me reconhecendo - Pode gritar, tô acostumado com seus gritos.

⁃ Vai embora - gritou se debatendo em meus braços e eu a soltei - Eu não quero você aqui - apontou o dedo para mim cambaleando para trás e eu a segurei pelo braço antes que batesse em uma estante com vidro - Me solta - não soltei

⁃ Felicity, para com isso - Thea sussurrou quase inaudível por causa do som alto - Oliver vai te levar pra casa

⁃ Não! - ela falou parando de se debater e olhou em meus olhos. Ela estava muito bebada. O cheiro de álcool era forte nela e se fundia com seu delicioso perfume, todas as palavras que ela dizia eram emboladas demais, eu não consegui ver o que era a mancha vermelha em sua blusa, mas com certeza não era sangue dela. Ela não estava machucada. - Eu não quero voltar para aquele antro de assassinos, Oliver - me encarou dos pés a cabeça - Nossa como você é gostoso! - sorriu maliciosa e se aproximou passando as mãos em meu peitoral. Suspirei segurando as mãos dela quando desciam para o cos da minha calça. - Estraga prazeres! - sorriu

Controle.

Eu precisava ter controle.

⁃ O que quer dizer com assassinos? - Thea perguntou preocupada com a irmã

Felicity apenas gargalhou. Olhou para Thea e gargalhou tanto que lágrimas escorriam de seus olhos. E a irmã mais nova a olhava assustada e com os olhos marejados. Thea estava muito preocupada, eu acredito que a feição dela seja a mesma que a minha.

⁃ Você é muito ingênua, maninha, precisa crescer - Felicity fungou segundo o riso e limpando as lágrimas que escorreram - Mas eu não vou pra lá - ficou séria de repente me encarando.

⁃ Eu preciso voltar pra lá - Thea apontou para a porta se referindo a boate - Converso com ela amanhã, eu preciso ver o tamanho do estrago que ela fez lá fora e tentar abafar um escândalo. - suspirou cansada - Ah! O código da porta é o aniversário dela - apontou para a irmã e saiu.

Me virei para Felicity ainda segurando seu braço e ela encarava a porta com olhos marejados. Por um momento me permitir pensar que ela não queria tratar a irmã com deboche ou chamá-la de ingênua, ela só queria afastar Thea de seja lá o que tivesse acontecido.

⁃ O que aconteceu com você? - perguntei sério para ela e seu olhar caiu em mim

⁃ Me tira daqui, gostosão? - falou sorrindo maliciosa e passando a mão pelo meu braço com segundas intenções.Mantive uma distância segura - O que, Oliver? Não sente desejo em mim? - se desvencilhou de meu braço jogando a jaqueta no chão e arriando o sutiã. Agora seus seios estavam completamente a amostra. As auréolas rosadas e o bico duro despertou em mim uma vontade de prensa-la contra parede, arrancar o resto de suas roupas e mostrar todo o desejo que eu sentia por ela. Ela se aproximou mais de mim dando beijos molhados em meu pescoço.

Porra.

A puxei com força a prensando contra a parede, ela ficou de costas para mim, um lado de seu rosto e seus seios escostados no concreto frio.

⁃ Não me tente - rosnei no pé do seu ouvido e ela rebolou a bunda na minha nítida ereção como resposta - Eu disse pra não me tentar - a apertei uma última vez contra a parede a fazendo rir e rapidamente peguei a minha jaqueta no chão. A virei e ajeitei seu sutiã, mesmo com protestos, com todo cuidado para não encostar em seu seio. Vesti a jaqueta nela e joguei por sobre meus ombros novamente.

⁃ A visão da sua nunca é linda, Sr. Smoak. - disse embolado apertando a mesma. Ignorei.

⁃ Qual o código da porta?

⁃ Um beijo primeiro.

⁃ Fe-li-ci-ty - indaguei impaciente

⁃ Meu aniversário, gostoso. Dezesseis, zero cinco, um nove nove três - estagnei.

Ela fazia aniversário no mesmo fodido dia que eu. Como era possível? Como esse mundo era minúsculo. Fiquei um tempo olhando pra as teclas surpreso, mas continuei o que estava fazendo. Digitei o código e a porta abriu dando espaço para uma escada de emergência. Felicity ainda aperrava a minha bunda, mas quando comecei a descer as escadas ela parou.

Eu tinha que ter muita paciência.

Coloquei ela dentro do meu carro e prendi o cinto de segurança. Eu ia levar ela pra minha casa e que mamãe me perdoe. Estava fora de cogitação deixar ela em qualquer lugar sozinha. E ela deixou bem claro que não queria ir para a mansão.

Meu celular vibrou várias vezes. Antes de dar partida no carro visualizei 5 ligações de mamãe e uma mensagem recente de Thea.

Thea Queen: Me desculpa por isso! Mas cuida dela. Por favor, Ollie. :(

Sorri com o apelido besta que ela havia colocado em mim, Thea era uma espécie de irmã que eu queria ter tido.

Oliver: Com a minha vida.

Dirigi rápido até em casa e Felicity foi o caminho todo cantando uma música que eu não conhecia, mas a letra era depravada. Parei duas vezes no meio do caminho, pois ela quis vomitar e eu não queria acidentes com o estofado do meu carro. Depois de longas sessões de vômito na rua estacionei em frente a minha entrada e peguei Felicity no colo passando pela porta. Encontrei mamãe sentada na poltrona da sala me encarando assustada quando passei por ela com a loira em meu colo e agarrada em meu pescoço.

⁃ Depois - falei grave quando ela fez menção de falar algo. Ela assentiu eu levei Felicity para o banheiro.

A coloquei de pé no box e tirei minha jaqueta de seus ombros a deixando apenas de sutiã novamente e a saia rasgada. Liguei o chuveiro e deixei a água fria fazer o trabalho em seus corpo.

Céus!

E que corpo!

Que mulher perfeita! A escuridão do depósito não me permitiu ter uma visão tão clara do que realmente era aquela mulher. Seu sutiã branco se fundia a sua pele da mesma cor. O sutiã agora estava transparente o que permitia a visão do bico de seu peito rosado. Ela era a minha perdição. E eu não podia desejá-la tanto assim. Era errado.

⁃ Oliver - minha mãe apareceu na porta do banheiro - Deixa que eu ajudo ela.

⁃ Mãe…

⁃ Não vou fazer nada contra ela - me olhou em reprovação, provavelmente pela forma que eu encarava Felicity - É melhor eu cuidar dela no banho. Pegue um conjunto de moletom meu na minha mala.

Assenti e sai. Eu não valia nada, não prestava. Como eu podia desejar tanto um mulher bebada? Lógico que eu não ia fazer nada contra ela. E seria o primeiro a acabar com quem tentasse fazer algo contra ela. Mas eu não conseguia controlar esse desejo que crescia cada vez mais em mim toda vez que eu olhava pra ela. Toda vez que eu encostava dela. Toda vez que eu abraçava ela.

Era tão errado.

Mas ao mesmo tempo parecia tão certo.

Eu não valia nada.

Os beijos que ela dera em meu pescoço ainda queimavam. Pinicavam. Passsi a mão pelo pescoço enquanto procurava a roupa que mamãe falara.

Me sentia perdido dentro daquele quarto. Efeito de Felicity em mim.

Avisei a minha mãe que a roupa estava no chão ao lado da porta do banheiro que minha mãe havia trancado. Escutei sussurros das duas e umas risadas de mamãe e Felicity lá dentro. Algo como “eu desaprendi a beber” e “que não aprenda novamente “ e ambas riram. Sim. Eu estava escutando atrás da porta. Quando o chuveiro fechou eu me tranquei no quarto mais perto, o de Connor. Ele dormia feito um anjinho. Se ele imaginasse quem estava na nossa casa estaria correndo para lá e para cá feito o Flash. Dei uns cinco minutos e sai. Encontrei Felicity sentada na ponta do sofá encolhida e inerte a qualquer coisa a sua volta. Escutei um barulho vindo da cozinha e deduzi que mamãe estaria lá.

⁃ Como ela está? - perguntei entrando na cozinha, mamãe estava passando um café.

⁃ Um pouco zonza, mas está voltando a si - suspirou - Falando algumas besteiras também, gostosão - riu fraquinho e eu acompanhei

⁃ Aconteceu alguma coisa - falei - Thea estava assustada

⁃ Bom, eu espero que ela fique bem - deu um beijo na minha testa - Espero de verdade - eu sabia que ela estava sendo sincera - Ofereça café a ela e não transem

⁃ Mãe!! - fiz uma careta

⁃ A tensão sexual entre vocês é grande, filho, mas ela está bebada. - deu de ombros e saiu.

Se ela soubesse o que tinha acontecido mais cedo…

Servi café em dias xícaras e coloquei em uma bandeja ao lado de alguns biscoitos que mamãe já tinha deixado ali. Respirei fundo antes de sair da cozinha. Eu não sabia como agir com ela tão desestabilizada daquela forma. Ficava com receio de que qualquer coisa que eu disser pudesse desencadear alguma crise, de choro, de gritaria ou até mesmo de riso. O olhar desfocado dela dizia ela estava instável demais e eu queria poder fazer algo para ajudar. Amparar e/ou amenizar qualquer dor que esteja ali.

Coloquei a bandeja na mesa de centro da sala e sentei no lado aposto de Felicity no sofá. Ela acompanhou calada todo o movimento que eu fiz até sentar. Quando eu a encarei, desviou o olhar e corou. Ela estava com vergonha. Quis rir, pois era terrivelmente fofo quando ela corava, mas me segurei.

⁃ Quer que eu te leve embora agora? - perguntei depois de uns cinco minutos em silêncio

⁃ Eu não vou te atacar, gostosão - e riu

⁃ Meu medo não é esse, princesa - pisquei e ela riu ainda mais - Você está bem?

⁃ Se você tivesse me perguntado isso a uma hora atrás… - suspirou com o olhar ficando fora de foco novamente - Oliver, o que foi que eu fiz?

⁃ Um strip na boate, depois me assediou…

⁃ Você bateu em uma pessoa, eu lembro e…

⁃ Eu não ia permitir que ele encostasse em você - fechei a mão em punho me lembrando do homem que ia direto com a mão em seu seio por cima do sutiã - Fora de cogitação

⁃ Que vergonha! - fungou e eu percebi que chorava

Tomado por um impulso enorme eu acabei com a distância entre a gente e a abracei. A abracei forte, eu sabia que ela precisava de um abraço. De um amparo. E eu estava ali pra garantir isso.

⁃ Todo mundo tem momentos ruins - falei sentindo o cheiro de seus cabelos. Ela se prendeu em mim e enterrou o rosto no meu peito tentando acalmar o choro. Não falei nada. Passamos mais um tempo em silêncio até que ela decidiu falar.

⁃ Lembra a mulher de mais cedo? Da praça?

⁃ Sim.

⁃ Ela era amante do meu pai - apesar da surpresa da informação, permaneci em silêncio lhe dando liberdade para falar - Ele a conheceu antes de conhecer minha mãe, mas se afastaram. Um tempo depois se reencontraram e ele a engravidou. - ela se apertou mais em mim e eu devolvi o aperto - Ele já estava com a minha mãe grávida de mim, então meus pais obrigaram Isabel a abortar o bebê - Felicity tremeu e logo depois soluçou do choro veio

⁃ Não precisa continuar, princesa - falei e ela se afastou de mim e me olhou nos olhos

⁃ Eu quero - suspirou - Eu preciso falar com alguém, Oliver - chorou - Eu não consigo guardar pra mim - passou a mão no rosto secando algumas lágrimas que escorriam E eu assenti - Meus pais são assassinos, eles obrigaram uma mãe a abortar seu filho. Minha mãe a acompanhou na clínica.

⁃ Grávida de você? - tentei entender

⁃ Sim - suspirou - Moira levou Isabel para abortar e garantiu que o bebê estaria morto.

⁃ Ela viu…?

⁃ Sim.

⁃ Você não pode deixar que os problemas tóxicos dos seus pais afetem você - me estiquei e peguei a xícara de café entregando a ela, ela aceitou e bebeu como se estivesse virando tequila

⁃ Eu sei - colocou a xícara na bandeja - Eu sei que sou emocionalmente instável. Eu sempre absorvi os problemas dos meus pais - me olhou com os olhos marejados novamente. Merda. Eu odiava ver ela chorando - E Thea… - as lágrimas escorreram - Eu sei que tratei ela mal, mas eu queria afastar ela de mim, Oliver. Eu-eu- eu não posso deixar que ela descubra essas coisas. Eu tenho que protege-la

⁃ Thea já é adulta, Felicity - limpei as lágrimas que escorriam de seu rosto - Ela sabe lidar com problemas.

⁃ Ela é minha irmãzinha - enterrou o rosto nas mãos e chorou ainda mais e eu a abracei

⁃ Eu falei que ela estava chorando, papai - Connor aparei na sala nos assustando e depois de tanto estresse que essas últimas horas causaram, Felicity sorriu. Não de deboche, ou porque estava bebada. Ela sorriu de verdade abrindo as braços e meu filho correu de encontro a ela.

Observei os dois por um tempo abismado com aquela ligação. Connor de alguma forma sentiu que Felicity não estava bem. Eu o garanti que ela estava bem sim e no final de contas eu estava errado o tempo todo. Ele sabia. Ele sonhou que ela não estava bem e ela realmente não estava. Como isso era possível? Eu não sei.

⁃ Não chora - ele falou baixinho em seu ouvido e ela assentiu se controlando

⁃ Não era para você estar na cama, campeão? - perguntei bagunçando seu cabelinho ralo

⁃ Eu fui fazer xixi papai, vim te chamar para fazer xixi.

⁃ Você ainda quer? - Felicity perguntou e ele assentiu - Posso te ajudar ?

⁃ Você está bem? - perguntei preocupado, mais cedo ela não conseguia nem ficar em pé sozinha

⁃ Sim - sorriu entendendo a minha preocupação - O banho me ajudou - ela levantou e deu uma mão ao meu filho que prontamente pegou e foram para o banheiro.

Connor não dormiria nem tão cedo agora. E amanhã ainda era sexta-feira, dia de expediente. De onde eu estava escutei Connor perguntar se ela estava passando mal e ela se limitou a dizer que bebeu algo que não fez muito bem. Ele aceitou a resposta e disse para ela tomar cuidado da próxima vez. Era a segunda vez na mesma noite que eu ficava ouvindo conversas alheias. Estava virando um fofoqueiro.

Eles voltaram e Connor pediu para ver filme. Ele e Felicity me olharam com cara de cachorro sem dono e eu permiti. Era minoria ali. Fiz pipoca e quando voltei ela estava encolhida no sofá com Connor deitado em seu colo. Eu sabia que ele iria dormir já já.

⁃ Eu estou atrapalhando vocês, não é? - suspirou dando carinho em meu filho

⁃ Não - eu e Connor respondemos juntos e ela riu

⁃ Posso ligar para Laurel e dizer que você trabalhará de casa amanhã e…

⁃ Está tudo bem - garanti - Não está atrapalhando - me sentei ao lado deles e Conno esticou as pernas em meu colo. Folgado. - Qual filme?

⁃ Ultimato - agora foi a vez de Connor e Felicity responderem juntos e eu ri dando play no filme.

Quando todos os Vingadores estavam na plataforma para viajarem no tempo, Connor e Felicity já estavam dormindo. Sorri e tirei uma foto.

Oliver: (Foto)
Oliver: Fique despreocupada. Ela está em ótima companhia.

Alguns segundos depois a resposta veio.

Thea Queen: Obrigada, cunhadinho! As coisas dela estão comigo. Boa noite!
Thea Queen: Parecem mãe e filho.
Thea Queen: Meus sobrinhos serão lindos.

Oliver: Boa noite! Kkkkk

Ri das provocações de Thea e guardei o celular. Peguei Connor no colo e o levei para o seu quarto. Joguei uma água rápida em meu corpo, escovei os dentes e coloquei roupas limpas. Voltei para a sala e desliguei a TV, levei o resto de pipoca para a cozinha e verifiquei se toda a casa estava trancada. Me aproximei de Felicity ajeitando-a no sofá, coloquei a manta até seu pescoço e beijei sua testa.

⁃ Boa noite, princesa - falei contra a sua pele e me distanciei, mas ela segurou a minha calça. - Felicity?

⁃ Não me deixa aqui sozinha - sussurrou ainda de olhos fechados abrindo espaço no pequeno sofá para que eu pudesse deitar.

E como um cachorro domado por sua dona, eu deitei. Ela se aconchegou em meu peito e com um último cheiro em seus cabelos eu adormeci.


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Notas finais do capítulo

O que acharam no capítulo?
Comentem!!! Eu AMO os comentários de vocês!! De verdade! Amo muito!

Comenteeeeeem!!!

Thea precisava ter chamado o Oliver? Não precisava!
Ela podia ter deixado qualquer um tirar a irma dela de lá.

Mas até Thea já se sente super segura com o irmão QUE ELA Ñ SABE QUE TEM por perto.

Ah! Comentem!!



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