Depois de muito investigar, Yeon logo se lembrou que um dos amigos de Dário era um cientista, especializado em pesquisas sobre amnésia.

Era óbvio que foi ele o responsável lavagem cerebral sofrida por ela e as outras mulheres.

Yeon deu para a esposa dele, uma das muitas vítimas, um remédio que o deixava doente, sonolento e de pressão baixa para que não pudesse voltar a deixá-las pensando serem robôs que tinham que obedecer ao marido.

A crueldade e mesquinhez dele, de Dário e dos outros homens era algo que ainda era difícil de acreditar para Yeon. Como um ser humano fazia isso com outro? Apenas por um ato de egoísmo?

(...)

Ela pegou suas coisas e saiu de forma sorrateira de casa.

Era a hora de dar adeus a essa vida de bosta. 

Mal podia esperar pela polícia, que já tinha sido notificada de tudo. A cara de Dário e dos outros homens será hilária.

Já tinha tudo preparado.

—Onde você pensa que vai?

Yeon sorriu, satisfeita.

—Vou embora.

—Como assim vai embora? Eu não te permito sair daqui.

Ela riu.

—Você não tem que me permitir nada seu idiota! Eu faço o que quero!

Ele ficou furioso.

—Como ousa falar assim comigo?

—Como você ousa achar que pode roubar a minha vida, minha mente e minha vontade? Que pode simplesmente apagar o que sou só por que quer me controlar?

—É isso? Você se lembrou?

—Por que fez tudo isso Dário? Por que me traiu para começar?

—Você não era mulher o suficiente pra mim!

—Deixa eu ver se eu entendi. Não era mulher o suficiente pra você. Então você me traiu e depois não queria que eu fosse embora da sua vida? Por que não ficou com a outra? Ela não era mais mulher que eu? Por que essa vontade de me prender?

—Eu não queria que você me deixasse, ela era só um passatempo.

—Mas não acabou de falar que eu não era o suficiente? Arranjasse outra! Mas fazer o que você fez só por que queria que eu fosse sua escrava?

—Nós éramos felizes juntos! Por que o nosso casamento devia acabar só por um mero erro?

—Não Dário, só você estava feliz. Se eu estivesse você não precisaria fazer seu amigo fritar meu cérebro e me pôr no seu controle! Aliás eu minto, nem você estava feliz! Sempre insatisfeito, sempre reclamando, nada era bom o bastante! Mas agora acabou! Acabou pra você, acabou para seus amigos porcos que faziam o mesmo com suas mulheres! Livre estou! Você não vai me aprisionar de novo e eu vou voltar pra casa! Vou contar pra todo mundo que você mandou fazer uma lavagem cerebral em mim para que pensasse que sou um robô que tem que obedecer seu comando.

—Ninguém vai acreditar em você, vão dizer que você está louca?

De repente, policiais saíram de trás da casa, do arbusto e do lado da árvore e cercaram Dário.

—Na verdade vão acreditar sim, pois tudo foi filmado senhor Dário! A essa altura seus amigos já estão todos na cadeia e o senhor vai preso também! -disse um dos policiais, com o distintivo na mão.

Yeon deu um sorriso debochado para o "marido".

—Eu sou uma boa esposa. Eu fui e serei uma boa esposa. E boas esposas merecem bons maridos.

Dário tentou lutar contra os policiais.

Ele se debatia enquanto três deles tentaram segurá-lo. Para o choque de Yeon, durante a briga Dário conseguiu puxar a arma do coldre de um deles e apontou o revólver para ela.

Antes que pudesse reagir, um som de tiro foi ouvido.

(...)

O enterro tinha chamado a atenção da mídia. Curiosos passavam pelo cemitério, para olhar as pessoas envolvidas no caso.

—Quem diria não? Que caso! E terminou em morte! Que tragédia!

—Pois é menina, não se pode confiar nas pessoas. ‐disse a mulher para a amiga.

Do lado de dentro, as mulheres vítimas do caso conhecido como "As Robôs Domésticas" (sim, esse nome ridículo mesmo) olhavam para o caixão.

—Não viemos aqui para lamentar essa morte minhas amigas. Viemos aqui por que somos testemunhas de uma total libertação. Que Yeon agora possa ter paz, sem Dário para atormentar sua vida.

Elas concordaram.

Yeon apertou a mão de cada uma e olhou para Dário no caixão.

—Não posso dizer que estou triste. Mas posso dizer que precisava ver que ele está mesmo morto. Que eu estou livre e ele não pode me fazer mal. Vamos embora minhas amigas, temos que ir na terapia, está quase na hora.

E caminhando juntas, saíram de lá em direção a rua.

E sentindo-se mais leve, estavam prontas para começar uma nova vida cada uma.

Era a hora de ser livre.

Fim