Mini World escrita por Spiral Universe
Notas iniciais do capítulo
Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...
P.S.: As postagens de MW vem toda quarta :) Eu respondo as reviews toda quarta também. Prometi para mim mesma que só leria os reviews de um cap. quando postasse outro; é meio um incentivo e meio uma forma de me deixar ansiosa de uma forma boa. Muito obrigada por todos os reviews.
Capítulo 3
Bella estava distraída durante a aula. Diria não, tinha decidido. Pensara durante todo o fim de semana e estava convicta. Não queria ver Reneé. Diria a Charlie que ainda não se sentia pronta para vê-la. Duvidava que algum dia se sentiria. A imagem do rosto da mãe lhe causava náuseas.
O professor continuou falando e falando até o sinal finalmente tocar. Se virou para guardar seu livro e encontrou Mike olhando-a.
— Oi, Bella.
— Oi, Mike.
— Está tudo bem? Você nem sequer me respondeu quando te disse oi no começo da aula.
— Ah, desculpe, não ouvi – Ela sentiu o rosto corar um pouco – Estava... Pensando.
— Certo – Mike passou a mão pelo cabelo – O pessoal vai sair hoje. Quer vir conosco?
Bella balançou a cabeça.
— Obrigada, Mike, mas você sabe que tenho que trabalhar hoje.
— Meu pai não vai se importar se pedir mais uma folga, o movimento está baixo.
Ela tornou a recusar.
— Realmente agradeço o convite, mas vou trabalhar.
Ele pareceu um pouco decepcionado enquanto se afastava. Bella suspirou. Mike não desistia de suas investidas. Antes, ele a chamava para saírem sozinhos. Depois de tantas recusas, começou a chamar para festas em grupo. Ainda sim, Bella via o brilho em seus olhos e sempre se esquivava. Não tinha nenhum real interesse em Mike e nem lhe dava espaço para esperanças; não queria ter relacionamentos. Isso não o desanimava, entretanto. Os convites mantinham-se frequentes.
Ela terminou de guardar suas coisas e foi para a educação física, aula que detestava. Enrolou para se trocar, querendo adiar o basquete. Ficou surpresa, quando amarrou seus sapatos e olhou para cima, ao perceber que estava sozinha no vestiário. Ou não tão sozinha.
Uma mulher estava ali, olhando-a. Não foi uma visão agradável. As rugas e a posição curvada faziam jus a sua idade, aparentemente bem avançada, mas os olhos leitosos e a boca aberta babando assustaram Bella. Elas se encararam por alguns momentos, em silêncio. Bella olhou em volta, incerta. A idosa começou a fazer ruídos engasgados e começou a andar em sua direção. Seu caminhar duro ajudava a completar a cena horrorosa. Sentindo um arrepio gelado por sua espinha, Bella saiu apressada do vestiário, feliz pela porta estar na direção oposta da mulher. Correu para se juntar aos demais. O treinador não estava satisfeito.
— Atrasada, Swan. – Ele lhe disse rudemente.
Ela murmurou um pedido de desculpas e se encolheu. O jogo foi um desastre duplo. Ela era péssima em esportes por natureza e não conseguia parar de olhar na direção do vestiário. A aparição não a seguiu, mas isso nem de longe a tranquilizou. Odiava quando os mortos pareciam tão... Mortos. Se todos fossem como Edward, tudo seria tão mais fácil.
O fim da aula também não foi um alívio. Era hora de se trocar novamente. Olhou nervosamente ao redor do lugar, procurando a mulher. Não a encontrou. Se trocou rápido, não querendo ficar só outra vez. Algumas visões conseguiam deixá-la tensa de verdade. Quando alguém colocou uma mão em seu ombro por trás, ela gritou.
— Bella!
Era Jessica.
— Eu... Desculpe.
Sentiu o calor subir por seu pescoço com os olhares de todas as outras meninas. Todas pararam o que estavam fazendo ao ouvir seu grito e agora a encaravam.
— Te assustei? – Jessica encolheu os ombros – Desculpe. Só queria te chamar para sair com a gente depois.
— Não... Q-quer dizer, estava distraída. Hm... Agradeço, mas... Tenho que trabalhar. Tchau!
Pegou suas coisas e saiu, sentindo os olhares queimando em suas costas. Estava muito embaraçada. Entrou em sua picape e puxou um pouco seus cabelos.
— Que reação idiota – Resmungou para si mesma, olhando-se no retrovisor – Mortos não podem tocar! Idiota! Idiota! Idiota!
Sentia-se muito tonta por seu grito. Não importava o quão feio fosse, nenhum morto conseguia tocar em um vivo e vice versa. Sabia disso há muito tempo. Culpou mais sua própria distração pelo susto do que a mulher ou Jessica. Ligou o carro e foi para o trabalho. No estacionamento da loja havia um homem parado, que se virou quando ela desceu do carro. O buraco do lado esquerdo da cabeça a deixou saber que ele era outro morto. Ele apontou o dedo em sua direção e grunhiu. Essa era outra visão horrorosa, mas estava irritada demais para se assustar.
— Não enche. – Disse-lhe rispidamente.
O Sr. Newton a cumprimentou e lhe pediu para organizar as prateleiras e tirar pó das coisas, o que ela fez. Distraiu-se em seus pensamentos outra vez. Os mortos estavam em todo o canto, mas raramente entravam nos lugares. A mulher talvez não quisesse tê-la assustado, sabia disso. Cegueira e dificuldades para andar e falar acometia muitos idosos. E a mulher parecia ter partido em idade extremamente avançada. Talvez só quisesse se comunicar. Talvez tivesse morrido há pouco tempo e ainda não percebera. E é claro que ela não conseguiria me machucar, Bella lembrou a si mesma com a irritação voltando.
Estava chovendo forte quando o expediente terminou. Apesar de não gostar de frio, Forks era um lugar tranquilo de se viver. Não havia tantos mortos como em Phoenix, onde morou durante a infância e onde os vivos e os mortos praticamente se igualavam em números. Supôs que um lugar tão pequeno e afastado fizesse a maioria das pessoas viverem bem o bastante para partirem satisfeitas, embora, é claro, nem todos aceitassem a morte de bom grado.
O homem morto ainda estava no estacionamento quando ela saiu e correu para sua picape, encarando o nada. Ela o ignorou e dirigiu para casa. Mais mortos estavam no caminho, o que a surpreendeu um pouco. Sabia que estavam mortos por que estavam caminhando sem rumo, sem se importarem com a enorme quantidade de água caindo do céu. Estreitou os olhos, tentando ver melhor. Contou dez deles e achou ter visto manchas vermelhas por seus corpos, mas não se demorou. O único morto que lhe interessava não estava ali.
Charlie não estava em casa ainda, o que ela estranhou. Ele sempre chegava primeiro. Tirou as botas e foi para a sala. Edward estava sentado na poltrona que também pertencia a Charlie, olhando a chuva através da janela.
— Hey – Ele a cumprimentou – Viu os outros pela cidade?
— Outros?
— Os mortos.
Bella se sentou no sofá, olhando-o.
— Eu vi. Um número grande.
— Acho que foi algum acidente.
— Falaram com você?
— Não, mas fizeram um desfile aí na rua.
— Me diga, os mortos podem ser cegos?
— Não sei. Por que?
Bella lhe contou da velha e do susto de Jessica. Edward riu. Ela adorava a risada dele. Era um dos sons mais bonitos que já ouvira.
— Eu disse que você vive no mundo da lua – Ele riu mais – Mas, respondendo sua pergunta, acho que não. Eu estava um farrapo quanto morri, e olhe só – gesticulou para si mesmo – completamente inteiro.
— É errado dizer isso, mas ela era tão feia.
Isso o fez rir mais.
— Não seja tão exigente. Só você consegue nos ver, lembra?
— Pode ter certeza, eu nunca me esqueço disso. – Ela resmungou.
— Vamos lá, vale a pena só pelo fato de poder me ver – Edward brincou - Admita, eu sou uma bela visão.
Foi a vez dela de rir.
— Para alguém que provavelmente não passa de ossos mofados agora, você é bem convencido, sabia? – Bella continuou rindo.
— Ossos? Esqueça isso, mulher, eu morri de uma gripe altamente contagiosa – Ele a lembrou, divertido - Virei cinzas juntos com outros tantos. Talvez eu esteja voando por aí. Talvez você tenha me respirado e nem sabe.
— Eca!
Os dois desataram a rir. Era tão bom ficar com Edward. Ela ligou a tv e colocou em um filme qualquer e eles passaram todo o tempo fazendo piadas sobre o que estavam vendo na tela. Depois fez o jantar, comeu e tomou um banho e então voltou a se sentar na sala, esperando pelo pai. Já passava das dez quando Charlie finalmente chegou. Bella ficou feliz ao vê-lo e constar que estava bem. Estava começando a se preocupar.
— Oi, Bells – Ele acenou para ela – Dia difícil. Acidente feio na estrada um pouco antes de Portland. Muitos mortos.
— Sério? – Ela comentou, lembrando-se dos que tinha visto. – O que aconteceu?
— Um ônibus e uma van. Os dois estavam cheios. – Charlie balançou a cabeça pesarosamente – Não é uma cena que eu quero ver de novo. Bem, chega de falar disso. Estou faminto. E como foi seu dia?
— Foi bem – Ela deu de ombros – Fiz batatas recheadas.
— É tudo que eu preciso depois desse dia.
Eles foram para a cozinha e Charlie se serviu. Bella embrulhou com cuidado as sobras e as guardou. Estava cansada e queria dormir.
— Eu vou me deitar, pai – Disse-lhe.
— Claro, claro...
Ela estava quase saindo do cômodo quando Charlie a chamou de volta.
— Bells?
— Sim?
— Renée me ligou hoje de novo.
A menção à Renée fez seu bom humor sumir. Com tudo que se passou, tinha se esquecido da mãe e de seu pedido e da resposta que prometera dar. E ela já tinha a resposta.
— Eu... Eu já decidi, pai – Ela começou.
— Positivamente, espero. – Ele encolheu os ombros, quase como se pedisse desculpas – Filha, Renée comprou as passagens. Ela vem para cá no sábado.
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