Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 36
Alguns Minutos Antes Dos Alguns Minutos Antes (aka Uma Chance De Voltar)


Notas iniciais do capítulo

Título enorme a parte, lembra quando eu disse que ia postar 3 capítulos? Pois é, eu descobri que existe uma coisinha chamada "tempo", que acabou impedindo.
Bom, ainda são dois capítulos no mesmo dia entãããããooo
(e oof, doeu na alma escrever o monólogo do início)



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P.O.V Odd

 

Alguns minutos atrás

 

Havíamos acabado de ter jogado Gray junto dos outros Campistas, quando Raven foi para um canto, onde ficou pensativa. Pensei em um comentário tóxico para fazer, mas decidi guardá-lo para quando Xavier estivesse mais calmo, para evitar um de seus monólogos egocêntricos. Seus monólogos não eram entretentes, seu tom monótono tirava toda a graça de uma boa briga. 

Ele saiu de seu canto escuro, com a faca na mão, e andou na direção de Gray ameaçadoramente. “Ora, ora, ora, o que temos aqui?”, ele começou a dizer, como se fosse um vilão de filme. Ele pegou o queixo de Gray com as mãos, o que deixou até eu desconfortável, e começou um de seus monólogos. Eu já estaria bocejando se não fosse pelo fato que a situação estava discorrida o suficiente para manter meus olhos, mesmo com a leve agonia. “Não é tão rebelde assim quando o Nard não tá por perto não é mesmo?”, disse, enquanto Gray puxava a cabeça para o lado, tentando se livrar de sua mão. 

Xavier pegou sua faca e colocou a faca no pescoço de Gray, o que por si só já causou os outros Campistas por perto a tentarem se libertar. “Mas bem no fundo, você só é um verme medroso e fraco, que acha que a própria vida tem algum valor, não é?”, disse, em um tom tão agoniante que eu poderia até sentir um pouco de pena para u meninu sendo torturado emocionalmente. Nesse ponto, Gray já chorava, tanto de medo quanto de tristeza, e o psicopata continuou falando. “Ahh, tá com medinho? Bem que eu esperava, vocês indecisos me dão nojo”, e tentei fortemente ignorar a quantidade de nbfobia na frase dele. 

Era estranho, eu sempre me diverti no caos, e mesmo assim, uma coisa tão simples quanto agressão verbal estava me afetando. Era só o que me faltava, eu estava ficando mole. Decidi fingir desinteresse, pelo menos eu não pareceria fraco na frente dos outros, enquanto Xavier continuava seu monólogo. “Sabe, vocês são tão desesperados por atenção, inventando pronomes e fingindo serem diferentes que eu simplesmente acho você um bando de imbecis. Sabe o que me impede de puxar essa faca nesse seu pescocinho idiota?”, disse, e nesse ponto, Gray já estava ensopado de lágrimas.

“Eu te impeço”, disse Raven, para a surpresa de todos. “Você mesmo disse: capturar oito, mandar pelo portal para a Empusa e SÓ. Você tá só sendo um idiota agora, e sinceramente, o imbecil aqui é você”, continuou, lançando um olhar desafiador para Xavier. “E porque isso seria?”, respondeu desdenhosamente. Agora as coisas estavam começando a ficar divertidas. Raven riu, em um tom jocoso, e logo depois respondeu.

“O filhinho de papai hétero cis riquinho quer bancar a sabe-tudo, enquanto fala merda atrás de merda e ainda quer fingir que tem moral? ‘Olha eu sou do mal uuuu’, sério isso? Antes eu até tinha medo de você, mas agora eu vejo que você não é nada mais do que uma caricatura. Então, senhor certinho, eu carinhosamente peço que você tome no meio do seu cu”. Me controlei muita para não rir, em parte por ela estar levemente certa, e em parte por finalmente termos um caos divertido no buraco na terra.

Xavier ficou sem palavras, e eu havia esquecido a existência de Alan até esse momento. “E agora tu vai se juntar aos Campistas? Vai tentar ser o traidor redimido? Se ouve, guria, tu tá tão no fundo do poço quanto a gente”, ele disse, e a voz dele parecia estar um pouco menos arrogante que o normal. Esse meu pensamento foi logo dispensado, porque ele logo depois passou a ficar vendo a própria reflexão na faca. Rav ficou quieta, ou por raiva, ou por falta de argumentos. 

No fim das contas, acabamos ignorando a discussão pelo resto do dia, e eventualmente ficamos em silêncio.. Enquanto eu pensava no chão duro, eu começava a ter sonhos muito estranhos: nevava em um vulcão, haviam folhas verdes no outono, o Acampamento cultivava laranjas e muitas outras coisas estranhas passavam na minha cabeça. Eu supus que isso fosse algum jeito do meu cérebro dizer que as coisas iam mudar, mas acabei deixando o pensamento em branco. O que me interessou foi um barulho que ouvi, o que causou meus olhos a abrirem.

Enquanto Xavier e Alan olhavam para outra direção, vi Raven se espreitar para fora do esconderijo. Decidi não falar nada, a discórdia seria mais divertida se eu trouxesse ela de volta, ao invés de avisar Xavier. Fui escondido nas sombras e também saí, vendo ela prestes a fazer alguma magia, provavelmente um nevoeiro. “Indo pra algum lugar?”, perguntei, cruzando os braços. Ela deu um pequeno pulo e se virou, com uma expressão de susto no rosto. “Eu não consigo mais fazer isso, é muito errado, até mesmo para mim. As coisas escalaram para muito mais do que simplesmente o plano original, e por mais que eu ame Daisy mais do que qualquer coisa, isso é demais para mim. Eu vou voltar”, ela disse, e a incerteza na voz dela era clara. 

“Tu realmente acha que você vai voltar e todo mundo vai te aceitar de braços abertos?”, perguntei, franzindo o cenho. “Óbvio que não, eu estranharia se eles só me aceitasse de graça. Mas por mais que eles suspeitem de mim, eu ainda vou tentar ajudar, pela primeira vez na vida eu vou fazer o que é CERTO. Tipo, certo DE VERDADE”, ela disse, e eu estava prestes a responder um comentário ácido, quando ela acrescentou “Ainda dá tempo de tu voltar também”, em um tom não natural de sinceridade.

Eu não estava pensando direito agora: eu realmente abriria mão de caos para voltar para o Acampamento? Bom, certamente teria um caos quando eu voltasse. Não, não voltaria. Moralidade é uma ilusão, e eu não ia cair nesse lado, não hoje, nem nunca. Estava prestes a pegar meu chicote, mas hesitei. “Vai embora”, eu disse, apontando para o horizonte. Ela estava prestes a responder algo, mas a cortei. “Agora! Antes que eu mude de idéia”, eu disse, e ela assentiu, Fez uma cortina de fumaça e sumiu, me deixando sozinho na entrada do esconderijo. Entrei, e quando voltei, Alan perguntou sem nenhum rodeio onde estava Raven. “Foi tomar um ar”, respondi, indo para meu canto da caverna.


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Notas finais do capítulo

Inté a próxima ♥



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