Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 41
Alto Mar - Parte IV


Notas iniciais do capítulo

Decidi que vai ter 5 ou 6 partes, já que eu queria muito continuar escrevendo a missão
Aproveitem!
(também postei meu primeiro conto hoje, se alguém tiver interesse de ler :/)



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P.O.V Maggie

 

Se havia uma coisa que doía mais do que se queimar na forja, essa coisa com certeza era levar uma flechada na perna. Eu tentava disfarçar, mas a dor era extremamente intensa, e não importasse o quanto de ambrosia me oferecessem, a maldita não ia embora. Não deixei me darem mais de dois pedaços, principalmente pelo fato de ela estar acabando. Fingi estar bem, mas minha coxa parecia que iria se desintegrar em cinzas a qualquer segundo. O corpo humano é uma máquina muito impressionante, mas se tem algo que eu sempre achei uma enorme falha é a dor. Não a dor em si, mas sim sua duração: eu não precisava da ardência constante para meu corpo entender que não é legal ter sua perna atravessada por uma flecha, eu já tinha um cérebro para saber disso.

Eu sabia que a dor ia piorar, em pouco tempo a adrenalina iria se esmaecer, e aí a dor de verdade viria. E eu particularmente não gostaria de estar por aqui quando isso acontecesse. Algo que essa missão me fez perceber foi que nem mesmo o circuitos e mecanismos mais bem-feitos estavam livres de defeitos. O motor dos jet-skis engasgava, o apoio de dedo para o arco de aurora não era muito preciso e meus nervos enviavam um constante aviso de “você está com a perna totalmente jodida”. Eu sentia falta da ferraria, dos meus projetos simples, da vida fácil que eu tinha antes. Mas ao mesmo tempo, Aurora estava comigo, o que facilitava bastante. Se não fosse por ela, eu já teria perdido o ânimo em vários momentos da missão: subconscientemente eu sabia que ela gostaria de qualquer coisa que eu fizesse, nem que fosse a máquina de Goldberg mais defeituosa já feita.

E mesmo assim, cá eu estava: de mãos atadas, uma perna cagada e dentro de uma lancha cheia de ciclopes que queriam nos matar. Não era necessário ser um gênio da matemática para saber que a equação estava longe de estar balanceada. Mas ao mesmo tempo, será que ela realmente não estava? A vida tende a equilibrar as coisas, mesmo que nem sempre do jeito que você queira: quanto mais forte você fica, maior fica a sua ameaça. Entretanto, eu fui de enfrentar forjas quebradas para ciclopes e entidades místicas muito rápido, mal tendo tempo de respirar. Contudo, parei para repensar o que fiz: consertei quadriciclos em condições piores que minha perna antes de sair, fiz uma lanterna improvisada em um labirinto escuro, junto com um aparelho para Aurora, consertei 3 jet-skis na ameaça de monstros de lama, e agora eu havia acabado de deixar o mesmo jet-ski em uma enorme estabilidade para os tiros da minha namorada fazendo nada mais que apertar alguns botões em um console.

E em meio ao labirinto de sons e cheiros que era o lugar que eu estava, eu sentia falta das coisas mais simples: óleo queimado, metal ardente, o som do martelo batendo na bigorna… Mas não era tempo de viajar no passado, não agora. Minha abuela sempre dizia que aquele que se perde no passado e flutua no futuro acaba perdendo o presente, e levando as experiências e detalhes importantes junto. “O passado ya se foi a muito tempo, ninguém sabe o que virá no futuro e a única pessoa a controlar o presente és tu misma. Então levanta o queixo e continua em frente”, ela dizia, principalmente para quando eu filosofava de um passado impossível em que eu nunca tivesse deixado minha mão na lateral do carro aquele dia. Suspirei.

Eu ainda apoiava minha cabeça na parede, quando um clarão forte invadiu meus olhos. Eu sabia que não era o sol, o dia estava nublado, então imaginei que fosse uma resposta do meu corpo para a dor. Pisquei várias vezes até minha visão voltar ao normal, enquanto todos estavam em um círculo planejando algo. Minha mochila estava a poucos metros de mim, mas parecia estar a quilômetros de distância. Apoiei minhas mãos no chão, e ainda meio sentada tentei ir para frente. Mal dei o primeiro “passo” quando minha perna me pinçou, e caí no chão. Coloquei novamente as mãos no chão, dessa vez com mais força, e tentei me aproximar novamente. No momento que minhas costas saíram da parede, eu caí de novo.

“Desafio aceito”, murmurei, colocando as mãos no chão uma terceira vez. Não ajudava o fato de elas estarem presas para frente, mas interpretei isso como mas um nível para o desafio. Meus braços tremiam com o peso, mas continuei, uma perna depois da outra. Ignorei a dor, eu estava quase lá. Mais alguns centímetros… Caí novamente, dessa vez com um estrondo forte. Aurora instantaneamente se virou em minha direção, com uma expressão preocupada, e praguejei em voz baixa por não ter conseguido chegar na mochila. Ela correu em minha direção, ignorando completamente o que eles estavam discutindo antes. Achei o gesto fofo, mas ao mesmo tempo, ingênuo, já que eles pareciam estar planejando algo importante. Meu chute seria que eles planejavam uma fuga.

“Calma, eu tô bem”, disse logo de cara, para evitar uma das palestras de Aurora. “Não precisa se preocupar”, completei. “NÃO PRECISO ME PREOCUPAR? Quem você acha que eu sou, uma colega de classe? ÓBVIO que eu vou me preocupar com você”, respondeu, com um misto de raiva e preocupação. Não pude evitar um sorriso ao vê-la daquele jeito. “O que foi?”, ela perguntou, vendo meu sorriso. “Tu se preocupa demais”, respondi, enquanto olhava para seu rosto. Os seus olhos estavam azuis como o oceano, ainda mais que o normal, e os longos cachos dourados dela se mexiam com o vento. 

“Mas o que você tava fazendo aqui?”, perguntou, segurando minha mão. Apontei com a cabeça para as mochilas com a cabeça, e ela riu, em um misto de desaforo e incredulidade. “Tu sabe que você pode pedir, né?”, perguntou retoricamente, dando ênfase em “pedir”. Quis me levantar e abraçá-la, mas meu corpo não respondia mais aos meus comandos. Acabei tendo que encarar seu rosto ao invés. Não que isso fosse uma visão ruim, claro.


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Notas finais do capítulo

Deixem seus comentário 7w7
Esse capítulo foi mais um "interlude" do que qualquer outra coisa
Espero que tenham gostado.



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