In a Crowd of Thousands → ORIGINAL escrita por thegirlspider


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Devido aos acontecimentos dos últimos dias, o desaparecimento da atriz Naya Rivera, decidi dar continuidade a esta história para me livrar do sentimento dolorido que tenho desde ontem, quando ela foi achada morta. Espero que esse pequeno capítulo lhe deixe com o coração quentinho, independente do que aflige vocês. Obrigada pela leitura!



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Ela não lembrava exatamente do porque aquilo estava acontecendo, por mais que fosse a futura rainha, seus pais não lhe deixavam a par dos assuntos políticos. Mas se lembrava do medo que sentiu ao ouvir o primeiro tiro de carapuça atingir a torre do castelo e o que se seguiu foram gritaria e tumultos. 

 

— Proteja a princesa herdeira! — foi a última coisa que ouviu com clareza 

 

Gritos, os choros de seus irmãos menores e o irritante chocar de armas no corredor enquanto ela era arrastada para longe da sala de estar do palácio. 

 

— Sua Alteza, precisamos ir! 

 

Aurora relutou em soltar a mão de seu irmãozinho, antes de finalmente seguir seu guarda para o local mais seguro do castelo, uma porta escondida em seu quarto. Ela havia entrado ali apenas uma vez em sua vida, quando seu irmão Robert II nasceu, o castelo havia sido atacado pelos rebeldes e ela tinha apenas três anos de idade na época. E agora...estava ali de novo.

 

Foi trazida de volta a realidade pela voz de Peter, o seu protetor, pedindo que ela abrisse a porta. A princesa suspirou, antes de abrir seu guarda roupa e puxar o vestido branco de lado, o que usaria em sua coroação, e empurrou a porta embutida com ajuda do homem.

 

— Só saia daí quando eu vier buscá-la — mandou

 

Ela demorou alguns segundos, antes de entender o que acontecia. Ele ficaria ali, a mercê dos rebeldes e poderia até morrer, subitamente ela entrou em pânico. 

 

— Não! Você irá entrar comigo — ele hesitou — Senhor Mitchell, eu ordeno que o faça.

 

Ainda receoso, Peter acompanhou a princesa para dentro do esconderijo e fechou a porta. Eles seguiram para um enorme corredor, até chegarem na parte subterrânea do castelo, onde havia um quarto semelhante com o original da princesa. Não havia janelas, mas sim pequenos quadrados de ventilação espalhados, uma cama feita no canto do quarto e três pequenos sofás. Apreensiva, Aurora parou em frente a lareira acesa e suspirou segurando as lágrimas

 

— O que irá acontecer com meus irmãos?

 

— Lady Sybil e Lorde George foram escondidos com o rei e a rainha.

 

— Meu irmão, Robert, avisarão ele em Gales? 

 

— Creio que sim, Majestade. Devem levá-lo a um abrigo por precaução.

 

Ela acenou com a cabeça, se sentando em um dos sofás, e não se importando em parecer vulnerável pela primeira vez da vida. As lágrimas caiam livremente por suas bochechas e ela usou a mão para abafar o som de seu soluço. 

 

Peter se virou para ela, sem saber o que dizer ou fazer, fora designado para protegê-la e se sentia impotente por não poder impedir que ela sofra. 

 

— Você pode ficar ao meu lado? Estou com medo.

 

Ele se aproximou e sentou-se com ela.

 

— O que você acha que eu sou, Peter? 

 

— Perdão, Sua Alteza?

 

— Digo...como pessoa, acha que eu seria uma boa rainha?

 

Peter parou por um segundo, surpreso com a pergunta repentina.

 

— Se eu fosse o rei, eu gostaria que fosse apenas Aurora.

 

Ela se virou para ele, confusa e um pouco lisonjeada até

 

— Gostaria?

 

— Eu iria querer que ela fosse uma bela, forte e inteligente mulher.

 

— É isso que acha que eu sou? 

 

— Acho.

 

— Obrigada

 

Uns segundos se passaram, até ambos perceberem que suas mãos estavam entrelaçadas no sofá e se separarem vergonhosamente. 

 

— De nada — ele respondeu, depois de coçar a garganta

 

— Eu começo a pensar...será que realmente posso ser essa mulher?

 

— Gosto de pensar que você é a garotinha que vi uma vez, muitos anos atrás

 

— Não entendo.

 

Ele sorri, antes de endireitar no sofá. 

 

— Era Junho, eu tinha dez anos. Ainda penso neste dia, antes e agora. Um desfile, uma garota e uma multidão de milhares — olhou para as mãos, antes de continuar sem abandonar o sorriso nostálgico — Ela se sentou ereta, como uma rainha, ainda tinha oito mas tão orgulhosa e serena. Como eles aplaudiram, como eu a olhei naquela multidão de milhares. 

 

Aurora se inclinou para ouvir mais, interessada em como ele contava a história.

 

— Então eu comecei a correr e a chamar o nome dela, enquanto a multidão na rua foi a loucura. Eu alcancei com minha mão e olhei para cima, então ela sorriu. O desfile continuou e com o sol em meus olhos, ela se foi...mas se eu ainda tivesse dez, naquela multidão de milhares, eu a encontraria de novo. 

 

A princesa sorriu, antes de dizer:

 

— Você está me fazendo como se eu estivesse lá

 

— Talvez estivesse, era um desfile real. Faça como se fosse sua história

 

— Um desfile…

 

— Um desfile — confirmou 

 

— Passando por ali

 

— Passando por ali — repetiu, mas dessa vez apenas para irritá-la

 

— Estava quente, nenhuma nuvem no céu. Então um garoto me chamou atenção, naquela multidão de milhares. Ele era magro, não muito limpo.

 

Peter a olhou com uma careta, quase ofendido e ela soltou um riso.

 

— Havia guardas, mas ele se esquivou deles. Sim, ele se fez visto...naquela multidão de milhares. Então ele chamou meu nome e começou a correr, através do sol e do calor, e das pessoas. 

 

Ela se levantou, e olhou para ele enquanto se posicionava perto da lareira

 

— Eu tentei não sorrir, mas não consegui aguentar e então…

 

Um brilho passou pelos olhos dela, que encarou o rosto do outro, como se lembrasse de algo.

 

— Ele se curvou. 

 

Peter se levanta rapidamente, chocado.

 

— Eu não te disse isso

 

— Você não precisou, e-eu me lembro — gaguejou 

 

Os dois se olharam por uns instantes, antes de andarem um até o outro.

 

— O desfile continuou, com o sol nos meus olhos você se foi, mas eu sabia que mesmo assim — disseram em sincronia, como em uma música ensaiada — Em uma multidão de milhares, eu vou te encontrar de novo.

 

Peter começa a se inclinar para beijar Aurora, mas no último momento, abruptamente se afasta. E ainda segurando a mão dela, ele se ajoelha em reverência.

 

— Sua alteza. 

 

Ela sorriu, sentindo lágrimas caírem por seu rosto. Era ele, sempre foi. Havia decidido esquecer aquele encontro, assim como o garoto, quando percebeu que nunca o veria de novo. Mas não Peter, ele se lembrou, nunca se esqueceu. 

 

— Porque nunca me disse? — perguntou, quando ele se levantou

 

— Não sabia que era você, sempre pensei que era uma princesa de outro reino.

 

— E você estava aqui, durante todo esse tempo — ela sorriu

 

Aurora deu um passo à frente e se inclinou na direção de Peter, como se pedisse permissão para beijá-lo. Ele retornou o sorriso, segurando o rosto dela e selando seus lábios.



Os dias se passaram e eles começaram a se encontrar todas as noites, no jardim. Sentavam-se embaixo da macieira e conversavam durante horas, trocando beijos e carícias de vez em quando. Quando o amanhecer chegava, ele a escoltava até a porta de seu quarto e depois de um breve selar de lábios, eles seguiam caminhos diferentes.

 

Não foi até dois meses depois que o Rei Robert I, descobriu sobre os encontros noturnos. Com medo de que a pureza de sua filha estivesse violada, a tirou da sucessão do trono e mandou que enforcassem Peter. Recebendo a ajuda de sua mãe e de seu irmão, Robert II, Aurora provou a seu pai que as intenções de seu amado sempre foram puras e eles nunca consumaram a relação. Com perdão do rei e do Papa concedidos, o casamento de Princesa Aurora e Peter fora anunciado.

 

As pessoas comentavam. Ele não era de estatura nobre e, mesmo assim, ela o amava de qualquer maneira. Ela sabe que eles não podem ficar juntos, mas não importa o que os outros dizem, pois ele também a amava.

 

O reinado deles foi próspero e pacífico. Até que um dia, segundo a história, o rei e a rainha, tornaram o país em uma Monarquia Constitucional, assim como a Inglaterra. Aurora e Peter se tornaram Chefes do Estado, dando a chance ao seu povo de votar para o Parlamento e consequentemente, escolher o Primeiro-Ministro. 

 

O legado deles segue vivo em sua tataraneta, Rainha Anastasia, que possui a bondade e a determinação de Aurora e a coragem e justiça de Peter. Toda manhã, ela passa pelo retrato pintado deles e sorri, enquanto massageia sua barriga de seis meses de gravidez, pensando com que palavras contará para seu filho como os maiores monarcas daquela nação se conheceram em uma multidão de milhares. 




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Notas finais do capítulo

A imagem da capa foi retirada da internet, mostrando Adelaide Kane como Mary Stuart e Torrance Coombs como Bash na série Reign. O Gif mostra o elenco principal do musical, Christy Altomare como Anastasia e Derek Klena como Dimitri.

Segue o link da música original: https://www.youtube.com/watch?v=EWYpXfAzbrc



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