A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 16
Juntando os cacos.




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            Tão logo Castiel saiu, Lysandre se apressou em ligar para o celular de Annelise. Estava preocupado! Precisava saber onde ela estava e se estava bem! Imaginava a bagunça que deveria estar em sua mente, depois do que havia acontecido.

            Pressionava uma bolsa de gelo sobre o olho roxo, enquanto segurava o celular com a outra mão, mantendo-o perto do ouvido. O aparelho chamou por algumas vezes, deixando Lysandre ainda mais apreensivo. Porém, quando Annelise finalmente atendeu, o alívio fez-se presente.

            — Annelise! Por Deus! Onde você está?! — Lysandre disse em tom alarmado, segurando o celular perto do ouvido. — Você está bem?! — Ele indagou, ainda exasperado.

            Ouviu ao outro lado da linha, a voz trêmula da garota, respondendo: “Estou bem, Lys. Não se preocupe. Vim para a casa de minha tia. Vou ficar aqui até conseguir encontrar um apartamento.”

            — Como eu faço para chegar aí? Pode me passar o endereço? — Lysandre perguntou. Claro, estava mais aliviado por saber que Annelise estava bem. Todavia, imaginava que Castiel a procuraria lá, já que Agatha era a única parente que a moça tinha naquela cidade.

            Lysandre se apressou em pegar papel e caneta, começando a anotar o endereço que Annelise passava, pelo telefone. O rapaz perguntou ainda mais uma vez se estava certo. Afinal, sabia que se perdia com dificuldade. Quando Annelise confirmou, ele dobrou o papel, colocando-o no bolso da calça.

            — Certo! Estou indo. Acho que chego aí em mais ou menos vinte minutos. — Tão logo disse isso, Lysandre desligou o celular, apanhando as chaves de sua caminhonete. Seria uma droga dirigir com aquele olho inchado. Mas, não tinha tempo para pensar nisso. Sua prioridade, agora, era unicamente ir ao encontro de Annelise. Ele só conseguiria ficar tranquilo quando a visse. Precisava ter certeza de que ela estava realmente bem. Embora, é claro, estivesse certo de que ela não estava.

            Annelise desligou o celular, o colocando sobre a mesinha de centro, enfeitada com um vaso cheio de flores. Ela ainda parecia desolada, enquanto sua tia sentada ao seu lado, afagava seus braços em meio a um abraço lateral.

            — Ele está vindo, minha querida? — Indagou, a mulher mais velha, com longos cabelos cor-de-rosa, usando um vestido extravagante em tom azul claro e escuro.  

            — Está sim, tia. — Annelise respondeu, ainda um pouco deprimida com tudo o que lhe acontecera. Não conseguia entender como fora tão ingênua, ao ponto de se preocupar com os sentimentos de Castiel. Ele, mais uma vez, se mostrava uma marionete, totalmente manipulável pelas vontades de Debrah. Era como reviver a época de escola, quando todos lhe deram às costas por causa daquela garota. Mais uma vez, assim como naquela época, Lysandre demonstrava ser o único a não abandoná-la.

            Agatha começou continuava afagando os ombros de Annelise, numa tentativa de consolá-la. Imaginava que não era fácil passar por tudo aquilo. Queria mostrar que estava ali, por ela. Que cuidaria da garota.

            — Vai ficar tudo bem, você vai ver. Isso vai passar, querida. Logo mais, as coisas vão melhorar. Você não está sozinha. — A mais velha aninhou a cabeça de sua sobrinha sobre o ombro, beijando-lhe carinhosamente ao topo dos fios alvos como a neve.

            Annelise soltou um suspiro pesaroso, sentindo-se acolhida pela tia. Era reconfortante ter alguém da família ali, em um momento tão ruim. Ao menos, não estava mais desamparada. Afinal, sabia que poderia contar com Agatha. Sua tia sempre fora muito presente em sua vida, mostrando que agora não seria diferente.
           
            Como era de se esperar, Lysandre levou um tempo maior do que o previsto, para chegar. Mesmo com o endereço anotado, ele ainda conseguia se perder facilmente. Aquele, era de longe o defeito que mais o incomodava. Além é claro, de sua péssima memória. De fato, era surpreendente que tivesse conseguido voltar para a cidade sozinho, depois de tantos anos. Isso, só comprovava que era capaz de fazer qualquer coisa, para ir até a amada.

            Finalmente conseguiu encontrar o endereço, embora tivesse sido com muita dificuldade. Parou a caminhonete na frente da casa, que era tingida em um lilás gritante, com a porta em azul claro. Cores muito chamativas, mas que não seriam nenhuma novidade, se tratando de Agatha.

            Lysandre tocou a campainha, esperando que alguém abrisse a porta. Enquanto isso, o som da campainha soou ao lado de dentro da casa decorada de modo muito colorido, embora aconchegante.

            — Acho que ele chegou! Vou abrir a porta, querida. — A mulher se ergueu do sofá, ajeitando as saias volumosas de seu vestido, caminhando em passinhos curtos até a porta, abrindo-a rapidamente.

            Ao ver Lysandre, ela abriu um sorriso amplo, praticamente se atirando aos abraços do rapaz e o abraçando afetuosamente. — Lysandre! Quanto tempo, querido! — Ela disse, praticamente apertando rapaz.

            Ele riu, ante a animação da tia de Annelise. Ela, era a prova viva de que algumas coisas nunca mudam.

            — Olá, Agatha. É muito bom vê-la novamente. — Ele respondeu, ao se afastar um pouco dela, repuxando os lábios em um sorriso suave. — Eu poderia falar com a Annelise? — Lysandre indagou.

            — Claro, querido! Ela está na sala. Pode entrar! Sinta-se em casa. — Agatha voltou para dentro da casa, sendo seguida por Lysandre, que ao entrar, fechou a porta.

            Ela agora entrava na sala, se deparando com Annelise ainda sentada em seu sofá. — Querida! O Lysandre está aqui. — Agatha anunciou, quando o rapaz entrou timidamente na sala.

            — Vou deixar vocês conversarem. Se precisarem de mim, estarei na cozinha. — Agora, Agatha saía da sala, deixando a sobrinha sozinha com o rapaz recém chegado.

            Lysandre se sentou ao lado de Annelise no sofá, olhando-a compadecido. Estava muito abatida, o que não era de se estranhar. Afinal, qualquer um ficaria assim, ao descobrir uma traição.

            Ele não sabia muito bem o que dizer. Na verdade, acreditava que de fato não havia o que ser dito. Sentia que ela precisava desabafar sobre aquilo. Então, aproximou-se um pouco mais, segurando a mão dela entre suas duas mãos, a afagando suavemente. Queria confortá-la de alguma forma.

            Annelise, agora olhava para Lysandre pela primeira vez. Porém, sobressaltou-se ao ver os hematomas em seu rosto.

            — Meu Deus! O que houve?! — Ela indagou alarmada, levando a mão livre ao rosto dele, como se quisesse verificar se ali haveriam mais machucados.

            — Está tudo bem, não se preocupe. Foi só um desentendimento com Castiel. Ele estava um pouco alterado, acabou indo procurá-la na casa do Leigh. Acho que acabamos nos exaltando um pouco. — Lysandre riu, evidentemente constrangido.

            — Isso é tudo culpa minha! Eu que causei essa situação. Eu sinto muito, Lys! Muito mesmo! Não queria que as coisas chegassem a este ponto. — Annelise disse, vislumbrando o olho roxo de Lysandre, enquanto acariciava a bochecha dele.

            Lysandre, por sua vez, levou uma de suas mãos aos lábios de Annelise, tapando-os com as pontas dos dedos, fazendo-a se calar.

            — Nada disso é culpa sua. Ele errou, Annelise. Não pode se responsabilizar pelos atos do Castiel. Ninguém o obrigou a fazer nada, ele agiu por conta própria. — O rapaz disse aquilo a meia voz, olhando-a ternamente nos olhos. Em seguida, afastou os dedos dos lábios dela, tornando a levar a mão até o dorso da mão da moça.

            Ele estava certo! Ela não deveria se culpar por algo que fora da inteira responsabilidade de Castiel. Mesmo assim, não podia deixar de se sentir péssima. Afinal, se preocupara tanto em preservar os sentimentos dele, quando ele na verdade, a enganou na primeira oportunidade.

            — Você já conseguiu conversar com ele? — Lysandre indagou, mesmo sabendo que era muito provável que Annelise quisesse completa distância, de Castiel.

            — Não o quero ver nem pintado de ouro, Lys. Ele estava tão furioso! Enlouquecido! Precisava ver. Achei que fosse me agredir, pelo jeito como segurou meus pulsos. O Castiel só gritava! Parecia um louco! Ficava me acusando de tê-lo traído, quando na verdade era ele quem estava na cama de outra. Então eu só peguei o que consegui e vim para cá. Nem sei como vou fazer para buscar o restante de minhas coisas. Mas, não vou pensar nisso agora. No momento, eu preciso achar um lugar para me instalar. Não quero ficar incomodando a minha tia. — Annelise disse. Estava com a cabeça quente, por conta de tudo aquilo.

            — Pode ficar comigo, se quiser. Tenho certeza de que o Leigh e a Rosa não vão se importar. Além do mais, eu posso te ajudar a procurar um apartamento. — Lysandre sugeriu.

            — Mas, Lys. E a fazenda? Você não precisa voltar agora? — Annelise fez questão de lembrá-lo. Afinal, ele mesmo havia dito que a fazenda era de extrema importância.

            — Não se preocupe. Deixei alguém de segurança, cuidando dela. Acho que não fará mal, caso eu fique fora por alguns dias. Por ora, o mais importante é você. Então, o que me diz? Vem comigo? Estará mais segura. Afinal, presumo que Castiel a procurará aqui, futuramente. — Lysandre indagou, em tom amável.

            Annelise pareceu ponderar por alguns segundos, sobre o que deveria fazer. Aquilo era muito inesperado, já que acabara de sair da casa de Castiel. Tinha medo de estar se precipitando. Porém, ao mesmo tempo, sentia-se segura ao lado de Lysandre. Sabia que poderia confiar cegamente nele.

            Apesar do receio, sentia que estar ao lado dele era a coisa da qual ela mais precisava. Talvez, fosse lhe fazer bem, passar um tempo com ele, enquanto procurava um apartamento.

            — Está bem. Mas, eu não quero o incomodar de forma alguma. — Annelise alertou.

            Lysandre sorriu de modo mais amplo, afagando a mão dela. — Você não vai me incomodar, acredite. Eu quero fazer isso por você. Quero sentir que pude ajudá-la de alguma forma. — Ele disse de forma carinhosa. — Vamos levar suas coisas para o carro, sim? — O rapaz indagou.

            Annelise, com um sorriso tímido, acenou positivamente com a cabeça, enquanto ambos se levantavam do sofá.


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