Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem escrita por Allyssa aka Nard


Capítulo 27
Saindo do Labirinto


Notas iniciais do capítulo

Cá estou eu, com outro capítulo depois do monstro capítulo de mais cedo. Esse ficou até curtinho, mas eu ainda tô cheia de idéia pro resto da história
Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793346/chapter/27

P.O.V Maggie

 

A atmosfera do lugar estava pesada. Mesmo em um ambiente relativamente agradável, com paredes de esmeralda e um chão de vidro, a perda de Mevans assolava todos nós. Eu estava sentada em uma das paredes, pensando em coisas que eu poderia ter falado a ele antes da ponte, e Aurora chorava no meu ombro, claramente abalada com a perda, somado com sua capacidade empática. Nick estava em outra parede, com os joelhos na cabeça chorando, e Aylee afiava sua lança cabisbaixa. Eve cuidava de Viren, que ainda estava semi-consciente, e dava para ver uma pontada de culpa nos olhos dele.

Eu podia ter falado com ele depois do pedido de desculpas, ter conversado com ele, qualquer coisa. A minha falta de ação estava me corroendo internamente. Embora eu soubesse que ficar pensando nisso não iria mudar o que aconteceu, tanto que foi o que eu disse para Aurora, mas mesmo assim era difícil não pensar nisso. Nick, obviamente, era o mais assolado entre nós, e eu não conseguia pensar em nada para dizer que iria consolá-lo, então me limitei a dar um meio abraço em Aurora.

Aurora finalmente parou de encharcar minha camisa, e retribuiu o meu abraço. Depois de abraçá-la por alguns segundos, fui em direção a Nick, colocando minha mão no ombro dele. “Vamos”, ele disse, enxugando algumas lágrimas. “Quanto mais longe estivermos desse lugar, melhor”. Eve voltou a carregar Viren nos braços, e Nick se levantou lentamente, seguido por Aurora.

Nosso andar foi silencioso, e ninguém conseguia falar nada. Era apenas um pé atrás do outro, até que achássemos uma saída. O lugar seria muito bonito, se não fosse pela nossa perda. Os cristais refletiam nossos rostos, e só era possível ver rostos monótonos e tristes. O tempo se arrastou lentamente, os minutos viraram horas, e o lugar continuava o mesmo, paredes que nos refletiam. Parecia uma forma doentia do lugar de não nos deixar esquecer que Mevans morreu, que ele nunca teria um túmulo e que ele não voltaria.

Em um certo momento, Aurora se apoiou no meu ombro com os braços. As costelas dela estavam piorando, e os monstros que encontramos não estavam cooperando. Dei a ela um pedaço de ambrosia, e a ajudei a achar uma boa posição de apoio. Eu não queria dizer nada para não preocupar o resto do grupo, mas meu estoque de ambrosia estava acabando, e rápido. Mesmo com que os outros tivessem mais, estávamos apenas no início da missão, e temi que talvez não sobrasse em momentos mais para frente.

Eu ficava lentamente diminuindo as doses de ambrosia de Aurora, na esperança de fazer o estoque durar um pouco mais. Mas essa decisão acabou causando uma piora no estado dela, e eu estava em um maldito dilema. Depois de muito tempo, o lugar finalmente mudou, mas não para melhor. Sem nenhuma forma de luz, tive que usar a minha lanterna improvisada. Ultimamente eu tinha feito algumas mudanças para deixar o feixe de luz mais claro, mas ainda não era suficiente para iluminar um local tão grande. Algumas paredes de pedra podiam ser vistas pelo feixe ofuscante da lanterna, e o chão estava um pouco molhado. Eu até diria que era um túnel de esgoto, se não fosse pelo fato de estarmos no meio de um labirinto mitológico. Mas até poderia ser, eu não sabia, para mim eu só queria achar uma saída. 

Fiz minha pergunta a Aylee, ainda estranhando o fato de eu ainda ter uma voz depois de tantas horas de silêncio. “Bom, o labirinto tá se mudando constantemente, mas se a gente tiver dado sorte, vai ter uma saída de bueiro em algum lugar por aqui”, ela respondeu. Sem perceber, acelerei o passo na promessa de uma saída, o que deu um susto em Aurora, que estava quase dormindo de cansaço no meu ombro. 

Após alguns minutos, como se surgisse do além, uma escada se materializou em uma das paredes. “Se a gente subir aqui, onde a gente vai sair?”, perguntei a Aylee. Ela suspirou, e logo depois respondeu “Dá pra sair na China, em Ohio ou em Cuba. Não tem como saber”.

Subi as escadas lentamente, torcendo para que estivéssemos em algum lugar perto do oceano, ou melhor ainda, já no outro continente. Ao sair, não encontrei uma cidade, e sim uma área verde. Árvores em todos os lugares, uma floresta. Carvalhos se estendiam até onde a vista podia ver, e pequenas folhas secas cobriam o chão. Em cima disso tudo estava uma enorme lua cheia, grande e branca. Eu havia passado tanto tempo  dentro do labirinto que eu tinha esquecido de como era a lua.

Um a um, os outros subiram as escadas, e ficaram tão confusos quanto eu ao sair, mas o cansaço e a fadiga nos alcançaram. Dormimos na grama mesmo, comigo abraçada em Aurora, sem nem nos preocupar com cobertores. A lua, uma espectadora inerte, nos cobriu de luz enquanto dormíamos na relva molhada.

 

Demorei alguns segundos para me lembrar onde eu estava quando acordei, mas repassei rapidamente os ocorrimentos na minha cabeça. Infelizmente, a morte de Mevans ainda crepitava no meio, não me deixando um momento de paz. Aylee voltava de uma de suas caçadas matinais, trazendo cadáveres de pássaros em um saco. “Você conseguiu descobrir onde a gente tá?”, perguntei sem rodeios enquanto ela depenava os pássaros.

Ela não tirou os olhos dos pássaros, provavelmente para não se distrair e se cortar, e respondeu “a gente tá em alguma ilha, provavelmente particular, em algum lugar no oeste dos EUA, então estamos mais perto do Everest do que antes”. Ela começou a colocar os pássaros em galhos afiados, parecidos com espetos. “E pelo jeito tá abandonada, tem um armazém ao lado de um cais caindo ao pedaços na praia”, completou, iniciando uma pequena fogueira. Colocou os “espetos” na fogueira, com auxílio de outros dois galhos perpendiculares ao chão. Os pássaros começaram a emanar um cheiro muito bom, mas diferente de alguns dias atrás, ninguém acordou com aquilo.

Quando os pássaros ficaram prontos, acordei a todos, começando por Aurora. Comemos silenciosamente, mesmo que a comida estivesse muito boa. “Sem conversas ao redor da fogueira desta vez”, pensei, ainda desejando que Mevans tivesse simplesmente atravessado a ponte. Eve fez uma pequena “cama” para Vi com galhos e folhas, e troquei as bandagens de Aurora. 

Um dos pontos estava soltando, e fiquei preocupada que em algum momento eu precisaria costurá-lo. Mesmo que ela tentasse esconder a dor, o suor no rosto dela a entregava, “Descanse”, eu disse, lhe dando um pouco de água e ambrosia. “Volto daqui a pouco”, completei.

Pedi para Aylee me mostrar o armazém que achou, ela me guiou pela floresta até uma praia, onde, como ela disse, havia um pequeno armazém. Entrei no lugar, sentindo um forte cheiro de mofo e vi que ali era um lugar de estoque para jet-skis. Haviam apenas seis, embora houvesse espaço para sete, o que me causou a lembrar novamente da falta de Mevans no grupo.

Dei uma inspetada rápida nos veículos, vendo se estavam em condições de uso. Muitas das fiações eram velhas, e muitos sistemas estavam quebrados, mas com algum tempo de conserto, dava para devolvê-los a ação. Voltei para o lugar onde havíamos saído, seguindo a fumaça que ainda saía da fogueira, e fui pegar minha mochila. A fogueira ainda estava em brasas, e nossas mochilas ainda estavam no chão, mas não consegui ver ninguém além de Viren no lugar.

Por alguns segundos, temi que algo houvesse acontecido, mas logo vi um bilhete ao lado de Viren. Reconheci a caligrafia bonita de Aurora, e o bilhete dizia basicamente que eles foram explorar o lugar junto com Aylee. Quando terminei de ler, Vi abriu os olhos. Mesmo todo destruído, ele estava bem melhor de quando o encontramos. Os cortes e ralados dele estavam bem melhores, provavelmente cortesia da ambrosia, e o braço e as costas dele pareciam estar um pouco menos fora de posição.

“Onde eu tô?”, ele perguntou, e rapidamente expliquei para ele o ocorrido nas últimas horas. Ele começou a chorar quando falei de Mevans, uma reação semelhante à de Aurora, e perguntou onde estavam os outros. “Explorando”, respondi, e ele assentiu. Conversei um pouco com ele, feliz de não estar completamente sozinha, até o momento que senti um forte impacto na parte de trás da minha cabeça.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu até escreveria umas notas finais pedindo comentários, mas sinceramente eu tô esgotada depois de ter escrito umas 4500 palavras hoje, então vai ficar só por isso mesmo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Interativa - Enquanto As Estrelas Brilharem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.