A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 46
A sala de espera.




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            Castiel entrou correndo no hospital, carregando a bolsa de bebê, pendurada no ombro. Ele estava ofegante, vermelho de tanto correr! Era engraçado ver quão aflito ele estava, ao quase escorregar no piso recém limpo, enquanto ia até a recepção.

            Era nítido que o rapaz estava à beira de um ataque, ao chegar diante do vidro que o afastava da recepcionista atrás do guichê. O problema, era que ele estava tão nervoso, que não sabia o que dizer. — A esposa do meu amigo está tendo um bebê! — Foi a primeira coisa que ele disse para a recepcionista, que estava empilhando alguns formulários dos pacientes mais recentes.

            A mulher baixinha de cabelos dourados e óculos de lentes finas sobre o nariz fino, afastou os olhos dos formulários por alguns momentos. Em seguida, olhou confusamente para Castiel, observando como ele resfolegava. — E onde ela está? Lá fora? — A recepcionista indagou. 

         — Não! Ela já está aqui. Preciso saber onde ela está. Qual o quarto dela? Meu amigo mandou eu trazer a bolsa do bebê! — Castiel respondeu, ainda tão alarmado quanto outrora.  

           — Dá para ser mais específico, garoto? Tem pelo menos cinco mulheres em trabalho de parto aqui, neste momento. — Ela foi direta, precisava saber quem exatamente era a paciente a quem ele procurava.

            — Moça! Eu só tenho que entregar a bolsa para eles! Não tenho tempo a perder! Em que quarto ela está? — Castiel perguntou, em seu usual tom irritadiço. Tudo o que precisava saber era onde Annelise estava, ou, ao menos Lysandre! Todas as coisas do bebê estavam consigo, deveria entregá-las logo.

            A recepcionista pareceu impaciente, odiava quando os visitantes não passavam as informações incompletas, na hora da visita. — Escuta aqui, garoto. Se eu não souber o nome da paciente, não terei como te ajudar. Como espera que eu te diga o quarto onde ela está, quando não me diz quem é a moça? — A mulher indagou, pousando os prontuários sobre a bancada da recepção. Se Castiel não pudesse lhe dar nenhuma informação, então de fato não teria como ajudá-lo a encontrar a paciente que procurava.

            Ele, no entanto, não parecia se acalmar. Estava tão alarmado, que havia esquecido Montsserat no estacionamento. Só se deu conta de que a namorada havia sido deixada para trás, quando ela entrou no hospital.

            Montserrat andava um pouco mais devagar que o namorado, por conta do peso da barriga enorme, de sete meses de gestação, que parecia um pouco menor, por conta do vestido preto de gestante, que dançava em seu corpo. Ela evitava ao máximo fazer qualquer esforço, pois sabia que do sétimo mês em diante, seu filho poderia nascer a qualquer momento. O que por sinal, ela queria que acontecesse logo. Não aguentava mais os enjoos, o calor excessivo mesmo que estivessem no Outono e o inchaço nos pés. Agora era capaz de entender todas as vezes que Annelise reclamou do peso, do inchaço e das dores de coluna. Afinal, estava sentindo cada uma dessas coisas.

            Ela chegou perto do namorado, com a mão atrás das costas, sentindo o peso do bebê que não parava de se mexer um minuto. Aparentemente, o garoto era tão genioso e agitado quanto o pai. Mesmo assim, amava aquele bebê mais do que tudo no mundo. Estava ansiosa para segurá-lo nos braços.

            Ao ver o modo como Castiel estava aflito na recepção, Montsserrat negou com a cabeça, rindo ao apoiar os braços na bancada da recepção, ainda retomando um pouco do fôlego. Afinal, o bebê não parava quieto em hipótese alguma.  — Desculpa, ele está um pouco nervoso. Nosso afilhado está nascendo, isso é muito novo para ele. Se ele já está assim agora, imagine quando o nosso nascer daqui há aproximadamente seis semanas? Acho que ele vai surtar. — A ruiva comentou, em meio a um riso suave. — Nós precisamos saber em qual quarto está Annelise Henderson. A senhora poderia nos informar, por favor? E, se não for incômodo, a senhora poderia me dizer onde fica o banheiro? O rapazinho aqui não para de fazer minha bexiga de “pula-pula”. — A moça completou. Precisava mesmo ir até o banheiro, antes de ir encontrar Annelise e Lysandre.

            Agora que sabia quem o casal estava indo visitar, ficava mais fácil olhar nos formulários em qual quarto a parturiente estava. —  Bastava ter dito desde o começo. Vocês já estariam lá, se ele não ficasse enrolando. —  A mulher disse, um tanto ranzinza. Em seguida, começou a olhar naquela pilha de formulários, procurando pelo nome da paciente. — Ela está na sala de emergência, da ala obstétrica, ainda. É lá que as gestantes ficam, enquanto não entram em trabalho de parto. É só seguir a linha azul no piso, até o final do corredor. Sobre o banheiro, ele fica no corredor a direita, pode ir lá. — Após informar a direção pela qual o casal deveria ir, a recepcionista voltou a dar atenção aos prontuários, que deveria deixar em ordem antes de entregar aos médicos de plantão.

            Montsserrat chegou a abrir a boca para falar alguma coisa para a recepcionista. Não havia gostado de como ela tinha sido rude. Seu gênio, era quase semelhante ao do namorado. Mas, com o diferencial de que ela sempre era extremamente educada. Odiava grosserias. No entanto, antes que pudesse dizer alguma coisa, eles ouviram a voz de Lysandre às suas costas.

            — Castiel, Montsserrat! Obrigado por virem. Vocês trouxeram a bolsa? — O rapaz indagou, ofegante. Pelo modo como ele apertava nervosamente as mãos, ficava claro que nunca estivera tão tenso. Era justificável, seu filho estava prestes a nascer a qualquer momento. Qualquer um ficaria completamente nervoso.

            — Está aqui, irmão. — Castiel retirou a bolsa do ombro, entregando para Lysandre, que a pegou prontamente.

            — Obrigado, nós precisávamos mesmo das coisas do bebê. Saímos com tanta pressa que nem tivemos tempo de buscar a bolsa. — Lysandre comentou, enquanto colocava a bolsa no ombro, ainda totalmente ansioso.

            Era engraçado ver o nervosismo dele. Mas, ao mesmo tempo, Castiel sabia que muito em breve passaria pela mesma situação. Então, não poderia julgá-lo. — E como ela está? Já vai ser removida para a sala de parto? — O ruivo indagou, também em tom ansioso. Nunca havia estado tão perto de acompanhar o nascimento de um bebê.

            — Ainda não, ela não tem dilatação suficiente. Estamos esperando um pouco mais. Mas, acredito que não vá demorar. O intervalo das contrações está diminuindo muito. — Lysandre respondeu. — Inclusive, tenho que voltar. Ela está morrendo de dor, fico sem saber o que fazer. Eu falo com vocês mais tarde, está bem? Obrigado novamente por trazerem a bolsa. Vocês vão esperar aqui? — O rapaz indagou.

            — Vamos sim. Queremos estar presentes quando o Logan nascer. Afinal, é nosso afilhado. Somos praticamente os pais dele também. Sou a figura masculina em quem ele vai se espelhar. — Castiel brincou, tentando aliviar a tensão do momento.

            Lysandre riu, negando com a cabeça. — Eu francamente espero que não. — Ele respondeu, ainda rindo um pouco. — Agora, realmente tenho que ir. Volto para dar notícias quando ele nascer, está bem? — O rapaz afirmou.

            Ele não teve muito tempo para se despedir. Apenas saiu apressado pelo corredor, voltando para a emergência, onde Annelise urrava de dor a cada nova contração.

            Como não tinham muito o que fazer, Montsserrat e Castiel se sentaram em um sofá na sala de espera. Castiel envolveu os ombros da namorada com o braço, a trazendo para mais perto de si.

            Notava que ela estava com um semblante carregado pela tensão do momento. O que era perfeitamente justificável. Em poucas semanas, seria ela quem estaria passando por essa situação. Deveria ser assustador.

            — Calma, vai dar tudo certo com eles. E, quando for a nossa vez, vai dar tudo certo também. A diferença, é que eu não vou esquecer a bolsa do Cody. — Castiel comentou, beijando o topo da cabeça da namorada, ainda a abraçando carinhosamente.

            Montsserrat arqueou a sobrancelha, o olhando em total curiosidade, ao ouvir o último comentário dele. — Não vai? E como pode ter tanta certeza disso? — Ela perguntou, ainda com aquele olhar repleto de indagações.

            Ao ouvir a pergunta da namorada, Castiel esboçou um sorriso de canto, levando a mão livre até o queixo dela, o segurando entre os dedos. — Simples, eu tenho certeza de que não vou esquecer a bolsa, porque eu já a deixei no carro desde ontem à noite. — Ele respondeu, sem conseguir segurar o riso. E, quando Montsserrat ouviu o que ele havia dito, não conseguiu conter a risada também.

            — Meu Deus, você não existe. — A ruiva disse, ainda rindo. Não acreditava que o desespero do namorado fosse tão grande, ao ponto de fazê-lo deixar a bolsa com as coisas da maternidade, dentro do carro semanas antes do nascimento do bebê.

            — O quê? Eu sou precavido. Não quero que tenhamos surpresas no dia que nosso filho nascer. — Castiel disse em tom brincalhão.

            — Se fosse tão precavido assim, eu não estaria grávida. — Montsserrat retrucou, também em nítido tom de brincadeira. Afinal, a gravidez foi planejada e muito bem discutida pelos dois.

            — E que outro jeito eu teria de te amarrar? Vai que você decidisse sair correndo para Londres de novo? Não queria correr riscos. — Ele piscou para ela, antes de dar um beijo carinhoso na bochecha da namorada.

            — Ah, então agiu de caso pensado para me segurar? Olha só, é assim que conhecemos as pessoas. — A ruiva comentou, fingindo-se de surpresa.

            — Pois é, agora nunca mais vai conseguir se livrar de mim. Vamos montar um time de futebol em casa, só para evitar que a senhorita fuja de novo. — Castiel ainda mantinha aquele tom descontraído em sua voz, vendo que a namorada já parecia bem mais tranquila do que antes. Isso era um bom sinal, significava que ela estava relaxando aos poucos. Logo, a ansiedade a deixaria. Agora, ele assumia um tom mais sério, embora sorrisse de modo reconfortante, ao segurar a mão de Montsserrat, levando-a aos lábios em um beijo carinhoso. — Não precisa sentir medo, está bem? Eu sei que está preocupada com a hora em que entrar em trabalho de parto. Mas, eu estarei lá, segurando sua mão e te encorajando a todo momento. Não estará sozinha. E, se sentir medo, eu estarei bem ali para afastá-lo de você. — O modo calmo com o qual ele dizia aquilo, trouxe segurança para Montsserrat. Ele nem parecia mais o cara desesperado que chegou à recepção do hospital, sem sequer conseguir dizer o nome da paciente a quem tinham ido visitar. O que, mostrava claramente que Castiel estava se esforçando para mostrar que seria capaz de cuidar dela e do bebê.

            A moça sorriu, entrelaçando os dedos aos dele. De fato, sentia-se mais tranquila, apenas por ouvir aquelas coisas. — Obrigada. Você é maravilhoso, Castiel. É por isso que aceitei casar com você. —  Agora, era a vez dela beijar carinhosamente a bochecha do namorado.  

            O clima foi se tornando menos tenso aos poucos. Embora, é claro, ainda estivessem ansiosos pelo nascimento de Logan. Esperavam que tudo estivesse correndo bem, na sala de emergência.


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