A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 20
Esse é o plano!




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            Após o jantar, Nina já sentia um pouco menos travada. De fato, Annelise e Lysandre estavam sendo tão gentis consigo, que era impossível não se sentir bem.

            O casal era acolhedor. Pareciam se dar realmente bem, mesmo que só estivessem juntos novamente, há tão pouco tempo. Vendo o modo como agiam um com o outro, era quase como se jamais tivessem se separado. De fato, conseguia ver neles uma ligação, que jamais vira entre Annelise e Castiel. Ela entendia perfeitamente como a chefe parecia se sentir bem, ao lado de Lysandre. Ainda mais, depois de saber o que Castiel lhe havia feito.

            — Isso é sério?! Ele fez mesmo isso?! — Nina parecia chocada, ao ouvir Annelise contar sobre tudo o que havia acontecido naquela manhã. Não conseguia acreditar que Castiel fora tão cretino!

            — Sim, ele fez e ainda me acusou de tê-lo traído. — Annelise respondeu, enquanto colocava os pratos de sobremesa, na mesa de jantar.

            — Mas que desgraçado! — Nina disse, sem fazer a menor questão de esconder o tom raivoso. — Tomara que ela lhe meta um par de chifres, também! Só assim ele aprende! — A garota tinha uma língua afiada. Dificilmente ficava calada, quando estava irritada com alguma coisa.


            — Acho difícil, Nina. Ela já fez isso antes e ele não aprendeu. No fim das contas, se merecem. Não posso dizer que não fiquei chateada, ninguém merece ser traído. Mas, confesso que foi um alívio porque eu finalmente estou livre para ficar com o Lysandre. E a melhor parte disso: sem culpa alguma. — Annelise agora, ao terminar de falar, puxava uma cadeira se sentando ao lado de Nina. De fato, estava aliviada por finalmente estar livre de Castiel.

            — Fez bem em vir para cá! Vocês ficam ótimos, juntos! Muito melhor do que era com o cabeça de Ketchup. Sei que no passado eu atrapalhei muito vocês dois, mas agora saibam que têm meu total apoio. Eu fico feliz que finalmente tenham conseguido reatar. — Nina comentou. Estava sendo sincera, era ótimo ver que eles haviam voltado, depois de tanto tempo. Ela sabia o quanto os dois se amavam.

            — Acredite, também estou feliz com isso, apesar das circunstâncias. — Lysandre disse, ao entrar na sala de jantar, trazendo em uma travessa, uma torta. — Só precisamos nos organizar, para que não nos afastemos mais. Afinal, eu ainda tenho minhas obrigações com a fazenda e ela tem o café. Precisamos encontrar um meio-termo. — O rapaz completou, ao colocar a torta sobre a mesa.

            — E já estão pensando em alguma coisa? — Nina indagou, enquanto olhava Lysandre cortando uma fatia da torta e colocando no prato que estava a sua frente.

            — Como é algo muito recente, ainda estamos pensando como conciliar. Foi muito inesperado! Então nenhum de nós dois estava preparado para isso. Mas, não posso reclamar. Afinal, estou com a mulher que amo. — Lysandre disse, ao curvar-se sobre Annelise, esboçando um sorriso terno, enquanto beijava-lhe brevemente aos lábios.

            — Isso é tão fofo! — Nina disse, olhando o casal, que agora afastava um pouco os rostos. — Pelo menos uma boa notícia, depois de tantas coisas ruins. Eu tinha medo de que ela vendesse o café, por causa daquele idiota. O ouvi a incentivando a fazer isso várias vezes. Acredito que você não fará isso. — Ela comentou, ainda olhando para o casal, conforme Lysandre se sentava ao lado de Annelise.

            — Era justamente sobre isso que queríamos conversar com você, Nina. — Lysandre começou. — Quando Annelise me contou a situação do café, fiquei deveras preocupado. Percebi que algo precisava ser feito urgentemente, para que as portas não fossem fechadas. Confesso que pelo que me foi dito, o quadro é alarmante. Mas, acredito que seremos capazes de dar um jeito. Eu tive algumas ideias, que talvez possam ajudar. Minha mãe era uma excelente cozinheira e deixou um livro com suas receitas anotadas, já que tinha uma memória tão ruim quanto a minha. — Lysandre riu. — Desenterrei algumas dessas receitas ontem à noite, já visando utilizá-las para atrair clientes. Quando a Annelise a convidou para jantar, vi nisso uma oportunidade de avaliar a aprovação dos doces. Nós gostaríamos que você provasse algumas das receitas, para que pudéssemos ir selecionando quais poderemos vender. Essa, por exemplo, é uma torta de nozes com creme de avelã. É uma receita cara, mas muito gostosa. Acredito que possamos vender as fatias a um bom preço. — O Rapaz disse, entregando uma colher a Nina.

            A garota pegou a colher, cortando um pedaço da fatia de torta que lhe fora servida. Em seguida, levou a colher à boca, mastigando o pequeno pedaço de torta.
           
            Lysandre a olhou apreensivo. Queria ver qual seria a reação da garota, ao provar o doce que havia feito.

            As feições dela se iluminaram em um sorriso amplo, enquanto o sabor adocicado dançava em seu paladar. Era uma mistura interessante, as nozes pareciam conversar muito bem com o creme e de avelã e o chocolate.

            — Isso está incrível! Vai vender igual água! — Nina disse, antes de pegar mais um pedaço com a colher, levando à boca.

            Lysandre pareceu satisfeito ao ouvir o comentário da garota. Afinal, isso significava que poderiam ter um pequeno avanço.

            — Fico feliz que tenha gostado! Podemos começar colocando essa torta no cardápio. É bem comum que as pessoas peçam um brownie, donnut, ou até mesmo uma fatia de bolo para acompanhar seu café. Então, podemos dar uma ampliada nas opções. Assim, a satisfação dos clientes pode ser maior. Além disso, temos que melhorar a questão do atendimento, para que seja mais dinâmico. Minha ideia, é que nós três dividamos as tarefas de modo que o atendimento seja mais rápido e satisfatório. Eu ficaria na cozinha, preparando os doces. A Annelise ficaria no caixa e você, Nina, continuaria dando conta das mesas. Se nos organizarmos bem, vamos dar conta do serviço. Claro, terão dias em que terei de me ausentar, por conta da fazenda. Mas, deixarei meu trabalho adiantado, para que vocês não tenham nenhum problema. Quando você não estiver dando conta das mesas, eu poderei ajudá-la a atender os clientes, sem problema algum. Acredito que se nos esforçarmos, vamos conseguir reerguer o café.  — Lysandre explicou, enquanto Nina prestava atenção, ainda comendo sua fatia de torta.

            — Você vai trabalhar com a gente?! — A menina quase engasgou.

            — Sim, espero que isso não lhe seja um incômodo. — Lysandre respondeu.

            — Nós já superamos essa fase, não é, Nina? — Annelise indagou, sorrindo de canto para a garota.

            — Sim, é claro! — Nina respondeu. De fato, já havia superado sua paixão platônica por Lysandre. Mas, ainda ficava um pouco envergonhada por lembrar das besteiras que fazia quando garotinha. Porém, cedo ou tarde teria de superar isso. Via que agora era a hora certa.

            — Ótimo! Então amanhã mesmo já começaremos a pôr isso em prática! Vocês vão ver, nós faremos isso dar certo! Posso contar com vocês, time? — Annelise perguntou, fechando o punho e esticando a mão.

            — Estou dentro! — Lysandre disse, um tanto animado. Afinal, queria de fato ajudar Annelise a manter o café funcionando. Logo, também fechou o punho, encostando-o ao de Annelise.

            — Eu também! — Nina disse, fazendo o mesmo e encostando o punho entre os dois. Se sentia mais otimista, agora que sabia que teria mais alguém para ajudá-las. As coisas pareciam começar a melhorar, ainda que lentamente. Mas, já era um bom começo. Só de ver que a chefe parecia mais animada, isso já a deixava mais motivada também.

            — Agora, nós precisamos dar uma melhorada na divulgação do café. Mas, confesso que sou péssimo com redes sociais. Alguma de vocês entende melhor sobre isso? — Lysandre indagou, enquanto os três iam abaixando as mãos.

            — Nós podemos conversar com o Hyun. É a área dele. — Annelise sugeriu.

            — Quem é Hyun? — Lysandre indagou, arqueando a sobrancelha.

            — É um amigo meu. Nós trabalhávamos juntos, quando eu era garçonete no Cosy Bear. — Annelise explicou. — Ele entende muito sobre divulgações em mídias sociais. Acredito que possa dar uma mão, na questão da publicidade. — Ela completou.

            — Sim, mas ele não trabalha para o Castiel? — Nina perguntou.

            — Isso é o de menos. Hyun é um profissional, duvido que vá se meter em brigas alheias. Eu posso ligar para ele amanhã e conversar sobre isso. Mas, mesmo assim, acredito que já possamos ter um certo avanço. Só de saber que tenho mais uma pessoa na equipe, já fico mais motivada. — Annelise afirmou. De fato, era um alívio saber que poderia contar com eles.
           
            Depois do jantar, Lysandre levou Nina em casa. Não ia deixar que a garota andasse sozinha por aí, ainda mais tão tarde. Então, depois de deixá-la em casa, voltou ao apartamento de Leigh.

            Estava exausto. Aqueles últimos dias não foram fáceis. Tudo o que ele queria, era deitar e dormir um pouco. Mas, ao entrar no apartamento, percebeu que talvez fosse um pouco cedo para que ele e Annelise dormissem juntos. Afinal, presumia que a moça ainda tivesse certas reservas quanto a isso, visto que terminara com Castiel há menos de um dia.

            Percebeu que estava certo, quando viu Annelise arrumando algumas almofadas sobre o sofá, vestida apenas em um pijama muito curto. O rapaz corou abruptamente, ao ver as pernas desnudas de Annelise, e a barriga exposta pela camiseta curta. Havia se esquecido sobre como suas curvas o agradavam.

            Tentando afastar a timidez, Lysandre pigarreou, aproximando-se do sofá. Embora sentisse que seu rosto parecia queimar, queria transparecer uma calma a qual não possuía naquele momento de vergonha.

            — O que está fazendo? — Ele perguntou, ainda um tanto constrangido.

            — Eu estou preparando um lugar para dormir. Como só tem uma cama, achei que não teria problema se eu ocupasse o sofá. — Annelise respondeu, envergonhada. Afinal, estava ali de favor.

            — Não! De forma alguma! Você vai dormir na cama, Annelise. Eu posso ficar no sofá. — Lysandre afirmou. Não permitiria que ela dormisse em um lugar tão desconfortável.

            — Nada disso, Lysandre! Essa é a sua casa. Nada mais natural que eu, como visita, durma no sofá! — Annelise argumentou.

            — Eu insisto, você vai dormir na cama. Não se preocupe, eu ficarei bem, aqui no sofá. Já dormi em lugares mais desconfortáveis. — Ele insistiu. A verdade era que, por mais que quisesse dormir com ela, respeitaria o tempo de Annelise. Agora que estava tão perto dela, não queria pôr tudo a perder.

            Então, após um banho rápido, deitou-se no sofá, ajeitando-se para dormir. O que era bem difícil, quando em um quarto tão próximo estava a mulher amada.


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