Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 23
Capítulo 23 - Final Alternativo


Notas iniciais do capítulo

Hey, I'm back!

Eu disse que colocaria esse final alternativo em um pdf, certo. E que também haveria um capítulo do Charlie. Bem, a verdade é que eu estou sem tempo, infelizmente. Voltei a trabalhar e estou as vesperas de fazer minha prova da Anac, portanto tenho que estudar - e estudar muito - para passar. E não é só isso que tenho que estudar, afinal a aviação e o inglês andam de mãos dadas.

Vale lembrar que este não é o final que eu gosto. Eu gosto do outro e o acho mais coerente, mais de acordo como a história foi. Este aqui... É bem docinho, e não faz meu estilo de escrita, como disse antes. Mas recebi muitos comentários dos leitores mesmo antes do final chegar e quis fazer algo mais do agrado deles/vocês.

Enfim, aqui está. Não posso prometer datas para o capítulo do Charlie, nem para o pdf até passar minha prova. Mas virá.

E gostaria de pedir desculpas por não ter respondido os comentários do último capítulo, mas ele saiu exatamente um dia depois que voltei a trabalhar, e já então meu tempo ficou muito curto.

Novamente, obrigada a todos que leram esta história :)



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Capítulo 23 - Alternativo

Agonia. Era somente isso que sentia. Tudo estava oscilando. Consciência e inconsciência. Claro e escuro. Som e silêncio. Medo e paz. Mas a agonia terrível não cessava.

Estava apenas vagamente ciente do que acontecia ao redor. Havia pessoas, e o frio tocando sua pele. Também pode sentir o balançar, ouvir barulhos estranhos. Tinha vozes, mas Bella não conseguia compreender o que falavam.

Quando o balançar parou, ela conseguiu ver brevemente algo que se assemelhava a um prédio, erguendo-se sobre si. Começaram a correr; isso a deixou nauseada. Queria pedir que parassem, porém não tinha voz, ou se tinha não conseguia usá-la.

Luzes fortes foram ligadas, algo foi posto sobre seu rosto e a escuridão venceu, levando-a. Quando voltou a acordar, se viu em pé, diante de algo que parecia a cena de um filme. Médicos estavam ao redor de uma cama, operando alguém cheio de tubos. Operando ela. Mexendo em sua cabeça, com pinças cheias de sangue.

A cena a encheu de terror. Recuou, aterrorizada, e colidiu com algo. Virou-se e encontrou Edward.

— Anjo. – Ele falou e abriu os braços.

Ela hesitou, a princípio, muito surpresa por poder tocá-lo. E depois não hesitou mais, lançando-se em seu abraço violentamente. Havia muitas coisas que queria lhe dizer, mas nenhuma saiu. Em vez dos gritos de alegria e das confissões de amor que imaginara para aquele abraço, se ouviu dizer:

— Estou com medo.

— Vai ficar tudo bem. – Ele murmurou. – De algum modo.

— Renée?

— Presa.

— Atirou em mim. – Não era uma pergunta.

— Sim, e depois... Anjo... Bella, ela ficou completamente louca. Começou a rir e se ajoelhou na sua frente, falando um monte de coisas estranhas.

Bella o apertou mais contra si. Rindo, depois de atirar na própria filha. Ela se lembrou dos sonhos que vinha tendo nos últimos tempos e quis gritar. Um aviso. Um estupido aviso, e eu fui estupida o bastante para não compreender.

— Eu vou morrer? – Perguntou baixinho.

— Não. – Ele disse com a voz pesada.

Ela o encarou.

— Está triste por isso? – Havia muita angustia no rosto dele, ela podia ver bem.

— Não, meu amor, por isso não. – Disse-lhe gentilmente. – Eu só... Anjo, eu...

— O que é?

— Eu... Anjo, nós vamos ter que ficar um tempo separados.

Bella piscou, sem compreender.

— Por que?

— Tenho que ir, Bella. – Edward parecia desesperado de um jeito como ela nunca tinha visto antes. – Não tenho escolha... Se tivesse, eu nunca... Não achei que era possível... Não pedi...

— Ir para onde? – Bella replicou. Não estava gostando daquilo.

— Para a vida. – Ele respondeu sem emoção. – Eu vou voltar. A viver, quero dizer. Mas vou começar tudo de novo.

O choque a tomou quando o entendimento chegou. E o desespero também.

— Vai me deixar. – Ela disse em tom acusador e choroso ao mesmo tempo.

— Não tenho escolha! Anjo, eu não quero ir, não quero!

— Então não vá! – Bella gritou.

— Isso não cabe a mim. – Insistiu. – Jamais a deixaria por escolha, juro.

Ela se afastou. Queria chorar, sentia a vontade imensa de derramar as lágrimas e aliviar sua dor. Contudo, não tinha corpo físico para isso. Se voltou para os médicos e seu corpo inanimado e com tubos. Estavam falando enquanto mexiam as pinças, lançando-as dentro de sua cabeça.

— Isso não é justo. – Bella falou com desgosto.

Os papéis iam se inverter, ao que parecia. Ela seria o espirito agora, e Edward viveria. Mas Edward não tinha tido o dom de ver os mortos da primeira vez, e não havia razão para tê-lo agora. Além disso, não se lembraria dela.

— Anjo, por favor, me escute. – Edward a virou de volta para si. – Um dia, eu lhe prometi que jamais a deixaria. Isso não está no meu controle, meu amor, não mais. Mas não tem que ser o fim. Nós estaremos do mesmo lado agora, anjo.

— Existem bilhões de pessoas no mundo, Edward. – Ela disse com desdém; não queria ter esperança, não queria sofrer mais. – Como vou ser capaz de encontrar você? E o que vou lhe dizer? Olá, eu via seu espírito na sua outra vida? Percebe como isso é absurdo? E eu levei um tiro...

— Que não vai te matar. – Ele interrompeu. – O meu tempo de voltar chegou, anjo, mas o seu ainda não acabou. Não compreende? Isso não é o fim. Nós vamos nos achar, Bella. Sei disse no fundo do meu ser. Como você pode duvidar?

— E então o quê? Não vai ser a mesma coisa. – Ela teimou, não querendo ceder. – Se você vai renascer, vai ser de novo um bebê, uma criança, vai levar anos para crescer... E eu vou envelhecer enquanto isso...

— Nada disso importa. Como não importou o véu da vida e da morte entre nós. Acha que eu seria capaz de te esquecer? Nem que morresse mil vezes. Nós vamos ficar juntos, acredite em mim. – Edward segurou o rosto dela para poder olhar em seus olhos. – Anjo, por favor. Não se deixe levar por sua angustia. Se se acalmar, vai perceber a verdade no que eu digo, vai sentir também. Por favor, tente.

A intensidade do olhar dele a tomou. Ela tentou... E a certeza se infiltrou nela de tal forma que quis rir. Ele dizia a verdade. Iriam se separar por um tempo, mas voltariam a se unir, isso era tão certo como o sol nascendo no Leste.

Bella tornou a abraça-lo, e Edward a abraçou de volta. Ficaram assim por um tempo, até que ele pareceu perder consistência em seus braços.

— Não me esqueça. – Ela pediu antes que ele escapasse completamente.

— Não vou. – Ele jurou. – Nunca.

Quando se desvaneceu, ela soltou um lamurio. Parte dor, parte medo. E então ela começou a se desvanecer também, sendo puxada de volta para a cama e o corpo cheio de tubos, e tudo ficou escuro novamente.

...

O psicólogo lhe disse para encontrar um lugar para seus traumas e deixa-los lá, mas sem nunca evitar acessá-los. Bella fez isso. Isso, e muito mais.

A recuperação do tiro foi a pior parte. Sua vida tinha sido salva, porém não sem custo. Teve que reaprender muito coisa, como se fosse uma criança no começo da vida. A fisioterapia era o que mais detestava, por mais que soubesse de sua importância. Doía e continuava a doer mesmo após meses.

Isso não era de todo ruim, contudo. Podia usar a dor dos exercícios como uma boa desculpa para suas lágrimas. Não era pela fibrose que chorava, era por Edward.

Bella tinha se habituada a ele como se habituara a respirar. Sua ausência a deixava de coração partido, mesmo que soubesse que iriam se reencontrar. Não podia evitar de se sentir saudade. As noites eram um tormento, quando ela não tinha mais nada para fazer e os pensamentos vinham como torrentes. As vezes chorava até dormir, outras vezes ficava triste demais até mesmo para chorar.

Levou um longo tempo até que tudo se estabilizasse. Quase três anos de fisioterapia, e pelo menos cinco até que ela parasse de lamentar a ausência de Edward. Mas se estabilizou.

Foi capaz de encontrar em si um espaço para perdoar Renée, que estava presa há muito em uma clínica psiquiátrica. Um dia, foi lhe fazer uma visita para lhe dizer isso. Da parte da mãe, não houve qualquer reconhecimento. Renée tinha se perdido no dia em que disparou a arma contra Bella, e não tinha voltado mais a ser o que era. Cantava, ria, se assustava... Mas sem reconhecer ninguém, nem mesmo a filha que tinha tentado matar.

Bella a perdoou por isso. Por isso, e pelos anos terríveis da infância. Estava farta daquela mágoa. E o psicólogo a ajudou a trilhar aquele caminho para o perdão.

A maior mudança em sua vida, contudo, foi um choque. Nunca tinha compreendido bem o motivo de poder ver os mortos, e por várias vezes tinha desejado não ter aquele dom. Mas ficar sem ele a deixou aborrecida.

Demorou um tempo para perceber que já não podia mais ver os mortos. Até que começou a estranhar a ausência deles, e depois teve a certeza. O que quer que tivesse se passado na cirurgia, ou por causa do tiro, tinha levado embora seu dom, como se tivessem desconectado alguma coisa dentro dela. Foi inquietante e desagradável. Sentia-se quase cega.

Essa foi a mudança que mais demorou a se acostumar, e mesmo assim nunca se acostumou totalmente.

Conforme os anos passaram, Bella viveu de acordo como tinha prometido a Edward. A faculdade foi adiada por causa da recuperação, porém não foi evitada quando melhorou. Estudou e se formou, vivendo um dia de cada vez, tentando sempre conhecer um lugar novo quando podia.

Trezes anos depois do tiro, já conhecia vários pontos turísticos e outros lugares pouco visitados, cidades grandes e pequenas, povoados e vilarejos, montanhas e praias. Mas Chicago, não. Ainda não era tempo, sussurrava uma voz suave em seu coração. Ainda não.

Ela compreendia o motivo de não poder ir ainda. Mesmo assim, as vezes se sentia terrivelmente tentada. Queria vê-lo, ouvir sua voz, tê-lo em sua vida de novo. E então se lembrava do motivo de não poder ir, e lamentava, mas não ia.

Contava os dias para aquele dia, e quando ele finalmente chegou, Bella estava tão ansiosa que quase pegou o avião errado. Riu-se disso depois, já no avião certo. Sua ansiedade era boa. A vida estava boa. E estava para ficar ainda melhor.

Deixou que sua intuição a guiasse, e se viu em no Navy Pier. Era um lugar bonito, e naquela tarde estava cheio de turistas. Bella não se importou. Multidões já não a incomodavam, pois sabia que todos que via estavam vivos.

Era um dia claro, o começo da primavera. Ela caminhou pelo pier, apreciando a vista. Até seus olhos caírem sobre ele. E os dele sobre ela.

Dezoito anos não tinham sido capazes de desbotar a imagem dele de sua mente. O rapaz era exatamente igual ao que tinha sido. Cabelos acobreados, olhos verdes penetrantes, até a altura era a mesma. E o sorriso...

Eles se olharam longamente, e Bella viu as lembranças florescerem no verde esmeralda daqueles lindos olhos. Ele começou a abrir um sorriso, que cresceu até se tornar enorme. O mesmo sorriso que lhe dava antes.

Ele lembra, Bella pensou em júbilo.

— Me deixou esperando muito tempo. – Ele a repreendeu. E acrescentou: - Anjo.

Bella avançou para abraça-lo, o riso misturado com lágrimas de alegria. Até sua voz era a mesma. Deram um abraço apertado e longo.

— Tive medo que não se lembrasse. – Bella sussurrou.

— Eu prometi que lembraria. – Ele respondeu acariciando seus cabelos. – Não seria capaz de esquecer você nem que passasse mil anos.

Separaram-se e ela tomou o rosto dele nas mãos.

— Senti tanto sua falta. – Contou a ele.

— E eu a sua. – Edward a beijou.

Bella saboreou aquele beijo quase vinte anos atrasado. O tinha amado em sua adolescência, e aquele amor tinha vivido através dos anos separados, solidificado pela esperança. Houveram homens que tentaram ganhar seu coração; fiel a sua promessa, ela tinha tentado retribuir o interesse daqueles homens. Em vão. O coração, teimoso, não se apaixonava, não abria brechas, não queria nem saber de outro que não fosse Edward.

E agora o tinha, e o teria por muitos anos. Ela sabia que não seria fácil, pelo menos no começo. Podiam se amar e se conhecer há muito tempo, mas para o mundo Edward era ainda um adolescente e ela já uma mulher adulta. Este Edward revivido tinha pais e uma família, que não veriam com bons olhos o envolvimento deles, provavelmente. De uma forma bizarra, tinham invertido os papéis em questões de idade.

— Devia ter vindo antes. – Ele murmurou após terminar o beijo que a deixou sem folego.

— Não podia. Você era muito jovem.

— Eu poderia te visitar na cadeia. – Edward disse travessamente.

— Laranja não é minha cor. – Bella fungou.

Ele riu.

— Não teria que usar laranja, pois eu iria querê-la vestida de nada.

— Edward!

— A ofendi? – Ele encolheu os ombros. – Me perdoe. Em outros tempos, fui um cavalheiro. Agora sou só um menino levado. Pode me dar umas palmadas?

— Você continua tão intratável. – Bella disse rindo.

— Não, sou apenas um garoto... Com hormônios em fúria. – Acrescentou num sussurro.

— Você sabe, pela lei, ainda não posso te tocar.

— A lei fala sobre beber e votar, nada diz sobre amar uma bela mulher, e ser amado de volta por ela.

— Você sabe que vai ser complicado, não sabe? – Bella disse baixinho.

— Se tenho você, tenho tudo. – Ele respondeu. – Posso aguentar tudo. Gostaria de conhecer minha cidade? Há muito para se ver... E muito para falar, creio eu.

— Há. – Ela concordou. – Vai gostar de saber que me formei na faculdade.

— Invejo você. – Edward riu. – A minha só está para começar.

— E também não criei mofo. – Ela o soltou e abriu os braços, para mostrar. – Conheci muitos lugares.

Ele voltou a rir e a tomou nos braços mais uma vez, erguendo-a do chão.

— Fico feliz em ouvir isso, mas talvez eu precise checar mais cuidadosamente...

— Edward!

A risada dele era a melhor coisa que já tinha ouvido.

— E você vai gostar de saber que meu nome continua o mesmo. – Ele falou. – O que é uma sorte, seria estranho ter dois nomes.

— Posso chamar isso de coincidência?

— Pode chamar do que quiser, se nós formos para um lugar sozinhos...

— EDWARD!

Mas Bella riu com ele daquela vez, incapaz de conter a alegria dentro de si. Os dois se abraçaram e ficaram no pier até o sol partir e as estrelas aparecerem, e depois foram para sua nova vida juntos.


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Notas finais do capítulo

E aqui, eu finalizo oficialmente Mini World. O pdf vai vir - um dia - e quando vier terá o capítulo do Charlie. Se alguém ainda quiser ler, quando esse dia chegar, vai ser só ir até o meu perfil e fazer o download. Não desistam de mim kkkkk Ainda tenho outras histórias para contar, e irei, assim que puder.

Obrigada, pessoal :D



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