A noite do baile escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
Luz, música e... ops.


Notas iniciais do capítulo

Pronto, uma ficlet com baile, whee.



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O baile. 

Nada para o qual não estivesse preparado, tirando, claro, o fato de que não estava. 

A princípio era para aceitar a companhia de Ned e irem como dois bons amigos sem um par, e quem sabe encontrar por lá MJ e Liz, assim como todo os outros alunos, obviamente. Estava nervoso, embora aliviado por não levar ninguém, e sim ir em grupo com os amigos. Estava bem, até uma semana antes, quando Tony questionou se ele estava preparado para dançar. 

Dançar era um ponto que não havia pensado enquanto elaborava o detalhado plano sobre como manter a calma num baile. Se ele não sabia dançar, como aceitaria se alguém o chamasse? Ficaria no canto da festa por toda a noite? Era um baile! 

Havia se perdido tanto no emaranhado de seus pensamentos que só atentou que Tony o estava quando viu os dedos dele estalarem frente a seu rosto, chamando sua atenção enquanto falava seu nome. 

“Garoto, tá aí?”, riu. Lembra-se de ter rido, ao menos. E meneado a cabeça concordando, respondendo que sim. “Não sabe dançar?”, meneou a cabeça em negativa. Isso por acaso era algo que já se nascia sabendo? Porque se sim, poxa, estava ferrado! “Tá.”, não havia entendido naquela hora, como se, bem, se ele parasse para pensar agora enquanto se olhava no espelho também não conseguia entender o porquê de Tony ter se oferecido para ajudá-lo, tampouco o porquê de aceitar. Mas semana passada ele aceitou, e hoje, frente ao espelho do banheiro com nada mais que a toalha na cintura e espuma de barbear na cara, estava mais que aliviado por isso. 

Riu. Tão distraído nas lembranças, nem se deu conta de que havia imitado a icônica barba de Tony Stark, esta feita com espuma branca. Valeria uma selfie para recordação. Pegou o celular para isso, mas ao invés de ter tempo de pensar, atendeu a ligação de vídeo no primeiro toque.

—  Senhor Stark! —  depois disso emudeceu. Corou. Olhou para o lado enquanto Tony fazia caras e mais caras ao olhá-lo pelo visor.

—  O baile é à fantasia e decidiu ir de gênio bilionário? —  a voz era de quem achava graça, embora tentasse manter a aparência surpresa de vê-lo como estava. 

—  Ia fazer a barba.

—  E se perdeu brincando de espuma. Ah, a juventude. 

— Aconteceu alguma coisa? —  a pergunta veio com um tom real de preocupação, Tony não era dado a ligar assim. Limpou o rosto com a toalha que descansava sobre a pia. 

—  Não. Só liguei para saber como estava antes do baile. 

Nervoso. Estava nervoso. Mas não em si pelo baile, ia com amigos, encontraria amigos. Se parasse pra pensar, havia ficado mais nervoso aprendendo a dançar do que a hipótese de chegar ao baile sem saber como fazê-lo. Coçou a nuca, sorriu e meneou a cabeça.

—  Bem —  umedeceu os lábios e vislumbrou o breve sorriso de Tony antes dele concordar, e tão rápido quanto havia ligado, encerrar a ligação.

Dali, arrumar-se foi um pulo. 

Recusou veementemente que May lhe desse carona. O trato era encontrar com Ned e ir com ele, como dois jovens independentes que usam transporte coletivo. E foi assim que chegaram. Um pouco mais tarde do que previam, um pouco mais suados do que previam, e cheirando um pouco a álcool, cigarro e cheetos. E não consumiram nenhum dos três. 

Ponche de fruta sem álcool, jogo de luz que seria causa de algum ataque epilético e música alta de péssima qualidade sonora: a festa dos sonhos de qualquer estudante do ensino médio com seus quase 17. 

Jogadores do time havia enfim aposentado —  por aquela noite apenas —, a jaqueta horrorosa dos atletas da escola. As moças usavam vestidos de variados tamanhos e cores, uns de extremo bom gosto, outros… bem. Quem era Peter Parker para julgar bom gosto de alguém? Era só pensar naquele uniforme mixuruca que havia feito, se bem que fez sozinho e com esforço. Talvez fosse isso com os vestidos também. 

MJ foi a primeira a se juntar a eles. Liz veio com Betty, ambas sorridentes e que dançavam próximas a eles, como se temessem se afastar e receber convites que, por educação, não iriam recusar. Embora quisessem. Então ficavam ali, os pés quase fixos enquanto o corpo seguia o ritmo do som.

—  Acho que ela tá esperando você tirar ela pra dançar, não para de olhar pra você. —  MJ sussurrou para Peter enquanto Ned seguia com Betty e Liz, cada uma agarrada em seu braço, voltando ambos com ponche nas mãos.

—  Soube que depois do baile, o Flash vai dar uma festa também. —  Liz comentou com ele, o sorriso discreto e o olhar atento. Um convite silencioso para que ele ao menos propusesse algo, uma dança, ou quem sabe perguntar se ela queria ir com ele. 

—  Você quer… —  calou. Olhou ao redor, MJ, Betty e Ned dançavam juntos. Sim, juntos. Três amigos curtindo o momento. Pensou no que estava privando Liz. Sorriu e estendeu a mão, meneou a cabeça indicando mais para perto dos outros três. Sentiu a mão dela sobre a sua e levou-a para dançar. Assim como via os outros. Alguns pulinhos animados enquanto a música era agitada, frenética.

Quando o ritmo mudou, quando a música passou de uma batida animada para algo mais suave, quando viu de soslaio alguns rapazes envolver a cintura das meninas, lembrou-se das dicas de Tony; onde por ou não por as mãos. E riu. A destra na mão de Liz, a canhota às costas, respeitoso e ciente dos passos que deveria dar, girando suave pelo salão enquanto conseguia manter o ritmo sem pisar nos pés de sua acompanhante. Quando olhou para ela e não para os sapatos, viu que não era com ela que ele estava se imaginando. Viu que dançar era mais emocionante quando olhava em outros olhos castanhos, quando via desafio. Quando a música acabou, agradeceu e sorriu. Alegou que precisava ir ao banheiro e correu para o telhado fazer uma ligação. 

Dois, três. 

Chamou até cair na caixa postal. 

“Você sabe o que fazer…”, piii. 

—  Eu consegui. Dançar. Enfim, eu.. eu consegui, então, valeu. —  desligou e olhou o celular. Apertou-o e guardou no bolso da calça. 

Havia uma ou outra coisa que o distinguia dos demais. E não apenas o fato da força, ou o jeito nerd. Mas ele tinha um… sexto sentido. Ou como Ned chamou: sentido aranha. E foi quando os pelinhos do corpo eriçaram e olhou para trás. O brilho da armadura a noite era muito mais discreto, embora o brilho do ARC fosse nítido e bem visível, fazendo luz em meio ao céu noturno.

—  Senhor Stark? O que…? —  parou. Que garantias ele tinha de ser Tony ali? Podia ser a armadura vazia, como em outras vezes. —  Ta aí, ou tô falando sozinho?

—  Mesmo se eu não estivesse aqui, não estaria, tecnicamente, falando sozinho. —  O silêncio foi quase constrangedor. —  Vim apenas conferir se estava tudo bem. Uma folga pro amigo da vizinhança. 

—  Uma ronda? 

—  Também. Enfim, preciso ir. Volta e curte o baile. Curte por nós dois. 

—  Nunca foi num baile da escola? Não tem muito o que curtir.

E então, como se fosse óbvio, ele soube que não. Que Tony Stark talvez nunca tivesse ido a um baile escolar. Entrou na faculdade tão cedo, pulou etapas, queimou a linha de partida cedo demais. 

—  Se quiser.. pode curtir bem agora. —  Peter riu, fazendo como ainda há pouco fizera com Liz, estendeu a mão para a armadura agora. Surpreendendo-se quando o elmo abriu revelando o rosto de Tony Stark, e não o vazio. Manteve a mão erguida em oferta, assim como o sorriso permaneceu nos lábios, agora temeroso que fosse haver alguma recusa. 

Sentia o olhar sobre si, como se estivesse propondo a mais louca das coisas, mas estava no terraço, não teria ninguém ali que os visse, não com todo o breu. Não com os alunos tentando burlar as regras da escola, ou dando amassos no jardim ou nos corredores vazios. 

—  Vamos lá, passa comigo mais uma vez pra ver se eu aprendi. 

Peter soube que seria o meio mais rápido de conseguir aquilo, e embora fosse engraçado dançar com a armadura, foi muito mais emocionante do que quando no salão do baile. Aqueles eram os castanhos que ele queria mirar enquanto o coração batia forte no peito. 


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Notas finais do capítulo

É só isso, não tem mais jeito. Acabou.



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