Albus Potter e o Pergaminho do Amanhã escrita por lexie lancaster


Capítulo 7
A Besta de Bodmin Moor




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— CAPÍTULO SETE –

A Besta de Bodmin Moor

A manhã de domingo nasceu chuvosa e repleta de ventos fortes e nuvens cinzentas, o que, por um lado, fez Albus se sentir um pouco menos pior por estar passando parte do seu último dia livre na biblioteca. Emma parecia estar embasbacada pela quantidade de novas informações sobre o mundo da magia que estava descobrindo nos livros centenários de Hogwarts, mas Scorpius tinha se mostrado um leitor bastante ávido e já tinha até conseguido uma ou duas histórias sobre possíveis riquezas enterradas nos arredores da escola.

Albus não gostaria de admitir, mas não estava tendo a mesma sorte. Todas as leituras que tinha conseguido não passavam de balelas e especulações e, definitivamente, nenhuma delas tinha algo haver com esconderijos secretos no castelo. Como se isso não bastasse, eles ainda estavam com um membro a menos, já que Riley não pôde se juntar a eles depois do café.

Assim que terminou de fazer outra de suas trouxinhas improvisadas com tudo que parecia ter a maior quantidade possível de proteínas na mesa (ovos, toucinhos e pedaços inteiros de presuntos), Riley voltou para as masmorras, dizendo que não estava se sentindo bem.

Em parte, Albus achava que a ausência de Riley era um dos motivos que estava deixando o processo todo particularmente mais difícil de encarar. Havia alguma coisa no comportamento dela que o deixava intrigado e o incomodava feito um diabrete impertinente voando em volta de sua cabeça. E não apenas isso. Antes de chegarem a biblioteca, ele fez questão de perguntar sobre Riley a Emma e Scorpius, tamanha era sua curiosidade em saber se algo de diferente poderia estar mesmo acontecendo com a amiga. No entanto os dois pareceram subitamente muito dispostos a querer desconversar todas as suas perguntas com evidente rapidez.  

Riley até podia ser melhor em conseguir deixá-lo confuso, mas Scorpius e Emma eram definitivamente péssimos mentirosos. Sem sombra de dúvidas, havia algo que estavam tentando esconder.

 – Isso é ridículo – bufou Albus, fechando ferozmente o Guia de Tesouros Turísticos no Triângulo das Bermudas.

Emma deu um pulinho na cadeira antes de olhá-lo com preocupação.

— É verdade que os bruxos fazem passeios turísticos para o Triângulo? – Perguntou ela, afobada – Mas e todos aqueles barcos e aviões que desapareceram por lá?

Scorpius começou uma breve explicação sobre o conhecido monstro marinho do Triângulo, mas Al achou que ignorar Emma dessa vez seria melhor para  deixar seus miolos um pouco menos confusos do que já estavam.

 – Escutem – disse ele, interrompendo Scorpius no meio da história sobre o mostro marinho – Nesse ritmo vamos perder o dia todo aqui. O que você conseguiu, Scorp?

Com um grande sorriso de vitória no rosto, Scorpius rapidamente juntou os pares de livros que estavam jogados em cima da mesa e fez sinal com a cabeça para que os dois o seguissem lá para fora.

 – Vejam, a primeira coisa que achei não é tão legal porque ninguém conseguiu de fato o tesouro, mas a Riley com certeza ia pirar só porque tem sereianos na história – contou ele enquanto desciam as escadas de mármore um ao lado do outro – Basicamente, aqui diz que Bernard Beebe foi um estudioso que catalogou tudo o que sabemos hoje sobre os sereianos.

— Então ele não deve ter catalogado muita coisa – Albus deixou escapulir antes que pudesse se segurar.

Estava com um humor ranzinza feito o temporal odioso que martelava o topo das torres lá fora, mas Scorpius pareceu não notar, já que continuou sua narração animada sem nem se abalar.

— Mas o mais importante é que diz também que ele foi responsável por descobrir um possível tesouro, guardado por um baú secular, estritamente bem protegido entre os sereianos. É claro que depois que Beebe publicou esse feito na comunidade bruxa, outras pessoas tentaram ir atrás do tesouro, mas bem, é claro que não acabou bem pra nenhum deles. Querer roubar dos sereianos, pense só – riu Scorpius antes de continuar – Agora, este outro que achei é uma anotação mais antiga, mas também muito mais interessante!

“Aqui diz que o grande mago Merlin, acompanhado do seu fiel amigo, Hengisto de Woodcroft, lutou contra a besta Zezengorri numa caverna ao topo do monte pra conseguir recuperar o tesouro que era guardado pela criatura”.

— E? – Quis saber Emma ansiosamente, visivelmente absorta pela história.

— Oras, é do Merlin que estamos falando, é claro que eles saíram de lá vitoriosos – admitiu Scorpius parecendo orgulhoso – Também diz que foi com sua parte da recompensa que Hengisto de Woodcroft conseguiu fundar Hogsmeade, mas essa parte ainda parece ter algumas controvérsias – ponderou ele antes de continuar. – Acontece que a caverna realmente ficava localizada a poucos metros de Hogwarts, onde hoje é o vilarejo.

— E você acha que pode haver uma parte do tesouro enterrada aqui também? – Quis saber Emma.

— Talvez não tenha sido nem enterrado – murmurou Scorpius – Talvez o tesouro já estivesse aqui antes de Hogwarts ter sido construída.

— Então esse tempo todo Hogwarts poderia estar guardando um tesouro secular! – exclamou Albus, surpreso.

— Mas o que será que tem nele? – Perguntou Emma.

— Não faço ideia – confessou Al – Mas tenho certeza que deve ser algo bem importante já que todas essas histórias com tesouros grandiosos sempre tem um protetor especialmente designado para guardá-lo – explicou ele – Scorpius contou que o primeiro tesouro era guardado pelos sereianos e o segundo por uma besta. O que nós achamos também tinha um protetor, era guardado pela harpia.

Os três chegaram ao pé da escada parecendo atônicos com as informações que recém tinham conseguido juntar. Hogwarts guardava um valioso tesouro secular e muito provavelmente alguém no castelo também sabia dele e estava interessado em tê-lo. Albus cruzou o Saguão olhando de esguelha os demais alunos, imaginando se algum deles poderia saber de algo. Mesmo se soubessem, ele duvidava que contariam.

É claro que ninguém sairia pelos corredores gritando que descobriu um tesouro na escola.

Assim que chegaram na porta de entrada, porém, os três deram de cara com uma Riley bastante afobada.

— Oi – disse ela, pegando fôlego em meio a respiração desregular – Como foi na biblioteca? Conseguiram alguma coisa?

Scorpius e Emma pareceram não notar nada de diferente na amiga e prontamente a deixaram a par do que tinham acabado de conversar.

— Puxa, um tesouro da época de Merlin! – Gritou Riley entusiasmada enquanto desciam pelo gramado molhado pela chuva – Aposto que é algum artefato mágico poderosíssimo!

— Ou ouro e pedras preciosas – refletiu Emma.

— Ou ouro e artefatos poderosos – acrescentou Scorpius.

— É, pode ser tudo isso – disse Albus – Mas não temos como saber se não conseguirmos voltar lá.

— Vocês estão pensando em voltar? – Sussurrou Emma com os olhos arregalados – Mas nós quase não conseguimos sair de lá com vida da última vez!

— Ela tem razão, Al – disse Scorpius – Seria arriscado.

Os quatro pararam perto do lago e se sentaram num tronquinho de árvore caído ali no gramado. A chuva forte havia parado, mas o entardecer estava lento e frio e uma névoa meio fantasmagórica pairava sob a água a sua frente. Era bonito, mas diferente do que Albus vinha observando da sala comunal da Sonserina. Na noite anterior, antes de ir se deitar, ele viu pela primeira vez um pouco da Lula Gigante. Ela não estava perto das vidraças, mas ele conseguiu ver seus tentáculos imensos se estirando ao longe. Era como aproveitar uma visita grátis no aquário, e ele achava aquilo o máximo.     

— Bem, sabemos que alguém está tentando consegui-lo – disse Albus, ainda olhando para o lago – Talvez vamos descobrir mais do que se trata depois que a pessoa o recupere.

— Vai deixar que outra pessoa faça o trabalho sujo por você, Al? – Riu Riley em tom de brincadeira. 

Normalmente, ele teria entrado na brincadeira com ela, mas por mais que não quisesse, um sentimento de teimosia incoerente estava ressoando em sua mente e era difícil de ignorar. Por que ela não contava o que estava acontecendo? Por que Scorpius e Emma podiam saber, mas ele não?

— Eu não sou muito bom com trabalhos sujos, Riley. E eu também não saberia mentir pros meus amigos só para ir fazer qualquer outra coisa antes de ir ajuda-los – ele se ouviu dizendo.

As palavras saíram antes que fosse capaz de controlar e ele se arrependeu de imediato. O sorriso alegre de Riley foi substituído por uma careta triste quase que instantaneamente.

 – Foi mal por não ter ido na biblioteca com vocês hoje – murmurou ela – E por ter mentido que estava doente.

— Deixa pra lá – ele murmurou de volta – Você deve ter um bom motivo.

— Ela não está fazendo nada de ruim – protestou Emma de repente – E ela teria ido com a gente hoje se pudesse.

Albus sabia que Emma estava certa, o que o fez sentir ainda mais idiota.

— Tá tudo bem, Emms – disse Riley timidamente – Ele tem razão. Vocês três são meus amigos e eu confio em vocês. Eu deveria ter contado pra ele antes.

— Então vocês dois realmente sabiam? – Perguntou Albus um pouco incrédulo.

Ter suspeitas era uma coisa, mas confirmá-las parecia ainda pior.

— Saber o que está rolando não é necessariamente uma coisa boa – disse Scorpius com sinceridade – Se eu pudesse escolher não saber, talvez eu tivesse escolhido isso.

— Valeu mesmo, Scorp – disse Riley com sarcasmo.

— Que foi? É a verdade – respondeu Scorpius ingenuamente.

Riley rolou os olhos, mas depois se levantou decidida, mais séria do que nunca.

— Por mais que eu odeie admitir, talvez o Scorp meio que esteja com a razão nessa, Al – disse ela num suspiro – Eu não te contei antes porque acho que o que estou fazendo não vai muito com as regras da escola.

Albus engoliu em seco. Ele não sabia realmente o que esperar agora, mas o que quer fosse, estava disposto a confiar na amiga.

 – Certo. Mas o que exatamente isso envolve? – Perguntou ele com cautela.

Riley respirou fundo e então o segurou pelo pulso, puxando-o do banquinho improvisado.

 – Vem, por aqui – disse ela, puxando-o para uma parte afastada do terreno.

Scorpius e Emma vieram logo atrás na sua cola, e eles só pararam quando chegaram numa área praticamente vazia perto do galpão de vassouras. Não havia nada ali, além de meia dúzia de espinheiros que pareciam terem sido esquecidos de podar. Para não parecer grosseiro, Al preferiu dar uma olhada ao redor, só para se certificar que não estava perdendo algo importante.

Só então, depois de prestar um pouquinho mais de atenção, ele viu uma das trouxinhas improvisadas que Riley costumava fazer durante as refeições. O paninho roxo e branco quadriculado estirado no chão estava sendo segurado por um par de pedras para não ser levado com o vento. Imediatamente, Albus soube que o paninho era o mesmo que Riley tinha usado para guardar todos aqueles presuntos do café mais cedo. No entanto não havia mais sinal de toucinho algum por ali.

 – Então você gosta de fazer piqueniques ao ar livre? – arriscou Albus, num tom descontraído.

— Muito engraçado, Al – disse Riley, ainda séria – Mas por mais que eu goste de piqueniques, esses petiscos não são para mim.

Ela se ajoelhou perto do paninho e tirou uma espécie de mini sininho de dentro do bolso.

— Tente não se assustar muito, está bem? – Pediu ela.

E assim que ela balançou os sinos, uma criatura magrela e peluda se materializou bem na sua frente. Tinha a aparência felina e lembrava muito um gato preto, mas em alguns aspectos era bem distinto.

A primeira coisa que Albus notou foram os olhos, que pareciam realmente hipnotizantes. Eram de um azul opaco tão claro que quase parecia ser branco. As orelhas também eram bem grandes e seu corpo como um todo parecia ser um pouco longo demais. Apesar de parecer bem novo, a criatura era bem maior do que um filhote. Ele já era do tamanho de um gato adulto, ou talvez até um pouco mais do que isso.

 – Um gato que sabe aparatar – falou ele, tentando conter a surpresa na voz, mesmo tendo certeza que seus olhos arregalados o entregavam – Legal, não se vê isso todos os dias...

 – Ele não sabe aparatar – riu Riley, enfim parecendo menos tensa do que antes – Mas ele definitivamente consegue se camuflar ao ambiente como um camaleão – explicou ela orgulhosa – E hoje mesmo descobri que ele também não se deixa ser pego quando quer.

O gato comprido se enroscou perto dela e Riley acariciou sua cabeça de bom grado. Depois o animal se espreguiçou distraidamente e a mão de Riley passou pelo seu corpo como se não tivesse mais nada ali. Foi só quando o felino voltou a se enroscar outra vez, que seu corpo tornou a ser tangível e Riley pôde continuar massageando a pelagem negra como a noite.

— Você se saiu melhor do que eu, Al – contou Scorpius – Quando ela apareceu com o Gatuno antes de embarcamos na estação eu quase cai pra trás.

— E eu quase acordei o dormitório feminino inteiro quando vi um vulto preto pulando da cama da Riley de noite – disse Emma, agora se aproximando para fazer carinho no animal também.

Al se lembrou de como as vestes de Riley pareciam amassadas na primeira vez que a viu no Expresso de Hogwarts e de como sua prima Rose tinha se alarmado por sentir alguma coisa puxar seu cabelo quando estavam atravessando o Lago Negro nos barquinhos. Repentinamente, ele sentiu como se tivesse acabado de conseguir encaixar as últimas peças de um quebra-cabeças. Ao olhar de novo para Gatuno, Albus achou que apesar de magricela, a criatura parecia bastante contente, sobretudo pela atenção que estava recebendo.

— Posso? – Perguntou, se aproximando do animal pela primeira vez.

Riley respondeu com um sinal de cabeça positivo e Al se ajoelhou para deixar Gatuno cheirar sua mão. Primeiro o animal pareceu ficar desconfiado e só se aproximou dele com sua forma intangível. Albus permaneceu imóvel e achou melhor ficar assim por um tempo, sem fazer nenhum movimento brusco. Pouco a pouco o gato foi voltando a sua forma sólida, e então Al pôde sentir seu pelo macio esbarrando confortavelmente em seus joelhos.  Ele ficou admirado de imediato, pois nunca tinha ouvido falar de gatos camuflados e muito menos intangíveis.

— Onde foi que você o achou?

— Acho que ele me achou mais do que eu achei ele – respondeu Riley – Foi logo antes de vir para Hogwarts, quando fui visitar uns parentes em Bodmin Moor. Você já ouviu falar dos rumores que tem por lá?

 – Nunca – respondeu ele com sinceridade.

Riley riu e Albus percebeu que Scorpius também estava se segurando atrás dele para conter o riso.

 – Que foi?

 – Oh, nada – respondeu Riley com uma risadinha – É só que os trouxas inventam cada uma as vezes. Veja, o Gatuno, ou a família dele para ser mais precisa, é mais conhecida como “A Besta de Bodmin Moor" por lá. Como alguém poderia chamar isso de besta? – concluiu ela, apontando para o grande gato estirado na grama.

— Bom, ele com certeza vai ficar de um tamanho consideravelmente maior um dia, Riley – ponderou Scorpius – Você não vai esconde-lo na escola para sempre, vai?

Antes que Riley pudesse dar qualquer explicação sobre manter ou não um felino gigante na escola, porém, uma movimentação perto do galpão de vassouras chamou a atenção deles. Rapidamente os quatro se juntaram para esconder Gatuno atrás das costas.

Alguns alunos do primeiro ano da Grifinória vinham se aproximando com um par de vassouras. Eram dois garotos e duas garotas. Um deles era bem mais alto que os demais, e Al soube na hora que se tratava de Levius Lewis.

— Oi – disse a menina de cabelo amarelo quando chegaram perto – É verdade que você é filho do Harry Potter?  

Ela apontou diretamente para Albus e ignorou os demais, que estavam todos espremidos um contra o outro desejando que Gatuno estivesse fazendo bom proveito de suas habilidades de camuflagem no momento.

— É – disse ele simplesmente.

 – O que tem aí atrás? – Voltou a perguntar a garota, agora se espichando na pontinha do pé para olhar sob seus ombros. 

— Vocês vão voar? – Falou Riley depressa para mudar de assunto.

O garoto menor, de cabelo castanho e pinta no queixo, olhou para a vassoura na própria mão e depois olhou de volta para eles.

 – Vamos praticar um pouco. Temos um grande legado para continuar, sabe.

Al sabia que a última frase tinha sido diretamente para ele, e também sabia exatamente o que significava. Depois que seu pai se tornara o apanhador mais jovem do último século, toda garotada queria poder fazer o mesmo, especialmente o pessoal da Grifinória.

— Mas a Sonserina não está levando a melhor nos últimos campeonatos? – Refletiu Emma com ingenuidade, relembrando o que Ebony dissera.

— Pode até ser – respondeu o garoto, dando de ombros – Mas vamos mudar isso, não vamos Lewis?

O grandalhão Lewis estava na dele, observando tudo muito quieto. Albus queria acreditar que ele simplesmente não era de falar muito, mas infelizmente parte dele achava que era bem mais provável que ele apenas estivesse bastante enraivecido pelo incidente nos Novos Jardins. Pelo menos, sua aparência já estava bem melhor agora. Só alguns sinais de bolinhas púrpuras ainda continuavam agarradas na testa ampla.

— É – concordou Lewis, no que mais pareceu um rosnado – Não vejo a hora de poder acertar as contas com a Sonserina. Ouvi dizer que tem muitos filhotes de comensais andando entre eles ainda, Andy.

Albus sentiu o sangue deixando seu rosto e as pontas dos dedos gelarem. A garota de cabelo preto e cacheado que até então parecia ocupada demais chupando um pirulito de unicórnio para poder falar, desatou a rir.

— Pelo menos dois aqui sabem muito bem disso – guinchou ela feito um porquinho – Como está o vovô, Travers? Conseguiu fazer uma visita a ele em Azkaban antes de vir pra escola?

— O que acha de cuidar da própria vida pra variar, hein distrofia de goblin? – Respondeu Riley na lata, apontando sua varinha contra ela.

— E seu eu não fizer? Que é que você vai fazer, Travers, me atacar? – Retrucou enquanto sacava a própria varinha e mirava na direção de Riley.

 – Deixa isso de lado, Riley – aconselhou Scorpius, entrando na frente das duas – Você também, Selena.

— Eu não estou falando com você, filhote de comensal – soltou ela amargamente.

E então todo o restante aconteceu muito rapidamente.

— Colore atramentum! — gritou Riley de repente.

E um respingo saiu de sua varinha como se fosse um tinteiro, acertando em cheio o meio da cara franzida de Selena Miller.

 – Ewww – chiou Selena enojada enquanto tentava desesperadamente limpar a cara, sem perceber que a sujava ainda mais – Você é uma Sonserina nojenta, Travers!

Albus nem sequer teve tempo de reagir a cena quando viu o grandalhão Lewis apunhalar sua varinha lá no alto da cabeça. Pareceu que tudo não levou mais de um milésimo de segundo para acontecer:  assim que se deu conta que não sabia nenhum feitiço de proteção útil para usar, guardou a varinha de lado, pronto para pular para um embate à mão que sabia que seria doloroso.

Contudo, antes mesmo que tivesse tempo de avançar, Al viu os joelhos de Lewis se dobrarem repentinamente e irem de encontro ao chão, como se algo —ou alguma coisa — o estivesse puxado para baixo.

— Arre! – urrou o grandalhão Lewis de dor – Alguém espetou meu joelho! Alguém espetou meu joelho!

O rosto e o pescoço de Lewis rapidamente variaram para colorações cada vez mais púrpuras enquanto seus amigos o ajudavam a levantar. Albus sentiu que Scorpius também o puxava e viu Emma segurando Riley ao seu lado e imediatamente os quatro começaram a correr na direção oposta até perderem o fôlego.

Quando conseguiram voltar para dentro do castelo, os quatro continuaram ali, em silêncio, tentando encher os pulmões de ar. Nenhum deles sabia exatamente o que tinham acabado de acontecer, mas agradeceram aliviados pela intervenção certeira e invisível de Gatuno na confusão.

Albus sentia o coração descompassado e a adrenalina pulsando nas veias e pensou em todas as consequências ruins que poderia ter. Detenção e castigo eram algumas das possibilidades que disputavam lugar em sua mente, mas tudo isso se esvaiu quando ouviu um risinho miúdo se formando bem ao seu lado.

— Eu não acredito que você usou o atramentum como um feitiço de ataque – riu Emma divertidamente, chamando a atenção dos outros três.

Riley, Albus e Scorpius se encaram perplexos, pegos entre o choque e a diversão. Repentinamente, e antes mesmo que fossem capazes de perceber, eles tinham se juntado a Emma em meio às gargalhadas, lembrando inevitavelmente da cara borrada da Selena e da cor púrpura se espalhando incontrolável ao redor das bochechas do Levius Lewis.


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Notas finais do capítulo

Oi!

Não sei se já deu para perceber, mas assim como na história original, eu também gosto de poder acrescentar coisas relacionadas a lendas mitológicas e criaturas sobrenaturais na história.


No folclore britânico, a Besta de Bodmin Moor, é um gato selvagem fantasma que supostamente vive na Cornualha, no sudoeste da Grã-Bretanha.



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