Last night escrita por moreutz


Capítulo 5
No time to waste.




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Treino de quadribol

20 de janeiro de 1976

6º ano

— Vocês são dois idiotas! - Lily acompanhava o treino do time da grifinória ao lado de Remus e Frank, estavam para começar a temporada de jogos e a garota sabia como todos estavam tensos, então decidiu dar apoio moral, mesmo que isso significasse James fazendo graça para ela em cima da vassoura.

— Se eu quero ser esculachado é só eu ir falar com o Filch! - Remus reclamava.

— Ela tem razão, Rem, você e Sirius tem toda a química, todo o preparo mas simplesmente não querem nada. - Frank levantava os braços em comemoração pelo ponto que Alice marcara.

— E como você sabe disso?

— Porque é pra mim que o James vem reclamar que o Sirius só fala de você e consequentemente o Sirius reclama de como não pode falar de como gosta de você… Você está vermelho? - Frank se virou para o amigo, que virou o rosto para Lily.

— Sim, ele está. - A garota o olhou.

O tempo estava ameno e habitável considerando que estavam no meio do inverno. Alguns lugares ainda possuíam neve mas era possível ver ela já derretendo para a entrada da primavera, já que o sol brilhava no céu, mesmo que ainda ventasse e fizesse todos usarem casacos e luvas.

Peter e Mary chegaram pouco tempo depois, estavam mais próximos e eram vistos juntos facilmente e Pettigrew até trocara a dupla com os amigos em algumas aulas para ficar com ela - coisa que James pretendia brincar sobre, até Sirius o lembrar que ele fazia de tudo para poder ficar perto de Lily, isso incluía fazer dupla com qualquer um que estivesse perto da mesa dela.

— Adivinha com quem esbarramos no caminho? - Peter retirava a touca vinho que usava, presente da mãe de James do natal de 1973.

— Quem? - Remus se virava para trás para vê-lo.

— Snape e toda a turma. Estavam importunando um secundarista da lufa-lufa, quando passamos por ele perguntei se estava tudo bem e ele… - Peter revirou os olhos - Perguntou o que eu queria, já que não tinha James ou Sirius para me proteger, podia fazer o que bem entedesse.

— Ele é nojento! - Mary disse. - Sinto muito Lil.

Remus sabia que embora já fizesse um ano e meio que Lily havia parado qualquer contato com Severo, ela ainda sentia-se mal quando ele era citado, principalmente por ter sido a pessoa que esteve ao seu lado antes de Hogwarts, e até mesmo por boa parte dela. Sabia que doía nela ver um amigo virando dessa forma e estando de um lado que pregava ódio ao que ela era, sendo assim, ele tocou a mão da amiga que ainda olhava fixamente para o jogo e ela a apertou.

— Me diga que deu um tapa nele, Pete! - O loiro falou irritado.

— Não, mas lancei aquele feitiço de tirar a calça nele e nos quatro amigos. Os garotos fugiram e eu e Mary corremos.

— James e Sirius vão ficar orgulhosos. - Remus levantara uma das mãos fazendo menção para o amigo bater nela.

O treino passou de forma rápida e era possível ver como o time vinha treinando, afinal, estavam ansiosos para conseguirem a vitória esse ano já que no último os lufanos levaram a melhor. Quando os jogadores começaram a descer, os que estavam na arquibancada foram até eles no campo e, em meio a elogios e a história contada por Peter, Sirius não consegue tirar os olhos de Remus - que fingiu não sentir seu olhar.

Enquanto o grupo está voltando para o castelo o de cabelo comprido - que naquele momento estava com ele amarrado e pingando suor - fica ao lado de Remus e encosta na mão do mesmo, a segurando por um tempo, até soltá-la quando se aproximam mais do castelo.

— Vou ir tomar banho, te vejo depois? - Sirius dá um sorriso a Remus, que retribui sem saber medir o quão corado estava.

— Sim… - E o garoto vira de costas para ele seguido de James.

— Acho melhor medirmos a pressão dele, não? - Remus escuta Lily falar atrás dele.

— Depende, às vezes pode ser… como é aquilo mesmo? Oh, é… Amor. - Alice sorrira de lado ao Passo que o mais alto já havia virado para olhá-las.

— Vocês duas deveriam formar uma dupla de comédia, sabiam? Se apresentarem para todo mundo, não guardar essas piadas só para mim.

— O segredo é trabalharmos com a verdade, porque, por exemplo, rimos das custas de vocês dois há anos… - Lily dera de ombros.

— Isso é bom de ouvir, amor entre amigos e coisa assim. - Ele dissera.

— Acha que não vimos as mãos dadas?

— O que tem elas?

— Você nem quis soltar, Remus Lupin! - Alice rira alto. - Preciso ir tomar banho mas depois preciso saber mais disso, e antes da Marlene, senão ela fica um mês falando como sabe mais do que eu, como o Sirius fala mais com ela do que você comigo por causa da noite da festa! VOCÊ ME DEVE!

— Tá, agora vai tomar um banho.

E Alice foi correndo em direção a Sala Comunal da grifinória.

A verdade é que Remus não tinha o que falar pois não tivera tempo de analisar nem o último acontecimento entre eles - quando Remus fora para cima de Sirius para beijá-lo mas James os interrompera - e agora isso? Como era suposto que lidasse com isso?

Nunca pensara em andar uma considerável porção de espaço de mãos dadas com Ele. Quer dizer, não é como se nunca pensasse, mas não pensara que isso aconteceria na vida real, além de seus sonhos e histórias escritas em cadernos quando estava entediado.

E o jeito como Sirius dissera ‘’Te vejo depois?’’ como se existisse algo a mais para se verem depois, eram possibilidades demais que rodavam a cabeça de Remus o que não permitiu ver quando esbarrara em Lily que estava parada em sua frente.

— Mas que…? - Remus dissera, até perceber o porquê a ruiva parara. Snape estava logo à frente deles, um pouco distante, mas suficiente para congelá-la. - Lil, vamos pelo outro corredor.

 - Não, não tem como fingir que ele não é real, certo? E precisamos jantar. E esse corredor dá direto na porta para o Salão Principal e precisamos ir até ele não? Portanto, vamos.

Lily Evans levantara a cabeça para passar perto daquele que já fora seu melhor amigo, mas agora era nada mais do que um dos que queriam machucar ela e demais bruxos. Fora Remus quem ouvira seus choros e lamentos, quem tentara colocar juízo na cabeça de Lily e mostrara quem Snape realmente era, sem machucá-lo - embora realmente quisesse isso às vezes.

— Ora, mas se não é a sangue-ruim logo aqui! - Um garoto do tamanho de Remus porém mais forte, com cabelo ruivo castanho, disse sobre Lily - e esse é aquele mestiço, não? Que o pai caça lobisomens? O que é uma ironia já que ele caça monstro mas casou com uma aberração equivalente.

— O que disse? - Remus dissera entre dentes. Não costumava brigar, mas também não costumava ser provocado.

— O que? Não escuta também? - O garoto falara. - Sabe, não é nada mal um casal desse, aberrações se atraem mesmo.

— Deixa a gente passar, Trevor! - Lily dissera e Remus lembrara quem era, um aluno corvino do quinto ano.

— Como ousa falar desse jeito comigo? Snape, achei que tivesse dado um jeito nessa aqui. - Trevor apontara para Lily enquanto virava para Severo que permanecia com seu olhar frio observando de trás, todos ali sabiam que ele era o mandante e se quisesse, pararia o que acontecia.

— Não queria gastar o meu tempo a toa. - Foi o máximo que Snape dissera. - Mas façam o que bem entender.

Dito isso Trevor e outro garoto foram para cima dos dois e prenderam seus braços, e os outros dois ao lado de Severo pegaram suas varinhas e chegaram próximo, o que estava a frente de Lily pegou seu rosto e apertou enquanto o que estava em frente a Remus apenas o olhou com nojo.

Era noite de lua cheia e já eram 17:00, Lupin conseguia sentir seu sangue correndo mais rápido, sabia que conseguiria se soltar dali e machucar eles, salvar a amiga e de quebra oferecer algo ao de cabelo preto e nariz comprido que os olhava sem mexer um músculo.

Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa ouviu James gritar ‘’Expelliarmus’’ e Sirius correr para cima do que segurava Lily,enquanto Remus livrava seus braços e empurrava Trevor. Os outros dois foram para perto de Snape que olhou nos olhos de James a tempo de ouvi-lo dizer:

— Seu covarde! - E com isso, o sonserino fora embora seguido de seus colegas.

Lily estava em choque e Remus precisava comer para se preparar para suas próximas horas, e assim fizeram em silêncio no Salão Principal, com James e Sirius logo a frente, os checando com o olhar de tempos em tempos.

Quando acabou, o loiro anunciou que iria subir e que amanhã veria Lily, e com um beijo na bochecha e uma piscadela para os amigos, Remus saiu do grande salão que agora começava a ser preenchido por alunos das quatro casas.

Ao sair pela porta do fundo e fazer o caminho que já conhecia tão bem até o Salgueiro Lutador, Remus tentou apreciar as estrelas no céu, a imensidão do mesmo e todas as coisas que gostava de falar ou ouvir de Sirius quando conversavam durante a noite, mas nada saía além da dor que já começava dentro de si.

A verdade é que só levantara da cama porque sabia o quão importante era para os amigos o apoio no treino, mas sua real vontade era se afundar nela em meio a chocolates e ali permanecer até o horário em que se reclusaria na Casa do Gritos.

Chegando no local, o garoto sentou no chão empoeirado e gelado e aguardou a subida da lua que, mas logo ouviu passos pelo túnel e, em forma de defesa se escondeu atrás da porta. Quando a mesma abriu, atacou o invasor e o jogou no chão o bloqueando com um braço.

— Ei, Remmy, porque está tão bravo? - A voz conhecida de Sirius diz em meio a risadas.

— Que droga!

— Ok, eu sou o único que ficou com medo? - Peter estava com a mão no peito esquerdo, fazendo Remus virar e se deparar com um James sorridente.

— Esqueço como você é forte… Bom, vamos logo que não temos muito tempo. - James vai até um sofá no canto e coloca uma mochila.

— Não sabem que tem que avisar que são vocês? Principalmente depois do que aconteceu hoje? - Lupin sai de cima de Sirius e o ajuda a levantar.

— James e Sirius me contaram o que houve, sinto muito. - Peter pega a varinha.

— Então, podemos nos preparar já? - James sempre ficava extremamente animado com essa situação e era uma das poucas coisas que fazia Remus rir nesses momentos.

— Podem, Pontas. Logo mais me junto a voc… - Remus se contorceu de dor no meio da sentença. Havia começado. Esse era o quarto dia de transformação de Remus, e ainda mais dois viriam, e mesmo estando se transformando durante anos já, cada mês e dia parecia diferente. Uma forma que Remus não conseguiria lidar, e ele só pensava em acabar com tudo logo.

— Remus… - Peter disse olhando para o amigo, até Sirius chamá-lo de volta.

— Vamos, Pettigrew! Se ficar olhando vai ser pior, se transfome já.

Pouco tempo depois James, Sirius e Peter estavam em suas formas animagas - cervo, cachorro e rato, respectivamente.- e saiam da casa, enquanto Remus ainda passava pela transformação, que nunca era rápida e fácil.

Suas costas já alongavam e as mãos sangravam por suas unhas terem crescido, seu rosto ficara comprido tal qual como os dentes - que também se afiaram. Seu corpo todo mudava e todo o processo arrancavam gritos misturados de uivos de Remus, fato que fez com que a casa ficasse conhecida como Casa Dos Gritos.

Os marotos, ou os quatro amigos, se preferir, haviam descoberto a licantropia de Lupin no segundo ano de Hogwarts e, desde então, estudaram para conseguirem se transformar em animagos e acompanhar o amigo nas noites de lua cheia.

No último ano descobriram e as noites solitárias de Remus acabaram, não que ele se lembrasse dos acontecimentos, mas pelo menos sabia que os amigos estavam ali com ele, já que quando acordava os três o ajudavam a voltar para o castelo e, por vezes, até com as feridas.

E assim foi no dia que seguiu, após uma madrugada correndo por aí, Remus Lupin acordou no chão da entrada da Casa dos Gritos, com Sirius já pronto ao seu lado e James e Peter em sua frente.

Potter o ofereceu chocolate e Black o ajudou a levantar. Remus foi para dentro da casa e procurou por suas roupas, e após tentar recuperar plenamente a consciência e respirar fundo, desceu para seguir caminho com os amigos até o castelo, antes que todos acordassem.

Ao chegarem no dormitório, o loiro conseguiu perceber que James estava machucado:

— James, o que aconteceu? - Ele chegou perto do garoto e apontou para a panturrilha do mesmo, que tinha um corte profundo e ainda molhado.

— Nada demais. - O de óculos deu de ombros. Sabiam como Remus se sentia quando acabava machucando um deles durante as noites.

— Quando fiz isso?

— Não foi você.

— E foi quem?

— Outro lobo.

— James, por Merlin! É só me contar! - Remus aumentou o tom de voz.

— Acabamos nos esbarrando e você veio para cima, Sirius conseguiu te enfrentar mas ainda assim acabou acertando uma das minhas patas, e aqui estou eu. - James colocou a camiseta e colocou as duas mãos nos ombros de Remus o olhando nos olhos - Mas já estou indo com Pomfrey, é sério. Se preocupe com você, vá tomar um banho e passe os remédios, Peter e Sirius te ajudam. Não foi culpa sua, Remus.

— Você sabe que foi!

— Não, não foi. Eu poderia não estar lá com você, assim como qualquer um dos outros, mas escolhemos isso desde o segundo ano e estudamos para isso! Você nunca foi um peso ou nos obrigou, pare de se culpar, sei o que faço da minha vida, Remus! - O amigo falara mais sério e alto do que o normal, e o loiro entendera que realmente estava chateado.

— Tudo bem.

— Até depois.

— Vou com você, James! - Peter disse e saiu correndo atrás do amigo.

Remus sabia que não obrigara ninguém, mas isso não o impedia de se sentir responsável pelo o que acontecia aos amigos, ou ao perigo que os colocava todo mês. Se não fosse por ele nem ao menos teriam isso na vida e só conseguia pensar: ‘’É minha culpa pois deixei se envolverem demais.’’

Não era capaz de evitar esses pensamentos, mesmo que tentasse, principalmente em episódios como esse onde algo que ele fez causava dor em quem amava - pois sempre acabava dessa forma.

Sirius estava sentado em sua cama e o observava com uma expressão preocupada, pois era o que sentia por Remus, e queria poder tirar toda a dor e sofrimento que sabia que o amigo sentia mas que não contava nem a metade a eles. Queria abraçá-lo e protegê-lo do que fosse, e mostrar a pessoa importante que era para ele, para os outros e para o mundo.

— O que está olhando? - Remus chamara Sirius.

— Nada.

— Então porque está me olhando como se fosse me matar? - O loiro separava a toalha e roupa para o banho.

— Pensando em como me vingar, você me deu um trabalho e tanto. - Sirius se arrependera do que dissera na hora em que vira o rosto de Remus ficar mais triste. - Sinto muito, não quis dizer isso.

— Tudo bem… sei que foi brincadeira. - O mais alto juntou suas coisas e foi em direção a porta do banheiro. - Já apareço de volta.

Black deitou na cama e ficou encarando o teto. Enquanto no outro cômodo ouvia o chuveiro sendo ligado, começava a pensar o quão ruim seria se tentasse algo real com Remus, se se declarasse e colocasse à prova tudo aquilo o que sentia.

Estavam no meio de um cenário instável por si só, todos os dias via a preocupação no olhar de todos os amigos e colegas, e ouvia relatos de pessoas morrendo em ataques em massa ou sozinhos por Comensais de Voldemort. Uma professora substituta deles, fora sequestrada e mantida em cativeiro, até não aguentar mais; o mesmo aconteceu com um parente de Edgar Bones, que acabou morrendo e sendo encontrado no dia seguinte no Beco Diagonal.

Conhecia a maioria dos assassinos também, afinal, sua família estava envolvida, além das famílias aliadas e puras a eles. Mesmo dentro da escola aconteciam casos de ataques aos alunos, e Sirius tentava evitar que eles acontecessem o máximo possível - como no outro dia com Lily e Remus - mas nem sempre era possível, e uma aluna lufana foi direcionada ao Hospital St. Mungus, onde ficara internada por algumas semanas sob efeito de uma maldição.

Fosse como fosse, sabia dos riscos que corria e como, naquele momento, a vida de todos era mais frágil do que o normal. Então, porque se colocar em sofrimento e confusão com algo que deveria ser simples?

Acordou de seus pensamentos quando a porta do banheiro foi destrancada e se deparou com um Remus chorando. Sirius levantou da cama e correu até o garoto, o abraçando e oferecendo a ajuda que conseguia.

— Quer se deitar? - Black pergunta, ouvindo um sim baixo da boca do amigo.

O guia até sua cama e o ajeita, quando vai se afastar, Remus o chama novamente:

— Six… pode ficar só um tempo comigo? Pesadelos e coisas assim.

— Vai pra lá.

E Sirius se deita ao lado dele sem se lembrar ao certo quando adormeceu, mas memorizando cada detalhe ao ver Remus ao seu lado, dormindo em paz, sem parecer a pessoa que chorava à poucos minutos antes.

Não importava se as aulas fossem começar em menos de uma hora, o que importava era que naquele momento conseguia perceber como queria ir dormir e acordar com aquela pessoa ao seu lado, e como não queria mais perder tempo para isso.

Mesmo quando James entrou no quarto e Sirius jogou um travesseiro nele, Lupin continuou dormindo, e logo após, Black também se deixou levar em seus sonhos - e havia tempos que ambos não dormiam em tranquilidade.


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