Uma Bruxa Trouxa escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu estava quase dormindo, comecei a falar com minha mente e eis que surgiu essa one.
Simples, engraçada e para passar o tempo.
Espero que gostem.

Boa Leitura!



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            Sinceramente não sei o momento exato em que comecei a sentir isso em relação a ele. Certamente vocês também não sabem. É difícil lembrar qual é o ponto principal em que deixamos de sentir como amigos e passamos a sentir algo muito maior e extremamente desconfortável. Se você, isso você mesmo que está lendo isso, não se apaixonou pelo seu melhor amigo, ou um deles, jogue suas mãos para cima, ajoelhe-se no chão e fiquem horas orando em agradecimento.

            Tenho certeza que me conhecem de maneira muito mais centrada, realista, sóbria. Mas sinceramente acreditam que qualquer adolescente seja assim? Não. Não somos. E eu apesar de carregar o título de bruxa mais inteligente para minha idade, de fato me controlar para evitar qualquer atitude errada. Eu sou certinha. Sinto muito por isso. Mas essa é a verdade, sou certinha e gosto disso. Sinto muito orgulho em ser certinha, gosto de estudar, sou responsável e não vejo nada de errado nisso. Vocês veem? Mas quando o assunto é o que estou sentido por Ronald Weasley, acredito que perco um pouco do controle que gosto tanto de ter.

            Por isso, falei para ajoelharem e agradecerem por não estarem apaixonadas por um melhor amigo. Isso é terrível. E lembrem-se que não sou dada a dramas ou exageros, então se estou dizendo tais palavras, levem isso a sério. Começou a chover e escutei um leve trovão como se a natureza quisesse confirmar minhas palavras.

            Já li alguns livros de romances, apesar de achar o gênero fraco e bastante opressor, não me julguem, os li para descobrir como lidar com tais acontecimentos, acredito que quase fui enganada por palavras bonitas e bem calculadas de autoras muito entusiasmadas e sonhadoras. O mundo é cruel com pessoas sonhadoras. Nos livros sempre tinha as amigas, aquelas que escutam as histórias das protagonistas, davam péssimos conselhos, percebiam que realmente a garota estava apaixonada pelo melhor amigo e não pelo cafajeste conquistador barato que humilhava todos e depois se converte como um milagre divino. Sinceramente vocês acreditam nessas mudanças tão rápidas e sem contexto algum? Eu não.

            Percebo agora que usei a palavra sinceramente repetidas vezes e que meu texto está começando a ficar redundante. Eu detesto textos redundantes. Peço que entendam que não sou muito de amigas, na verdade minhas opções são reduzidas, já que uma das amigas é a irmã dele e a outra opção é o melhor amigo dele. Escolhi vocês leitores como confidentes. Claro que não usarei meu nome oficial, apesar de ter anunciado o dele, o que faz com que desconfiem do meu. Porém, vamos nos manter discretas.

            Voltando ao assunto principal. Eu o amo. Sei que somos jovens e o amor juvenil pode ser avassalador e pouco duradouro. Só que eu o amo. E não acho que sendo responsável como sou cairia nessa de avassalador, então acredito que esse sentimento criou raízes e possivelmente jamais conseguirei arrancá-las.

            Apesar de algumas histórias e muitas brigas, apesar da chuva no meio do caminho, dos desentendimentos sei que meu destino está ao lado dele. Nos conhecemos aos 11 anos, em uma cabine de trem e não nos demos bem logo de cara. Ele me chamou de pesadelo e derrotamos um trasgo, vocês sabem o que dizem: tem coisas que não se pode fazer junto sem acabar se tornando amigos.

            Por isso, apesar dos ventos fortes e dos possíveis naufrágios, das futuras guerras e possíveis mortes, sinto que ao lado dele sempre estou a salvo. Nós jogamos um xadrez perigosíssimo, ele me defendeu de um garoto, eu fui petrificada e ele ajudou a me salvar. E perto dele me sinto inteligente e burra ao mesmo tempo. Com as matérias, planejamentos, sou ótima. Um gênio. Mas com ele acabo sempre parecendo perdida e inexperiente.

            Mas quando o vejo perto de mim ele me faz sentir forte, invencível, desconheço o impossível, só penso que poderia viver sempre ao lado dele. E mesmo quando gritamos um com o outro, quando ele não consegue entender minhas entrelinhas, quando fico mais perdida do que nunca, ainda assim o amo.

            Vocês, cara amigas ou amigos desconhecidos e adoráveis, conseguem entender tudo isso? Todo esse sentimento? Como que ele cresceu dentro, em que momento aconteceu o clique e percebi que não éramos mais só amigos, mas que continuaríamos amigos mesmo assim. Porque talvez tenha sido a amizade, crescendo e transbordando tanto que precisou virar amor. Ficarei aguardando suas respostas sobre isso.

            Estou sempre a um passo.

            Um passo de algum beijo, a um passo das mãos deles tocarem a minha.

            Fico imaginando o quanto seria fácil andar com ele de mãos dados, sentir seus dedos desenhando as marcas de minha pele, as linhas da palma da minha mão. Imagino também o momento certo de beija-lo. Tivemos poucas oportunidades e ai chegamos a primeira conclusão dos livros de romances que li. Nessas histórias os cavaleiros sempre tomam a iniciativa. E eu amo o Rony, amo de verdade. Só não vejo ele tomando qualquer iniciativa.

            Vivo a um passo de um suspiro, a um passo do abraço dele, esperando que seu olhar me note como em um passe de mágica. Só que aqui meio que estamos o tempo todo dentro da magia e talvez isso complique um pouco as coisas. Vocês entendem o que quero falar?

            Nós quase vimos um animal ser executado, descobrimos que o rato dele na verdade era uma pessoa e pior do que isso, uma pessoa que estava ao lado daquele que não deve ser nomeado. Ele quebrou a perna, eu voltei no tempo. E fico pensando em qual momento entre sempre está a beira da morte e escapando por pouco conseguimos transformar amizade em amor. Vocês conseguiram perceber? Algo que deixei escapar, que meus olhos encantados não conseguem perceber, que minhas lembranças muito ciumentas não me deixam enxergar? Espero que consigam me ajudar.

            Essas férias estão um pouco esquisitas, mas nós vamos acampar, assistir a um jogo idiota de quadribol, mas que ele ama. Que todos aparentemente amam. Talvez possamos ver as estrelas, algum meteoro ou cometa. Faço o pedido para a estrela cadente e ele me beija. Seguindo a ordem clichê dos livros que devorei e que na verdade não me ajudaram em nada. Agora eu fico analisando tudo, cada palavra que aparecem em suas cartas, como a voz dele soa no telefone que ele não sabe usar corretamente. Fui completamente doutrinada.

            Preciso de vocês! O que acham que devo fazer? Falar com ele e ser horrivelmente rejeitada? Falar com ele e ser romanticamente beijada? Não falar com ele e esperar por algum momento único e peculiar em que nos beijamos mutuamente? Esperar ele me beijar, mesmo que isso acontece daqui há vinte anos ou mais? Pegar o sentimento de amizade transbordado e modificado para amor e podá-lo drasticamente fazendo com que o sentimento nunca mais volte a transbordar?

            Vou precisar arrumar minhas malas, terminar minhas listas, colocar livros dentro da bolsa e me certificar que tudo está aprontado para a viagem. Sou organizada. Não me julguem em relação a isso, o foco é o meu sentimento em relação ao Ronald, o sentimento dele em relação a mim. E o porque quero sempre viver ao lado dele, apesar de qualquer que seja a resposta.

            Confio em vocês, até a próxima.

                                                                                              H.G. Uma bruxa trouxa.


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Notas finais do capítulo

Hermione está esperando por vocês. (e eu também)
Até a Próxima...

Beijos.



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