16 de Maio de 1993

A roupa branca de enfermeira não caíra tão bem em Isabel como ela esperava. O nervosismo e tremedeira era notório em seu rosto. Ela estava aflita com o que iria fazer, porém estava decidida.

Olhou as placas indicadoras dos corredores do hospital à procura da palavra “maternidade”. Seguiu para o elevador e esperou chegar no décimo andar.

O Starling General era um hospital grande, porém com uma péssima segurança. Inventou que havia esquecido seu crachá no armário e um idiota qualquer deixou que entrasse na ala de funcionários.

Quando Isabel deu de cara com o local todo decorado com temas infantis ela exitou. Teria esse bebê culpa por tudo que ela passara? Culpa por toda humilhação e sofrimento? Não! Esse bebê não tinha, mas seus pais tinham e eles iriam pagar. Ficariam sem seu filho, assim como ela ficara sem o filho dela.

Robert a abandonara no porto de Starling City pois Moira havia anunciado sua gravidez, gravidez de um menino. Ele escolheu sua esposa ao invés de uma vida feliz ao lado de Isabel. Mas ela prometera vingança, e ela iria cumprir a promessa. Estava ali para cumprir.

Respirou fundo e sorriu para uma senhora que saia do outro elevador carregando ursos e balões azuis. Ela sabia quem era aquela, era mãe de Robert, ele havia tido um menino afinal. Alguém que herdaria toda a Corporação Queen. E esse filho não era o dela.

Abriu a porta do berçário e lá jaziam cinco bebês em seus respectivos bercinhos.

— Olá - uma simpática enfermeira lhe direcionou e Isabel sorriu nervosa. Teria ela sido pega? - Você é a enfermeira substituta?

— Sim - falou com seu sotaque russo - Estou conhecendo a área.

— Que bom! Meu nome é Rebecca Merlyn, pediatra - sorriu ainda mais - A enfermeira responsável pelo setor foi ao toalete, se importa de ficar com os bebês até ela voltar? Estão me solicitando.

Era perfeito, Isabel ficaria sozinha com os recém nascidos e poderia fazer a troca sem que ninguém suspeitasse de nada. Ela precisava ser rápida antes que alguém voltasse.

Ela concordou em ficar e Rebecca saiu, ela olhou atentamente todos os bebês se perguntando se eles já haviam sido entregues para os pais. Reparou que nenhum deles estavam com a pulseira de identificação, até que encontrou escrito em um papel preso no carrinho “RN de Moira Queen”. Sorriu. Era fácil demais, ela só precisava trocar os papéis.

Ela sabia que Moira havia tido parto cesárea, ou seja, ela não havia visto seu filho ainda. Isabel só precisava trocar pelo outro bebê que dizia “cesárea” na ficha. O problema era que o único outro parto cesárea era uma menina. Pensando bem... Médicos cometiam erros, exames ultra-sônicos não eram tão confiáveis para descobrir sexo, talvez um dia ele fossem.

Respirou fundo e se xingou por ponderar demais... Era simples, apenas trocar. Faria um estrago de qualquer jeito, Robert perderia seu herdeiro homem.

E fora fácil demais, como tirar doce de criança, ela trocou os papéis.

A partir daquele dia os Queen passariam a ter uma menina como primogênita. E Robert teria trocado ela por nada. A promessa de um filho herdeiro seria em vão.

Isabel pediu para que uma faxineira cuidasse dos bebês e saiu porta a fora com um sorriso no rosto.

Talvez em um futuro próximo ela voltaria e contaria a seu amado Robert o que havia feito.

Ou não.

Ninguém sabe das vontades do destino.